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Guias e Dicas
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Controle e Servomecanismos - UNICAMP, Notas de estudo de Engenharia Mecânica

Apostila Completíssima de controle e servomecanismos (Servo motores) Tudo sobre, muito boa!

Tipologia: Notas de estudo

2011
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Compartilhado em 13/05/2011

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Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de EngaEl´
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Departamento de Telem´
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NOTAS DE AULAS DE EA721
PRINC´
IPIOS DE CONTROLE &
SERVOMECANISMOS
Paulo Augusto Valente Ferreira
Fevereiro de 2006
www.mecatronicadegaragem.blogspot.com
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Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Enga^ El ´etrica & Computac¸ ˜ao

Departamento de Telem ´atica

NOTAS DE AULAS DE EA

PRINC´IPIOS DE CONTROLE &

SERVOMECANISMOS

Paulo Augusto Valente Ferreira

Fevereiro de 2006

EA721 / PAULO VALENTE / UNICAMP 2

Aula 1

Introduc¸ ˜ao ao Controle Autom ´atico

Terminologia b´asica Malha aberta × malha fechada Exemplos ilustrativos

Terminologia b ´asica

  1. Certos termos utilizados para descrever vari´aveis e configurac¸ ˜oes relacionadas a sistemas de controle tornaram-se padr ˜oes com o passar do tempo. Apresentamos a seguir alguns termos b´asicos. Termos mais espec´ıficos surgir˜ao no transcorrer do curso.

Sistema. O termo sistema designa um arranjo, conjunto ou colec¸ ˜ao de compo- nentes conectados ou relacionados de maneira a formar ou agir como uma uni- dade. Um sistema n˜ao ´e algo necessariamente f´ısico. O termo pode ser usado em referˆencia a sistemas econˆomicos, biol´ogicos ou mecˆanicos, entre outros;

Controle. O termo controle e usualmente empregado no sentido de regulac´ ¸ ˜ao, direcionamento ou comando. Um sistema de controle seria um arranjo de com- ponentes conectados ou relacionados de maneira a se auto-regular (direcionar, co- mandar), ou regular (direcionar, comandar) um outro sistema.

  1. As definic¸ ˜oes acima s˜ao suficientemente gerais para que, num sentido mais abs- trato, qualquer objeto f´ısico possa ser considerado um sistema de controle. Uma simples superf´ıcie refletora controla raios de luz, refletindo-os de acordo com os seus ˆangulos de incidˆencia. Qualquer coisa controla o ambiente a sua volta, pas- siva ou ativamente. Em Engenharia, sistema de controle adquire um sentido mais restrito, designando sistemas utilizados para controlar (ativamente) vari´aveis como temperatura, press˜ao e vaz˜ao em processos qu´ımicos, tens˜ao e freq¨uˆencia em sis- temas de gerac¸ ˜ao e distribuic¸ ˜ao de energia, posic¸ ˜ao e velocidade angulares de mo- tores, trajet´oria de ve´ıculos, etc.

Planta. O termo planta (ou processo , ou sistema controlado ) ´e usado para de- signar o sistema que ´e objeto da ac¸ ˜ao do sistema de controle.

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dor poderia ser simplesmente um transdutor , que converteria a posic¸ ˜ao desejada (vari´avel de referˆencia) em radianos ou graus na tens˜ao necess´aria para produz´ı-la. Num tanque para aquecimento de ´agua (planta), as vari´aveis de controle e con- trolada s˜ao, respectivamente, a quantidade de calor transferida ao tanque e a tem- peratura resultante da ´agua. Um controlador converteria a temperatura desejada (vari´avel de referˆencia) na quantidade de calor necess´aria para atingi -la.

  1. Se as vari´aveis de referˆencia, de controle e de sa´ıda forem denotadas por r, u e y, respectivamente, ent˜ao ´e poss´ıvel representar um sistema de controle em malha aberta como na Figura 1.2. PSfrag replacements

r u y Controlador Planta

Figura 1.2: Sistema em malha aberta.

  1. Os blocos (sistemas) Controlador e Planta s˜ao vistos agora como subsistemas de um sistema mais complexo. A principal caracter´ıstica do sistema em malha aberta da Figura 1.2 ´e inexistˆencia de realimentac¸ ˜ao : os valores assumidos pela vari´avel de controle n˜ao dependem dos valores da vari´avel de sa´ıda. A ac¸ ˜ao de controle ´e func¸ ˜ao apenas do processamento da vari´avel de referˆencia pelo controlador. Por simplicidade, os termos vari´avel de referˆencia, vari´avel de entrada e vari´avel de sa´ıda ser˜ao abreviados para referˆencia, entrada e sa´ıda do sistema, respectivamente.

