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Diagnóstico de tuberculose, Notas de estudo de Biomedicina

A tuberculose é uma doença com distribuição universal, ela é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, um bastonete delgado, obrigatoriamente aeróbico. Essas bactérias são relativamente resistentes aos procedimentos convencionais de coloração. As células coradas com carbol fucsina não podem ser descoradas com álcool ou ácido, e assim, são classificadas com álcool-ácido resistentes. Essa característica reflete a composição incomum da parede celular, que contém grandes quantidades de lipíd

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 17/09/2010

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raul-duke-2 🇧🇷

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Introdução
A tuberculose é uma doença com distribuição universal, ela é causada pela bactéria Mycobacterium
tuberculosis, um bastonete delgado, obrigatoriamente aeróbico. Essas bactérias são relativamente
resistentes aos procedimentos convencionais de coloração. As células coradas com carbol fucsina não
podem ser descoradas com álcool ou ácido, e assim, são classificadas com álcool-ácido resistentes. Essa
característica reflete a composição incomum da parede celular, que contém grandes quantidades de
lipídios. Esses lipídios podem ser responsáveis pela resistência da micobactéria a estresses ambientais,
com o ressecamento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de oito milhões de pessoas contraem
tuberculose no mundo a cada ano e 3 milhões morrem em decorrência dela1.
No Brasil, estima-se que ocorram cerca de 129.000 casos novos de tuberculose por ano, dos quais,
apenas 90.000 são notificados oficialmente5.
Destes 90.000 casos novos, 48% se encontram na região sudeste, da qual faz parte o Estado de São
Paulo, que por sua vez possui o maior número absoluto de casos do país6, com 17.840 casos novos
notificados em 2002 e um coeficiente de 46,8/100.000 habitantes7.
A Tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente através do ar. A fala, o espirro e,
principalmente, a tosse de um doente de Tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de
tamanhos variados, contendo no seu interior o bacilo. As gotículas mais pesadas depositam-se
rapidamente no solo, enquanto que as mais leves podem permanecer em suspensão por diversas horas.
Somente os núcleos secos das gotículas (núcleo de Wells), com diâmetro de até 5µ e com 1 a 2 bacilos em
suspensão, podem atingir os bronquíolos e alvéolos e aí iniciar sua multiplicação. Em sua maioria, as
gotículas médias são retidas pela mucosa do trato respiratório superior e removidas dos brônquios através
do mecanismo mucociliar. Os bacilos assim removidos são deglutidos, inativados pelo suco gástrico e
eliminados nas fezes. Os bacilos que se depositam nas roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente
se dispersarão em aerossóis e, por isso, não desempenham papel importante na transmissão da doença.
Após a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das
lesões primárias. A maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a
infecção inicial. A probabilidade de o indivíduo vir a ser infectado, e de que essa infecção evolua para a
doença, depende de múltiplas causas, destacando-se, dentre estas, as condições socioeconômicas e
algumas condições médicas (diabetes mellitus, silicose, uso prolongado de corticosteróide ou outros
imunossupressores, neoplasias, uso de drogas e infecção pelo HIV). A evolução do quadro clínico
dependerá de o indivíduo estar sendo infectado pela primeira vez (primo-infecção) ou reinfectado
(reinfecção exógena). A primo-infecção pode causar a doença dependendo da virulência do bacilo, da
fonte infectante e das características genéticas dos indivíduos infectados. Em novo contato, após uma
infecção natural ou induzida pela BCG, a resistência dependerá da resposta imunológica.
A transmissão é plena enquanto o doente com a forma clínica de Tuberculose pulmonar bacilífera
eliminar bacilos e não tiver iniciado o tratamento. Com o esquema terapêutico recomendado, a
transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos dias ou semanas. As
crianças com Tuberculose pulmonar geralmente não são infectantes.
Período de infecção – um indivíduo que receba uma carga infecciosa de bacilos da Tuberculose, pela
primeira vez (primo-infecção), da qual um ou mais bacilos alcancem o pulmão, vencendo as defesas da
árvore respiratória e localizando-se nos alvéolos da periferia pulmonar, apresentará reação inflamatória e
exsudativa de tipo inespecífica. Aproximadamente, em 15 dias os bacilos podem multiplicar-se
livremente, porque ainda não existe imunidade adquirida. Nesse período, os bacilos podem, a partir da
lesão pulmonar, atingir a via linfo-hematogênica, comprometendo os linfonodos e órgãos dos diversos
sistemas e aparelhos, principalmente o fígado, o baço, a medula óssea, os rins e o sistema nervoso. Essa
disseminação, de poucos bacilos, é considerada “benigna”: os bacilos ficarão latentes ou serão destruídos
pela ação da imunidade que se instalará. No início da 3ª semana, o organismo normal, reconhecendo a
presença de elemento estranho, é capaz de mobilizar seu sistema de defesa imunológico específico
visando a destruição ou inativação do agente agressor. Passa a haver, então, no pulmão, no local da
inoculação inicial, um foco pequeno, arredondado, de 1 a 2 mm, esbranquiçado, de consistência
amolecida e constituído, principalmente, por material caseoso. Esse foco é circundado por afluxo celular
de linfócitos, células epitelióides (macrófagos ativados e modificados) e macrófagos (foco primário),
localizado principalmente no terço médio, compreendendo a parte inferior do lobo superior, lobo médio e,
particularmente, o ápice do lobo inferior. Normalmente, esse nódulo é único e com as dimensões
mencionadas, mas há relatos da existência de múltiplos focos primários e de focos de maiores dimensões.
À associação do foco primário aos gânglios satélites da sua região dá-se o nome de complexo primário de
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Introdução

