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Ensino e Aprendizagem do vocabulário, Notas de estudo de Linguística

o ensaio fala sobre as metodologias a serem aplicadas no ensino do vocabulário no Processo de Ensino e Aprenziagem

Tipologia: Notas de estudo

2020

Compartilhado em 29/04/2020

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cristino-naricha-5 🇧🇷

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Processo de Ensino e Aprendizagem do Vocabulário na sala de Aulas: Reflexões e
Prática dos docentes no Ensino Básico em Moçambique
Cristino Carlos Naricha
Universidade Licungo – Quelimane
Departamento de Línguas, Comunicação, e Artes
Resumo
Este ensaio é um conjunto de reflexões sobre o Processo de Ensino e Aprendizagem do
Vocabulário na sala de Aulas, sobretudo realçando práticas dos docentes no Ensino Básico em
Moçambique. Parte-se do pressuposto que o conhecimento do vocabulário e seu funcionamento
são importantes para a construção de textos adequados e que funcionam em nossa sociedade.
Nesse sentido, serão tecidas algumas considerações sobre o ensino de vocábulo nas escolas em
Moçambique, bem como o ensino de leitura e produção textual nas aulas de língua portuguesa e
o lugar do dicionário na aquisição do conhecimento linguístico. Por fim, serão apresentadas
actividades que levam em consideração a reflexão do ensino de vocábulo contextualizado, que
resulta, nessa perspectiva, na habilidade de produção e leitura de textos. Nessa perspectiva,
parte-se dos pressupostos colocados por Antunes (2012) e Xatara et all (2011), que, em suas
pesquisas, alinham conhecimento lexicográfico e produção textual. Busca-se um
reconhecimento da importância do enriquecimento do vocabulário para o ensino de língua
portuguesa.
Palavras-chave: Ensino, aprendizagem, Vocabulário, aulas
Abstract
This essay is a set of reflections on the Vocabulary Teaching and Learning Process in the
Classroom, especially highlighting the practices of teachers in Basic Education in Mozambique.
It is assumed that the knowledge of the vocabulary and its functioning are important for the
construction of adequate texts that work in our society. In this sense, some considerations will
be made about the teaching of words in schools in Mozambique, as well as the teaching of
reading and textual production in Portuguese language classes and the place of the dictionary in
the acquisition of linguistic knowledge. Finally, activities will be presented that take into
consideration the contextualized teaching of words, which results, in this perspective, in the
ability to produce and read texts. In this perspective, we start from the assumptions made by
Antunes (2012) and Xatara et all (2011), who, in their research, align lexicographic knowledge
and textual production. It seeks to recognize the importance of enriching vocabulary for
teaching Portuguese.
Keyword: Teaching, learning, Vocabulary, classes
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Processo de Ensino e Aprendizagem do Vocabulário na sala de Aulas: Reflexões e Prática dos docentes no Ensino Básico em Moçambique Cristino Carlos Naricha Universidade Licungo – Quelimane Departamento de Línguas, Comunicação, e Artes Resumo Este ensaio é um conjunto de reflexões sobre o Processo de Ensino e Aprendizagem do Vocabulário na sala de Aulas, sobretudo realçando práticas dos docentes no Ensino Básico em Moçambique. Parte-se do pressuposto que o conhecimento do vocabulário e seu funcionamento são importantes para a construção de textos adequados e que funcionam em nossa sociedade. Nesse sentido, serão tecidas algumas considerações sobre o ensino de vocábulo nas escolas em Moçambique, bem como o ensino de leitura e produção textual nas aulas de língua portuguesa e o lugar do dicionário na aquisição do conhecimento linguístico. Por fim, serão apresentadas actividades que levam em consideração a reflexão do ensino de vocábulo contextualizado, que resulta, nessa perspectiva, na habilidade de produção e leitura de textos. Nessa perspectiva, parte-se dos pressupostos colocados por Antunes (2012) e Xatara et all (2011), que, em suas pesquisas, alinham conhecimento lexicográfico e produção textual. Busca-se um reconhecimento da importância do enriquecimento do vocabulário para o ensino de língua portuguesa. Palavras-chave: Ensino, aprendizagem, Vocabulário, aulas Abstract This essay is a set of reflections on the Vocabulary Teaching and Learning Process in the Classroom, especially highlighting the practices of teachers in Basic Education in Mozambique. It is assumed that the knowledge of the vocabulary and its functioning are important for the construction of adequate texts that work in our society. In this sense, some considerations will be made about the teaching of words in schools in Mozambique, as well as the teaching of reading and textual production in Portuguese language classes and the place of the dictionary in the acquisition of linguistic knowledge. Finally, activities will be presented that take into consideration the contextualized teaching of words, which results, in this perspective, in the ability to produce and read texts. In this perspective, we start from the assumptions made by Antunes (2012) and Xatara et all (2011), who, in their research, align lexicographic knowledge and textual production. It seeks to recognize the importance of enriching vocabulary for teaching Portuguese. Keyword: Teaching, learning, Vocabulary, classes