PSfrag replacements

r e u y Controlador Planta

Sensor

Comparador

Figura 1.3: Sistema em malha fechada.

  1. Em contraste com o sistema de controle em malha aberta da Figura 1.2, a Figura 1.3 ilustra um sistema de controle em malha fechada , realimentado, no sentido

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de que a sa´ıda y e medida e comparada com a sa´´ ıda desejada, indicada atrav´es da referˆencia r, para processamento atrav´es do controlador e a consequente definic¸ ˜ao da ac¸ ˜ao de controle u.

  1. Dois novos componentes s˜ao introduzidos na Figura 1.3. A sa´ıda do sistema ´e medida atrav´es do componente representado no bloco Sensor. Em seguida, a referˆencia ´e comparada com o valor medido, no bloco Comparador. A sa´ıda do comparador ser´a denotada por e. Em geral, a sa´ıda do comparador ´e simplesmente o erro entre a referˆencia e o valor medido, isto ´e, e = r − y.
  2. Exemplos. No controle de posic¸ ˜ao do motor DC mencionado anteriormente, o sistema de controle encontra-se em malha aberta, uma vez que a tens˜ao definida pelo controlador n˜ao depende da posic¸ ˜ao angular do eixo. O mesmo ocorre no con- trole de temperatura do tanque: a quantidade de calor definida pelo controlador n ˜ao depende da temperatura da ´agua. Nas vers˜oes em malha fechada desses sistemas, as vari´aveis de sa´ıda seriam medidas atrav´es de sensores apropriados e compara- das com os valores desejados. Os erros resultantes seriam ent˜ao processados pelos respectivos controladores para os ajustes necess´arios (realimentac¸ ˜ao).
  3. As vezes torna-se conveniente explicitar a parte do sistema de controle res-pons´avel pela atuac¸ ˜ao na planta, como na Figura 1.4, atrav´es do bloco **Atuador**. Em sistemas f´ısicos, o atuador ´e o componente que gera a potˆencia necess´aria para produzir a sa´ıda do sistema. A descric¸ ˜ao do atuador pode ser incorporadaa do controlador ou `a da planta. Neste curso, optamos por designar de controlador ape- nas a parte do sistema que ´e efetivamente projet´avel, sendo o atuador geralmente considerado como parte integrante da planta.

PSfrag replacements

r e (^) y Controlador Planta

Sensor

Atuador

Figura 1.4: Sistema explicitando o atuador.

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sideradas. O diagrama da Figura 1.5 involve dois grupos de trˆes vari´aveis com caracter´ısticas distintas. As vari´aveis r, w e v s˜ao entradas externas (independen- tes), no sentido de que afetam, mas n˜ao s˜ao afetadas pelas vari´aveis e, u e y. As vari´aveis e, u e y representam sa´ıdas controladas (dependentes).

  1. Do ponto de vista de implementac¸ ˜ao f´ısica, classificamos um sistema de con- trole em malha fechada como manual ou autom ´atico.

Controle manual. Tipo de controle em malha fechada no qual a realimentac¸ ˜ao ´e implementada atrav´es de um operador humano, que realiza uma ou mais das func¸ ˜oes de comparador, controlador ou sensor.

Controle autom´atico. Tipo de controle em malha fechada no qual as func¸ ˜oes de comparador, controlador e sensor s˜ao executadas sem a intervenc¸ ˜ao humana, atrav´es de sistemas eletrˆonicos, hidr´aulicos ou pneum´aticos, por exemplo.

  1. Uma caracter´ıstica inerente ao desenvolvimento da ´area de sistemas de con- trole ´e a progressiva substituic¸ ˜ao de sistemas de controle manuais por sistemas autom´aticos, particularmente em atividades que demandem assistˆencia constante, ac¸ ˜oes repetitivas ou que possam ser potencialmente perigosas para a integridade f´ısica dos operadores. Sistemas de controle autom´aticos s˜ao geralmente capazes de executar suas func¸ ˜oes com maior precis˜ao e rapidez do que seria poss´ıvel atrav´es de controle manual.
  2. Do ponto de vista da func¸ ˜ao a ser executada, classificamos um sistema de controle em malha fechada como sendo do tipo servomecanismo ou regulac¸ ˜ao.

