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breve resumo, Efeito mediador do desempenho de logística reversa.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Fabio Ytoshi Shibao Universidade Nove de Julho Roberto Giro Moori Universidade Presbiteriana Mackenzie RESUMO O objetivo deste estudo foi o de estimar um modelo teórico empírico que contempla o desempenho operacional como fator mediador na relação entre eco-design/logística reversa e desempenho ambiental em empresas do ramo químico. Para tanto, realizou-se uma pesquisa constituída de duas etapas. A primeira, de natureza exploratória do tipo qualitativo, utilizou-se de uma amostra de 10 empresas cujos dados foram coletados por meio de entrevis- tas em profundidade. A segunda, de natureza descritiva do tipo quantitativo, precedida de sete pré-testes, utilizou-se de uma amostra de 316 empresas cuja coleta de dados se deu por meio de questionários semiestruturados. Os dados coletados, tratados pela modelagem em equações estruturais, re- velaram que o desempenho operacional medeia a relação entre eco-design/ logística reversa e desempenho ambiental. Diante deste resultado pode-se concluir que o desempenho operacional teve um importante papel para aten- der o desempenho ambiental. PALAVRAS-CHAVE Eco-design. Logística Reversa. Desempenho Operacional. Desempenho Am- biental. Indústria Química. Data de submissão: 25 jul. 2017. Data de aprovação: 15 dez. 2017. Sistema de avaliação: Double blind review. Universidade FUMEC / FACE. Prof. Dr. Henrique Cordeiro Martins. Prof. Dr. Cid Gonçalves Filho. ESTRATÉGIA MEDIATION EFFECT OF OPERATIONAL PERFORMANCE IN ECO-DESIGN/REVERSE LOGISTIC
ROBERTO GIRO MOORI, FABIO YTOSHI SHIBAO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 97 instrumento de desenvolvimento econômi- co e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destina- dos a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em ou- tros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”. Ao lado da eco-design e da logística re- versa, outro elemento importante é a prá- tica da produção mais limpa, cuja finalidade é reduzir a carga ecológica nos processos produtivos mediante o uso apropriado dos materiais e tecnologias de processo para melhorar a eficiência energética (UNEP,
EFEITO MEDIADOR DO DESEMPENHO OPERACIONAL NO ECO-DESIGN/LOGISTICA REVERSA 98 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) relação. Assim exposto, construiu-se o mo- delo teórico empírico conforme é mostra- do na Figura 1. O suporte teórico e hipóteses que sus- tentam o modelo são descritos a seguir. Sem Mediação – caminho (a) A Influência do Eco-Design/Logística Reversa no Desempenho Ambiental Eco-design é um conceito que integra aspectos multifacetados de projetos, pro- cessos produtivos e aspectos ambientais com o objetivo de desenvolver produtos ambientalmente sustentáveis que satis- faz as necessidades e desejos humanos (ISO14006, 2011; KIURSKI, et al., 2017). Srivastava (2007) destaca a eco-design segundo duas dimensões: projeto am- bientalmente consciente (Environmentally Conscious Design - ECD) e analise/ava- liação do ciclo de vida do produto (Life- Cycle Analysis/Assessment – LCA). Os ob- jetivos, de ambas as dimensões, são os de reduzir o impacto ambiental. Enquanto na ECD, o projeto do produto está associado a recuperação de materiais, desmontagem, legislação, minimização de perdas, remanu- fatura, reciclagem e melhor escolha de ma- teriais; a LCA está associada ao processo de produção para analisar e avaliar o meio ambiente, a fabricação, o transporte, a dis- tribuição, uso, reciclagem e a disposição fi- nal do produto. Essas duas dimensões leva a necessida- de de perceber a importância da logística reversa. Não se trata da logística reversa tradicional que se dedica ao retorno de materiais de pós-venda ou de pós consu- mo (LEITE, 2017), mas da logística reversa que se origina no projeto do produto. Nes- se sentido, as empresas precisam perceber o custo oculto na logística reversa e focar nessa função (MOLLENKOPT; CLOSS, 2005, SRIVASTAVA, 2007) para conhecer o impacto financeiro e desenvolver estraté- gias de logística reversa. Nesse sentido