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Capital Erotico - Catherine Hakim, Notas de estudo de Engenharia de Produção

capital erotico

Tipologia: Notas de estudo

2017

Compartilhado em 18/10/2017

daniel-carvalho-x5j
daniel-carvalho-x5j 🇧🇷

4.8

(18)

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DADOS DE COPYRIGHT

Sobre a obra:

A presente obra é disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura.

É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo

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O Le Livros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.site ou em qualquer um dos sites parceiros apresentados neste link.

"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível."

H18c

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

Hakim, Catherine Hakim, Catherine Capital erótico [recurso eletrônico] : pessoas atraentes são mais bem-sucedidas. A ciência garante./ Catherine Hakim ; tradução Joana Faro. - Rio de Janeiro : Best Business , 2012. recurso digital

Tradução de: Honey money Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web Apêndice Inclui bibliografia ISBN 978-85-7684-652-9 (recurso eletrônico)

  1. Atração interpessoal. 2. Carisma (Traço da personalidade). 3. Sucesso
  2. Livros eletrônicos. I. Título. CDD: 302. CDU: 316.

Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Título original norte-americano HONEY MONEY Copyright © 2011 by Catherine Hakim Copyright da tradução © 2012 by Editora Best Seller Ltda.

Capa: Igor Campos Editoração eletrônica da versão impressa: Abreu’s System

Publicado primeiramente na Grã-Bretanha pela Penguin Books Ltd.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sem autorização prévia por escrito da editora, sejam quais forem os meios empregados.

Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o mundo reservados

pela Editora BEST SELLER Ltda. Rua Argentina, 171, parte, São Cristóvão Rio de Janeiro, RJ – 20921- que se reserva a propriedade literária desta tradução

Produzido no Brasil

ISBN 978-85-7684-652-

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Atendimento e venda direta ao leitor: mdireto@record.com.br ou (21) 2585-

Introdução O capital erótico e a política do desejo

Anna perdeu seu emprego bem-remunerado no mercado financeiro, então teve de se esforçar para encontrar um novo trabalho. Passou a comer menos, exercitou-se, perdeu peso e conquistou uma aparência dez anos mais jovem. Foi ao cabeleireiro e recoloriu e cortou o cabelo, o que a favoreceu e a fez parecer ainda mais jovem e ativa. Foi às compras e investiu em um terninho caro que exibia sua nova silhueta e a deixava tão atraente quanto profissional — e usou-o em todas as entrevistas. Anna se sentia confiante com ele. Três meses depois, ela conseguiu um novo emprego em consultoria, recebendo 50% a mais do que no antigo. Anna trabalha no setor privado, onde as aparências importam bem mais que no serviço público. Entretanto, qualquer um poderia fazer o mesmo. Por que uma pessoa não investiria em um atributo que complementa a inteligência, a especialização e a experiência? Frequentemente, as pessoas que procuram por um emprego são aconselhadas a confiar em sua rede de contatos, a explorar seu capital social. Porém, melhorar a aparência e o estilo pode ser igualmente eficiente. Cunhei o termo “capital erótico” para aludir a uma obscura, embora crucial, combinação de beleza, sex appeal, capacidade de apresentação pessoal e habilidades sociais — uma união de atrativos físicos e sociais que torna alguns homens e mulheres companhias agradáveis e bons colegas, atraentes para todos os membros de sua sociedade e, especialmente, para o sexo oposto. Estamos habituados a valorizar o capital humano — qualificações, instrução e experiência de trabalho. Mais recentemente, começamos a reconhecer a importância do estabelecimento de redes de contatos e do capital social — quem conhecemos em vez de o que conhecemos. Este livro apresenta as evidências e o impacto de um talento completamente ignorado até agora e que nunca recebera um nome: capital erótico. O capital erótico é tão importante quanto o humano e o social para entender os processos sociais e econômicos, a interação entre pessoas e a mobilidade social ascendente. É essencial para compreender a sexualidade e os relacionamentos sexuais. Nas individualistas e sexualizadas sociedades modernas, o capital erótico está se tornando mais importante e valorizado, tanto para homens quanto para mulheres.

