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Guias e Dicas
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Efeitos de mutágens químico e físico em aveia: ciclo vegetativo, Notas de aula de Genética

Um estudo comparativo entre o uso de mutágens químicos e físicos em populações de aveia hexaplóide, avaliando sua eficácia em alterar o ciclo vegetativo de plantas. Os autores identificaram diferentes graus de sensibilidade genética em relação às doses aplicadas e observaram que a eficiência dos tratamentos variou. Os resultados indicaram que as populações submetidas a doses mais altas de mutágens apresentaram um decréscimo no caráter ciclo vegetativo. Além disso, os autores discutiram a importância da utilização de mutágens para a criação e incorporação de novos genes agronômicos, resultando em genótipos mais estáveis e adaptados às condições edafoclimáticas do sul do brasil.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Boto92
Boto92 🇧🇷

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46 Coimbra et al.
Ciência Rural, v.35, n.1, jan-fev, 2005.
Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.1, p.46-55, jan-fev, 2005
ISSN 0103-8478
Comparação entre mutagênicos químico e físico em populações de aveia
Jefferson Luís Meirelles Coimbra1 Fernando Irajá Félix de Carvalho2 Antônio Costa de Oliveira2
José Antônio Gonzalez da Silva3 Claudir Lorencetti4
Comparison between chemical and physical mutagen in oat populations
RESUMO
Comparou-se a campo a variabilidade genética
em populações de aveia hexaplóide tratadas com agentes
mutagênicos físico e químico, através do caráter ciclo vegetativo
de plantas. Foram realizados experimentos em duas safras
agrícolas em Pelotas, RS, em 1997/98 e 1998/99. As sementes
foram irradiadas no Centro Regional de Oncologia da
Faculdade de Medicina da UFPel, com uma taxa de dose
de 0,25Gy min-1. As doses totais absorvidas para o
mutagênico físico foram 100, 200 e 400Gy e, para o
mutagênico químico 0,5, 1,5 e 3,0% por tratamento de 1200
sementes aproximadamente, em cada genótipo fixo de aveia
avaliado. Foi obtida diferença na eficiência entre os agentes
mutagênicos testados. O agente mutagênico físico foi sempre
superior em relação ao agente mutagênico químico,
independente da geração segregante avaliada, proporcionando
assim um incremento maior no número de classes fenotípicas,
tanto para redução quanto para o aumento do número de dias
entre a emergência e o florescimento. Os genótipos mostraram
sensibilidade diferenciada em relação à dose dos agentes
mutagênicos avaliados, indicando que a eficiência dos
tratamentos em alterar a variabilidade genética para
precocidade e aumento do ciclo vegetativo foi variável. De
modo geral, os dados indicaram decréscimo do caráter ciclo
vegetativo com o acréscimo da dose dos agentes mutagênicos
testados. O estudo das populações UPF-16 nas doses 100 e
200 gray submetidas ao tratamento com o agente mutagênico
físico apontaram o maior grau de divergência genética e de
dominância para o caráter ciclo vegetativo de plantas.
Palavras-chave: Avena sativa L., 60Co, EMS, ciclo vegetativo,
variabilidade genética.
ABSTRACT
Hexaploid oat genetic variability was
compared in populations treated with physical and
chemical mutagens by making a field evaluation of
vegetative cycle. Experiments were carried out in two
agricultural years in Pelotas, RS (1997/98 and 1998/
99). Seeds were irradiated at the UFPel Oncology
Center, with a dose rate of 0.25Gy min-1. The total
absorbed doses for the physical mutagen were 100,
200 and 400Gy and, for the chemical mutagen 0.5,
1.5 and 3.0% per treatment of 1,200 seeds, in each
evaluated genotype. A difference in efficiency
between mutagens was detected. The physical
mutagen was always superior to the chemical
mutagen, regardless the generation evaluated,
providing a higher increase in the number of
phenotypic classes, either leading to a reduction or
increase in the number of days between emergence
and flowering. The genotypes showed a differential
sensitivity to the doses of tested mutagens, indicating
a range of treatment efficiency in altering the genetic
variability either for early or late vegetative cycle.
In general, the results pointed to a decrease in the
character vegetative cycle when an increase in the
mutagen dose was applied. The study of populations
UPF 16 on the doses 100 and 200Gy subjected to
treatment with the physical mutagen pointed to a
higher degree of genetic divergence and dominance
for the character vegetative cycle.
Key words: Avena sativa L., 60Co, EMS, vegetative cycle,
genetic variability.
1Engenheiro Agrônomo, Doutorando do Curso de Fitomelhoramento, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Rua Marechal
Deodoro, 713/305, Centro, 96020-220, Pelotas, RS. E-mail coimbrajefferson@pop.com.br. Autor para correspondência.
2Engenheiro Agrônomo, PhD, Professor, UFPel.
3Engenheiro Agrônomo, Doutorando do curso de Fitomelhoramento, UFPel.
4Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitomelhoramento.
Recebido para publicação 17.12.03 Aprovado em 18.08.04
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46 Coimbra et al.