a eco-design/logística re- versa como atividades integradas que ocor- rem dentro de áreas funcionais de empre- sas individuais, que se prolongam para além das fronteiras organizacionais, por meio de conexões com parceiros (fornecedores e clientes), sociedade e governo, permite alargar a visão estreita da eco-design (SRI- VASTAVA, 2007). Compreender essa visão integrada da eco-design, sob a ótica da lo- gística reversa pode considerada fonte im- portante de inspiração da sustentabilidade (UNEP, 2001). Em se tratando de competição global, o planejamento e o projeto do produto, cujos componentes ou matérias-primas utiliza- dos causam menor impacto ambiental, são cruciais para o sucesso da empresa. Não obstante, integrar aspectos ambientais no processo de desenvolvimento de produ- to requer mudanças gerenciais, técnicas e atividades operacionais para conceber “um projeto de produto verde” (KRUWET; ZUSSMAN; SELIGER, 1995). A evolução da visão tradicional do ci- clo de vida do produto para a abordagem do berço ao berço (from c radle to cradle ), para ser competitiva, requer um processo logístico reverso, dado que, inovações eco- lógicas depende do gerenciamento eficaz dos fluxos reversos dos materiais (NIN- LAWAN et al., 2010). Estabelecer metas para implementação de produtos Eco-design e logística reversa permite ao administrador, avaliar desem- penhos em uso de matérias-primas menos agressivas ao meio ambiente, de tal modo a reduzir o consumo de material e energia
EFEITO MEDIADOR DO DESEMPENHO OPERACIONAL NO ECO-DESIGN/LOGISTICA REVERSA 100 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) requer substituição de materiais, reconfigura- ção de arranjo físico no interior da fabricação, tecnologias, capacitação e treinamento de pes- soas (BOWERSOX et al., 2014). Segundo Linton, Klassen e Jayaraman (2007), dada a convergência de cadeias de suprimentos e sustentabilidade, o foco da gestão ambiental e de operações, são movidas para a otimização dos fatores ambientais locais para a cadeia de supri- mentos durante a produção, o consumo, o atendimento ao cliente e a disposição dos descartes de produtos. No contexto da gestão da cadeia de su- primentos, os transportes rodoviários, im- portantes elementos de conexões entre os membros, são reconhecidos como uma das barreiras mais significantes para a sustentabili- dade, particularmente nas áreas urbanas, pelo consumo expressivo de combustíveis fósseis, emissão de poluentes, ruídos e congestiona- mentos.Todavia, movimentação de produtos, em áreas urbanas, é fundamental para a gera- ção de riqueza. Nesse sentido, Bowersox et al. (2014), argumentam que o equilíbrio ( tra- de-offs ) entre o impacto ambiental negativo e a geração de riqueza podem ser gerenciados pelo uso de período definido de movimen- tação, carga e descarga na área urbana e por projetos para a logística reversa. Por conta disso, os trade-offs das medidas de desempenho operacionais tradicionais são criticadas porque focam em resultados de curto prazo, apresentam pouco incen- tivo às inovações e encorajam apenas me- lhorias locais (NEELY, 1998). Por exemplo, o incentivo dado aos gestores para manter equipamentos em produção para elevar o desempenho da utilização de recursos, sem considerar o aumento do estoque, pode elevar os custos. Todavia, existem ar- gumentos, ao contrário, como a reação em cadeia de Deming (2000) que argumenta, a melhoria da qualidade reduz os custos uma vez que os desperdícios são reduzidos ou mesmo eliminados. Nesse sentido cabe à administração es- tabelecer mecanismos ou práticas produti- vas, como a produção mais limpa, para pre- venir a poluição, diminuir riscos e melhorar a ecoeficiência (SANT’ANA; CAMPOS; PEREIRA, 2017), ao invés de ações de fim de tubo ( end-of-pipe ) que não oferece salto qualitativo tecnológico para reduzir a emis- são de poluentes na fonte. Como exemplo, têm-se os estudos ambientais em empresas japonesas realizados por Zhu et al. (2010). Esses autores, citam duas implementações de design ecológico de produtos com dife- rentes focos na regulação industrial japo- nesa. A primeira, para eliminar ou reduzir o uso de materiais perigosos no processo de