Servomecanismo. O termo servomecanismo surgiu no contexto do desenvolvi- mento de certos mecanismos de controle de posic¸ ˜ao. O termo problema do servo- mecanismo serve atualmente para designar o problema de fazer a sa´ıda do sistema seguir ( acompanhar, rastrear ) uma referˆencia especificada.

Regulac¸ ˜ao. O termo regulac¸ ˜ao e empregado para designar a func´ ¸ ˜ao de controle que visa manter a sa´ıda do sistema razoavelmente pr ´oxima `a uma referˆencia espe- cificada. O termo problema da regulac¸ ˜ao designa o problema de regular a sa´ıda do sistema.

  1. Exemplo. No controle em malha fechada do motor DC, o problema de levar o eixo do motor da sua posic¸ ˜ao inicial at´e a posic¸ ˜ao desejada (isto ´e, fazer a posic¸ ˜ao

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do eixo comec¸ar a seguir uma func¸ ˜ao tipo degrau, de amplitude igual a posic¸ ˜ao desejada) constitui um problema de servomecanismo. Manter a posic¸ ˜ao do eixo suficentemente pr´oxima `a posic¸ ˜ao desejada, a despeito de poss´ıveis dist´urbios que possam afetar o sistema, constitui um problema de regulac¸ ˜ao.

  1. O objetivo num problema de regulac¸ ˜ao ´e manter uma certa condic¸ ˜ao nomi- nal de operac¸ ˜ao, caracterizada pelos valores nominais das vari´aveis presentes no sistema. Quando a sa´ıda se desvia do seu valor nominal por influˆencia de algum dist´urbio, as demais vari´aveis devem tamb´em sofrer desvios no sentido de restau- rar a condic¸ ˜ao anterior ao dist´urbio. Podemos representar o problema da regulac¸ ˜ao atrav´es do diagrama da Figura 1.5, substituindo cada vari´avel pelo respectivo des- vio em relac¸ ˜ao ao seu valor nominal. A referˆencia seria o valor constante zero, uma vez que o objetivo agora seria levar o desvio da sa´ıda para zero, restaurando- se desta forma a condic¸ ˜ao nominal de operac¸ ˜ao do sistema.

Malha aberta × malha fechada

  1. Sistemas de controle em malha aberta s˜ao de implementac¸ ˜ao e manutenc¸ ˜ao mais simples e s˜ao mais baratos - possuem menos componentes - do que os corres- pondentes sistemas de controle em malha fechada. Sistemas de controle em malha aberta podem ser a ´unica alternativa quando a medic¸ ˜ao da sa´ıda ´e t´ecnica ou econo- micamente invi´avel. Eletrodom´esticos como m´aquinas de lavar convencionais s˜ao exemplos t´ıpicos. Por ser ainda economicamente invi´avel medir grau de limpeza da roupa para comparac¸ ˜ao com o grau de limpeza desejado, funcionam a base de ciclos (referˆencias pr´e-programadas) controlados por timers.
  2. Se adequadamente projetados, sistemas de controle em malha fechada tornam a sa´ıda do sistema relativamente insens´ıvel a dist´urbios externos ou internos. Em princ´ıpio s˜ao mais caros - possuem mais componentes - mas por terem a capacidade de compensar dist´urbios internos, podem ser implementados com componentes de menor qualidade e custo, sem preju´ızo significativo em termos de desempenho global. Por outro lado, a realimentac¸ ˜ao pode produzir instabilidade. A quest˜ao da estabilidade da malha de controle deve ser cuidadosamente tratada ao se imple- mentar sistemas realimentados.

Exemplos ilustrativos

  1. Sistemas de controle foram originalmente introduzidos para solucionar proble-

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O sinal de erro de posic¸ ˜ao ´e transmitido ao amplificador, o qual por sua vez gera uma entrada de controle para um motor DC de im˜a permanente, respons´avel pelo posicionamento do brac¸o da leitora. PSfrag replacements

Amplificador Motor e Brac¸o

Posic¸ ˜ao Posic¸ ˜ao

Desejada Leitura

Sensor

Figura 1.7: Sistema de controle da posic¸ ˜ao de leitura.

  1. As especificac¸ ˜oes de desempenho para o sistema de controle em malha fechada s˜ao bastante r´ıgidas: o erro entre a posic¸ ˜ao desejada e a posic¸ ˜ao final da cabec¸a de leitura deve ser da ordem de ± 1 μm; a cabec¸a deve mover-se entre duas trilhas quaisquer do disco num intervalo de 50 ms.