Entretanto, as mulheres têm uma tradição mais longa de desenvolvê-lo e explorá-lo, e descobri que estudos normalmente concluem que elas possuem mais sex appeal que os homens. Os artistas sabem disso há séculos. Consultores que auxiliam na busca de empregos nos lembram de que nunca temos uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão. As pessoas selecionadas para entrevistas são todas adequadamente qualificadas e têm a experiência de trabalho requerida. As entrevistas podem revelar talentos extras — como o capital erótico — que ajudem a definir quem será contratado. Anna já possuía os diplomas e o conhecimento, então investiu nesse outro atributo que, muitas vezes, é negligenciado. Para pessoas com pouca — ou nenhuma — qualificação, o capital erótico pode ser o mais importante atributo pessoal. Como a inteligência, o capital erótico tem valor em todas as áreas da vida, da sala de reuniões ao quarto. Pessoas atraentes cativam os outros como amigos, amantes, colegas, fregueses, clientes, fãs, seguidores, eleitores, partidários e patrocinadores. São mais bem-sucedidas na vida pessoal (com maior possibilidade de escolha de parceiros e amigos), mas também na política, nos esportes, nas artes e na vida profissional. Em Capital erótico, quero explorar os processos sociais que ajudam as pessoas atraentes a ir mais longe, mais rápido. Em que idade ser atraente começa a fazer diferença? As pessoas mais bonitas e elegantes reconhecem essa vantagem? Existe algum elo entre a beleza e o intelecto, de forma que alguns poucos privilegiados possuam dupla vantagem? Quem não nasceu belo pode desenvolver atrativos mesmo assim? Em seu primeiro estágio, meu estudo lançou um enigma. Pesquisas demonstram que os homens se beneficiam financeiramente do capital erótico até mais que as mulheres! Como eu esperava, elas atingem níveis mais altos de atratividade social e física — provavelmente porque se esforçam mais em ter boa aparência e ser agradáveis —; porém, eles recebem compensações mais altas por seus parcos esforços. Na verdade, o capital erótico das mulheres não parece ser tão bem recompensado quanto o dos homens — sobretudo na força de trabalho. Por que isso acontece e o que se pode fazer a respeito são questões que discuto ao longo do livro. Parte da explicação para esse fato parece ser o que chamo de “déficit sexual masculino”, ou seja, a maior intensidade do desejo sexual dos homens, que os deixa frustrados desde cedo. Isso exerce uma influência subliminar nas atitudes masculinas em relação às mulheres, especialmente no âmbito pessoal, mas também no profissional. Descobri o déficit sexual masculino por acidente, quando examinava os resultados de recentes pesquisas sobre sexo realizadas pelo mundo. Segundo a sabedoria popular, os homens nunca estão sexualmente satisfeitos. A interação entre o

encantador e persuasivo, o conhecimento de tecnologia da informação, a capacidade de pilotar um avião ou de correr mais rápido que os outros. O capital erótico pode ser crucial para casais estáveis, alterando sutilmente as negociações diárias entre os parceiros sobre papéis e responsabilidades. A maioria das pesquisas analisa casais heterossexuais, mas um padrão similar ocorre entre casais homossexuais nos quais um dos parceiros é mais jovem e atraente que o outro. Isso resulta na “economia sexual” dos relacionamentos pessoais,3 ou, como intitulo, a “sexonomia”, na qual se baseiam todas as trocas e relações entre homens e mulheres. No Capítulo 6, redefino os entretenimentos eróticos, a indústria do sexo comercial e grande parte da indústria da propaganda como negócios que vendem capital erótico. Estando ou não envolvidos serviços sexuais, as mulheres e os homens da indústria do entretenimento tendem a ser jovens — certamente mais jovens que a maioria dos clientes — atraentes, bonitos, dinâmicos e em boa forma, exibindo grande sex appeal e, frequentemente, apresentando uma variedade de outras habilidades sociais ou talentos artísticos, como dançar, cantar ou fazer acrobacias. Até mesmo a indústria da música se tornou erotizada, recrutando cantores com base em sua capacidade de externar sexualidade e vitalidade em vídeos e no palco. Propagandas de roupas e perfumes se tornaram extremamente sexualizadas. A publicidade costuma usar o sex appeal feminino para vender todo tipo de produto, de detergentes a carros e óleo de motor. O Capítulo 7 analisa o valor do capital erótico nos negócios — como ele ajuda a vender produtos, serviços, ideias e diretrizes na política, na mídia, no ambiente de trabalho, nos esportes e nas artes. Na indústria de serviços, o elemento de habilidades sociais do capital erótico pode ser especialmente importante por criar um estilo e uma sensação particulares ao serviço prestado, por exemplo, em uma boate ou em um bar. Habilidades sociais também são valorizadas em todos os empregos de colarinho- branco, especialmente em administração e em funções que envolvem contato com fregueses ou clientes. Agora, até mesmo políticos e acadêmicos consideram útil ser atraentes e elegantes, além de bem informados, pois a TV os expõe, assim como as suas ideias, ao olhar do público. Ainda que a rentabilidade do poder erótico esteja concentrada em determinadas ocupações, diversos estudos demonstram que existe um perceptível “adicional por beleza” de 10% a 20% no salário, distribuído por toda a força de trabalho, assim como os 10% a 20% acrescidos pela altura. O capital erótico parece uma ideia tão óbvia, que temos de nos perguntar por que nunca foi identificado antes. Meu argumento, na Parte I, é que a política do desejo prejudicou as mulheres como um todo. O capital erótico desempenha um papel vital no estímulo do desejo masculino e, menos agressivamente, do feminino. É de praxe

