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Curso Completo VoIP
Tipologia: Notas de estudo
Oferta por tempo limitado
Compartilhado em 28/11/2011
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O cenário de transformação do mercado de telecomunicações
O mercado de telecomunicações brasileiro, representado pelo sistema Telebrás até 1998, sofreu grandes mudanças com a privatização do sistema. A abertura do setor de telecomunicações trouxe novas perspectivas para operadoras locais e internacionais, que formaram consórcios e compraram licenças da Anatel, a agência reguladora das telecomunicações, para atuar nas regiões brasileiras por meio de leilões.
Essa iniciativa trouxe grande perspectiva para a telefonia fixa brasileira, que ganhou características de mercado competitivo, principalmente com a obrigatoriedade da presença de empresas-espelho em todas as regiões, evitando a volta de um mercado monopolista. Chegou a Intelig para competir com a Embratel na longa distância; a Vésper com a Telefônica, em São Paulo; a GVT com a Brasil Telecom, na região que compreende o Sul, Centro-Oeste e parte do Norte do País e a Vésper com a Telemar, em parte das regiões Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil.
Com a nova perspectiva, os fornecedores de equipamentos de telecomunicações vivenciaram momentos de grande lucratividade. Empresas como Ericsson, Nortel, Siemens e Lucent vendiam equipamentos de infra-estrutura e comunicação para as operadoras num volume tão alto que foi preciso contratar um grande número de profissionais para atender ao mercado emergente. Passada a onda da privatização, o consumo se estabilizou, mas novas necessidades se instalaram.
A melhoria de performance das conexões de Internet e das redes em geral, trouxe a viabilidade da convergência para dados, voz, fax, imagem, vídeo, todos trafegando por uma mídia comum. Dessa forma, o uso de voz sobre protocolo de Internet (VoIP) despontou como uma alternativa interessante para a implementação de uma série de novos serviços a preços competitivos. Mas para isso houve a necessidade de mudança da tecnologia utilizada em redes telefônicas.
Até então, era utilizada a comutação por circuitos, que se trata de uma técnica de alocação do meio onde todos os recursos necessários em todos os subsistemas de telecomunicação (que conectam origem e destino) são reservados durante o tempo de duração da conexão. É o tipo de comutação tradicionalmente usado em sistemas com alto índice de utilização como o de telefonia.
Para a comunicação de dois dispositivos, a central de comutação dedica um circuito exclusivo para os mesmos e o libera no final da comunicação. A dedicação exclusiva de circuitos faz a rede ineficiente, uma vez que dificilmente dois dispositivos trocam informações durante 100% do tempo em que ficam conectados. Sempre há tempos ociosos que não podem ser aproveitados por outros. Além disso, é complexa a tarefa de interligar mais de dois dispositivos.
Comutação por pacotes
Devido às limitações do modelo anterior para a troca de dados, foi desenvolvida uma técnica na qual os dados a serem transferidos são divididos em uma sucessão de segmentos, os chamados pacotes, que fluem por uma rede na qual os circuitos ou canais são comuns a todos os dispositivos conectados. Ela é projetada para sistemas com fator de utilização baixo, em que os recursos são aplicados apenas por pequenos espaços de tempo. Atualmente é muito empregado para a comunicação entre computadores, incluindo a transmissão de voz e imagem.
Trata-se de um método de transmissão de dados desenvolvido na década de 60 em que a informação é dividida em pequenos pacotes antes de ser enviada. Cada pacote carrega o endereço de origem e o de destino. Esses pacotes viajam pela rede como unidades independentes de informação, podendo tomar rotas diferentes até o computador de destino. Ao chegarem ao destinatário, eles são ordenados e checados e a informação é então reconstituída. A comutação de pacotes permite que diversos usuários compartilhem um mesmo canal de comunicação. O TCP/IP, protocolo de comunicação da Internet, é baseado na comutação de pacotes.
Pode-se definir convergência como a utilização do mesmo meio para transmissão de mais de um tipo de fluxo de informação. Ou seja, na mesma rede onde são trafegados dados, trafega voz, o que se traduz na chamada Voz sobre IP ou simplesmente VoIP (Voice over Internet Protocol).
Surgimento do VoIP
O conceito de VoIP nasceu da junção de duas vertentes: uma partiu do mundo das redes públicas de telecom, com digitalização do tráfego entre centrais telefônicas; a outra é oriunda do mundo da Internet, para reduzir custos em telefonia de longa distância. Assim surgiu a normalização de VoIP atual.
VoIP vem do termo em inglês Voice Over Internet Protocol ou, traduzindo, Voz Sobre o Protocolo da Internet. Esta tecnologia unifica dois mundos – telefonia e dados – numa só rede convergente. Aqui, o tráfego telefônico é levado para as redes de dados.
obter significativa redução de custos das chamadas entre as diferentes localizações ou sucursais da empresa, já que são consideradas internas ao passarem por meio de uma rede privada virtual que elimina a necessidade de aluguel de linhas externas.
A implementação de aplicações de convergência permite também otimizar os processos de trabalho e obter melhores resultados, graças ao controle das chamadas dos clientes. Dessa forma, as empresas de call center, por exemplo, podem oferecer melhor serviço, em razão do atendente ter a possibilidade de integrar toda a informação crítica na tela do seu computador (mensagens de voz, e-mail e fax). Outra vantagem proporcionada pela tecnologia VoIP é a integração com as tecnologias wireless da organização para facilitar a mobilidade dos usuários dentro de uma instalação empresarial ou para conectar os sistemas de telefonia de vários edifícios. Além disso, ainda há a escalabilidade dos sistemas ou a fácil integração com aplicações de terceiros.
Assim que começou a popularizar-se, o VoIP foi entendido como um "inimigo" das empresas de telefonia tradicionais, principalmente as de longa distância. Essas operadoras previram a queda de suas receitas em função da tecnologia mais barata. Mas, em seguida, perceberam que essa tecnologia é, na verdade, um novo produto a ser explorado. Além das vantagens relativas aos custos, há ainda a questão do constante aumento de qualidade. Já há casos em que a qualidade sonora do VoIP supera a de uma ligação telefônica convencional.
Atualmente, a tecnologia VoIP não se limita às empresas. Graças ao programa Skype, criado por Niklas Zennström (o criador do KaZaA), o uso de Voz sobre IP está sendo estendido também a usuários domésticos. Isso é um sinal evidente de que o VoIP pode se tornar um dos fenômenos da Internet, assim como é o e-mail. Certamente, assistiremos uma grande mudança na forma como utilizamos o telefone.
