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Diabetes Mellitus - Definição, quadro clínico, diagnóstico e tratamento, Notas de estudo de Endocrinologia

Resumo elaborado co enfoque no ciclo clínico do curso de Medicina. Tópicos do resumo: - Definição - Epidemiologia - Quadro clínico - Rastreamento - Diagnóstico - Tratamento

Tipologia: Notas de estudo

2023

À venda por 18/07/2023

maria-luiza-costa-nogueira
maria-luiza-costa-nogueira 🇧🇷

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ENDOCRINOLOGIA – DIABETES MELLITUS
DIABETES MELLITUS
Definição
A Diabetes Mellitus (DM) não pode ser considerada uma
única patologia, mas sim um conjunto variado de distúrbios
metabólicos. O principal fator é a presença de hiperglicemia,
causada por deficiências na ação da insulina, na sua
secreção, ou em ambos os processos.
Epidemiologia
Devido à sua natureza crônica e às complicações graves que
acarreta, a Diabetes Mellitus é uma enfermidade que impõe
um alto custo ao sistema de saúde.
Em diabéticos, as doenças cardiovasculares e
cerebrovasculares representam as principais causas de
morte.
Quadro Clínico
Em grande parte dos casos, os pacientes com diabetes são
assintomáticos. O diagnóstico é geralmente feito por meio de
exames de rotina. No entanto, em casos de descompensação
acentuada, podem ser observados sintomas como aumento
da produção de urina (poliúria), aumento da sede
(polidipsia), aumento do apetite (polifagia) e perda de peso
significativa.
Rastreamento
Quando rastrear DM assintomática:
adultos com IMC ≥ 25 kg/m 2 + 1 fator de risco
crianças com sobrepeso + 2 fatores de risco
Sendo os fatores de risco:
sedentarismo
história familiar de DM em parentes de 1° grau
descendência latina ou negra
história de filho com peso ao nascer > 4,1 kg,
história pessoal de diabetes gestacional,
HAS
DLP (HDL ≤ 35 mg/dL ou TG ≥ 250 mg/dL)
síndrome dos ovários policísticos, outras condições
clínicas associadas à resistência à insulina
(obesidade, acantose nigricans)
risco aumentado de diabetes em exames prévios,
história de doença vascular arterial
Se o teste for normal, deve ser repetido após 3 anos.
Pacientes com risco aumentado de DM em exames
anteriores devem realizar o rastreamento anualmente.
Diagnóstico
Sempre deve ser confirmado com 2 testes, exceto na
presença de glicemia > 200 mg/dL com sintomas inequívocos
de hiperglicemia. – Tabela 1
Tabela 1
Glicemia
jejum (8h)
2h após
TOTG
Glicemia
casual com
sintomas
HbA1C
Glicemia normal
<100
<140
-
<5,7%
Risco para DM
Entre 100 e
126
Entre 140
e 200
-
5,7 a
6,4%
DM
> ou = 126
> ou = 200
> ou = 200
> ou =
6,5%
Classificação
DM tipo 1: secundário à destruição das células beta, levando
à deficiência absoluta de insulina. Pode ser autoimune ou
idiopático.
DM tipo 2: secundário à deficiência progressiva na secreção
de insulina associada à resistência à insulina.
Metas Glicêmicas
Jejum Glicemia = 90-130 mg/dL
Pré-prandial Glicemia < 130 mg/dL
Pós-prandial Glicemia < 180 mg/dL
Ao deitar Glicemia 90-150 mg/dL
Hb glicada (HbA1C): coletar a cada 3 meses (ou a cada 6
meses após atingir alvo glicêmico). Níveis toleráveis:
< 7% em adultos
< 8% em idosos
< 8,5% em 0-6 anos de idade
< 8% em 6-12 anos de idade
< 7,5% em 13-19 anos de idade
< 6% na gravidez
Tratamento
DM TIPO 1: É iniciado no momento do diagnóstico, introduzir
esquema basal – bolus de insulina. A dose total diária de
insulina é variável conforme fatores como idade, peso,
atividade física e tempo de diagnóstico. De forma geral,
inicia-se com 0,5-1 UI/kg/dia. Tipos de insulina e tempo de
ação:
Insulina
Início
Duração
NPH – ação
intermediária
2-4h
10-18h
Regular –
ação rápida
30min-1h
5-8h
Ação prolongada – análogos:
Glargina
2-4h
20-24h
Determir
1-3h
18-22h
Degludeca
20-40 min
42h
Ação ultrarrápida – análogos:
Lispro
< 15 min
4-5h
Asparte
4-6h
Glulisina
3-4h
DM TIPO 2: CONDUTA INICIAL
pf2