que os debates sobre o capital erótico e seu valor sejam influenciados pelos desejos e pelas necessidades sexuais masculinos. Normalmente, eles não se dispõem a admiti-lo, para que as mulheres não explorem essa “fraqueza”. Assim, o capital erótico feminino se entrelaçou ao déficit sexual, aos egos masculinos e à retórica que cerca as disputas de poder entre homens e mulheres. A política sexual moderna envolve a constante negação do valor do capital erótico e da sexualidade das mulheres na vida pessoal. As feministas alegam ser mito que os homens tenham uma libido mais intensa, que essa é meramente uma desculpa usada para justificar mau comportamento. Elas insistem que não existe diferença real entre homens e mulheres no que diz respeito à sexualidade, assim como em outras áreas. Para provar que estão erradas, examino cuidadosamente as evidências no Capítulo 2, e considero as implicações dos diferentes níveis de desejo entre homens e mulheres para o valor do capital erótico. Meu interesse está no impacto que essa diferença onipresente exerce na importância do capital erótico — e em sua relação com a negação de seu valor. Para justificar minha conclusão de que essa diferença no desejo — que chamo de “déficit sexual masculino” — é um fenômeno universal, as evidências de pesquisas sobre sexo realizadas no mundo todo são apresentadas detalhadamente. É crucial estabelecer este como um novo fato do qual os cientistas sociais se esquivaram, e explorar seu impacto nos relacionamentos entre homens e mulheres, tanto na vida pessoal quanto na pública. Como os benefícios do capital erótico são consideráveis, precisamos nos perguntar: por que esse atributo pessoal não foi explicitamente reconhecido até agora? No Capítulo 3, argumento que as ideologias patriarcais têm subestimado sistematicamente o capital erótico feminino para desencorajar as mulheres de lucrar com ele — à custa dos homens. Como as mulheres geralmente possuem mais capital erótico que os homens, eles negam sua existência e seu valor, e têm tomado providências para garantir que as mulheres não possam explorar legitimamente sua importante vantagem. Infelizmente, as feministas radicais de hoje reforçam as objeções “morais” do patriarcado à exploração do capital erótico. Muitos dos escritos feministas modernos conspiram com as perspectivas chauvinistas masculinas por perpetuar esse desprezo pela beleza e pelo sex appeal das mulheres. A ideologia do “aparencismo” e a insurreição das “gordinhas” são as últimas expressões dessa negação do valor social e econômico do capital erótico. O feminismo é uma ideologia abrangente, com muitos elementos adversos. Em geral, as feministas francesas e alemãs reconhecem e valorizam o capital erótico das mulheres (sem usar o conceito). Sua consciência do capital erótico feminino ajuda a explicar o profundo abismo que divide as feministas radicais puritanas anglo-saxãs da maioria de suas irmãs europeias.