Definitivamente, a tecnologia VoIP será uma revolução nas telecomunicações, obrigando as operadoras locais e de longa distância a adaptarem-se a essa nova realidade. Sem dúvidas, é uma forma moderna de comunicação a baixo custo que atrai não somente o mercado corporativo como o doméstico. Desde o seu surgimento, esse recurso tem evoluído de forma surpreendente e hoje já consegue operar no mundo das tecnologias sem fio, baseado em padrões que oferecem conexões em banda larga. Neste caso, trata-se da tecnologia emergente conhecida como WiMAX, que nada mais é do que um acesso sem fio de banda larga. Ela permite a transmissão de dados por longas distâncias e está estrategicamente posicionada para suportar aplicativos que exigem avançada qualidade de serviço, como telefonia por Internet, ou VoIP.
Módulo II
O mundo VoIP
VoIP ou Voz sobre IP é uma tecnologia que permite a transmissão de voz por IP, tornando possível a realização de chamadas telefônicas pela Internet. Na prática, o VoIP faz com que as redes de telefonia se misturem às redes de dados, de tal forma que se torna possível fazer uma ligação para telefones convencionais por meio de seu computador, usando um microfone, caixas ou fones de som e um software apropriado, no caso dos usuários domésticos.
A tecnologia VoIP também tem sido aplicada nos PABX (Private Automatic Branch Exchange), os conhecidos sistemas de ramais telefônicos. Dessa forma, muitas empresas estão deixando de gastar com centrais telefônicas por substituírem estas por sistemas VoIP.
Para que a transmissão de voz seja possível, o VoIP captura a voz, que até então é transmitida de forma analógica e a transforma em pacotes de dados, que podem ser enviados por qualquer rede TCP/IP (Transport Control Protocol/Internet Protocol). Assim, é perfeitamente possível trabalhar com esses pacotes pela Internet. Quando o destino recebe os pacotes, estes são retransformados em sinais analógicos e transmitidos a um meio no qual seja possível ouvir o som.
Em seu primeiro estágio, a tecnologia VoIP podia ser entendida como uma conversação telefônica entre dois usuários de uma rede privada usando conversão de voz para dados (exclusivamente em redes corporativas). Mais tarde, essa tecnologia chegou ao seguinte conceito: uma conversação telefônica entre um usuário de Internet e um usuário da telefonia convencional, sem necessidade de acesso simultâneo.
Padrões de mercado
Apesar de ganhar destaque recentemente, o VoIP não é uma tecnologia nova. Ela já era trabalhada antes mesmo da popularização da Internet e chegou a ser considerada um fracasso pelo fato de a velocidade de transmissão de dados ser baixa naquela época, impedindo-a de se tornar funcional na maioria das redes. Como
a tecnologia de banda larga avançou, esta deixou de ser uma barreira.
Apesar dos vários padrões de VoIP, praticamente todas as empresas adotaram o protocolo RTP (Real Time Protocol), que, basicamente, tenta fazer com que os pacotes sejam recebidos conforme a ordem de envio. O RTP organiza os dados, de forma que seja possível sua transmissão em tempo real. Caso algum pacote chegue atrasado, o RTP causa uma interpolação entre o intervalo deixado pelo pacote e este não é entregue.
Só como exemplo, imagine que para transmitir a palavra informática seja usado um pacote por letra. Se o pacote da letra “o” se atrasar, é melhor que o destinatário receba infrmática do que infrmaticao. O atraso de pacotes pode ocorrer porque estes podem seguir caminhos diferentes para chegar ao destino. Isso não é um problema se você estiver transmitindo um arquivo, pois seus pacotes são encaixados no destinatário. Mas com voz e vídeo, em tempo real, isso não poderia acontecer.
Tal fato deixa claro que o RTP é um recurso muito útil em aplicações que envolvem som e vídeo. Devido a essa característica, seu funcionamento é atrelado a outro protocolo, o RTCP (Real Time Control Protocol). Este é responsável pela compressão dos pacotes dos dados e também atua no monitoramento destes. Por ainda serem necessárias melhorias, a IETF (Internet Engineering Task Force), entidade responsável pelo RTP e pelo RTCP, sugeriu a aplicação do protocolo RSVP (Resource Reservation Protocol), que tem como principal função alocar parte da banda disponível para a transmissão de voz.
Mais qualidade
Imaginemos uma empresa que deseja interligar sua matriz a uma de suas filiais e que para isso sejam necessários 30 canais de conversação disponíveis. Assim, cada canal de conversação utilizaria um padrão específico, o codec G711A, requisitando uma banda de 64Kbps por canal. Dessa forma, usando ou não as 30 linhas, terão de ser mantidos disponíveis 2Mbps (esse é o padrão E1 da telefonia convencional para 30 canais) para tal serviço.
Agora, se utilizarmos a tecnologia VoIP, pode ser empregado outro codec, o G.729, por exemplo, que precisa de, no máximo, 32kbps para transmitir o fluxo de voz e o cabeçalho IP em cada pacote, dispondo do dobro de canais de conversação e utilizando a mesma banda de 2Mbps. Outra vantagem é que a rede IP não é uma rede comutada por circuitos e sim, por pacotes, descartando a necessidade de manter o meio dedicado para a conversação, permitindo que o tráfego IP possa fluir livremente, como acontece na Internet.
Os codecs são protocolos extras que adicionam funcionalidades e maior qualidade à comunicação. Entre eles, tem-se o G.711, o G.722, o G.723 e o G.727. O que os diferencia são os algoritmos usados, a média de atraso e principalmente a qualidade da voz. Neste último aspecto, o G.711 é considerado excelente. Todos esses codecs são recomendados pela entidade ITU-T (International Telecommunications Union – Telecommunications standardization sector) e geralmente trabalham em conjunto com mais outro protocolo: O CRTP (Compressed Real-Time Protocol), responsável por melhorar a compressão de pacotes e assim dar mais qualidade ao VoIP.
Para que seja possível a interligação das redes telefônicas convencionais com o VoIP, geralmente usa-se um equipamento denominado Gateway. Ele é responsável por fazer a conversão do sinal analógico em digital e vice-versa, além de fazer a conversão para os sinais das chamadas telefônicas. Existe ainda o Gateway Controller (ou Call Agent), que é responsável por controlar as chamadas feitas pelo Gateway. Para as ligações em longa distância, são utilizados equipamentos conhecidos por Gatekeeper. Eles gerenciam uma série de outros equipamentos e podem autorizar chamadas, fazer controle da largura de banda utilizada. Enfim, em linhas gerais, ele pode ser entendido como uma central telefônica para VoIP.