Biomedicina

  1. O uso de conceitos e t´ecnicas de controle autom´atico na ´area de biomedicina pode ser ilustrado atrav´es da discuss˜ao de um sistema autom´atico para administrac¸ ˜ao de insulina , um hormˆonio produzido no pˆancreas.
  2. A maioria dos alimentos que ingerimos ´e transformada em glicose , uma forma de ac¸ ´ucar que ´e transformada pelo corpo humano em energia. A insulina ajuda a glicose de origem alimentar a penetrar nas c´elulas, de forma a que estas produzam energia. Na ausˆencia de insulina, a glicose se acumula no corpo ao inv´es de ser ab- sorvida pelas c´elulas. O diabetes se manifesta quando o corpo n˜ao produz insulina suficiente ou ´e incapaz de utilizar eficientemente a insulina que produz.
  3. A Figura 1.8 ilustra os perfis de produc¸ ˜ao de glicose e insulina de uma pessoa saud´avel, os quais servem de referˆencia para um sistema autom´atico para adminis- trac¸ ˜ao de insulina a ser implantado num paciente diab´etico. O sistema de controle representado na Figura 1.9 ´e do tipo malha aberta porque a tecnologia atual ainda n˜ao permite miniaturarizar um sensor para n´ıveis de glicose. Um sistema composto por um reservat´orio de insulina, motor, bomba e v´alvula administra uma taxa de

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insulina como pr´e-programado num gerador de sinal.

PSfrag replacements

Insulina

Glicose

Concentrac¸ ˜ao

Caf´e Almoc¸o Jantar tempo

Figura 1.8: Perfis normais de glicose e insulina.

PSfrag replacements

Gerador de Sinal (Programado)

Motor, Bomba e V´avula

v(t)

(tens˜ao)

u(t)

Taxa de Insullina

Figura 1.9: Controle em malha aberta de glicose.

  1. Avanc¸os na ´area de miniaturarizac¸ ˜ao de sensores dever˜ao viabilizar sistemas em malha fechada implantados para controle do n´ıvel de glicose no sangue, press˜ao sang¨u´ınea e taxa de batimento card´ıaco, entre outros.

Economia

  1. Tentativas no sentido de modelar alguns processos no campo das ciˆencias so- ciais como sistemas de controle tˆem sido realizadas com relativo sucesso. Embora a Sociedade, como um sistema, possua in ´umeros componentes e muitas malhas de controle, certas relac¸ ˜oes de causa-e-efeito b´asicas em Economia, por exemplo, podem ser representadas de forma simplificada.
  2. O Produto Interno Bruto ( PIB ) anualizado de um pa´ıs ´e a soma dos va- lores de todos os produtos e servic¸os produzidos no pa´ıs no per´ıodo de um ano.

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Revis ˜ao 1

Resposta Temporal

Func¸ ˜ao de transferˆencia Ganho DC Sistemas de primeira ordem Sistemas de segunda ordem

Func¸ ˜ao de transfer ˆencia

  1. Sistemas lineares invariantes no tempo podem ser genericamente representados por uma equac¸ ˜ao diferencial linear ordin´aria:

y(n)^ + an− 1 y(n−1)^ + · · · + a 1 y˙ + a 0 y = bmu(m)^ + bm− 1 u(m−1)^ + · · · + b 1 u˙ + b 0 u (m ≤ n),

na qual y e u s˜ao as vari´aveis de sa´ıda e de entrada do sistema e a 0 , a 1 ,... , an− 1 , b 0 , b 1... , bm s˜ao coeficientes constantes. A sa´ıda y fica completamente caracte- rizada a partir do conhecimento da entrada u, e das condic¸ ˜oes iniciais y(0), y˙(0),

... , y(n−1)(0). Aplicando a Transformada de Laplace (L) a ambos os lados da equac¸ ˜ao diferencial supondo condic¸ ˜oes iniciais nulas e dividindo Y (s) = L[y(t)] por U (s) = L[u(t)], obtemos a func¸ ˜ao de transferˆencia do sistema:

G(s) =

Y (s) U (s)

bmsm^ + bm− 1 sm−^1 + · · · + b 1 s + b 0 sn^ + an− 1 sn−^1 + · · · + a 1 s + a 0