Introdução Parece não ter chagado às escolas da educação básica de Moçambique a fora a ideia de que a aula de língua portuguesa é o espaço em que o aluno desenvolve suas habilidades de leitura e escrita de modo que possa demonstrar, por meio da língua e de outras manifestações da linguagem, seus sentimentos e ideias aos diferentes públicos que compõem a nossa sociedade. Não se pode esquecer, nesse aspecto, o facto de que, em aulas da educação básico país a fora, em pleno século XXI, ainda imperam actividades que tem como base um conjunto de regras e repetições que visam mais o controle da atenção dos alunos do que, verdadeiramente, desenvolver, neles, uma habilidade comunicativa mais ampla da que ele traz de casa. Não à toa, Moçambique vive momento de plena crise na educação, em muitos aspectos. A falta do manejo e do conhecimento de habilidades básicas para o ensino por parte das escolas tem vitimado inúmeros cidadãos que, mesmo em contacto todos os dias com os textos escritos das manchetes dos jornais, dos textos da internet, ou, ainda texto das placas espalhadas pelas ruas, são completamente incapazes de entender o que aquele conjunto de letras ou desenhos indicam ou estão comunicando. Não muito longe, há aqueles que até conseguem ler, no sentido de decodificar e aproximar o som e a letra, mas que não passam disso, não vendo lógica alguma naquele texto decodificado, seja qual for sua dimensão. Diante desse quadro, se faz necessário investigar e, sobretudo, identificar qual o ponto ou os pontos nevrálgicos dessa problemática, além disso, e, sobretudo, combate-lo. Nesse sentido, muitas discussões sobre a importância da escola nesses dados – que são reais – são sempre necessárias, independentemente de qual seja a sua extensão. Os diferentes aspectos das aulas, seja o aluno, o professor, o conteúdo, o material didáctico, a comunidade escolar, tudo deve ser discutido, porque, até onde se pode entender, a falta de habilidade comunicativa é um problema profundo, que tem muitas faces e raízes. Neste ensaio, um aspecto será explorado: o ensino de vocabulário nas escolas moçambicanas no ensino básico, sobretudo as práticas dos docentes. Quando se pensa em ensino de vocabulário, não se está pensando em um vocabulário sistemático ou, muito menos, em intermináveis listas de palavras, mas sim, em actividades em que o aluno desenvolva seu vocabulário e, consequentemente, sua capacidade tanto da produção quanto de entendimento de textos que circulem em diferentes dimensões e espaços da sociedade. Não se pode esquecer que, muitas vezes, os problemas de leitura