VoIP e Telefonia IP
É muito comum o VoIP ser confundido com telefonia IP. Ambos são diferentes: a Telefonia IP é uma espécie de versão evoluída do VoIP. Na verdade, para um serviço ser caracterizado como Telefonia IP, é necessário que este tenha, no mínimo, funcionalidades e qualidade equivalentes à telefonia convencional.
A tecnologia VoIP, basicamente, converte sinal de voz (analógico) para o formato digital, utilizando tanto a infra- estrutura de dados, quanto a infra-estrutura analógica. A Telefonia IP, por sua vez, também faz uso de aparelhos telefônicos específicos e utiliza de maneira efetiva as redes computacionais (como a Internet). Tais dispositivos, geralmente, são sofisticados o suficiente para a transmissão de voz em tempo real e com
A comunicação de voz por meio de transmissão de dados por redes de computadores pode sofrer de falta de privacidade. Trata-se de um novo tipo de monitoração, diferente do tradicional grampo. Tendo acesso a um segmento de rede por onde o tráfego de voz é transmitido, seria possível capturar os pacotes e praticamente “gravar” a conversação realizada. O mesmo processo é ou seria usado para monitoração de outros tipos de tráfego como e-mails e acessos à Web.
É importante dizer que mecanismos existentes na VoIP, por si só, não garantem a confidencialidade das informações. Alguns usuários possuem a falsa sensação de que teriam uma comunicação segura pelo simples fato de utilizar um telefone IP. Não é verdade. Já existem programas disponíveis livremente na Internet que capturam e remontam chamadas telefônicas realizadas por VoIP, demonstrando apenas a “ponta do iceberg” em produtos e mecanismos existentes. Esse quadro muda sensivelmente com a adoção de criptografia. A voz, nesse caso, tratada como um pacote de dados, pode ser criptografada, utilizando tecnologias de alto nível de segurança.
Utilizando-se redes de computadores e VoIP, ao contrário da telefonia tradicional, é possível interagir de forma mais simples com a transmissão da voz, incluindo novas camadas de segurança, como autenticação e criptografia. A criptografia disponível atualmente, como o algoritmo “rijnadel”, novo AES – Advanced Encryption Standard – escolhido para substituir o antigo DES no governo americano, é apenas um exemplo do que poderia ser utilizado para garantia de sigilo em VoIP.
Muito ainda esta por vir e o cenário mundial está em constante mudança no que diz respeito a Voz sobre IP. O importante é que enquanto profissionais e usuários de tecnologia precisamos ficar atentos aos impactos que podem ser causados em nossa vida profissional e pessoal.
Módulo III
Oferta de Serviços de VoIP
O termo VoIP já está deixando de pertencer somente ao vocabulário das áreas de TI e telecomunicações para ficar na ponta da língua dos executivos de negócios preocupados com o constante desenvolvimento das organizações. As empresas e fornecedores já perceberam o potencial das soluções de voz e dados sobre protocolos de Internet como alternativa para aumentar a produtividade e reduzir custos, deixando de ser um conceito futurista para começar a virar realidade dentro das empresas.
O que está por trás dessa convicção é a certeza de que, para reduzir custos e tornar as equipes mais produtivas, a rede ideal precisa oferecer comunicações combinadas de dados e voz sobre uma única plataforma integrada, construída com tecnologia de pacote (IP). Nesse contexto, ganham destaque Voz sobre IP (VoIP), que consiste em trafegar voz e dados por meio da rede de pacotes no protocolo IP, e a telefonia IP, que, apesar de ser confundida com VoIP, não é uma tecnologia de transporte, mas sim um padrão de transmissão, em que a voz trafega pela rede de dados (intranet e/ou internet), utilizando recursos de telefonia.
Para se ter uma idéia desse mercado, no terceiro trimestre de 2002, em comparação com o mesmo período do ano anterior, os lançamentos de PBXs tradicionais caíram 3,5%, enquanto os de PBX IP subiram 40%. Os resultados mostram que os fabricantes estão conseguindo convencer seus usuários, principalmente nos Estados Unidos e no Canadá, a migrarem para novos sistemas convergentes. Essas soluções vão muito além da redução dos custos com ligações internacionais, pois permitem aos empregados contar com novas aplicações, como de colaboração e mensagens unificadas, para trabalhar mais e melhor.
Entre as muitas possibilidades de arquitetura e de serviços que podem ser agregados a sistemas de VoIP, temos:
Operadoras em cena
Ironicamente, as companhias telefônicas foram precoces em usar tecnologias parecidas com a da Internet para enviar chamadas de voz. Mas nunca utilizaram protocolos de Internet – a tecnologia básica da Internet – para transmitir dados de voz, preferindo manter os dados dentro de suas próprias redes fechadas.
Com as companhias telefônicas adotando protocolos da Internet, a união dos telefones com televisões, computadores e quaisquer outros dispositivos digitais se tornará mais fácil. O sucesso dos serviços VoIP depende da proliferação das conexões de banda larga nos domicílios. Na Coréia do Sul e no Japão, onde mais de dois terços da população tem acesso à banda larga, o VoIP se espalha como epidemia.
A vantagem mais tangível dessa revolução na indústria telefônica global, que vale US$ 1 trilhão, é a redução radical no custo de um telefonema. Mas existe um limite no lucro que se pode tirar de telefonemas mais baratos. Por esse motivo, muitos especialistas esperam que as empresas ofereçam outros serviços pelo VoIP para aumentar seus lucros.
O VoIP permite que as empresas de TV a cabo e as provedoras de serviço de Internet entrem no negócio de telefone. E isso pode animar as companhias telefônicas a entrarem em outros serviços de dados, tais como televisão, vídeo sob encomenda ou áudio em tempo real.
VoIP e Mobilidade
A produtividade proporcionada pelo VoIP é impulsionada principalmente por aquela que é uma das primeiras conquistas da adoção das soluções IP: a mobilidade, possível a partir da união entre plataformas multisserviço e softswitches. Cada um cumpre o seu papel: as plataformas multisserviço, que saem dos fabricantes cada vez mais aperfeiçoadas, permitem concentrar em uma única infra-estrutura todo o tráfego de telecomunicações, tanto para oferta de serviços de voz como de dados. Já os softswitches respondem pelo gerenciamento e separação do tráfego de voz e dados que, geralmente, são feitos pelo PABX.