Ciência Rural, v.35, n.1, jan-fev, 2005.

Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.1, p.46-55, jan-fev, 2005

ISSN 0103-

Comparação entre mutagênicos químico e físico em populações de aveia

Jefferson Luís Meirelles Coimbra^1 Fernando Irajá Félix de Carvalho^2 Antônio Costa de Oliveira^2

José Antônio Gonzalez da Silva^3 Claudir Lorencetti^4

Comparison between chemical and physical mutagen in oat populations

RESUMO

Comparou-se a campo a variabilidade genética em populações de aveia hexaplóide tratadas com agentes mutagênicos físico e químico, através do caráter ciclo vegetativo de plantas. Foram realizados experimentos em duas safras agrícolas em Pelotas, RS, em 1997/98 e 1998/99. As sementes foram irradiadas no Centro Regional de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFPel, com uma taxa de dose de 0,25G y^ min -1^. As doses totais absorvidas para o mutagênico físico foram 100, 200 e 400G y e, para o mutagênico químico 0,5, 1,5 e 3,0% por tratamento de 1200 sementes aproximadamente, em cada genótipo fixo de aveia avaliado. Foi obtida diferença na eficiência entre os agentes mutagênicos testados. O agente mutagênico físico foi sempre superior em relação ao agente mutagênico químico, independente da geração segregante avaliada, proporcionando assim um incremento maior no número de classes fenotípicas, tanto para redução quanto para o aumento do número de dias entre a emergência e o florescimento. Os genótipos mostraram sensibilidade diferenciada em relação à dose dos agentes mutagênicos avaliados, indicando que a eficiência dos tratamentos em alterar a variabilidade genética para precocidade e aumento do ciclo vegetativo foi variável. De modo geral, os dados indicaram decréscimo do caráter ciclo vegetativo com o acréscimo da dose dos agentes mutagênicos testados. O estudo das populações UPF-16 nas doses 100 e 200 gray submetidas ao tratamento com o agente mutagênico físico apontaram o maior grau de divergência genética e de dominância para o caráter ciclo vegetativo de plantas.

Palavras-chave : Avena sativa L., 60 Co, EMS, ciclo vegetativo, variabilidade genética.