PARTE I

O capital erótico e a política sexual moderna

  1. O que é capital erótico?

Pessoas atraentes se destacam. Os outros as notam, são conquistados por elas, têm boa vontade com elas. O presidente Barack Obama possui muitos talentos, é inteligente e extremamente culto, mas é provável que o fato de ser um homem bonito, elegante, bem-vestido e de estar em forma tenha contribuído para que se tornasse o primeiro negro a ser eleito presidente dos Estados Unidos, especialmente porque sua mulher, Michelle, também preenche todos esses requisitos. Elizabeth Taylor teve uma beleza estonteante desde a infância, e iluminou a tela em todos os seus filmes. Os homens sempre a consideraram atraente, e ela se casou oito vezes durante sua longa vida. A beleza extraordinária parece ter um apelo global. A atriz chinesa Gong Li é uma das maiores beldades do mundo e foi tão bem-sucedida no filme americano Miami Vice quanto em uma série de películas do diretor chinês Zhang Yimou. O jogador de golfe americano Tiger Woods é conhecido por ser o primeiro atleta a ultrapassar 1 bilhão de dólares em ganhos com a carreira, a maior parte proveniente de acordos multimilionários de patrocínio, e não de sua ocupação principal como atleta, pois seu apelo é global, não apenas local.1 Nesse caso, uma esposa e filhos atraentes também eram parte de seu apelo. Esses são exemplos de pessoas famosas, mas o mesmo padrão pode ser observado na vida cotidiana. Pessoas física e socialmente atraentes têm um “quê”, uma vantagem, um encanto que pode beneficiá-las em todos os aspectos da vida e em todas as profissões. Todos sabem que o dinheiro pode comprar praticamente qualquer coisa. Como ocorreu com o “capital econômico” — agora que a economia ocidental se tornou uma meritocracia — também nos acostumamos a falar sobre “capital humano” para nos referir aos enormes benefícios econômicos e sociais de uma boa educação e da experiência profissional. Da mesma forma, o capital humano descreve a contribuição dos funcionários para qualquer iniciativa na economia do conhecimento. Mais recentemente, adotamos o termo “capital social” para nos referir aos valores econômico e social de amigos, parentes e contatos profissionais — distinguindo quem

demonstra o conceito francês de belle ou jolie laide. Belle laide (ou beau laid, no caso dos homens) se refere a uma mulher feia que se torna atraente por meio de suas habilidades de apresentação e de seu estilo. Entrar em forma, corrigir a postura, usar cores e modelos favoráveis — tais mudanças podem contribuir para uma aparência completamente nova. Ainda assim, muitas pessoas não fazem esse esforço. A beleza extrema é sempre rara e universalmente valorizada. Um segundo elemento é a atratividade sexual, que pode ser bastante diferente da beleza clássica. Até certo ponto, a beleza está ligada principalmente a um rosto atraente, enquanto a atratividade sexual tem a ver com um corpo sexy. Entretanto, o sex appeal pode depender de personalidade e estilo, feminilidade ou masculinidade, jeito de ser, maneira de interagir socialmente. A beleza tende a ser estática, por isso é facilmente capturada em fotos. A atratividade sexual está na maneira como alguém se movimenta, fala ou se comporta, de forma que só pode ser registrada em filme ou observada diretamente. Muitos jovens possuem sex appeal, mas este pode enfraquecer rapidamente com a idade. Os gostos pessoais também variam. No mundo ocidental, os homens supostamente se dividem entre aqueles que priorizam seios, nádegas ou pernas, mas, na maioria das culturas, é a aparência geral que importa. Alguns homens gostam de mulheres delicadas, e até pequenas, enquanto outros são atraídos pelas altas e elegantes. Algumas mulheres procuram homens com músculos desenvolvidos e corpos fortes e atléticos, enquanto outras preferem uma aparência esguia e mais feminina. Essas duas variações da masculinidade ideal são representadas nas óperas indonésias e chinesas: o estudioso refinado, civilizado e inteligente e o guerreiro vigoroso e dinâmico — o poder da caneta e o poder da espada, respectivamente. Apesar dessas variações no gosto pessoal, o sex appeal é escasso e, portanto, universalmente valorizado. Um terceiro elemento do capital erótico é totalmente social: graça; charme; capacidade de interação; a habilidade de conquistar pessoas, de deixá-las felizes e à vontade; de gerar interesse e, quando for apropriado, desejo. A habilidade de flertar pode ser aprendida, mas não é universal. Algumas pessoas em posições de poder têm muito charme e carisma; outras não têm nenhum. Alguns homens e mulheres são habilidosos no flerte discreto em todos os contextos; outros são inábeis. Novamente, essas habilidades sociais têm seu valor. Um quarto elemento é o dinamismo, um misto de boa forma física, energia social e bom humor. Pessoas animadas podem ser imensamente atraentes para os outros — como provam aqueles que são descritos como “a alma da festa”. Algumas sociedades valorizam o humor. Na maioria das culturas, o dinamismo é exibido através da dança ou das atividades esportivas — motivo pelo qual os atletas normalmente têm