Essa união de tecnologias abre caminhos para a integração de outros dispositivos à rede, como handhelds e laptops, telefones fixos e celulares. Mas o mais adotado dos dispositivos é o telefone IP, que se conecta diretamente a uma rede IP, promovendo a independência dos ramais. Com todas essas funcionalidades, na prática, recados de voz, por exemplo, podem ser digitalizados e enviados para o e-mail de quem não atendeu a uma determinada chamada. A partir daí, o recado pode ser lido remotamente pelo destinatário, que acessa seu ramal por meio de um dispositivo móvel.
É por isso que os maiores interessados em VoIP e telefonia IP são as grandes companhias, que precisam garantir a conexão de equipes presentes nas mais distantes localidades. O VoIP pode proporcionar não somente as rotas mais econômicas, mas também a integração de voz e dados e a programação, a distância, de roteadores. A integração de ambientes, por exemplo, vai servir para tornar a videoconferência uma forma de comunicação utilizada de maneira mais ampla e com maior freqüência e a programação de roteadores facilita o gerenciamento dos equipamentos em áreas remotas.
De olho no filão
Muitos players entrarão nesse mercado, oferecendo serviços de Voz sobre IP. A qualidade do serviço e a tarifa praticada serão diferenciais para atrair e conquistar o cliente. Afinal, ninguém quer pagar, mesmo que poucos centavos, por algo que não funciona bem quando é preciso.
Alguns ITSPs (Internet Telephone Service Providers) são revendedores das operadoras e nem sempre possuem as melhores tarifas. Assim, sempre que possível, é recomendável contratar serviços de VoIP diretamente das operadoras que possuem a infra-estrutura de telefonia IP, pois estas geralmente podem oferecer as melhores tarifas e estão mais comprometidas com a qualidade do serviço.
Existem grandes fabricantes nesse segmento, como Ericsson, Nortel, Alcatel, Philips Telecom, Cisco e Avaya,
equipamentos mais adequados ao ambiente de trabalho são os gateways, capazes de serem conectados diretamente ao PABX, com total transparência ao usuário final – onde ele mesmo pode gerenciar o serviço.
Para testar o VoIP
Uma das alternativas mais comuns atualmente é o Skype (www.skype.com). Ele permite conversar de graça com outras pessoas que usam esse programa, funcionando com um computador com acesso à Internet de banda larga, microfone, fone de ouvido e um software que pode ser copiado gratuitamente pela Web. Existem mais de 23 milhões de usuários cadastrados.
A vantagem do programa é que, além de encontrar outros amigos cadastrados na rede, é possível ainda ligar para telefones comuns, em vários países do mundo. A qualidade, entretanto, varia de acordo com a conexão com a Internet.
Uma versão nacional do Skype é o Voxfone (www.voxfone.com.br). Ele funciona de uma forma bastante parecida com o do concorrente, e as chamadas para telefones comuns são cobradas. Mas oferece como vantagem o suporte técnico em português. Nos dois casos, microfone e fone de ouvido são itens essenciais para usar o computador como telefone.
Módulo IV
Convergência começa na Internet
O crescimento da banda larga – oferecida no mercado via ADSL, cabo ou wireless (conexão sem fio) – tem possibilitado o início da convergência de serviços de transmissão de dados para a Internet. Já temos computadores em rede, rádios transmitindo pela Internet e agora, Voz sobre IP.
A idéia de ter uma única conexão para receber telefonia, Internet, televisão, rádio e tudo o mais que sair da imaginação dos fornecedores está cada vez mais próxima. Futuramente, no lugar de contratar os serviços de uma TV a cabo com um pacote pronto, será possível assinar a BBC diretamente da Inglaterra ou a TV local jamaicana, tudo via Internet, sem precisar contratar uma operadora específica de TV a cabo.
Para isso, basta ter uma conexão Internet. A partir daí, todos os seus equipamentos – TV, telefone e, quem sabe, até o microondas, estarão conectados nesse único fluxo de dados. É o fim das barreiras para a contratação de serviços.
Várias empresas com filiais espalhadas por cidades distantes e que têm necessidade de se comunicar com freqüência já utilizam canais de VoIP para suas conexões internas, reduzindo muito seus custos operacionais.
A onda mundial de hot-spots Wi-Fi para conexões sem fio à Internet também impulsiona muito esse mercado, pois telefones celulares já têm previsão de sair das fábricas com suporte a essas redes sem fio.
Mas isso tudo tem um longo caminho a ser trilhado. As operadoras já começam a enxergar seus lucros caindo no futuro e se estão mobilizando para não sofrer o mesmo que as distribuidoras e gravadoras de música com a venda direta de músicas via Internet e a pirataria. Dessa forma, o esforço dá-se no sentido de impor limitações de quantidade de KBytes transferidos, limitando os serviços que podem ser utilizados nessas conexões de banda larga, já visando uma maneira de compensar suas perdas com essa convergência.
Caminho sem volta
Assim como não existe diferença entre um e-mail local e um internacional, o sistema de telefonia tradicional passa por uma transformação que objetiva o rompimento das fronteiras (local, DDD e DDI). Alguns fabricantes já estão produzindo equipamentos, chamados de aparelhos multiplataforma, capazes de funcionar em Wi-Fi, Wi-Max e GSM. Trata-se de uma via só de ida – não há como retroceder.
Imagine um aparelho que, conectado a um cabo telefônico comum, atua como um telefone fixo. Quando você sair de casa e fizer uma ligação, ele tentará achar um hotspot, uma rede Wi-Fi de grande potência para se
conectar à Internet e falar VoIP. Se não conseguir a rede Wi-Fi, de forma rápida e transparente para o usuário, uma rede GSM pode completar a ligação.
Ao chegar ao seu escritório você poderá ligá-lo à Internet para usá-lo com VoIP ou até mesmo como um handset. O VoIP traz a expectativa de iniciar uma nova era em que dados, som e imagem serão acessíveis todo o tempo.
Existe hoje um consenso de que a convergência nos serviços de telecomunicações é uma realidade do ponto de vista tecnológico,entretanto a oferta de serviços não tem um volume compatível com os benefícios potenciais. Muitas empresas já dispõem da infra-estrutura para prover os serviços da convergência, porém elas não conseguem ter um crescimento nas vendas de acordo com as expectativas dos mercados, investidores e clientes.
VoIP nas redes sem fio
As siglas Wi-Fi, Wi-Max, 802.11, Bluetooh e 3G são algumas das principais na área de redes sem fio que têm tornado real o sonho de oferecer um acesso público universal, tanto em lugares de grande população como em áreas remotas, integrando serviços e baixando custos.