ABSTRACT

H e x a p l o i d o a t g e n e t i c v a r i a b i l i t y w a s c o m p a r e d in p o p u l a t i o n s t r e a t e d w i t h p h y s i c a l a n d c h e m i c a l m u t a g e n s b y m a k i n g a f i e l d e v a l u a t i o n o f vegetative cycle. Experiments were carried out in two agricultural years in Pelotas, RS (1997/98 and 1998/ 9 9 ). S e e d s w e r e i r r a d i a t e d a t t h e U F P e l O n c o l o g y C e n t e r, w i t h a d o s e r a t e o f 0. 2 5 G y m i n - 1^. T h e t o t a l a b s o r b e d d o s e s f o r t h e p h y s i c a l m u t a g e n w e r e 1 0 0 , 2 0 0 a n d 4 0 0 G y a n d , f o r t h e c h e m i c a l m u t a g e n 0. 5 , 1.5 and 3.0% per treatment of 1,200 seeds, in each e v a l u a t e d g e n o t y p e. A d i f f e r e n c e i n e f f i c i e n c y b e t w e e n m u t a g e n s w a s d e t e c t e d. T h e p h y s i c a l m u t a g e n w a s a l w a y s s u p e r i o r t o t h e c h e m i c a l m u t a g e n , r e g a r d l e s s t h e g e n e r a t i o n e v a l u a t e d , p r o v i d i n g a h i g h e r i n c r e a s e i n t h e n u m b e r o f phenotypic classes, either leading to a reduction or i n c r e a s e i n t h e n u m b e r o f d a y s b e t w e e n e m e r g e n c e a n d f l o w e r i n g. T h e g e n o t y p e s s h o w e d a d i f f e r e n t i a l sensitivity to the doses of tested mutagens, indicating a range of treatment efficiency in altering the genetic variability either for early or late vegetative cycle. In general, the results pointed to a decrease in the c h a r a c t e r v e g e t a t i v e c y c l e w h e n a n i n c r e a s e i n t h e mutagen dose was applied. The study of populations U P F 1 6 o n t h e d o s e s 1 0 0 a n d 2 0 0 G y^ s u b j e c t e d t o t r e a t m e n t w i t h t h e p h y s i c a l m u t a g e n p o i n t e d t o a h i g h e r d e g r e e o f g e n e t i c d i v e r g e n c e a n d d o m i n a n c e for the character vegetative cycle.

Key words : Avena sativa L., 60 Co, EMS, vegetative cycle, genetic variability.

(^1) Engenheiro Agrônomo, Doutorando do Curso de Fitomelhoramento, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Rua Marechal Deodoro, 713/305, Centro, 96020-220, Pelotas, RS. E-mail coimbrajefferson@pop.com.br. Autor para correspondência. (^2) Engenheiro Agrônomo, PhD, Professor, UFPel. (^3) Engenheiro Agrônomo, Doutorando do curso de Fitomelhoramento, UFPel. (^4) Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitomelhoramento.

Recebido para publicação 17.12.03 Aprovado em 18.08.

Comparação entre mutagênicos químico e físico em populações de aveia. 47

INTRODUÇÃO

O atual germoplasma da aveia utilizado no

Sul do Brasil, oriundo principalmente dos Estados

Unidos, é caracterizado pela reduzida variabilidade

genética (CARVALHO & FEDERIZZI, 1989). Uma base

genética estreita reduz, principalmente, a eficiência no

processo de seleção e o ajuste de uma nova

constituição genética a ambientes distintos. A

utilização de agentes mutagênicos físicos e químicos

pode ser de fundamental importância para criação e

incorporação de novos genes de interesse agronômico,

podendo resultar em genótipos mais estáveis e mais

adaptados às condições edafoclimáticas do Sul do

Brasil. A taxa de mutação espontânea é muito baixa; a

mutação induzida tem sido mais utilizada para elevar

as freqüências de mutações e variações que podem

ser induzidas tanto por tratamento com mutagênicos

químicos como substâncias alquilantes quanto físicos

como radiações ionizantes (PREDIERI, 2001).

Várias são as diferenças herdáveis que

surgem repentinamente nos organismos vivos. Essas

diferenças são chamadas mutações, desempenhando

importante papel na evolução de qualquer espécie

vegetal, pois o seu aparecimento e sua detecção

refletem na determinação de novos caracteres

agronômicos ficando sujeitos à seleção natural e/ou

artificial (GRANER, 1959). A ocorrência de mutação

pode ser espontânea ou provocada experimentalmente.