A tuberculose é uma doença com distribuição universal, ela é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis , um bastonete delgado, obrigatoriamente aeróbico. Essas bactérias são relativamente resistentes aos procedimentos convencionais de coloração. As células coradas com carbol fucsina não podem ser descoradas com álcool ou ácido, e assim, são classificadas com álcool-ácido resistentes. Essa característica reflete a composição incomum da parede celular, que contém grandes quantidades de lipídios. Esses lipídios podem ser responsáveis pela resistência da micobactéria a estresses ambientais, com o ressecamento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de oito milhões de pessoas contraem tuberculose no mundo a cada ano e 3 milhões morrem em decorrência dela 1.

No Brasil, estima-se que ocorram cerca de 129.000 casos novos de tuberculose por ano, dos quais, apenas 90.000 são notificados oficialmente^5.

Destes 90.000 casos novos, 48% se encontram na região sudeste, da qual faz parte o Estado de São Paulo, que por sua vez possui o maior número absoluto de casos do país^6 , com 17.840 casos novos

notificados em 2002 e um coeficiente de 46,8/100.000 habitantes 7.

A Tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente através do ar. A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente de Tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de tamanhos variados, contendo no seu interior o bacilo. As gotículas mais pesadas depositam-se rapidamente no solo, enquanto que as mais leves podem permanecer em suspensão por diversas horas. Somente os núcleos secos das gotículas (núcleo de Wells), com diâmetro de até 5μ e com 1 a 2 bacilos em suspensão, podem atingir os bronquíolos e alvéolos e aí iniciar sua multiplicação. Em sua maioria, as gotículas médias são retidas pela mucosa do trato respiratório superior e removidas dos brônquios através do mecanismo mucociliar. Os bacilos assim removidos são deglutidos, inativados pelo suco gástrico e eliminados nas fezes. Os bacilos que se depositam nas roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersarão em aerossóis e, por isso, não desempenham papel importante na transmissão da doença. Após a infecção pelo M. tuberculosis , transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das lesões primárias. A maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a infecção inicial. A probabilidade de o indivíduo vir a ser infectado, e de que essa infecção evolua para a doença, depende de múltiplas causas, destacando-se, dentre estas, as condições socioeconômicas e algumas condições médicas ( diabetes mellitus , silicose, uso prolongado de corticosteróide ou outros imunossupressores, neoplasias, uso de drogas e infecção pelo HIV). A evolução do quadro clínico dependerá de o indivíduo estar sendo infectado pela primeira vez (primo-infecção) ou reinfectado (reinfecção exógena). A primo-infecção pode causar a doença dependendo da virulência do bacilo, da fonte infectante e das características genéticas dos indivíduos infectados. Em novo contato, após uma infecção natural ou induzida pela BCG, a resistência dependerá da resposta imunológica. A transmissão é plena enquanto o doente com a forma clínica de Tuberculose pulmonar bacilífera eliminar bacilos e não tiver iniciado o tratamento. Com o esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos dias ou semanas. As crianças com Tuberculose pulmonar geralmente não são infectantes. Período de infecção – um indivíduo que receba uma carga infecciosa de bacilos da Tuberculose, pela primeira vez (primo-infecção), da qual um ou mais bacilos alcancem o pulmão, vencendo as defesas da árvore respiratória e localizando-se nos alvéolos da periferia pulmonar, apresentará reação inflamatória e exsudativa de tipo inespecífica. Aproximadamente, em 15 dias os bacilos podem multiplicar-se livremente, porque ainda não existe imunidade adquirida. Nesse período, os bacilos podem, a partir da lesão pulmonar, atingir a via linfo-hematogênica, comprometendo os linfonodos e órgãos dos diversos sistemas e aparelhos, principalmente o fígado, o baço, a medula óssea, os rins e o sistema nervoso. Essa disseminação, de poucos bacilos, é considerada “benigna”: os bacilos ficarão latentes ou serão destruídos pela ação da imunidade que se instalará. No início da 3ª semana, o organismo normal, reconhecendo a presença de elemento estranho, é capaz de mobilizar seu sistema de defesa imunológico específico visando a destruição ou inativação do agente agressor. Passa