Podemos imaginar pessoas andando de ônibus com seus laptops e navegando na Internet, pessoas falando com outras em palms integrados com Wi-Fi por meio de VoIP (Voz sobre IP) e sistemas inteligentes sem fio como máquinas de Coca-Cola com rede sem fio, podendo informar diretamente à empresa quando seu estoque de produtos está precisando de reposição.
Nesse cenário, não deve demorar a surgir o telefone via Wi-Fi, utilizando o protocolo de Voz sobre IP (VoIP). Empresas de telefonia estão começando a se preocupar com essa possibilidade, em que usuários, ligados a redes sem fio, poderão conversar livremente com pessoas por aparelhos telefônicos Wi-Fi. Tudo isso, sem a necessidade de pagar por minuto de conversação ou utilizar uma operadora telefônica para realizar suas chamadas nacionais ou internacionais.
Isso também será possível pela tecnologia Wi-Max, uma rede de conexão sem fio com alta performance, capaz de cobrir uma área muito grande com uma qualidade excelente e alta velocidade. Conhecido como um padrão Wireless 802.16, Wi-Max é uma extensão das redes Wi-Fi (redes sem fio), que permite cobrir áreas de até 50 quilômetros de distância com acesso à Internet sem fio, em velocidade de até 74 Mbps. É própria para áreas metropolitanas, pela performance e disponibilidade. Outras vantagens são a flexibilidade e a velocidade de instalação.
O padrão 802.16 (Wi-Max) tem qualidade de serviço para a transmissão de voz e vídeo, os quais requerem redes de baixa latência. Garantia de banda e criptografia estão previstas no padrão 802.16, o que permite transmissões seguras e procedimentos de autenticação, tudo o que o VoIP precisa para ser 100% funcional.
Como Funciona?
Na tecnologia de redes sem fio, todos os dados trafegam por ondas de rádio em freqüências consideradas não licenciadas, ou seja, não há regulamentação para seu uso, o que dispensa a necessidade de licenças para operar nessas faixas de freqüência. As freqüências utilizadas hoje pelos equipamentos Wi-Fi são as de banda 2,4GHz e 5GHz, sendo a primeira uma banda já utilizada por muitos dispositivos móveis, como telefones sem fio e microondas, tornando-a, assim, sujeita a uma série de interferências.
O sistema é relativamente simples. Pense em uma rede em sua casa ou empresa onde você tem um hub e cabos que saem dele conectando-se às placas de rede das máquinas da sua rede. Agora, elimine os cabos. A rede continua sendo desenhada logicamente igual, com hubs, roteadores e placas de rede para todas as máquinas, porém sem a necessidade de fios. A rede funciona exatamente igual a sua antiga rede Ethernet via cabo, apenas o meio de transmissão entre os computadores muda de “com fio” para “sem fio”.
Qual é a vantagem de criar redes com fio hoje? Alguns dos pontos a serem considerados :
grande potencial e uma oportunidade única de emergir com uma posição de destaque no novo cenário de telefonia proporcionado pela Voz sobre IP.
A evolução das redes de TV a cabo permite que os operadores ofereçam produtos que não concorram entre si. Já no caso das redes de telefonia, a oferta de serviços avançados de voz (VoIP) sobre ADSL estaria canibalizando o produto principal que é voz convencional. De toda forma, os operadores de telefonia esperam evoluir sua infra-estrutura para oferta de produtos de vídeo.
Apesar de as empresas de TV a cabo não terem recursos financeiros em abundância suficiente para oferecer uma solução de serviço de VoIP, não faltam operadoras de telefonia interessadas em aproveitar todo o investimento já realizado em rede de acesso em banda larga, para estarem concorrendo com a incumbent da região. Com a proliferação de sistemas proprietários de baixo custo, principalmente de PABX IP, qualquer empresa que tenha duas unidades conectadas à Internet pode investir nesses equipamentos e experimentar, no mínimo, reduções expressivas de custos de telefonia, mesmo com a provável queda de qualidade.
Módulo V
Cenário Atual
Os serviços de telecomunicações brasileiros são regidos pela LGT – Lei Geral das Telecomunicações –, criada em 1998, quando o sistema foi privatizado. As características predominantes do setor de telecomunicações, até a década de 90, eram baseadas em monopólios, forte integração vertical e uso de tecnologias proprietárias. Com o surgimento de tecnologias abertas concorrentes, evolução dos microprocessadores e desregulamentação, as estratégias de negócios até então adotadas foram diminuindo para dar espaço a um mercado em que o privilegiado deve ser o usuário final.
Nos países onde a tecnologia de Voz sobre IP já chegou em larga escala, a tendência ainda caminha pela não- regulamentação. O grande receio dos reguladores é interferir no desenvolvimento de uma tecnologia potencialmente vantajosa para os usuários e para o mercado, ao impor regras cuja necessidade não se mostra clara e cujos benefícios são incertos.
Algumas das razões que costumam ser apontadas para a regulamentação dizem respeito à padronização de serviços ao usuário e à proteção ao consumidor, que deseja ter acesso a um serviço similar ao telefone tradicional. Os usuários devem ser alertados de que a VoIP necessita de energia elétrica para funcionar e os provedores da solução devem oferecer telefones de emergência.
Há, ainda, a questão do impacto nas tarifas e nas receitas das operadoras tradicionais que a introdução de serviços VoIP pode ter – mesmo se considerarmos que as próprias operadoras, pela sua posição privilegiada no fornecimento de acesso banda larga, devem manter uma posição confortável no processo.
Não podemos esquecer de que uma boa parte da formação do preço praticado pelas operadoras é fruto da própria regulação, que estabelece tarifas de interconexão com subsídios implícitos e impõe tributos com vistas a promover a universalização. Ao que parece, mais do que as operadoras tradicionais, o próprio modelo regulatório existente precisa ser adaptado à disseminação de serviços baseados em VoIP.
Evidentemente, o regulador não pode ignorar as inúmeras vantagens que a tecnologia IP traz aos usuários de telefone (portabilidade, convergência, custo, entre outras). Mas também é função do regulador proteger o modelo estabelecido pela legislação, fazendo com que novas tecnologias trabalhem sempre em benefício de todos.
Como sempre, o regulador deve buscar o equilíbrio. Talvez quando a VoIP estiver comprovadamente desequilibrando os agentes integrados ao modelo em vigor, o regulador deva agir para redistribuir o ônus que a legislação impôs aos que prestam serviço telefônico, de modo a não criar nenhuma desvantagem competitiva. A atuação (ou omissão) desbalanceada do regulador, em prejuízo de agentes regulados relevantes, pode resultar em um elevado grau de resistência de tais agentes, podendo, até mesmo, causar um atraso indesejado na implementação da nova tecnologia.