As mutações espontâneas são, porém, bastante raras

e o seu reconhecimento é feito, em geral, ao acaso,

principalmente através das gerações segregantes

(GAUL, 1964). Ainda de acordo com este autor, essa

taxa de mutação espontânea pode ser bastante baixa

em relação a um determinado gene. Porém,

considerando, simultaneamente, o conjunto de genes

que controlam o caráter e o tamanho do genoma, a

taxa de mutação pode atingir valores bastante

relevantes. O uso direto de mutações é um processo

valioso, especialmente quando o melhoramento de uma

ou duas características facilmente identificáveis é

desejado numa variedade bem adaptada. As mutações

benéficas podem estar acompanhadas de efeitos

colaterais desfavoráveis causados por ligações

próximas e tais características ou efeitos pleiotrópicos

que não podem ser corrigidos. Esta desvantagem pode

ser minimizada com a indução de mutação num grande

número de indivíduos independentes para o tipo

desejável e a seleção daqueles com menores níveis de

caracteres indesejáveis (PRZYBYLA, 1994).

A sensibilidade de plantas diplóides e

poliplóides tratadas com agente mutagênico e o índice

de mutação decresce com o aumento do nível de ploidia

das plantas (CHANDHANAMUTTA & FREY 1974).

Este resultado suporta a hipótese de que a duplicação

de genes nos poliplóides reduz a freqüência de

mutação. As alterações na seqüência de bases do ácido

desoxirribonucléico (DNA) ocorrem espontaneamente

e podem ser intensificadas por agentes mutagênicos

físicos e químicos, como, por exemplo, a radiação gama

(Co 60 ) e EMS (NÓBREGA 1998). Sendo assim, esta

técnica possibilita o surgimento de novas combinações

genéticas através de alterações alélicas e/ou

modificações nos cromossomos (SAHASRABUDHE

et al., 1991).

Destarte, o trabalho teve por objetivo

avaliar, comparativamente a eficiência dos agentes

mutagênicos físico versus químico em criar

variabilidade genética para o caráter ciclo vegetativo

de plantas em quatro genótipos fixos de grande

potencial de rendimento de grãos e de alta qualidade

de grãos.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido em telado e a

campo, durante os anos agrícolas de 1997 e 1998, na

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) e na

Fazenda Experimental da Palma (FEP) pertencentes à

Universidade Federal de Pelotas (UFPel), localizada

no município de Capão do Leão, RS.

Sementes genéticas de quatro genótipos

fixos de aveia hexaplóide, CTC-3, UFRGS-10, UFRGS-

14 e UPF-16 foram tratadas com os agentes

mutagênicos físico (raios gama- 60 Co) e químico

(etilmetanossulfonato-EMS). As sementes foram

irradiadas no Centro Regional de Oncologia da

Faculdade de Medicina da UFPel, com uma taxa de

dose de 0,25 G y min -1. As doses totais absorvidas

para o mutagênico físico foram 100, 200 e 400G y e,

para o mutagênico químico 0,5, 1,5 e 3,0% por

tratamento de 1200 sementes aproximadamente, em

cada genótipo fixo de aveia avaliado. Posteriormente,

todos os genótipos foram submetidos à dose padrão

constituído pela ausência de aplicação do agente

mutagênico nas sementes, a qual serviu de controle

para sensibilidade dos genótipos aos mutagênicos e

as suas respectivas doses estudadas. As sementes

permaneceram 10h30min antes da aplicação do

tratamento em água destilada. Este tempo de pré-

embebimento foi determinado num ensaio preliminar,

submetendo-se todos os genótipos ao embebimento

durante 24 horas e, pesando-se as sementes de hora

em hora até a estabilização do peso, com o intuito de

padronizar o conteúdo de água nas sementes, até

que fosse atingido o ponto de saturação (COIMBRA

Comparação entre mutagênicos químico e físico em populações de aveia. 49

com o mutagênico físico. O efeito comparativo dos

agentes mutagênicos, nas diferentes doses, na geração

M 3 está inserido na parte inferior da tabela 1. A maior

alteração no caráter ciclo vegetativo de planta surgiu

nas populações tratadas com a dose mais elevada,

independentemente do agente mutagênico avaliado, a

qual apontou diferença significativa entre as variâncias

de todas as populações estudadas. Para a estimativa

da variância, não foi verificada nenhuma modificação

significativa para a população UFRGS-14 nas doses 1 e

2, entre os mutagênicos avaliados e comparados quanto

à eficiência em alterar a magnitude da variabilidade

genética. De modo geral, os valores estimados dos

parâmetros de skewness e de curtose foram menores

do que na geração M 2 , independente do agente

mutagênico avaliado.

