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Desconstruindo paris, Notas de estudo de Urbanismo

Descosntruindo paris.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 22/09/2010

denise-r-1
denise-r-1 🇧🇷

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Paris começou na Île de la Cité, quando a tribo gaulesa dos Parisii a colonizou. À partir disso,
analisamos a influência romana nas edificações surgidas: fórum, anfiteatro, banhos romanos.
Esses banhos luxuosos, com toda a sua opulência romana, eram igualmente locais de
importância social, demonstrando status.
Depois de atacada e dominada pelos francos, a já capital da França foi reconstruída e fortalecida
com a construção de uma muralha (da qual ainda hoje podemos encontrar as partes espalhadas
pelos lugares mais inusitados de Paris) pelo rei Philip August. Com isso, todos quiseram morar
em Paris.
Da demografia elevada surgiram os problemas que diferiam a nova capital de um vilarejo rural.
O primeiro mencionado foi a seca.
A tecnologia desenvolvida por "monges engenheiros" foi criar aquedutos subterrâneos que
abasteciam toda a cidade. Os ornamentos nas fontes tinham a função de direcionar a água para
que fosse mais fácil de recolher. Cada habitante tinha direito a 1 litro de água por dia, para todas
as atividades. (Bem observado pela Georgia, é recomendado o consumo de 2 litros de água por
dia). A escassez de água ainda era um problema, de forma que foi necessário desviar um canal
próximo, usando estações de bombeamento para que nunca ficasse vazio.
Falando então da necessidade motora dos habitantes da capital, que agora se estendia por
ambas as margens do rio Sena, O rei Henry III ordenou a construção da primeira ponte
parisiense, Pont Neuf.
A matéria prima da ponte é pedra calcária (de origem marinha, milênios atrás, quando a área era
submersa), acumulada no solo abaixo da cidade. O curioso, no entanto, é a maneira faraônica
com que a ponte foi construída.
Foram feitas extensas pedreiras de túneis sob toda Paris, e, por 9 anos, pedra após pedra
escavada, retirada do solo com uma alavanca utilizando-se do seu próprio peso, cortada, rolada
em barriletes e levada à superfície com auxílio de equipamentos de tração manual.
Ela foi sendo construída durante o verão, ou seja, as fundações de seus 12 arcos edificadas em
leito de rio seco, levantados um a um.
Com tanta gente morando em Paris, e, por conta da peste, morrendo em Paris, o cemitério des
Saints-Innocents começava a incomodar os vivos. As populações vizinhas estavam adoeçendo,
e a quantidade de matéria em decomposição no solo chegava ao lençol freático, contaminando
a água de toda a cidade com bactérias perigosas.
Além de construir mais cemitérios, Les Innocents precisava ser esvaziado, e os restos dos
queridos entes falecidos, relocados. As antigas pedreiras subterrâneas ofereceram a solução.
Por 2 anos, corpos foram exumados e seus ossos cuidadosamente arranjados em paredes,
ornadas de crânios.
Não entendi ao certo porque foram dispostos dessa maneira. Tenho a teoria de que
simplesmente jogados, ocupavam muito espaço, considerando a quantidade de ossos de 6 mil
seres humanos. Mas, claro, não só isso, pois, se fosse o caso, bastaria empilhá-los de qualquer
forma, sem critério algum. Existe a necessidade da arte na vida de uma pessoa que passa 2
anos desenterrando mortos.
Nesse ponto, me senti inspirada e escrever um romance intimista com fundo filosófico, tendo
como personagens principais um grupo destes coveiros. Narrando suas emoções e sentimentos
enquanto enlouqueciam debaixo do solo de Paris. Uma coisa bem Victor Hugo em Os
Miseráveis.
Claro que a idéia foi arquivada, eu provavelmente não conseguiria dar o tom macabro
necessário.
Enfim, depois da Revolução Francesa, Georges-Eugène Haussmann, nomeado prefeito,
revitalizou e remodelou Paris. Criou parques e praças, construindo edifícios públicos, criou uma
organizada rede de esgotos, ligou ferrovias e, conhecidamente, o conceito do Boulevard.
A Champs-Elyseés, por exemplo, foi pensada no sentido de facilitar a contensão de barricadas e
revoltas populares, auxiliada pelos espaços abertos que serviriam para organização da cavalaria.
Afinal, a guerra também norteava a arquitetura e urbanismo, quem sabe até mais do que as
necessidades básicas do ser humano. Ou talvez seja a necessidade mais básica: sobreviver, se
é que podemos olhar por esse ângulo.
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Paris começou na Île de la Cité, quando a tribo gaulesa dos Parisii a colonizou. À partir disso, analisamos a influência romana nas edificações surgidas: fórum, anfiteatro, banhos romanos. Esses banhos luxuosos, com toda a sua opulência romana, eram igualmente locais de importância social, demonstrando status. Depois de atacada e dominada pelos francos, a já capital da França foi reconstruída e fortalecida com a construção de uma muralha (da qual ainda hoje podemos encontrar as partes espalhadas pelos lugares mais inusitados de Paris) pelo rei Philip August. Com isso, todos quiseram morar em Paris. Da demografia elevada surgiram os problemas que diferiam a nova capital de um vilarejo rural. O primeiro mencionado foi a seca. A tecnologia desenvolvida por "monges engenheiros" foi criar aquedutos subterrâneos que abasteciam toda a cidade. Os ornamentos nas fontes tinham a função de direcionar a água para que fosse mais fácil de recolher. Cada habitante tinha direito a 1 litro de água por dia, para todas as atividades. (Bem observado pela Georgia, é recomendado o consumo de 2 litros de água por dia). A escassez de água ainda era um problema, de forma que foi necessário desviar um canal próximo, usando estações de bombeamento para que nunca ficasse vazio. Falando então da necessidade motora dos habitantes da capital, que agora se estendia por ambas as margens do rio Sena, O rei Henry III ordenou a construção da primeira ponte parisiense, Pont Neuf. A matéria prima da ponte é pedra calcária (de origem marinha, milênios atrás, quando a área era submersa), acumulada no solo abaixo da cidade. O curioso, no entanto, é a maneira faraônica com que a ponte foi construída. Foram feitas extensas pedreiras de túneis sob toda Paris, e, por 9 anos, pedra após pedra escavada, retirada do solo com uma alavanca utilizando-se do seu próprio peso, cortada, rolada em barriletes e levada à superfície com auxílio de equipamentos de tração manual. Ela foi sendo construída durante o verão, ou seja, as fundações de seus 12 arcos edificadas em leito de rio seco, levantados um a um. Com tanta gente morando em Paris, e, por conta da peste, morrendo em Paris, o cemitério des Saints-Innocents começava a incomodar os vivos. As populações vizinhas estavam adoeçendo, e a quantidade de matéria em decomposição no solo chegava ao lençol freático, contaminando a água de toda a cidade com bactérias perigosas. Além de construir mais cemitérios, Les Innocents precisava ser esvaziado, e os restos dos queridos entes falecidos, relocados. As antigas pedreiras subterrâneas ofereceram a solução. Por 2 anos, corpos foram exumados e seus ossos cuidadosamente arranjados em paredes, ornadas de crânios.