Principais barreiras e Anatel
Antes de avaliar como a voz sobre IP poderia evoluir no País, é importante destacar que ela vem sendo vista na
Anatel como uma simples tecnologia. Não há nenhum regulamento ou proposta que trate de VoIP. Tudo o que a Anatel já produziu sobre o assunto é a definição contida no glossário da Agência, a qual confirma o seu tratamento como a tecnologia que possibilita o uso de redes IP como meio de transmissão de voz.
Assim sendo, como todos os atuais serviços de telecomunicações de acesso fixo no País (STFC e SCM) incluem invariavelmente a voz e a VoIP representa a tecnologia capaz de tornar as redes IP o meio para transmissão dessas funcionalidades. Não há como negar a faculdade de as concessionárias e de tais serviços utilizarem a referida tecnologia para a prestação de serviços de voz a seus usuários.
Logicamente, o fornecimento do serviço de voz, pelo uso de redes IP, ora sob o manto da concessão/autorização de STFC, ora sob o da autorização do SCM, deve observar as obrigações regulatórias de cada serviço, além das restrições a eles impostas.
No caso das obrigações regulatórias, tais como qualidade, universalização, tarifas de interconexão, configuração de área tarifária e plano de numeração, todos se lembram do STFC, que é muito mais regrado... Mas no caso das restrições regulatórias, logo vem em nossa mente aquelas que o SCM acabou por herdar do SLE (seu antecessor), entre outras, objeto de súmula da própria Anatel. E é no enfrentamento de todos esses aspectos e restrições regulatórias que a VoIP teria encontrado uma verdadeira barreira para se desenvolver satisfatoriamente.
Das duas licenças disponíveis, a primeira (STFC), de tão regulada e, portanto, onerosa, não teria agradado muitos interessados em explorá-la. Já a segunda (SCM), de tão restritiva e carente de regulamentação básica (numeração, remuneração etc), da mesma forma, não pôde servir de alternativa eficaz aos interessados. A Lei Geral de Telecomunicações determina, em muitas oportunidades, o dever da Anatel de fomentar a competição, criando, inclusive, os mecanismos para que ela seja alcançada. Portanto, se tal incumbência vier a ser levada em consideração pelo órgão regulador, uma solução haverá de ser proposta para o pleno desenvolvimento da VoIP no Brasil.
Portanto, hoje não há qualquer restrição à utilização da VoIP pelos atuais prestadores do STFC e do SCM. Entretanto, o que facilmente se conclui é que as obrigações e restrições regulatórias impostas a cada um desses serviços não teriam contribuído para o desenvolvimento pleno da VoIP no País, o que caberá à Anatel resolver, nos termos da lei.
Na prática, a teoria é outra
Tudo o que não é especificado em lei não está proibido. Valendo-se dessa afirmação, os provedores de Internet, carriers e operadoras SLE estão oferecendo serviços de Voz sobre IP (VoIP), localizados em uma seara que não pertence a ninguém e ao mesmo tempo pertence a todos, uma vez que não é regulamentado pela Anatel – o ponto central é a falta de fiscalização da qualidade dos serviços e da competência para oferecê- los.
A Anatel alega que não regulamenta tecnologia, mas vem regulamentando serviços de telecomunicações, entre eles, o mais recentemente Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), no qual pode ser usado o IP nas condições dispostas no regulamento do serviço. Uma dessas condições é a que o SCM se deve distinguir do Serviço Telefônico Fixo Comutado. A agência conclui que há ainda muito a ser estudado e desenvolvido em relação ao IP, especialmente quanto a padronizações e interfuncionamento de redes.
Como a VoIP é considerada também um serviço de valor agregado, então pode ser embutida como um serviço adicional ao de conexão dos provedores de Internet, sem a caracterização principal dos serviços de voz. Essa caracterização abre uma brecha na lei e no mercado para que os provedores de acesso à Internet ofereçam essas soluções de VoIP, embora não sejam operadoras qualificadas no STFC. E nenhuma lei as impede de prover esse serviço, desde que não seja definido como de voz e nem utilize a rede pública.
O problema da Anatel está na fiscalização dos serviços, pois ela pode punir tanto a má qualidade de recursos, quanto empresas sem licença para oferecer serviços de telecomunicações, desde que haja pessoal para essa finalidade.
WiMax sai na frente
O que diz a Lei
Diante do quadro de controvérsia que se instala com o incremento do VoIP no Brasil, é necessário o exame sobre a Lei Geral de Telecomunicações - LGT, no que tange à definição do escopo de serviços de telecomunicações:
“Art. 60. Serviço de telecomunicações é o conjunto de atividades que possibilita a oferta de telecomunicação.”
§ 1° Telecomunicação é a transmissão, emissão ou re cepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza.”"“Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações.
§ 1º Serviço de valor adicionado não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se seu provedor como usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e deveres inerentes a essa condição.”
É claro que estamos aqui discorrendo sobre VoIP em estado puro, vale dizer, o estabelecimento de conexão entre dois computadores conectados à Internet, com ausência de uma operadora nesse processo. Os modelos telefone a telefone e PC a telefone podem, em determinadas condições, serem passíveis de taxação pelas operadoras, de acordo com a configuração do Intercarrier e as condições de contratação de suas redes. Porém, o prestador de serviços VoIP, nesses casos, recebe o tratamento de usuário de serviços de telecomunicações.
Resta esclarecer, portanto, que serviços VoIP têm sua natureza direcionada pelo teor do artigo 61 da LGT. Deve ainda ser ressaltado o parágrafo primeiro do referido artigo, que indica categoricamente não se confundir com serviços de telecomunicações aqueles enquadrados como de valor adicionado.
Módulo VI
Mercado de Voz sobre IP
O mercado de Voz sobre IP tem se mostrado uma importante fonte de receitas para os fabricantes de equipamentos de telecomunicações. De acordo com dados do instituto Synergy Research Group, o mercado de VoIP voltado a corporações, incluindo telefones, hardware e software, cresceu 78% em 2004 e pode representar até US$ 11 bilhões em vendas nos EUA até 2009.
A competição de preço nos chamados produtos corporativos VoIP, especialmente entre as três grandes do setor nos Estados Unidos, que também são os maiores players do Brasil – Cisco, Avaya e Nortel Networks – pode estar crescendo, estimulada por investimentos em tecnologia da informação e pelas medidas para aproveitar o ciclo de substituição de equipamento nos sistemas de telefonia.