A análise de variância para os teste de

significância dos componentes linear e quadrático da

variância atribuível à dose dos agentes mutagênicos,

avaliados para cada genótipo, nas gerações M 2 (lado

esquerdo) e M 3 (lado direito) foi significativo (P<0,01),

indicando a necessidade de ajustar curvas distintas

para as diferentes doses de cada agente mutagênico

testado. Os resultados da análise de variância da

regressão para a variável dependente ciclo vegetativo

de plantas (dias) são eminentemente do tipo quadrática

para o agente mutagênico físico e químico,

independentemente da constituição genética e da

geração segregante avaliada, excetuando a população

CTC-3. Esse fato demonstra que o caráter ciclo

vegetativo aumenta (quando a função tem um ponto

de máxima) ou diminui (quando a função tem um ponto

Tabela 1 - Média (μ), variância (σ^2 ), skewness (s) e curtose (k) do número de plantas avaliadas (n) para o caráter ciclo vegetativo de planta (dias) em duas gerações segregantes M 2 e M 3 oriundo de tratamentos com diferentes doses do mutagênico físico raios gama ( 60 Co) e do mutagênico químico Etilmetanossulfonato (EMS) em quatro genótipos de aveia hexaplóide avaliados. Pelotas, RS, 2003.

Raios Gama – 60 Co 1 EMS^2 Populações Doses n (^) μ σ^2 s k n (^) μ σ^2 s k

Geração M 2 CTC3 1 130 106 *^ 6,52 2,80 14,03 207 105 3,24 *^ -1,18 2, UFRGS 10 1 95 107 3,38 0,86 3,24 198 107

2,

-0,64 0, UFRGS 14 1 281 103 *^ 11,85 *^ 1,72 16,06 176 108 *^ 3,46 *^ -0,50 0, UPF 16 1 265 105 7,73 *^ 3,09 34,29 236 103 *^ 4,91 *^ 0,97 2, CTC3 2 154 104 *^ 5,22 *^ -1,28 2,55 204 105 3,09 *^ -0,07 4, UFRGS 10 2 189 107 *^ 2,34 -1,10 0,46 256 108 *^ 2,40 *^ 0,01 1, UFRGS 14 2 326 105 5,14 *^ -0,99 1,08 255 107 *^ 3,46 *^ -0,75 0, UPF 16 2 309 103 9,92 1,59 18,44 212 108 8,62 0,07 0, CTC3 3 130 106 6,

-2,66 7,46 270 109

18,

2,31 6, UFRGS 10 3 131 109 6,67 *^ 0,62 4,29 186 108 4,47 -0,31 -1, UFRGS 14 3 82 106 4,72 *^ -0,44 -0,70 261 106 *^ 9,94 *^ 1,41 1, UPF 16 3 122 104 4,77 -3,84 26,21 215 103 *^ 6,01 *^ 0,31 0, Geração M 3 CTC3 1 276 105

7,

-0,82 -0,05 78 109

6,76 -0,29 -1, UFRGS 10 1 103 109 22,

1,50 0,99 129 111

2,

-1,26 0, UFRGS 14 1 283 105 *^ 5,26 -0,59 -0,45 130 108 *^ 6,53 0,11 -1, UPF 16 1 118 107 *^ 9,40 0,03 -0,73 179 105 *^ 4,78 0,48 -0, CTC3 2 259 106 *^ 21,46 *^ -0,61 2,51 165 109 *^ 5,77 *^ -0,88 0, UFRGS 10 2 259 107 19,41 *^ -2,51 18,38 211 106 *^ 9,14 *^ -0,03 0, UFRGS 14 2 190 107 9,93 0,06 -0,70 83 107 11,11 *^ 0,37 -0, UPF 16 2 62 109