Não entendi ao certo porque foram dispostos dessa maneira. Tenho a teoria de que simplesmente jogados, ocupavam muito espaço, considerando a quantidade de ossos de 6 mil seres humanos. Mas, claro, não só isso, pois, se fosse o caso, bastaria empilhá-los de qualquer forma, sem critério algum. Existe a necessidade da arte na vida de uma pessoa que passa 2 anos desenterrando mortos. Nesse ponto, me senti inspirada e escrever um romance intimista com fundo filosófico, tendo como personagens principais um grupo destes coveiros. Narrando suas emoções e sentimentos enquanto enlouqueciam debaixo do solo de Paris. Uma coisa bem Victor Hugo em Os Miseráveis. Claro que a idéia foi arquivada, eu provavelmente não conseguiria dar o tom macabro necessário. Enfim, depois da Revolução Francesa, Georges-Eugène Haussmann, nomeado prefeito, revitalizou e remodelou Paris. Criou parques e praças, construindo edifícios públicos, criou uma organizada rede de esgotos, ligou ferrovias e, conhecidamente, o conceito do Boulevard. A Champs-Elyseés, por exemplo, foi pensada no sentido de facilitar a contensão de barricadas e revoltas populares, auxiliada pelos espaços abertos que serviriam para organização da cavalaria. Afinal, a guerra também norteava a arquitetura e urbanismo, quem sabe até mais do que as necessidades básicas do ser humano. Ou talvez seja a necessidade mais básica: sobreviver, se é que podemos olhar por esse ângulo.