1.REFERENCIAL TEÓRICO

1.1.O Ensino do Vocabulário nas Escolas Moçambicanas de Forma Geral Muitas vezes quando falamos de ensino de vocabulário nas escolas em Moçambique, muitos professores/docentes entendem como se fosse uma simples listagem de palavras novas ao aluno retiradas do texto, e a posterior explicação do significado. Simplesmente isso. Porém, o ensino do vocabulário é um assunto extremamente complexo, a abordagem do vocabulário vai muito além de listagem de palavras, vai além da busca de significados no dicionário, envolve muitos aspectos, muitas práticas do docente, com vista a fazer perceber aos alunos sobre o vocabulário “novas palavras” e o seu uso. Mas antes de iniciar com a discussão é necessário trazer a tona o conceito de vocabulário. Na perspectiva de SCARAMUCCI (1995:67) “o vocabulário é um conjunto de palavras constituintes de uma determinada língua.” É no entanto, a partir desse vocabulário que formula frases. Assim, quanto mais se tem o domínio da língua, mais vocabulário se tem. De acordo com GIASSON (1993:90) o vocabulário influencia a compreensão na leitura e, por outro lado, a compreensão de um texto pode ajudar a desenvolver o vocabulário. Porém, os diversos estudos na área de aquisição de vocabulário mostram que usar as pistas disponíveis no contexto para inferir o significado das palavras desconhecidas, não implica ter tais palavras, automaticamente, incorporadas no nosso léxico mental. Alguns estudos, como o de PARRY (1988) e NAGY e HERMAN (1987), mostram que nem sempre as palavras inferidas a partir do contexto são aprendidas. Por outro lado, há várias evidências de que o vocabulário pode, de facto, ser aprendido em contexto. NAGY e ANDERSON (1984), em defesa da aprendizagem de vocabulário através do contexto, enfatizam que: (...) "nem mesmo o ensino de vocabulário mais directo e implacavelmente sistemático pode explicar uma proporção significativa de todas as palavras que as crianças realmente aprendem, nem cobrem mais do que uma modesta proporção das palavras que elas encontrarão nos materiais de leitura escolares." Krashen (1989) é o principal proponente da leitura extensiva como meio de aquisição de vocabulário. Para o autor a competência em vocabulário é alcançada mais ficientemente através de input compreensível (cf. Krashen, 1985) e é a leitura a melhor forma de input compreensível para o desenvolvimento do vocabulário, tanto em relação à Língua Materna (LM) quanto à Língua Segunda (L2). Desse modo, o processo de aquisição é incidental, já que a aquisição de vocabulário ocorre sem aprendizagem, ou seja, sem

nenhum tipo de instrução formal. Nagy e Herman afirmam que a maioria das palavras é aprendida, gradualmente, através de repetidas exposições em vários contextos linguísticos. De facto, a repetição leva à prática e Nick Ellis (1995) afirma que "é a prática que faz a perfeição nos módulos de reconhecimento e produção". Nagy, Anderson e Herman (1987) referem que, embora a probabilidade de aprender uma palavra através do contexto seja muito pequena, para ter algum valor prático, não podemos deixar de considerar a quantidade de leitura a que os alunos são expostos, a fim de poder avaliar, correctamente, a contribuição da aprendizagem pelo contexto, através da leitura, em relação à expansão do conhecimento lexical, a longo prazo: mesmo uma pequena probabilidade de aprendizagem de uma palavra através do contexto pode resultar em uma grande expansão do vocabulário, se houver quantidade suficiente de leitura ampla e abrangente. Na mesma linha NAGY et al. apud Moreira (s/d) a aprendizagem através do contexto da leitura ocorre em pequenos incrementos de modo que qualquer encontro com uma palavra resulta, geralmente, em um pequeno aumento do conhecimento das diferentes acepções daquela palavra. O ponto mais importante a favor da aprendizagem incidental através da leitura, na opinião de vários autores, foi apontado por NAGY (1988) ao constatar que a leitura resulta em um conhecimento profundo do vocabulário. Por outro lado, PARIBAKHT e WESCHE (1997), embora reconhecendo que a leitura extensiva conduz à aquisição de vocabulário, apresentam estudos que demonstram que a aprendizagem através da leitura combinada a uma instrução sistemática de vocabulário é uma abordagem mais bem sucedida do que a simples aprendizagem através do contexto. Elas realizaram uma pesquisa a fim de avaliar até que ponto a leitura, somada a actividades de instrução de vocabulário, poderia resultar em ganhos para o leitor em termos de uma maior retenção de vocabulário. Em conclusão, PARIBAKHT e WESCHE apud MOREIRA (s/d) afirmam que embora a leitura que vise à compreensão do texto possa produzir resultados incidentais significativos na aquisição de vocabulário, tal leitura, suplementada com exercícios específicos de vocabulário, produz ganhos maiores em relação às palavras alvo. A razão para o sucesso da leitura seguida de exercícios de vocabulário é que esses exercícios garantem que a atenção do aluno seja focalizada em itens específicos de vocabulário o que leva os alunos a analisar e compreender os significados e funções das palavras alvo através de tarefas variadas.