  1. Atrav´es do conceito de func¸ ˜ao de transferˆencia ´e poss´ıvel representar um sistema dinˆamico atrav´es de uma func¸ ˜ao alg´ebrica racional (raz˜ao de dois polinˆomios) na freq¨uˆencia complexa s. Se a maior potˆencia de s do denominador de G(s) for n, dizemos que a ordem do sistema ´e n. A forma fatorada de G(s) e´

G(s) = k(s − z 1 )(s − z 2 ) · · · (s − zm) (s − p 1 )(s − p 2 ) · · · (s − pn)

na qual k e uma constante,´ z 1 , z 2 ,... , zm s˜ao as ra´ızes do numerador e p 1 , p 2 ,

... , pn s˜ao as ra´ızes do denominador de G(s). Se a func¸ ˜ao de transferˆencia for irredut´ıvel , isto ´e, se zi 6 = pj para todo i e todo j, dizemos que z 1 , z 2 ,... , zm s˜ao

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os zeros e que p 1 , p 2 ,... , pn s˜ao os p´olos de G(s). Ao lidarmos com sistemas re- presentados pelas suas func¸ ˜oes de transferˆencia devemos atentar para as seguintes propriedades b´asicas:

  • A func¸ ˜ao de transferˆencia independe da entrada aplicada ao sistema. A sa´ıda do sistema depende da entrada pois y(t) = L−^1 [G(s)U (s)]. A func¸ ˜ao de transferˆencia depende apenas dos coeficientes (que tamb´em definem a or- dem) da equac¸ ˜ao diferencial;
  • A func¸ ˜ao de transferˆencia ´e a transformada de Laplace da sa´ıda do sistema quando a entrada ´e a func¸ ˜ao impulso δ(t). De fato, se g ´e a sa´ıda do sistema devida `a entrada u(t) = δ(t) (U (s) = 1), isto ´e, se g ´e a reposta do sistema ao impulso , ent˜ao G(s) = L[g(t)].
  1. A resposta temporal de um sistema linear invariante no tempo nada mais ´e do que a sa´ıda do sistema y para uma dada entrada u. Podemos obter a resposta temporal de um sistema representado pela sua func¸ ˜ao de transferˆencia atrav´es do seguinte procedimento:

Passo 1: Obtenha a Transformada de Laplace da entrada: U (s) = L[u(t)];

Passo 2: Calcule Y (s) = G(s)U (s). Expresse Y (s) como soma de frac¸ ˜oes par- ciais : Y (s) = Y 1 (s) + Y 2 (s) + · · · + Yn(s);

Passo 3: Obtenha as anti-transformadas de Laplace das frac¸ ˜oes de Y (s). A soma dos termos resultantes ´e a reposta temporal do sistema:

y(t) = L−^1 [Y 1 (s)] + L−^1 [Y 2 (s)] + · · · + L−^1 [Yn(s)], t ≥ 0.

Os Passos 1 e 3 s˜ao normalmente executados com o aux´ılio de uma Tabela de Transformadas de Laplace. O Passo 2 envolve o c´alculo dos res´ıduos associados `as frac¸ ˜oes parciais de Y (s), atrav´es de regras dependentes da natureza dos p ´olos de G(s) (distintos, m´ultiplos, complexos).

Ganho DC

  1. Podemos calcular o valor final da resposta y de um sistema linear invariante no tempo descrito pela func¸ ˜ao de transferˆencia G(s) a uma entrada particular u

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O termo k da resposta ao degrau unit´ario (2) ´e devido ao p´olo na origem de U (s), e ´e chamado de resposta forc¸ada ou resposta em regime do sistema, porque o termo permanece quando t tende ao infinito. O termo ke−t/τ^ e devido ao p´´ olo de G(s), e ´e chamado por sua vez de resposta transit ´oria ou resposta natural do sistema, porque o termo desaparece quando t tende ao infinito. A Figura R1. ilustra a resposta t´ıpica de um sistema de primeira ordem `a entrada degrau unit´ario. Para obter a resposta a um degrau de amplitude A, basta multiplicar a sa´ıda por A.

Time (sec.)

Amplitude

Step Response

(^00) 0.5 1 1.5 2 2.5 3

1 From: U(1)

To: Y(1)

Figura R1.1: Resposta ao degrau unit´ario (k = 1, τ = 0. 5 s).

  1. A tabela abaixo indica como a exponencial e−t/τ^ decai em func¸ ˜ao de m´ultiplos da constante de tempo τ. Observamos que ap ´os quatro constantes de tempo o valor da exponencial ´e inferior a 2% do valor inicial. Consequentemente, ap ´os t = 4τ s (qualquer que seja τ ) o valor da resposta ´e superior a 98% do seu valor final, k.

t e−t/τ 0 1 τ 0. 2 τ 0. 3 τ 0. 4 τ 0. 5 τ 0.