a haver, então, no pulmão, no local da inoculação inicial, um foco pequeno, arredondado, de 1 a 2 mm, esbranquiçado, de consistência amolecida e constituído, principalmente, por material caseoso. Esse foco é circundado por afluxo celular de linfócitos, células epitelióides (macrófagos ativados e modificados) e macrófagos (foco primário), localizado principalmente no terço médio, compreendendo a parte inferior do lobo superior, lobo médio e, particularmente, o ápice do lobo inferior. Normalmente, esse nódulo é único e com as dimensões mencionadas, mas há relatos da existência de múltiplos focos primários e de focos de maiores dimensões. À associação do foco primário aos gânglios satélites da sua região dá-se o nome de complexo primário de

Ranke. O foco pulmonar regressivo, que pode ser visto nas radiografias, chama-se foco de Gohn. Cerca de 90% da população infectada consegue bloquear o avanço do processo, a partir da formação do complexo primário de Ranke, permanecendo apenas como infectados. A tuberculose pode ter diferentes manifestações clinicas, tais como:

Tuberculose primária – ocorre durante uma primo-infecção, pode evoluir tanto a partir do foco pulmonar quanto do foco ganglionar ou, então, em conseqüência da disseminação hematogênica. Isso acontece em 5% dos primo-infectados.

Tuberculose pós-primária – ocorre no organismo que tem sua imunidade desenvolvida tanto pela infecção natural quanto pela BCG. Dos primo-infectados, 5% adoecerão tardiamente em conseqüência do recrudescimento de algum foco já existente em seu organismo (reativação endógena). Também pode ocorrer a reinfecção exógena, ou seja, o paciente adoecer por receber nova carga bacilar do exterior. O quadro clínico não apresenta nenhum sinal ou sintoma característico. Observa-se, normalmente, comprometimento do estado geral, febre baixa vespertina com sudorese, inapetência e emagrecimento. Quando a doença atinge os pulmões, o indivíduo pode apresentar dor torácica e tosse produtiva, acompanhada ou não de escarros hemoptóicos. A tosse produtiva é o sintoma mais freqüente da forma pulmonar. Nas crianças, também é comum o comprometimento ganglionar mediastínico e cervical (forma primária), que se caracteriza por lesões bipolares: parênquima e gânglios. Nos pacientes adultos, maiores de 15 anos, a Tuberculose atinge os pulmões em cerca de 90% dos casos. Nos menores de 15 anos, este percentual é de 75%, podendo, entretanto, localizar-se em outras partes do organismo: rins, ossos e meninges, dentre outras, em função das quais se expressará clinicamente. Uma das formas clínicas mais graves é a Tuberculose miliar, decorrente de disseminação hematogênica com acometimento sistêmico, quadro tóxico infeccioso importante e grande risco de meningite. Os pulmões se apresentam difusamente ocupados por pequenas lesões. Os demais órgãos também podem ser acometidos por lesões idênticas. Na criança e no adolescente com suspeita de Tuberculose as manifestações clínicas podem ser variadas. A maioria dos casos apresenta febre, habitualmente moderada, persistente por mais de 15 dias e freqüentemente vespertina. São comuns irritabilidade, tosse, perda de peso e sudorese noturna, às vezes profusa. Muitas vezes, a suspeita de Tuberculose é feita em casos de pneumonia de evolução lenta, que não vem apresentando melhora com o uso de antimicrobianos para bactérias comuns. Em crianças e adolescentes, há predomínio da localização pulmonar sobre as formas de Tuberculose extrapulmonares. A suspeita deve ser realizada na presença de linfadenopatia cervical ou axilar, após excluir adenite infecciosa aguda, com evidentes sinais flogísticos. Na presença de reação forte ao PPD, está indicado o tratamento. Os achados radiográficos mais sugestivos de Tuberculose, nessa faixa etária, são: adenomegalias hilares e/ou paratraqueais (gânglios mediastínicos aumentados de volume), pneumonias com qualquer aspecto radiológico (de evolução lenta, às vezes associadas a adenomegalias mediastínicas, ou que cavitam durante a evolução) e o infiltrado nodular difuso (padrão miliar). Deve-se sempre investigar se houve contato prolongado com adulto doente de Tuberculose pulmonar bacilífera ou com história de tosse por três semanas ou mais. Os casos suspeitos de Tuberculose em crianças e adolescentes devem ser encaminhados para a unidade de referência, para investigação e confirmação do diagnóstico. Após definição do diagnóstico e estabelecido o tratamento, a criança deverá voltar para acompanhamento na unidade básica de saúde.