2.O Ensino-aprendizagem do Vocabulário a Partir de texto - Estratégias Partindo das discussões apresentadas no marco teórico acima, as abordagens a seguir serão feitas em duas perspectivas. No entanto, as estratégias e as actividades a aplicar no Ensino e Aprendizagem do vocabulário apontam duas hipóteses distintas a destacar: a) A Hipótese é chamada de “Hipótese Implícita” Esta hipótese dá ênfase na aprendizagem do vocabulário como sendo algo inconsciente , isto é, o indivíduo aprende sem tal intenção, de forma implícita, ao fazer um leitura de lazer, proveitosa, informativa, ou mesmo ao conversar, ou seja, em diferentes situações comunicativas. Portanto, é possível conhecer mais palavras através de leituras esporádicas que fazemos no nosso quotidiano, sem intenções exclusivas de aprender novas palavras ou vocábulos. Razão pela qual, a maioria das palavras que conhecemos não nos foi ensinada e nem as procuramos no dicionário; a maioria do vocabulário é aprendida a partir do contexto (STERNBERG, 1987). A leitura é considerada um meio ideal para a aquisição de vocabulário. Segundo STANOVICH e CUNNINGHAM (1992), as pessoas que lêem mais conhecem mais vocabulário. A aquisição de vocabulário é vista, por diferentes autores, de diferentes maneiras. O uso da leitura como forma de aquisição de vocabulário configura uma abordagem indirecta de ensino de vocabulário. Em que a atenção do aluno está voltada para o assunto de que o texto trata e, não, especificamente, para o vocabulário a ser adquirido. Conforme SCARAMUCCI (1995) ressalta, "há uma distinção entre a construção do significado através de pistas contextuais e o real aprendizado e retenção desses significados." b) Hipótese Explícita No contexto de ensino, no primeiro nível de aprendizagem de uma determinada língua pretende-se que o aluno conheça o vocabulário corrente que irá estar de acordo com o vocabulário da vida corrente. Assim, aprendizagem do vocabulário é consciente/explícita, o indivíduo aprende por intenção, a partir de contextos “textos” ou seja, o indivíduo aprende de forma consciente, sabe que a intenção conhecer e aplicar na realidade certas palavras e tentar usa-las no seu quotidiano. Algumas pesquisas realizadas, afirmam que a rapidez de desenvolvimento do vocabulário dos alunos da primária e do secundário é fantástico. Porém, é necessário

sempre que possível relacionar o vocabulário a ser usado com o que se pode ensinar, integrando esta aprendizagem em textos. É preciso sempre que possível, relacionar o vocabulário a ser usado com o que o aluno vai aprender, integrando esta aprendizagem em textos. É obrigatório também que o professor motive os alunos para que eles estabeleçam a relação daquilo que vão aprender com a realidade do aluno, O ensino do vocabulário assume uma evolução gradual. No entanto, é preciso que o professor tenha um conhecimento prévio daquilo que os alunos sabem para depois saber a que nível se vai trabalhar e o que irá constituir a base de estudo. Contudo, acredito eu que a combinação destas duas hipóteses, bem como a relação com a gramática dever ser activados para o sucesso do ensino e aprendizagem do vocabulário. Assim, é imperioso a busca no dicionário de toda a palavra desconhecida que aparece no texto. O outro procedimento é experimentar descobrir o sentido da palavra no contexto. De forma sucinta, o ensino do vocabulário segue as seguintes etapas:

  1. Anotar as palavras desconhecidas (vocabulário passivo do aluno leitor);
  2. Localizar num dicionário o significado que se ajuste ao texto onde elas aparecem. Feito o registo do significado de palavras;
  3. Passar um exercício de construção de frases usando os mesmos vocábulos em contextos diversos. Este pensamento é partilhado BIEMILLER (2005:78), ao afirmar que a utilização de modelos integrados de desenvolvimento lexical deve obedecer aos seguintes princípios metodológico-didácticos:
  • ensinar ao aluno o que precisa saber sobre cada palavra: forma fónica, significado em função do contexto, condições sintácticas e semânticas, classe de pertença, paradigma flexional e relações com as outras palavras.
  • ensinar ao aluno quando e como usar estratégias de aquisição lexical quando está a ler e estratégias de precisão lexical quando está a escrever. Neste sentido, neste exercício pode se fazer a substituição dos vocábulos desconhecidos do texto por outros semelhantes encontrados no dicionário, sobretudo reescrevendo todo o texto; o outro exercício consiste em resumir o texto original por suas palavras; fazer paráfrases, procurando manter as ideias originais; comentário crítico ou avaliativo; inversão do texto por palavras do sentido oposto.

2º - procuramos os seus sinónimos, família de palavras e seus antónimos, para que tenhamos mais conhecimento sobre elas. 3º - usar as palavras em outros contextos semelhantes através de formação de frases, recriação do texto original, substituição destas palavras no texto, por outras com mesmo significado (sinónimas), etc. Porém, convém realçar a conservação da ortografia destes novos vocábulos ao aluno, para melhor uso do mesmo em outras situações. Investigações de BECK, PERFETTI, MCKEOWN & OMANSON (1982) alertaram para o modo como as crianças adquirem o vocabulário, salientando que quanto mais o sujeito leitor possuir, mais facilmente, ao ler, deduz do contexto o significado das palavras novas. Este aspecto é comparável ao Efeito Mateus , formulação sociológica baseada na hipótese dos dez talentos narrada no Evangelho de Mateus, segundo a qual àquele que tem mais lhe será acrescentado, e ao que não tem, mesmo o pouco que tem lhe será tirado. Desta forma, no âmbito da aquisição do vocabulário, se estabelecem nexos entre o que já se sabe e a informação nova. Todavia, a aprendizagem de vocabulário não deverá, contudo, ser feita de uma forma descontextualizada. Os autores, ao realizaram estudos alargados no tempo, puderam demonstrar que também aqui, a dimensão cognitiva é fundamental. Remetendo para a insuficiência do “método do vocabulário”, onde as palavras eram memorizadas de uma forma descontextualizada, distinguiram não só o valor do automatismo, mas também a importância do ensino de palavras novas num contexto de compreensão da linguagem, mas sempre relacionado com o léxico dos leitores. Os investigadores supracitados chamaram a esta forma de ensino “o ensino rico”, desenvolvendo um programa baseado no ensino de palavras novas que foi, posteriormente, aplicado com grande êxito por vários professores.