No mundo, já existem 5 milhões de pessoas que fazem suas ligações com esse recurso e mais de mil companhias especializadas nesse serviço de telecomunicações. A maior delas, a americana Vonage, da poderosa AT&T, tem 200 mil clientes. Só em 2004 a empresa contratou 44 mil novas assinaturas. A marca de maior visibilidade desse novo mundo é a Skype, que já se tornou um dos ícones da telefonia VoIP no mundo da Internet. Possui mais de 13 milhões de usuários registrados e 295 mil já assinaram seu serviço SkypeOut – o serviço pago do Skype. Ele tem o objetivo de converter 5% da sua base de serviço grátis para o SkypeOut.
No Brasil, o movimento é parecido. Há mais de uma dezena de empresas e uma das mais recentes é a Taho, que pertence ao banqueiro Luiz Cezar Fernandes, criador do Pactual. A Taho oferece acesso de alta velocidade à Internet no Rio de Janeiro e passou a vender, entre outros, pacotes de telefonia por R$ 199,00, com o qual o usuário pode falar à vontade e fazer quantos interurbanos desejar.
A empresa, que investiu cerca de US$ 13,5 milhões no lançamento da operação e em uma campanha nacional de publicidade, pode se consolidar como a maior do País. Mas antes terá de superar alguns concorrentes estabelecidos no mercado.
Algumas operadoras tradicionais querem manter-se atualizadas com a novidade e um destaque é a GVT, com 2,6 mil contas de voz sobre IP, tanto corporativas quanto residenciais, embora tenha lançado o serviço há menos de um ano. A alternativa é oferecida em oito capitais, sendo que 60% dos clientes estão na Região Sul. A estimativa é que 150 mil linhas sejam instaladas até o final de 2006, representando 20% de toda a receita da empresa.
Economia impulsiona mercado
O preço é especialmente importante porque as empresas instalam sistemas VoIP na esperança de economizar dinheiro com suas contas telefônicas, no longo prazo. A Synergy estima que, para uma empresa norte- americana média, com 200 estações de trabalho, a substituição de um sistema de telefonia convencional por equipamento VoIP custe US$ 100 mil. Além do custo, os clientes querem recursos VoIP inteligentes como acompanhamento sofisticado de chamadas e administração de estoques.
Conforme a tecnologia para produção de telefones IP torna-se mais simples e mais rivais asiáticos entram no setor, os preços dos aparelhos, ao redor de US$ 250 a unidade, vão ficar ainda mais baixos.
As promoções tornaram-se um padrão do mercado de telefonia pela Internet, algumas vezes usadas como estratégia para venda de outros produtos de rede. Além disso, há espaço para flexibilidade de preços, uma vez que as margens de lucro de equipamentos VoIP estão na casa dos 50% ou mais.
Entretanto, ainda não se sabe quanto espaço vai restar conforme agressivos e novos competidores ganham mercado. As vendas de equipamentos VoIP da Cisco, por exemplo, estão se aproximando da marca de US$ 1 bilhão.
Impacto no mercado
As aplicações de voz deixaram de ser uma curiosidade com qualidade sofrível para se transformarem em uma grande oportunidade de novos negócios. Se por um lado a tecnologia possibilita a entrada de novas empresas nos negócios da telefonia, também ameaça os lucros de empresas antigas e que até hoje vendem o serviço telefônico, cobrado pelos fatores tempo de uso e distância.
Com a introdução da tecnologia VoIP, o usuário pode escolher como código DDD aquele que mais lhe convier, independentemente do local onde reside. Ao conectar seu aparelho em um acesso de banda larga em qualquer lugar do mundo receberá suas chamadas locais sem pagar interurbanos nacionais ou internacionais. Além disso, poderá gerenciar sua conta, ouvir as mensagens de sua secretária eletrônica e programar a aceitação e desvios de chamada, tudo via web.
O desenvolvimento da tecnologia de VoIP ocorre em várias frentes. Inúmeros avanços foram incorporados pelas empresas tradicionais de telefonia, principalmente na interligação entre centrais, mas muito pouco disso é sentido pelo cliente final. Há aquelas empresas que, mirando o mercado corporativo, desenvolvem soluções para aplicações específicas e se valem das redes corporativas de seus clientes para conectar não só os computadores, mas principalmente os telefones, em qualquer lugar do mundo. E elas falam entre si sem pagar um centavo de impulso.
Oportunidades crescentes
As empresas que oferecem serviço de banda larga para o mercado doméstico, mas estão fora do negócio de voz, identificam uma oportunidade de abocanhar uma fatia considerável de clientes das telefônicas tradicionais. E muitos clientes que hoje são assediados por essas empresas mudam de provedor pela sedução dos novos serviços e também por não agüentarem mais a arrogância do monopólio.
Já as empresas de telefonia, que também oferecem banda larga, estão em uma encruzilhada. Ou mantêm as ofertas atuais de serviços de voz, correndo o risco de ver seus clientes irem para a concorrência, ou mudam radicalmente o modelo de negócio, que poderá fazer com que as margens de lucro auferidas pela conjugação dos fatores tempo e distância caiam vertiginosamente.
Afinal, quem quer pagar quase R$ 40 por mês somente para ter uma linha de telefone em casa? A tendência é a migração maciça da telefonia convencional para a VoIP. É só cancelar a linha de telefone e por alguns reais adquirir um kit VoIP, assinando um serviço de Internet e outro de VoIP. O custo das ligações cai
inovadores e aumentar o volume de variedade dos produtos oferecidos.
Esses fatores estão coerentes com uma reação lógica das empresas, no sentido de compensar as turbulências percebidas no ambiente. Não se sabe ainda se essas estratégias estão sendo colocadas em prática de forma competitiva, mas existe o risco de que essas ações em curso possam consumir recursos excessivos, sem que adicionem valor às empresas.
Na prática, os serviços de telecomunicações continuam a ser ofertados a partir de um portfólio de serviços em pacotes fixos, segmentados e pouco flexíveis às necessidades individualizadas de cada consumidor. Existem evidências de que a questão não está na tecnologia disponível, mas sim nos modelos de negócios das empresas.
Módulo VII
Funcionamento das principais aplicações
As três principais aplicações do VoIP podem ser feitas de telefone para telefone, de PC para telefone e de telefone para PC. Para que a comunicação seja viável, é preciso implementar os gateways de VoIP, que possuem placas de processamento de voz e têm como função estabelecer a transição entre a Internet e a rede normal de telefonia comutada por circuitos (PSTN).