fabricação com impacto no desempe- nho ambiental; e a segunda, relacionados a investimentos para recuperar sucata de materiais usados com impacto no desem- penho operacional. Assim, é de se esperar: H 2 : Eco-Design/Logística Reversa impacta diretamente no Desempenho Operacional A Influência do Desempenho Operacional no Desempenho Ambiental – Caminho (c) Desempenho operacional refere-se ao cumprimento de metas operacionais, normalmente com ênfase no curto prazo (HALL, 2004). Um sistema para avaliar o desempenho exige uma perspectiva fun- cional (BOWERSOX, CLOSS e COOPER, 2006). Dentro dessa perspectiva funcional sobressaem dimensões como: custos, qua- lidade do produto e confiabilidade, veloci- dade e confiabilidade na entrega. A lógica fundamental é de que uma operação não
ROBERTO GIRO MOORI, FABIO YTOSHI SHIBAO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 101 pode ter um desempenho excelente em todas essas dimensões (CHASE, JACOBS e AQUILANO, 2006). Com o despertar das questões ambientais, notadamente, o desempenho ambiental foi in- corporado às organizações, que a norma NBR ISO:14001-2004 o define como resultados mensuráveis, da gestão de uma organização, sobre seus aspectos ambientais. Acrescenta ainda, segundo a norma NBR ISO:14001-2004, no contexto de sistemas de gestão ambiental, os resultados podem ser medidos com base na política ambiental, objetivos ambientais, me- tas ambientais da organização e outros requi- sitos de desempenho ambiental. Diante do exposto, observa-se que, en- quanto o desempenho operacional eviden- cia decisões de curto prazo, o desempenho ambiental exige tomadas de decisão de maior prazo. Ainda, conforme recomenda- ções da norma NBR ISO:14001-2004, que a organização avalie quais de suas opera- ções estão associadas com seus aspectos ambientais significativos identificados e as- segure que elas sejam conduzidas de modo a controlar ou reduzir os impactos ambien- tais adversos associados, para atender aos requisitos de sua política ambiental e atingir seus objetivos e metas. Colocando de outro modo, o desempenho operacional é muito mais pressionado do que o desempenho ambiental, o que poderia perturbar a previ- sibilidade das empresas em atender as me- tas ambientais. Assim, é de se esperar que: H 3 : Desempenho Operacional impacta diretamente no Desempenho Ambiental Mediação – ligação [Eco-design / Logística Reversa e Desempenho Ambiental] via [Desempenho Operacional] Apesar do eco-design/logística reversa ser considerado antecedente do desempe- nho ambiental, esta ligação pode não ser assim tão simples e direta, pois existem si- tuações em que um aumento no eco-de- sign/logística reversa pode não resultar ne- cessariamente num nível de desempenho ambiental mais elevado. Trabalho como de Zhu e Sarkis (2004), em empresas chinesas em contexto de gestão da cadeia de supri- mentos verde, evidenciaram que pressões institucionais, dado pelo mercado, regula- ção e competição, tiveram efeito modera- dor na relação entre eco-design/logística reversa e desempenhos ambiental e eco- nômico (positivo e negativo). Outros estudos, como os realizados por Vijayvargy e Agarwal (2014), em empresas indianas, também em contexto de gestão da cadeia de suprimentos verde, evidenciaram que eco-design/logística reversa tiveram efeito direto sobre os desempenhos opera- cional e ambiental, mas não foi evidenciado efeito direto no desempenho financeiro. Observa-se, contudo, que gestão am- biental é complexo e envolve implicações estratégicas. Como exemplo, Ren (2001) mostrou que a poluição ambiental era uma consequência de atividades econômicas, como estabelecimento de estratégias de investimentos em tecnologias para atuar nos processos produtivos e minimizar a geração de poluentes. Entretanto, custos ambientais em economia capitalista são ti- picamente não totalmente internalizados. Em termos de ambiente, em algumas oca- siões, privatização de propriedades é um bom instrumento para a administração de recursos comuns como florestas e terras, no entanto, elementos ambientais como o ar, água em áreas de livre acesso são im- possíveis de definir suas fronteiras, mesmo para com regulação ambiental.