Conclusão As reflexões apresentadas no presente ensaio referem-se a um campo complexo em que se entrecruzam múltiplas realidades socioculturais e diferentes perspectivas de abordagem didactológica à prática de ensino explícito do vocabulário nas sociedades actuais, fortemente marcadas pelo fenómeno da globalização. A prática do ensino explícito do vocabulário, na perspectiva intercultural, através de uma abordagem lexicultural, deixa de ser assumida como um processo linear e estandardizado, para passar a influenciar os fenómenos globais de desenvolvimento literácito integrado. Nas sociedades globais, o processo de ensino explícito do vocabulário deve ser entendido como um processo construído a partir de relações dinâmicas e intensas entre o material literário para a infância, os textos de tradição oral e as realidades sociais globalizantes, criando contextos relacionais interactivos que, por se ligarem dinamicamente com os diferentes contextos culturais em relação aos quais os diferentes sujeitos constroem a sua identidade e desenvolvem relações criativas e verdadeiramente formativas , ou seja, estruturantes de movimentos de desenvolvimento globalizante. Desta forma, desenvolve-se a aprendizagem não apenas das palavras, dos conceitos, dos valores assumidos pelos sujeitos em relação, mas sobretudo a aprendizagem dos contextos em relação aos quais esses elementos adquirem significados. Nesta realidade, nos espaços ambivalentes de relação entre os diferentes contextos de aprendizagem e os textos especificamente destinados ao público infanto-juvenil, é que pode emergir o novo, ou seja, os processos de formação de leitores, cimentados numa forte relação com a aprendizagem do vocabulário_._ A prática de ensino explícito do vocabulário constitui-se, assim, como um processo de relação em que as fontes de acesso e facilitação permitem a articulação entre diferentes contextos sociais e culturais, mediante as próprias relações desenvolvidas entre Literatura para a Infância e prática do ensino explícito do vocabulário. Contudo, na sequência das constatações feitas, pretendemos deixar aqui algumas sugestões didáctico-pedagógicas para o processo de ensino-aprendizagem de vocabulário, com vista a melhorar o processo aprendizagem dos alunos. As estratégias de ensino de vocabulário consideradas eficazes são: a integração, a utilização funcional e a repetição. A integração consiste em relacionar as palavras novas com os conhecimentos do aluno. A utilização funcional visa torná-lo activo

possíveis para ensinar um conceito novo: apresentar o objecto correspondente à palavra a aprender, utilizar recursos visuais (fotografias, filmes, desenhos) voltar-se para as analogias, ou seja, ver as experiências dos alunos que poderiam ser comparadas aos novos conceitos.  Combinar a definição da palavra com o contexto representaria melhores meios de ensinar o sentido de uma palavra nova. A abordagem desta temática pode também ser feita nas outras áreas de ensino da língua portuguesa como é o caso da área da gramática, área de leitura bem como a área de escrita, pois podem ser úteis e são semelhantes. O professor de Português pode explorar os mesmos exercícios para o ensino nestas áreas. Ora vejamos, ao criar frases usando novas palavras, podemos usar as mesmas frases para o ensino por exemplo da estrutura da frase; para o ensino da escrita. Ou pode-se retirar frases de um texto que esta sendo lido, pode ser na área de leitura por exemplo, mas trabalhar o mesmo texto em outras áreas. Bibliografia

ANTUNES, Irandé. Práticas pedagógicas para o desenvolvimento das competências em escrita. In. Coelho, Fábio André.; Palomares, Roza. (orgs.). Ensino de produção textual. São Paulo: Contexto, 2016. BECK I. I., PERFETTI, C. A. y McKEOWN M. G. Effects on Long Term Vocabulary. Instruction on Lexical Acess and Reading Comprehension. Journal of Educational Psycology.1982. BECK, I. I., OMANSON, R. C. y McKEOWN M. G. An Instructional Redesign of Reading Lessons. Effects on Comprehension. Reading Research Quarterly.1982. BIEMILLER, A. Vocabulary development and instruction: A prerequisite for school learning. In Dickinson, D. e Neuman, S. (eds.). Handbook of early literacy, Vol.2. New York: Guilford.2005. DUARTE, Inês. Língua Portuguesa – Instrumentos de Análise. Lisboa: Universidade Aberta. 2000. GALISSON, R. e PUREN, C. La formation en questions. Paris: CLE.1999. GALISSON, R. Les mots – Modes D´emploi. Paris: CLE.1991. GIASSON, Jocelyne. A Compreensão na leitura. Porto. Edições ASA.1993. KAUFMAN, Ana Maria & RODRIGUEZ, Maria Helena. Escola, leitura e produção textual. Porto Alegre: Artmed, 2007. KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à Linguística Textual: Trajetória e Grandes Temas. São Paulo: Contexto, 2015.