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ENDOCRINOLOGIA – DIABETES MELLITUS

DIABETES MELLITUS

Definição A Diabetes Mellitus (DM) não pode ser considerada uma única patologia, mas sim um conjunto variado de distúrbios metabólicos. O principal fator é a presença de hiperglicemia, causada por deficiências na ação da insulina, na sua secreção, ou em ambos os processos. Epidemiologia Devido à sua natureza crônica e às complicações graves que acarreta, a Diabetes Mellitus é uma enfermidade que impõe um alto custo ao sistema de saúde. Em diabéticos, as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares representam as principais causas de morte. Quadro Clínico Em grande parte dos casos, os pacientes com diabetes são assintomáticos. O diagnóstico é geralmente feito por meio de exames de rotina. No entanto, em casos de descompensação acentuada, podem ser observados sintomas como aumento da produção de urina (poliúria), aumento da sede (polidipsia), aumento do apetite (polifagia) e perda de peso significativa. Rastreamento Quando rastrear DM assintomática:

  • adultos com IMC ≥ 25 kg/m 2 + 1 fator de risco
  • crianças com sobrepeso + 2 fatores de risco Sendo os fatores de risco:
  • sedentarismo
  • história familiar de DM em parentes de 1° grau
  • descendência latina ou negra
  • história de filho com peso ao nascer > 4,1 kg,
  • história pessoal de diabetes gestacional,
  • HAS
  • DLP (HDL ≤ 35 mg/dL ou TG ≥ 250 mg/dL)
  • síndrome dos ovários policísticos, outras condições clínicas associadas à resistência à insulina (obesidade, acantose nigricans)
  • risco aumentado de diabetes em exames prévios,
  • história de doença vascular arterial Se o teste for normal, deve ser repetido após 3 anos. Pacientes com risco aumentado de DM em exames anteriores devem realizar o rastreamento anualmente. Diagnóstico Sempre deve ser confirmado com 2 testes, exceto na presença de glicemia > 200 mg/dL com sintomas inequívocos de hiperglicemia. – Tabela 1 Tabela 1 Glicemia jejum (8h) 2h após TOTG Glicemia casual com sintomas HbA1C Glicemia normal <100 <140 - <5,7% Risco para DM Entre 100 e 126 Entre 140 e 200
  • 5,7 a 6,4% DM > ou = 126 > ou = 200 > ou = 200 > ou = 6 ,5% Classificação DM tipo 1: secundário à destruição das células beta, levando à deficiência absoluta de insulina. Pode ser autoimune ou idiopático. DM tipo 2: secundário à deficiência progressiva na secreção de insulina associada à resistência à insulina. Metas Glicêmicas Jejum → Glicemia = 90-130 mg/dL Pré-prandial → Glicemia < 130 mg/dL Pós-prandial → Glicemia < 180 mg/dL Ao deitar → Glicemia 90 - 150 mg/dL Hb glicada (HbA1C): coletar a cada 3 meses (ou a cada 6 meses após atingir alvo glicêmico). Níveis toleráveis:
  • < 7% em adultos
  • < 8% em idosos
  • < 8,5% em 0-6 anos de idade
  • < 8% em 6-12 anos de idade
  • < 7,5% em 13-19 anos de idade
  • < 6% na gravidez Tratamento DM TIPO 1: É iniciado no momento do diagnóstico, introduzir esquema basal – bolus de insulina. A dose total diária de insulina é variável conforme fatores como idade, peso, atividade física e tempo de diagnóstico. De forma geral, inicia-se com 0,5-1 UI/kg/dia. Tipos de insulina e tempo de ação: Insulina Início Pico Duração NPH – ação intermediária 2 - 4 h 4 - 10 h 10 - 18h Regular – ação rápida 30min-1h 2 - 3h 5 - 8h Ação prolongada – análogos: Glargina 2 - 4h Sem pico 20 - 24h Determir 1 - 3h 6 - 8h 18 - 22h Degludeca 20 - 40 min Sem pico 42h Ação ultrarrápida – análogos: Lispro < 15 min 30min-2h 4 - 5h Asparte 1 - 2h 4 - 6h Glulisina 30min-2h 3 - 4h DM TIPO 2: CONDUTA INICIAL