um encanto especial. O quinto elemento diz respeito à apresentação social: estilo de vestir, maquiagem, perfume, joias ou outros adornos, cortes de cabelo e os diversos acessórios que as pessoas carregam ou usam para anunciar ao mundo seu status social e estilo. Monarcas e presidentes vestem-se para funções públicas de forma a enfatizar seu poder e sua autoridade. Fardas militares e outros uniformes formais anunciam status, hierarquia e autoridade, e têm conotações eróticas para muitas pessoas. Quando comparecem a uma festa ou a outro tipo de evento social, as pessoas comuns vestem- se para ficar atraentes, assim como para anunciar seu status social e financeiro a qualquer desconhecido que encontrarem. A relativa ênfase na roupa sexy ou nos símbolos de status social depende do local e do evento. No passado, leis suntuárias controlavam o uso de símbolos de status no vestuário das pessoas.4 Nos dias atuais, a moda desempenha em parte esse papel. Hoje, o foco está tanto na exibição da sexualidade e da tribo de estilo tanto quanto no status econômico. Por todo o mundo, casamentos encorajam trajes glamourosos, enquanto funerais exigem recato e simplicidade. Quem tem habilidade para se apresentar socialmente e se vestir de maneira apropriada é mais atraente que aqueles que parecem mendigos. O sexto elemento é a própria sexualidade: competência sexual, energia, imaginação erótica, diversão e tudo o mais que compõe um parceiro sexualmente satisfatório. Se alguém é ou não um bom amante, apenas seu parceiro sabe. É claro que essa competência pode variar não só com a idade, mas também de acordo com a competência e o entusiasmo do outro, devido ao elemento interativo. Uma libido intensa não garante por si só a competência sexual, embora aqueles que a possuam tenham mais probabilidade de adquirir a experiência que, eventualmente, conduz a uma habilidade maior. Com raras exceções, as pesquisas sobre sexo não fornecem absolutamente nenhuma informação sobre o apelo e a competência sexual das pessoas.5 Elas revelam variações dramáticas no impulso sexual em todas as populações: uma pequena minoria de homens e mulheres extremamente ativos sexualmente, a maioria moderadamente ativa, uma minoria praticamente celibatária.6 Parece razoável concluir que a habilidade sexual não é um atributo universal, mesmo entre adultos, e que a competência extrema é propriedade de poucos. Esse fator está listado por último, pois normalmente se aplica apenas a relacionamentos pessoais e íntimos, ao passo que os outros cinco atuam em todos os contextos sociais, visivelmente ou não. Para os homens, assim como para as mulheres, todos os seis elementos contribuem para definir o capital erótico. Sua importância relativa normalmente difere entre os sexos, e varia entre culturas e em diferentes séculos. Em Papua-Nova Guiné,