ROBERTO GIRO MOORI, FABIO YTOSHI SHIBAO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 103 s-of-Fit), dado por [ GoF = )], a despeito de Henseler e Sarsted (2012) sugerirem não utilizar o índice GoF, por não ter o poder de distinguir modelos válidos e modelos não válidos. Ainda, foram utilizados a rele- vância ou validade preditiva, o indicador de Stone-Geisser (Q^2 ) e tamanho do efeito, o indicador de Cohen (f^2 ). Por fim, para avaliar o papel mediador do desempenho operacional na relação entre eco-design/logística reversa e desempenho ambiental, utilizou-se da abordagem de Ia- cobucci et al. (2007), por considera-la mais apropriada para tratar dados multivariados do que a abordagem de Baron e Kenny (1986). Como contraprova do resultado, foi utilizado o teste z de Sobel, dado por: z = → [Equação 1], para avaliar a magnitude dos coeficientes dos caminhos (a e a’) mostra- dos na Figura 1, isto é antes e após o efeito da mediação. Ainda, utilizou-se da aborda- gem de Iacobucci et al. (2007) para verificar a tipificação da mediação, se foi completa, parcial ou de supressão (sem mediação). Como suporte ao tratamento dos da- dos, foi utilizado o software PLS-PM ( Partial Least Square – Path Method ) versão 2.0. Delimitações do Estudo. Este estu- do apresentou duas delimitações básicas. A primeira, se deu quanto ao escopo. A maioria das empresas da amostra estavam sediadas na região sudeste do Brasil, cujas principais empresas eram dotadas de com- petências tecnológicas robustas. A segunda delimitação, referiu-se à concepção da pes- quisa, que foi transversal, ou seja, envolveu uma amostra de empresas cuja coleta de dados se deu somente uma vez. Limitações do M étodo da Pesqui- sa. O método escolhido para a pesquisa também apresentou duas limitações. A pri- meira, referiu-se ao porte das empresas químicas foram variados com diferentes tecnologias de processo. Nesse sentido, as empresas de maior porte levam van- tagem, isto é, as respostas tendem para o lado concordante da escala, em relação a de menor porte, pelo uso intensivo de co- nhecimento, ciência, tecnologia, engenharia, mão de obra qualificada, o que pode ter introduzido algum viés nas respostas dos entrevistados. A segunda, referiu-se à coleta de da- dos, na proporção de 1:1 isto é, um respondente uma empresa. Como as empresas eram constituídas de por- tes e tecnologias variadas, um único respondente para empresa também pode enviesar a resposta. Todavia, dado que foram obtidos 316 respon- dentes, acreditou-se que esse proble- ma foi minimizado. ANÁLISES DOS DADOS E RESULTADOS Perfil Demográfico da Amostra Os dados foram coletados no segun- do semestre de 2012. Foram obtidos 316 questionários aptos para serem analisados que apresentaram os perfis demográficos descritos a seguir. a) Com relação os respondentes. Os respondentes que fizeram parte da amostra, 27,2% estavam na função ha- via menos de 2 anos, 28,5% entre 2 a 5 anos, e 44,3% estavam na função havia cinco anos ou mais. Quanto ao tempo na empresa, 15,5% estavam na empre- sa havia menos de 2 anos, 24,4% entre 2 e 5 anos, e 60,1% estavam na empre- sa havia a mais de cinco anos. Para o grau de escolaridade, os respondentes da amostra, 15,8% tinham curso supe- rior incompleto, e 84,2% tinham curso
EFEITO MEDIADOR DO DESEMPENHO OPERACIONAL NO ECO-DESIGN/LOGISTICA REVERSA 104 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) superior completo. Quanto ao exercí- cio do cargo, 28,2% dos respondentes eram diretores e gerentes, e 71,8% nos demais cargos como engenheiros, superiores e coordenadores. Em resumo, os respondentes foram compostos de pessoas com curso superior, com mais de cinco anos de tempo de em- presa e exercício de função. Nesse sentido, os perfis dos respondentes denotaram que os dados coletados apresentavam boa con- fiabilidade para a análise. b) Com relação às empresas. As empre- sas que fizeram parte da amostra, 45,6% estavam sediadas na região metropolitana da cidade de São Pau- lo, 20,9% no interior do estado de São Paulo e as demais, 33,5% esta- vam localizadas nos estados do Rio Grande do Sul (7,6%), Rio de Janeiro (7,0%), Minas Gerais (5,7%) e, em me- nor porcentagem, nos demais estados como Paraná, Santa Catarina e Bahia. As empresas, do