4,

-0,13 0,66 439 104

7,46 0,76 0, CTC3 3 206 105 *^ 23,70 *^ 0,15 1,40 185 109 *^ 7,12 -0,09 -0, UFRGS 10 3 252 107 *^ 3,06 *^ 0,94 1,13 183 106 *^ 6,70 0,33 0, UFRGS 14 3 277 105 17,18 *^ -0,28 -0,73 246 102 *^ 21,59 *^ 0,43 0, UPF 16 3 307 101 41,81 *^ -0,63 0,40 56 101 *^ 19,67 *^ 0,41 -1,

  • (^) e * * (^) significativo a 0,05 e 0,01 de probabilidade pelo teste de t para médias, respectivamente. † e †† significativo a 0,05 e 0,01 de probabilidade pelo teste de F para variâncias em relação padrão. (^1) raios gama dose 1 = 100 Gy, dose 2 = 200 Gy e dose 3 = 400 Gy. (^2) EMS dose 1 = 0,5% v/v, dose 2 = 1,5% v/v e dose 3 = 3,0% v/v.

50 Coimbra et al.

de mínima) até certo ponto. Do mesmo modo, o agente

mutagênico químico (EMS) apontou significância para

o componente quadrático para todas as populações

avaliadas, exceto para as populações CTC-3 e UPF-

na geração M 3 , em que o componente linear foi

significativo, sugerindo que, dentro do intervalo

estudado, o caráter ciclo vegetativo de plantas diminui

linearmente com o aumento da dose do agente

mutagênico químico na geração M 3.

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho

permitem apontar que, em ambos os mutagênicos, tanto

químico quanto o físico, empregado para os quatro

genótipos fixos de aveia hexaplóide avaliados, é

possível a ampliação da variância genética nas

populações avaliadas. Resultados semelhantes foram

encontrados por vários autores que induziram

mutações em variedades cultivadas de aveia ( Avena

sativa L.) (KRULL & FREY, 1960) e arroz ( Oryza sativa

L.) (GUIMARÃES & ANDO, 1980). Estes resultados

indicam que podem ocorrer modificação no caráter ciclo

vegetativo de planta sem alterar substancialmente

outras características agronômicas (TULMANN

NETO & LATADO, 1997).

Existem dois tipos de mutações, espontânea

ou induzida, que ocorrem ao nível de fenótipo,

denominadas de macromutação e micromutação

(CHANDHANAMUTTA & FREY 1974). A

macromutação causa uma mudança no fenótipo

suficientemente grande e pode ser detectada

avaliando-se plantas individuais. Por outro lado, a

micromutação pode ser detectada somente pela

observação de um grupo de plantas. Adicionalmente

a mutação pode ser ao nível de cromossomo (rearranjos

de alguns cromossomos ou perda ou ganho no número

de cromossomos) ou gênica (substituição de bases,

inserção e deleção). Em revisão sobre a utilização e

efeitos dos mutagênicos no melhoramento de plantas,

GAUL (1964) considerou que a alteração dos caracteres

avaliados na média das progênies de plantas tratadas

com mutagênicos indicava a ocorrência de

modificações num pequeno número de genes, porém

de grande efeito sobre o genótipo; em contrapartida,

quando a variância da população tratada era superior

à da população não tratada, o autor atribuía este

incremento a modificações num grande número de

genes, porém de pequeno efeito sobre o genótipo,

sendo estes efeitos denominados de macro e

micromutações, respectivamente. As distribuições de

frequências também têm sido utilizadas para

caracterizar a presença de variabilidade e apontar a

amplitude de variação ocorrida com a utilização de

produtos mutagênicos (GAUL, 1964). De modo geral,

os resultados obtidos neste trabalho revelaram que

ambos os métodos empregados podem contribuir de

modo significativo para obtenção de incrementos na

variabilidade. Portanto, este resultado confirma a

capacidade de os agentes mutagênicos em provocar

mudanças nas freqüências genotípicas. Entretanto, é

de fundamental importância a avaliação nas gerações

seguintes ao tratamento mutagênico (M 2 e M 3 ),

objetivando a exclusão de efeitos deletérios

(BOROJEVIC, 1966).