  1. O ganho DC do sistema de primeira ordem ´e G(0) = k. Se a amplitude do degrau for A, ent˜ao o valor final da sa´ıda ser´a kA. O valor DC de um sistema pode ser calculado mesmo que a entrada n˜ao seja constante. Na pr´atica, se a entrada

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permanecer igual a A por um per´ıodo superior a 4 τ s, o valor da sa´ıda tender´a `a constante G(0)A.

  1. Resposta `a rampa unit´aria. Se U (s) = 1/s^2 , ent˜ao

Y (s) =

k s^2 (τ s + 1)

(k/τ ) s^2 (s + 1/τ )

kτ s

k s^2

kτ s + (1/τ )

A anti-transformada de Y (s) (resposta `a rampa) ´e

y(t) = kt + kτ e−t/τ^ − kτ, t ≥ 0.

O fator que multiplica a exponencial agora depende de τ. Quanto maior τ , mais prolongada ser´a a resposta transit´oria do sistema. A resposta em regime a rampa unit´aria, isto ´e, a parte da respostaa rampa que permanece quando t tende ao infinito, ´e y(t)re = kt − kτ (t → ∞). Observamos que a resposta a rampa tende a uma reta de inclinac¸ ˜ao k. A Figura R1.2 ilustra a resposta t´ıpica de um sistema de primeira ordema entrada rampa unit´aria. Do mesmo modo, para obter a resposta a uma rampa de inclinac¸ ˜ao A (s−^1 ), basta multiplicar a sa´ıda por A.

(^00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 )

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

PSfrag replacements

t (s)

u

y

Figura R1.2: Resposta do sistema `a rampa unit´aria (k = 1, τ = 0. 5 s).

Sistemas de segunda ordem

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Y (s) =

s

s + 2ξωn s^2 + 2ξωns + ω^2 n

s

s + ξωn (s + ξωn)^2 + ω^2 d

ξωn (s + ξωn)^2 + ω^2 d

Anti-transformando Y (s) com o aux´ılio de uma Tabela de Transformadas, ob- temos ent˜ao

y(t) = 1 − e−ξωnt

cos ωdt + ξ √ 1 − ξ^2

sen ωdt

e−ξωnt √ 1 − ξ^2

sen

ωdt + tg−^1

1 − ξ^2 ξ

, t ≥ 0.

A resposta oscila com freq¨uˆencia amortecida ωd e tende a 1 (amplitude do degrau unit´ario) quando t tende ao infinito. Se ξ = 0 (ωd = ωn), obtemos

y(t) = 1 − cos ωnt, t ≥ 0.

A resposta oscila sem amortecimento em torno de 1 na freq ¨uˆencia natural ωn. Dizemos neste caso que a resposta ´e n˜ao-amortecida.

Resposta criticamente amortecida. Se ξ = 1, ent˜ao

s^2 + 2ξωns + ω^2 n = (s + ωn)^2

e as ra´ızes s˜ao reais e m´ultiplas. A resposta correspondente, n˜ao-oscilat´oria, ´e

y(t) = 1 − e−ωnt(1 + ωnt), t ≥ 0 ,

sendo chamada de criticamente amortecida.

Resposta super-amortecida. Se ξ > 1 , ent˜ao

s^2 + 2ξωs + ω^2 n =

−ξωn + ωn

ξ^2 − 1

−ξωn − ωn

ξ^2 − 1

e as ra´ızes s˜ao reais e distintas. A resposta correspondente, n˜ao-oscilat´oria, ´e

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y(t) = 1 + ωn 2

ξ^2 − 1

[

es^1 t s 1

es^2 t s 2

]

, t ≥ 0 ,

na qual s 1 , 2 = −ξωn ± ωn

ξ^2 − 1 , sendo chamada de super-amortecida. Se |s 1 | << |s 2 |, ent˜ao es^2 t^ decai muito mais r´apido do que es^1 t^ e a resposta pode ser aproximada por

y(t) ' 1 +

ωn 2

ξ^2 − 1

es^1 t s 1 , t ≥ 0.

Dizemos que a ra´ız s 1 ´e dominante em relac¸ ˜ao a s 2. A resposta obtida ´e tipicamente a de um sistema de primeira ordem.