uma vantagem sobre os homens. Pode-se dizer também que o capital reprodutivo é um quinto atributo pessoal distinto, que parece ter valor reduzido nas sociedades modernas do século XXI em relação ao que tinha nas sociedades agrícolas caracterizadas pela alta fecundidade. Em algumas culturas, os capitais erótico e cultural são firmemente entrelaçados, como ilustrado pelas heteras da Grécia Antiga, pelas gueixas japonesas e pelas cortesãs da Renascença italiana. Tais mulheres eram admiradas tanto pelos talentos artísticos — na dança; no canto; na pintura; no manejo ao tocar um instrumento musical ou ao recitar e compor poesias — quanto por sua beleza e seu sex appeal. Veronica Franco foi uma renomada poetisa italiana e também uma famosa cortesã. Os equivalentes modernos são os atores e cantores que projetam sex appeal em filmes, vídeos e no palco, como Monica Bellucci, George Clooney, Beyoncé Knowles, Enrique Iglesias. Alguns artistas criam um trabalho de arte performática a partir de sua própria persona, dentro e fora do palco — como demonstram os estilos extravagantes de cantores populares, como Lady Gaga, Grace Jones e David Bowie. O capital erótico é, portanto, uma combinação de atratividade estética, visual, física, social e sexual para outros membros de nossa sociedade, especialmente para o sexo oposto, em todos os contextos sociais. (Uso os termos “poder erótico” e “capital erótico” alternadamente, como forma de variação estilística.) O capital erótico inclui habilidades que podem ser aprendidas e desenvolvidas, assim como traços definidos no nascimento, como ser alto ou baixo, negro ou branco.12 As mulheres geralmente possuem mais poder erótico que os homens, mesmo em culturas nas quais a fertilidade não é um elemento integrante, e elas o exploram de maneira mais ativa. Por exemplo, tipicamente as mulheres têm cabelos mais elaborados que os homens, dedicam mais tempo ao cuidado e à manutenção da aparência. Conheço mulheres que possuem mais de cem pares de sapatos, em todas as cores e estilos, enquanto seus maridos contentam-se com apenas dois ou três pares. O capital erótico é um atributo importante para todos os grupos que têm menos acesso aos capitais econômico, social e humano, incluindo adolescentes e jovens, minorias culturais e étnicas, grupos desfavorecidos e imigrantes. Meu conceito de capital erótico é muito mais amplo que as versões anteriores focadas no sex appeal,13 é apoiado por recentes evidências de pesquisa sobre sexualidade e entretenimentos eróticos, é exato em relação aos elementos constituintes, e se aplica tanto à cultura majoritariamente heterossexual quanto às subculturas gays minoritárias da América do Norte e da Europa. Valeria a pena comparar culturas e estudar tendências ao longo do tempo para descobrir como o capital erótico difere entre homens e mulheres, que elementos têm

mais peso e como ele é valorizado em comparação a outros atributos pessoais. Meu foco neste livro está nas sociedades modernas contemporâneas, pois é nelas que o capital erótico adquire maior importância e valor.

O quarto atributo pessoal

Os indivíduos possuem quatro tipos de atributos pessoais, sendo o capital erótico o quarto. A distinção e a relação entre os capitais econômico, cultural e social foram determinadas pela primeira vez em 1983, pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. Os conceitos se mostraram tão úteis que rapidamente ingressaram na linguagem diária, bem como nas ciências sociais, especialmente na Europa. O capital econômico é a soma dos recursos e habilidades que as pessoas usam para produzir ganhos financeiros — como dinheiro, terras ou imóveis. O capital cultural inclui o capital humano como este é definido pelos economistas: qualificações educacionais, treinamento, habilidades e experiência profissional, que são valiosos no mercado de trabalho e podem ser usados para obter rendimentos. Entretanto, o conceito de capital cultural de Bourdieu vai além do simples capital humano e inclui conhecimento cultural e artefatos. Tal conceito engloba os recursos de informação e os atributos valorizados pela sociedade, como conhecimento sobre arte, literatura e música, a cultura internalizada que define o bom gosto e a pronúncia apropriada, elementos que tornam alguém “distinto”. Também inclui artefatos culturais como pinturas, partituras, esculturas, peças e livros, bela mobília, casas históricas ou concebidas por arquitetos — coisas concretas que podem se tornar propriedades, ser compradas e vendidas (ao contrário do bom gosto), e ajudam a elevar a posição social de alguém. Novos-ricos normalmente consolidam seu recente status social investindo em artefatos culturais. Como definido por Bourdieu, o capital social é a soma de recursos, reais ou potenciais, que passam a pertencer a uma pessoa ou a um grupo a partir de seu acesso a uma rede de relacionamentos ou do ingresso em uma comunidade, tribo ou clube que possa produzir relacionamentos úteis — a distinção entre quem conhecemos e o que conhecemos. Aplicar o termo capital social pode, assim, transformar coisas como “mexer os pauzinhos”, “pistolão”, nepotismo e corrupção em atos aparentemente aceitáveis. A máfia italiana apoia-se intensamente no capital social, assim como políticos e acadêmicos que criam compromissos de apoio e reconhecimento mútuos para avançar na carreira. O capital social pode ser usado para ascender socialmente, para exercer poder e influência ou para ganhar dinheiro — bons contatos sociais podem ser cruciais para alguns empreendimentos de