total, 40,8% tinham um faturamento de até r$ 10,5 mi- lhões anuais, 16% entre r$ 10,5 e 60 milhões e 43,2% tinham faturamento acima de r$ 60 milhões anuais. Quan- to ao número de empregados, 47,2% tinham até 99 empregados, 34,8% ti- nham entre 100 e 499 empregados e 10,8% tinham acima de 500 emprega- dos. Quanto ao ramo de atividades, 44,6% eram fabricantes de produto químico industrial e os demais eram fabricantes de produtos farmacêu- ticos, tintas, esmaltes, vernizes, de- fensivos agrícolas, adubos e fertili- zantes. Quanto às certificações de qualidade, 72,2% tinham certificação ISO9000 e 28,2% tinham a certifica- ção ISO14000. Em resumo, a amostra foi constituída por empresas localizadas principalmente na região sudeste do Brasil, com fatura- mento superior a r$ 60 milhões anuais e acima de 100 empregados. Validação das Medidas e Escalas dos Constructos Para validar as medidas e escalas dos da- dos coletados junto a 316 respondentes, inicialmente, os dados foram submetidos a um exame descritivo para identificar as ob- servações atípicas ou respostas extremas que poderiam influenciar o resultado da análise multivariada. Realizado o exame dos dados utilizou-se do software SmartPLS 2.0 para aplicar a técnica da análise fatorial. Após várias rodadas e interações, obteve- se uma estrutura subjacente composta de 15 assertivas com cargas fatoriais superio- res a 0,70, cujo valor recomendado é de 0,7, distribuídas em três construtos com 5 medidas cada, denominados: Eco-design/ Logística reversa, Desempenho Operacio- nal e Desempenho Ambiental. As médias, desvios padrão, formato da distribuição (achatamento e alongamento) e cargas fa- toriais de cada uma das assertivas, depura- das em seus respectivos constructos, são mostradas na Tabela 1A no Apêndice 1. As estruturas dos constructos obti- das pela técnica da análise fatorial foram validadas quanto: a) a unidimensionalida- de, dado pelo coeficiente α-Cronbach, e a Confiabilidade Composta (CC), ambas as medidas, apresentaram valores acima do mínimo recomendados de 0,70; b) a validade convergente, avaliada pela carga fatorial e variância média extraída (VME) também obtiveram valores acima do mí- nimo recomendados de 0,7 e 0,5, respec- tivamente. Salienta-se, todavia, que para o
EFEITO MEDIADOR DO DESEMPENHO OPERACIONAL NO ECO-DESIGN/LOGISTICA REVERSA 106 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) sua vez, influenciou no Desempenho Am- biental com coeficiente estrutural igual a 0,72 e estatística t igual a 15,35 e suportou a hipótese H 3. Na Tabela 2 são apresentados os coefi- cientes estruturais, erro padrão e os valo- res das estatísticas t das relações do mode- lo de estimação. Quanto à adequação do modelo estru- tural, dado pelo coeficiente de determina- ção R^2 , em relação aos constructos endó- genos, obteve-se R^2 (médio) igual a 0,46 [0,
ROBERTO GIRO MOORI, FABIO YTOSHI SHIBAO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 107
Prosseguindo na determinação de ou- tros indicadores de qualidade, a validade preditiva (Q^2 ), apresentaram valores po- sitivos, mostrando que o modelo refletiu a realidade, isto é, sem erros. Quanto ao tamanho do efeito avaliado pelo (f^2 ) os constructos apresentaram valores maiores que 0,35, denotando que o modelo possuia grandes qualidades de predição. Na Tabela 3, são mostrados os valores de (Q^2 ) e (f^2 ). Portanto, pode-se considerar que houve evidências que os dados coletados tiveram um bom ajuste para o modelo de mensura- ção desenvolvido. Para testar a mediação do desempenho operacional entre a Eco-design/Logística reversa e desempenho ambiental, por meio da comparação da magnitude dos coefi- cientes entre os caminhos (a’) e (a) mos- trados na Figura 1, utilizou-se do teste z de Sobel, que podem ser representados pelos parâmetros: a = 0,58; b = 0,72; Sa = 0, e Sb = 0,048 e extraídos da Tabela 2, que aplicados à [Equação 1], obteve-se: teste z de Sobel = = 10,43 → valor-p = 0, Portanto, o teste z, em nível de signifi- cância estatística (α ≤ 0,01), evidenciou o papel mediador do desempenho ambiental na relação entre Eco-design/Logística re- versa e desempenho operacional. Quanto a tipologia, segundo abordagem de Iaco- bucci et al. (2007), a mediação foi conside- rada total.