ENDOCRINOLOGIA – DIABETES MELLITUS Manifestações leves: Glicemia < 200 mg/dL + sintomas leves ou ausentes + ausência de doenças agudas concomitantes → Modificações de estilo de vida + metformina (500 mg/dia, intensificando até 2.000 mg/dia). Manifestações moderadas: Qualquer glicemia de 200- 300 mg/dL + ausência de critérios para manifestação leve ou grave → Modificações de estilo de vida + metformina ( mg/dia, intensificando até 2.000 mg/dia) + outros antidiabéticos VO. Manifestações graves: Qualquer glicemia > 300 mg/dL ou perda significativa de peso ou sintomas graves e significativos ou presença de cetonuria → Iniciar insulinoterapia imediatamente + reavaliar condição clínica para eventual reintrodução de terapia VO após o controle adequado da glicemia. Hospitalização: Cetoacidose diabética e estado hiperosmolar ou doença grave intercorrente ou comorbidade → Iniciar a terapia de acordo com as recomendações e conforme o controle glicêmico obtido após a alta. ANTIDIABÉTICOS VO DISPONÍVEIS: Biguanidas: diminuem a resistência à insulina e a produção hepática de glicose.

  • Metformina 500mg. Posologia: 500 - 2.550 mg/dia (1- 3×/dia); Efeitos colaterais: flatulência, diarreia, desconforto abdominal, deficiência de vitamina B12. Contraindicada em: insuficiência renal (ajustar a dose), cardíaca e pulmonar; gravidez; lactação; acidose; contrastes iodados. Sulfonilureias: aumentam a secreção de insulina. Efeitos colaterais: Hipoglicemia, ganho de peso. Contraindicações: Gravidez, lactação, insuficiência hepática e renal (clearance de creatinina < 30 mg/dL)
  • Gliclazida 80 mg. Posologia: 80 - 320 mg/dia (1-3×/dia)
  • Gliclazida MR 30 mg. Posologia: 30 - 120 mg/dia (1-2×/dia)
  • Glibenclamida, 5 mg Posologia: 2,5-20 mg/dia Inibidores SGLT2 (glicosúricos): inibem SGLT2 em túbulo proximal renal, inibem a recaptação de glicose nos rins promovendo glicosúria e podem favorecer também a perda de peso.
  • Dapaglifozina 5-10 mg (1x/dia). Não deve ser usada em pacientes com disfunção renal moderada a grave (taxa de filtração glomerular estimada persistentemente < 20 mL/min/1,73 m2, MDRD ou depuração de creatinina persistentemente ≤ 60 mg/min – Cockcroft-Gault). Efeitos colaterais: Infecção genital, infecção urinária, poliúria, cetoacidose. Glinidas: aumentam a secreção de insulina (pico de ação intenso, precoce e de curta duração). Contraindicados em: Gravidez, lactação. Efeitos colaterais: Ganho de peso, hipoglicemia.
  • Repaglinida 0,5-16 mg/dia (3×/dia – nas refeições)
  • Nateglinida 120 - 360 mg/dia (3×/dia – nas refeições) Inibidores da alfaglicosidase : retardam a absorção dos carboidratos. Acarbose – evitar na gravidez. Glitazonas: aumentam a sensibilidade à insulina em músculo, adipócito e hepatócito. Contraindicado em: Insuficiência cardíaca congestiva classes funcionais III e IV, insuficiência hepática, gravidez. Efeitos colaterais: Retenção hídrica, anemia, ganho ponderal, fraturas.
  • Pioglitazona 15 - 45 mg/dia (1×/dia) Inibidores da DPP-4: aumentam o nível de GLP-1, aumentam a síntese de insulina, diminuem a secreção de glucagon. Efeitos colaterais: Faringite, infecção urinária, náusea e cefaleia.
  • Sitagliptina 50 ou 100 mg/dia (1×/dia) Análogos ou agonistas do GLP-1: aumentam o efeito GLP- 1.
  • Liraglutida 0,6, 1,2 ou 1,8 mg (1×/dia)
  • Semaglutida SC 0,25 mg a 1,0 mg (1×/semana)
  • Semaglutida VO (via oral) 3 mg, 7 mg ou 14 mg (1×/dia) Complicações crônicas da DM Deve-se realizar o rastreamento no momento do diagnóstico do DM tipo 2 e, após 5 anos em casos de DM tipo 1 (ou na puberdade). Repetir anualmente a análise da excreção urinária de albumina. Fazer controle anual da creatinina, independentemente do valor da albumina urinária, é importante para determinar a taxa de filtração glomerular. Fazer avaliação oftalmológica (fundo de olho) anualmente. Solicitar testes clínicos para avaliação da neuropatia periférica. Pesquisar sinais e sintomas de neuropatias autonômicas.