A população CTC-3 na geração M 2 (Tabela 1)

submetida às doses extremas (1 e 3), apontou,

independentemente do agente mutagênico testado uma

alteração efetiva da magnitude da variabilidade para o

caráter ciclo vegetativo de plantas sendo que, na doses

extremas a estimativa do parâmetro skewness (s) foi

positiva e negativa, respectivamente. Este fato mostra

a eficiência destes agentes mutagênicos em alterar a

variabilidade genética deste caráter tanto para o

aumento como para a diminuição do caráter ciclo

vegetativo de plantas pois a estimativa deste parâmetro

(s) fornece uma avaliação da dominância do caráter.

Quanto à curtose, as populações submetidas ao agente

mutagênico físico foram sempre mais divergentes

geneticamente, comparativamente ao mutagênico

químico como, por exemplo, para a população UPF-16,

nas três doses testadas na geração M

2

provenientes

de raios gama que apontou o maior grau de divergência,

independentemente da geração e da constituição

genética avaliadas. As distribuições F

2

são simétricas

(s=0) quando não há dominância do caráter (ALLARD,

1960). Segundo este mesmo autor, a curva devido à

dominância, é marcante quando a herdabilidade é alta

(acima de 90%) ficando, porém quase imperceptível

com valores de herdabilidade abaixo de 25%. Pelas

considerações expostas, é sempre pertinente neste

tipo de trabalho o pesquisador avaliar e interpretar a

direção da variabilidade genética através da associação

das estimativas dos parâmetros de skewness e da

curtose. Por outro lado, para a população UFRGS-

na dose intermediária submetida ao agente mutagênico

químico (EMS) na geração M 2 (Tabela 1), a estimativa

de skewness foi muito próxima de zero (0,01), implicando

a ausência de dominância para este caráter,

significando assim que as caudas da curva são

praticamente simétricas, fato que caracteriza uma

interação alélica do tipo aditiva para esta população.

Desta forma, uma tarefa fundamental em muitas

análises estatísticas é caracterizar a direção e a

magnitude variabilidade de uma série de dados. Sendo

assim, uma análise mais profunda dos dados inclui

52 Coimbra et al.

Figura 1 - Percentagem do número total de indivíduos avaliados para o caráter ciclo vegetativo de plantas em dias para os genótipos CTC-3, UFRGS-10, UFRGS-14 e UPF-16, na geração segregante M 2 submetida aos agentes mutagênicos físico ( 60 Co-Raios gama) e químico (EMS) em três doses distintas. Pelotas, RS, 2003.

Comparação entre mutagênicos químico e físico em populações de aveia. 53

Figura 2 - Percentagem do número total de indivíduos avaliados para o caráter ciclo vegetativo de plantas em dias para os genótipos CTC-3, UFRGS-10, UFRGS-14 e UPF-16, na geração segregante M 3 submetida aos agentes mutagênicos físico (^60 Co-Raios gama) e químico (EMS) em três doses distintas. Pelotas, RS, 2003.

Comparação entre mutagênicos químico e físico em populações de aveia. 55

em aveia, permitindo a identificação de genótipos

superiores para ajuste a ambientes distintos. O

mutagênico físico possui maior eficiência na

modificação do caráter, independente da constituição

genética submetida ao tratamento mutagênico e da

geração, proporcionando assim um incremento maior

no número de classes fenotípicas tanto para redução

quanto para o aumento do número de dias entre a

emergência e o florescimento na mesma dose avaliada.

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