Este estudo foi influenciado pela pouca compreensão que existem nas relações en- tre eco-design/logística reversa, desempe- nho operacional e desempenho ambiental. Para tanto, foi estimado um modelo teóri- co-empírico para um melhor entendimen- to dessas relações. Concluiu-se que existiu uma relação, do tipo indireto, em que o desempenho operacional exerceu papel mediador na relação entre eco-design/logística reversa, desempenho operacional. A importância dessa conclusão foi a de evidenciar que as empresas devem envidar esforços nos pro- cessos produtivos ‘verde’ e no eco-design/ logística reversa. Esforços na implantação da produção mais limpa ‘ou verde’ impacta- rá, no curto prazo, no desempenho opera- cional. Por sua vez, investimentos em eco- design/logística reversa, a médio e longo prazo, influenciará em melhor desempenho ambiental. Todavia, outras implicações po- dem advir dessa conclusão: a) Implicações para a teoria A demanda de produtos caminha para uma nova configuração de produção basea- da na economia de baixo carbono e conhe- cimento, de tal modo a valorizar os recur- sos naturais. Os mercados consumidores podem potencializar incentivos para proje- tos de produtos que minimizam o impacto ambiental, não somente na sua fabricação, mas durante seu ciclo de vida. Nesse sentido, pesquisas em produtos TABELA 3 – Valores dos indicadores da validade preditiva (Q2) e do tamanho do efeito (f2) Constructos CV RED (Q^2 ) CV COM (f^2 ) Eco-Design/Logística Reversa 0,23 0, Desempenho Operacional 0,19 0, Desempenho Ambiental 0,36 0, Fonte: Dados da pesquisa
ROBERTO GIRO MOORI, FABIO YTOSHI SHIBAO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 109 da empresa, que será determinante para o grau de envolvimento com a questão am- biental; e do seu tamanho, dado que, nas empresas de pequeno porte, o responsável pelo processo produtivo, em geral, também é o responsável pela gestão ambiental. As questões ambientais devem ser con- sideradas nas funções existentes nas em- presas, evitando o aumento da complexi- dade organizacional e a criação de mais áreas intermediárias para tomadas de deci- são, que acabam por gerar desperdícios de tempo e recursos. Na área produtiva, os retrabalhos que requerem a reciclagem ou a eliminação, a espera que pode ocasionar desperdício de energia, superprodução pela maior quanti- dade de matérias-primas consumidas sem necessidades, movimentação de homens para transporte de estoques em processo e criatividade não utilizada oriundas de su- gestões de melhorias dos funcionários, são fatos que ajudam na redução de desperdí- cios e melhorar o meio ambiente. Uma variedade de tecnologias de pro- cesso, pesquisas acadêmicas, forças do mercado e políticas governamentais po- dem contribuir, significativamente, para a almejada sustentabilidade ambiental. Assim, diante dos resultados obtidos e as implicações para a teoria e práticas gerenciais, o desempenho operacional sinalizou ganhos incrementais, de curto prazo, que constituíram o alicerce firme, sem a qual não seria possível vislumbrar metas ambiciosas, de longo prazo, para o desempenho ambiental. Salienta-se, toda- via, que investimentos em tecnologias lim- pas, capacitação em gestão são elementos importantes para que metas de desempe- nhos operacionais e ambientais sejam lo- gradas pela administração. Portanto, com o reconhecimento de que os recursos naturais são finitos e a produ- ção deve obedecer aos limites econômicos, tornando assim, viável a ação para alcançar padrões de vida mais sustentável, são suge- ridos para prosseguimento desse