Remissão – apesar de ocorrer a cura espontânea, em alguns casos, a remissão dos sintomas e a respectiva cura do paciente só ocorre após o tratamento apropriado. Devido à remissão dos sintomas, alguns pacientes abandonam o tratamento no início. O agente então persiste no organismo, que fica exposto a recidivas e a resistência a drogas. Dependendo da extensão das lesões pulmonares, várias seqüelas podem permanecer, apesar da cura bacteriológica, resultantes da destruição do parênquima pulmonar e da arquitetura brônquica.

Nos casos que necessitam de internação, o não-diagnóstico da tuberculose no momento da admissão do paciente no hospital, além de propiciar a transmissão do bacilo de Koch entre os pacientes, médico e paramédicos, retarda o tratamento da doença, ou resulta em um tratamento errôneo, comprometendo o controle da tuberculose^8.

Segundo o Manual Técnico para o Controle da Tuberculose^5 , a hospitalização de pacientes portadores da doença só deve ser realizada em casos especiais, como: meningoencefalite; indicações cirúrgicas em decorrência da tuberculose; complicações graves da tuberculose; intolerância medicamentosa incontrolável em ambulatório; intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas graves; estado geral que não permita tratamento em ambulatório; em casos sociais, como ausência de residência fixa, ou grupos com maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento ou falência do tratamento.

Quando o complexo primário da tuberculose evolui para cura, pode manifestar-se radiologicamente por um nódulo pulmonar ou massa, também chamados tuberculomas, associados ou não a pequenos nódulos satélites e/ou gânglios mediastinais calcificados (Figuras 4A e 4B). A presença dessas calcificações e dos nódulos satélites auxilia no diagnóstico diferencial de nódulo pulmonar solitário. A maioria dos tuberculomas é menor que 3cm, embora lesões maiores que 5cm tenham sido descritas(8)

A prova tuberculínica cutânea está indicada como método auxiliar, no diagnóstico da Tuberculose, em pessoas não vacinadas com BCG. A prova tem por base a reação celular desenvolvida após a inoculação intradérmica de um derivado protéico do M. tuberculosis. O resultado positivo evidencia apenas a infecção por micobactérias, não caracterizando a presença de doença. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT23, aplicada por via intradérmica, no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1ml, equivalente a 2UT (unidades de tuberculina). Quando conservada em temperatura entre 4ºC e 8°C, a tuberculina mantém-se ativa por seis meses. Não deve, entretanto, ser congelada, nem exposta à luz solar direta. A técnica de aplicação (a mais empregada é a de Mantoux) e o material utilizado são padronizados pela Organização Mundial da Saúde e têm especificações semelhantes às usadas para a vacinação BCG. A injeção do líquido faz aparecer uma pequena área de limites precisos, pálida e de aspecto pontilhado, como casca de laranja. A leitura da prova tuberculínica é realizada de 72 a 96 horas após a aplicação, medindo-se com régua milimetrada o maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável. O resultado, registrado em milímetros, define a classificação e interpretação clínica:

  • 0 a 4mmnão-reator : indivíduo não infectado pelo M. tuberculosis ou por outra micobactéria; ou infectado pelo M. tuberculosis há menos de duas semanas (em fase de viragem tuberculínica) ou, ainda e excepcionalmente, em infectados ou doentes imunodeprimidos;
  • 5 a 9mmreator fraco : indivíduo vacinado com BCG ou infectado pelo M. tuberculosis ou por outras micobactérias;
  • 10mm ou mais – reator forte : indivíduo infectado pelo M. tuberculosis , que pode estar doente ou não, e indivíduos recentemente vacinados com BCG.

Observações em relação à prova tuberculínica:

  • algumas circunstâncias podem interferir no resultado da prova tuberculínica como, por exemplo, desnutrição, aids, sarcoidose, neoplasias, doenças linfoproliferativas, tratamentos com corticosteróide e outras drogas imunodepressoras, gravidez, etc.;
  • todos os indivíduos infectados pelo HIV devem ser submetidos ao teste tuberculínico. Nesses casos, considera-se reator aquele que apresenta endurecimento de 5mm ou mais e não reator aquele com endurecimento entre 0 e 4mm. Para pacientes não reatores, e em uso de terapia anti-retroviral, recomenda-se fazer o teste seis meses após o início da terapia, devido à possibilidade de restauração da resposta tuberculínica;
  • nos indivíduos vacinados com BCG, sobretudo entre aqueles imunizados há até dois anos, a prova tuberculínica deve ser interpretada com cautela porque, em geral, apresenta reações de tamanho médio, podendo alcançar 10mm ou mais;
  • recomenda-se realizar o teste tuberculínico em todos os profissionais dos serviços de saúde, por ocasião de sua admissão.

Em áreas de elevada prevalência de infecção tuberculosa, a taxa de positividade para a prova tuberculínica pode oscilar entre 25% e 55% da população geral. Nos locais onde há incidências significativas de HIV aumenta a probabilidade de resultados falso-negativos. A prova tuberculínica deve, portanto, ser utilizada com cautela, tendo em vista suas limitações na decisão diagnóstica e sempre levando em consideração os indicadores epidemiológicos regionais. Nesse ponto precisamos dos dados epidemiológicos.

Visando averiguar os resultados dos exames de tuberculose pulmonar, que foram notificados em unidades de saúde especializadas, foi realizado um estudo retrospectivo, com base nas informações contidas nas fichas de internação por tuberculose arquivadas na Secretaria de Saúde de União da Vitória, do período de ??? a ???, inter-relacionando estes resultados com as variáveis contidas nas fichas de internação.

Referências

  1. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenação dos Institutos de Pesquisa. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Divisão de Tuberculose e outras Pneumopatias. Manual de orientação para coleta de escarro e outros materiais para baciloscopia e cultura para diagnóstico e controle da tuberculose.. São Paulo; 2002.
  2. Hijjar MA, Oliveira MJPR, Teixeira GM. A tuberculose no Brasil e no mundo. Bol Pneumol Sanit 2001; 9: 9-16.
  3. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual técnico para o controle da tuberculose: cadernos de atenção básica nº 6. 1ª ed. Brasília (DF); 2002. (Série A. Normas e Manuais Técnicos; nº 148).
  4. Galesi VMN. Mortalidade por tuberculose no Município de São Paulo, análise de uma década, 1986 a 1995 [dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 1999.
  5. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenação dos Institutos de Pesquisa. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Divisão de Tuberculose e outras Pneumopatias. Casos novos de tuberculose por forma clínica e faixa etária. [online] Disponível em <URL: http:// www.cve.saude.sp.gov.br/htm/tb/tb_cn02.htm> [2003 set 25].
  6. Sato A, Jardini CF, Santos JNC, Oliveira LMC, Nascimento LFC. Diagnóstico intra-hospitalar de tuberculose: relato de 38 casos. J Bras Med 2002; 82: 54-5.
  7. Organización Panamericana de la Salud. Centro Panamericano de Zoonosis. Manual de normas y procedimientos tecnicos para la bacteriologia de La tuberculosis. Part I. La muestra. El examen microscopico. Buenos Aires; 1988. (Nota técnica, 26).