Tais gateways para telefonia IP aumentaram a economia e beneficiaram as características de VoIP a qualquer um que tem um telefone conectado à rede normal de telefonia à comutação de circuito (PSTN). O conceito é simples: os gateways manipulam as transmissões vocais (mas também do fax) da rede PSTN e as converte para a rede à comutação de pacotes (e vice-versa).
O início de uma sessão acontece da seguinte forma: suponha que o cliente A quer se comunicar com o cliente remoto B que, como é muito distante pertence a um outro PSTN geralmente. O cliente A conecta-se ao gateway de VoIP interno e este a sua própria rede local PSTN. Para que sejam operados, de fato, os gateways são vistos pela PSTN como um número de telefone simples.
O gateway exige a ligação com o número do telefone que o cliente A quer se comunicar (o mesmo que aconteceria se a ligação fosse feita de um telefone normal). Ao ser recebido tal número, o gateway consultará várias tabelas a fim de localizar um outro gateway local de VoIP ao cliente de B. Isto de acordo com o gateway, tentará pelo telefone estabelecer o início de uma sessão que chama B ao interior de sua PSTN. Assim que o início de uma sessão for estabelecido, a voz viaja no meio A para o B, saindo de uma PSTN, entrando na Internet e sucedendo de algum jeito a fim chegar a outra PSTN.
Já que as comunicações de telefone para telefone demandam dois gateways do mesmo tipo, situados bem distantes um do outro. Os de VoIP levam vantagem, por exemplo, nas comunicações entre escritórios de uma mesma companhia que possua filiais remotas.
A comunicação, no entanto, continua amarrada à presença ou, ainda menos, ao interior de duas redes PSTN, aos gateways de VoIP. Se estes não estiverem eficazmente presentes ao interior da PSTN local, todas as vantagens de custo que seriam proporcionadas, ficam reduzidas. Muitos grupos empresariais, entretanto, os estão usando a fim de reunir e para cooperar entre eles todas as vantagens que oferecem o serviço de telefonia por IP por meio de gateways. Dessa maneira, a probabilidade de encontrar um gateway de VoIP no interior da PSTN remota, aumenta consideravelmente.
Muitas organizações que controlam centros da chamada (call centers), permitem o acesso da rede a tais centros por meio, exatamente, do uso de gateways de VoIP. Qualquer um que tenha um software de telefonia pode conseqüentemente aproveitar todas as ofertas de serviços do centro da chamada.
Qualidade em telefonia IP
O problema fundamental da troca de voz por uma rede como a Internet é que o gerenciamento dos pacotes de protocolo IP envolve restaurar, ao final do caminho, a ordem em que foram enviados. Se ocorrerem erros como várias transmissões simultâneas ou atrasos, esse processo de reorganização dos pacotes pode tornar-se bem lento. Para aplicações clássicas, como, por exemplo, e-mail, esse atraso não significa um problema, mas para aplicações telefônicas, onde a interação em tempo real entre os usuários é fundamental, isto pode provocar
uma significativa degradação na qualidade da conversação.
Para garantir a qualidade de serviços para os usuários de VoIP, existe ainda uma dependência da velocidade de acesso à Internet nos dois lados da comunicação, além do tráfego total na rede. Existem duas características principais que determinam a qualidade de um telefone ligado à Internet:
A primeira característica é o tempo de latência. Tal grandeza mede o tamanho do atraso desde o momento em que as palavras são pronunciadas de um lado até o momento que estas são eficazmente ouvidas do outro.
A outra característica importante que determina a qualidade do início de uma transmissão do telefone via Internet, é, simplesmente, o grau de correspondência da voz transmitida com a voz natural de quem fala.
Se os pacotes vocais se perderem ou atrasarem além de um limite predefinido, o software de telefonia IP tenta repor os dados que faltam por meio dos índices dos pacotes adjacentes. Naturalmente, quanto mais o software recorre a essa técnica de interpolação, mais a qualidade será comprometida (distorção da mensagem vocal).
Tecnologia em evolução
O protocolo TCP/IP, em princípio, não garante aos clientes a transmissão de um número certo dos dados em um período de tempo preciso. Os desempenhos da rede podem flutuar de momento em momento. Por vezes, os dados são transmitidos imediatamente, em outras atrasam demais ou apenas não chegam completos.
Em muitos aspectos, os problemas que os planejadores têm são similares àqueles que foram encontrados no planejamento das redes celulares digitais, onde não há garantias de que os dados cheguem intactos. Conseqüentemente, os planejadores devem supor que os níveis abaixo do esperado não são confiáveis, e compensar esses erros eventuais com técnicas de interpolação e correção.
Conseqüentemente, torna-se uma tarefa árdua predizer a qualidade de serviço que pode ser esperada pelos usuários de uma transmissão de telefonia pela rede, mas, geralmente, essa qualidade está correlacionada diretamente à largura de banda disponível para a conversação e para o tráfego da rede.
Quase que a totalidade das companhias atuais fez suas redes com grande largura de banda. Essas conexões de banda larga são capazes de garantir qualidade suficiente para que seja oferecido o VoIP para longas distâncias.
Apesar de tudo, a qualidade no campo da telefonia via IP vem apresentando melhorias notáveis. O protocolo RSVP, da Cisco, por exemplo, já foi planejado a fim de reservar uma parcela certa da banda apenas para as aplicações que demandem respostas em tempo real, que é o caso do VoIP. Cada roteador que suporta tal protocolo tem a habilidade de reconhecer perfeitamente a prioridade nos pacotes que estão enfileirados, distinguindo entre os urgentes (pacotes real-time) e os menos, agindo conseqüentemente.
Ao mesmo tempo, muitos estudantes de Internet sustentam que a proliferação de grandes quantidades de banda a baixo custo renderá o desenvolvimento do RSVP e, posteriormente, trará qualidade de todos os serviços prestados via Web.
Ponto nevrálgico: QoS
Tempo real de envio é o ponto-chave para VoIP em redes IP onde trafegam pacote de dados que necessitam de uma rede estável de baixa latência com mínimos atrasos (delay). Por isso, a importância de QoS na rede – sigla em inglês de Quality of Service, ou Qualidade de Serviço. A prioridade para os dados e a garantia de envio são os responsáveis pela qualidade.
Por meio do QoS, fluxos de dados das aplicações são categorizados em classes de serviço e recebem tratamento diferenciado, de acordo com a importância do pacote. Esse tratamento acontece por mecanismos de controle e priorização de fluxo.
Mas precisamos realmente de QOS na rede? Sim. Imagine uma rede IP onde trafegam vários pacotes de diferentes serviços, como FTP, http, DNS, MP3, RDP e SMTP, em um link de 256Kbps. Um computador