estudo, in- vestigar nas empresas, especialmente, as de capital aberto, a preferência por tecnologias de produção limpa e seu acompanhamento em termos de desempenho operacional, ou mesmo ambiental. As empresas de capital aberto, em decorrência da instrução 552/ da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sinalizam a busca da transparência e apri- moramento da gestão de risco, incluindo, a gestão ambiental. TABELA 1A – Estatística das medidas e escalas CONSTRUCTO / ASSERTIVAS Média D.P. Cv sk ku Carga ECO-DESIGN/LOGISTICA REVERSA (^) ER1 A nossa empresa desenvolve o design dos seus produtos para reduzir o consumo de material e energia 4,14 1,74 0,42 -0,63 -0,86 0,66** ER A nossa empresa evita o uso de materiais perigosos ao meio ambiente nos seus produtos e processos de fabricação 4,76 1,42 0,30 -1,23 0,78 0,63** ER A nossa empresa atua junto aos seus clientes na implantação da reciclagem, eliminação de embalagem e na redução de resíduos 4,44 1,46 0,33 -0,84 -0,09 0,78** ER A nossa empresa inclui as habilidades técnicas do pessoal nos aspectos ambientais 4,80 1,28 0,27 -0,99 0,24 0,77** ER A nossa empresa prevê a logística reversa no design dos produtos como desmontagem, reuso, reciclagem e descarte correto 4,05 1,75 0,43 -0,55 -0,97 0,59**
EFEITO MEDIADOR DO DESEMPENHO OPERACIONAL NO ECO-DESIGN/LOGISTICA REVERSA 110 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) DESEMPENHO OPERACIONAL DO A nossa empresa diminuiu a taxa de sucatas ao participar da GSCM nos últimos 2 anos 4,38 1,57 0,36 -1,20 0,68 0,76** DO Na nossa empresa a qualidade dos produtos e serviços co- mercializados melhorou com a gestão ambiental nos últimos 2 anos 4,60 1,44 0,31 -0,94 -0,28 0,87** DO A nossa empresa melhorou a utilização da capacidade ope- racional (melhor uso dos recursos produtivos) nos últimos 2 anos 4,65 1,46 0,31 -0,97 0,02 0,84** DO Na nossa empresa as metas de minimizar e eliminar as não conformidades dos produtos foram atingidas nos últimos 2 anos 4,58 1,45 0,32 -1,42 0,85 0,65** DO A nossa empresa melhorou a qualidade dos registros, aná- lises e soluções das reclamações dos clientes nos 2 últimos anos 4,93 1,31 0,27 -1,36 1,76 0,78** DESEMPENHO AMBIENTAL (^) DA A nossa empresa reduziu as emissões de poluentes ao ado- tar a gestão ambiental nos últimos 2 anos 4,71 1,48 0,31 -0,83 -0,31 0,79** DA A nossa empresa conseguiu reduzir o uso de águas residuais com a implantação da gestão ambiental nos últimos 2 anos 4,49 1,66 0,37 -1,07 0,45 0,79** DA A nossa empresa reduziu os resíduos sólidos ao efetuar a gestão ambiental nos últimos 2 anos 4,53 1,55 0,34 -1,14 0,56 0,78** DA A nossa empresa diminuiu a frequência de acidentes ambien- tais com a gestão ambiental nos últimos 2 anos 4,83 1,60 0,33 -1,10 0,49 0,78** DA A nossa empresa com a adoção da gestão ambiental melho- rou as atividades operacionais nos últimos 2 anos 4,84 1,26 0,26 -1,53 2,03 0,84** Nota: (**) significante para (α ≤ 0,01) Fonte: Dados da pesquisa
EFEITO MEDIADOR DO DESEMPENHO OPERACIONAL NO ECO-DESIGN/LOGISTICA REVERSA 112 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 17 n. 2 p. 94-112 abr./jun. 2018. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) TENENHAUS, M.; VINZI, V. E.; CHA- TELIN, Y.; LAURO, C. PLS-Path Modeling. USA: Computational Statistics & Data Analysis , v. 48, n. 1, pp. 159-205, 2005. TIBBEN-LEMBKE, R. S. Life after death: reverse logistics and the product life cycle. USA: Inter- national jornal of physical distribution & logistics mana- gement. V. 32, n. 3, pp. 223-244,
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