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CURATIVOS
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
INSTITUTO NACIONAL DE TRÁUMATO-ORTOPEDIA
Diretor do INTO:
Sérgio Luiz Côrtes da Silveira
Coordenador de Ensino e Pesquisa:
Sérgio Eduardo Vianna
Coordenador da Unidade Hospitalar:
Francisco Matheus
Divisão de Enfermagem (DIVEN):
Ivanise Arouche
Conselho Editorial:
Érica Almeida L. Silva Ieda Cristina Sanches Juliana Melo Rodrigues Marilene Nunes Marisa Peter Sandra Vasconcelos
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“...Todos nós temos problemas que não gostamos de lembrar, que achamos feios, doloridos, sujos, e os escondemos
dos outros como feridas feias e infectadas. Alguns colocam ataduras que envolvem as estruturas vizinhas para camuflá-
las, tal como um tornozelo enfaixado...” “...Também estas feridas necessitam de tratamento,
embora o tempo se comprometa, na maioria das vezes, a cicatrizá-las por segunda intenção. Se expusermos nossas
feridas, realizaremos as limpezas necessárias em nossas mentes e em nosso interior, poderemos abreviar o tempo do sofrimento.
Algumas vezes ficarão cicatrizes, que irão para sempre nos lembrar as lições que a vida nos ofertou...”
“... Para o tratamento de feridas alguns requisitos básicos
são necessários: conhecimento, dedicação, paciência, determinação, carinho e amor...”
Prof. Dr. Jamiro da Silva Wanderley do livro “Abordagem Multiprofissional do Tratamento de Feridas” - São Paulo / 2003.)
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O paciente ortopédico requer uma atenção especial quando trata-se de lesões de
pele; por este apresentar, de forma agregada ou isolada, ferimentos de etiologia cirúrgica
(incisão ou excisão); traumática (agressão mecânica, térmica ou química) e, crônica
(fisiopatologia subjacentes, por exemplo, a úlcera de pressão).
Existem alguns fatores que podem aumentar o risco para o comprometimento da
integridade da pele deste cliente, como, estado nutricional e perfusão tecidual alterados,
fragilidade capilar, idade, posicionamento prolongado no leito e alteração da mobilidade.
No desenvolvimento das atividades de enfermagem em uma instituição de referência
em tráumato-ortopedia, localizada na cidade do Rio de Janeiro, foi percebida a necessidade
de um instrumento de orientação e de fácil utilização para o auxílio na realização dos
curativos diários.
Diante de tal fato, foram formuladas orientações que reúnem algumas das mais
conhecidas referências bibliográficas sobre curativos e feridas.
Este instrumento aborda inicialmente breves conhecimentos a despeito dos tipos de
cicatrização e métodos para a avaliação das feridas, fornecendo conteúdo teórico que
contribua para evolução e registro das feridas, de maneira contínua, e com qualidade.
Posteriormente são descritos os principais curativos utilizados na referida instituição,
sendo discriminados sua composição, mecanismo de ação, indicações, tipos de feridas,
contra-indicações, modo de usar, periodicidade da troca e algumas observações
importante.
Cabe ressaltar, que não é intuito deste manual modificar e ou sobrepujar as normas
e rotinas já presentes na instituição. Este instrumento tem como objetivo acrescentar de
forma simples, conhecimentos para facilitar a realização dos curativos pelos profissionais
que os executam, tornando mais fácil e rápida a recuperação das lesões em questão.
As Autoras
- Técnicas Básicas para a Realização de Curativos .................................................... CURATIVOS
- Tipos de Cicatrização .........................................................................................
- Primeira Intenção
- Segunda Intenção
- Terceira Intenção
- Tipos de Avaliação das Feridas .............................................................................
- Classificação das Feridas pelo grau de lesão tissular
- Classificação das Feridas quanto à profundidade
- Classificação das Feridas quanto às cores que o leito apresenta
- Classificação das Feridas quanto ao aspecto do exsudato
- Classificação das Feridas de acordo com a dimensão
- Fluxograma para Tratamento de Feridas
- Feridas Cirúrgicas = Álcool 70 %
- Solução de Soro Fisiológico 0,9% (SF 0,9%) + Cobertura Seca ..............................
- Curativo Úmido com Solução Fisiológica a 0,9% ....................................................
- Clorexidina Alcoólica ...........................................................................................
- Membranas ou Filmes Semipermeáveis (Curativo de Filme Transparente Adesivo) .......
- Ácidos Graxos Essenciais (AGE) ...........................................................................
- Hidrogel ............................................................................................................
- Alginato de Cálcio ..............................................................................................
- Placa de Hidrocolóide ..........................................................................................
- Colagenase .......................................................................................................
- Carvão Ativado .................................................................................................
- Cobertura Não-Aderente Estéril ...........................................................................
- Sulfadiazina de Prata ..........................................................................................
- Bota de Unna ....................................................................................................
- Papaína .............................................................................................................
- Hidrofibra ..........................................................................................................
- Referências Bibliográficas ....................................................................................
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(C) Terceira Intenção
Ocorre quando há fatores que retardam a cicatrização de uma lesão
inicialmente submetida a um fechamento por primeira intenção. Esta situação
acontece quando uma incisão é deixada aberta para drenagem do exsudato e,
posteriormente, fechada.
Tipos de Avaliação das Feridas
Avaliar e documentar a evolução da ferida é imprescindível para se determinar
o tratamento apropriado para cada caso. Esta avaliação e documentação deve ser feita de forma SISTEMÁTICA, desde a ocorrência da lesão até sua completa resolução. Existem alguns tipos de abordagens para se avaliar uma lesão, tornando a sistematização mais eficaz. Seguem abaixo alguns dos mais utilizados e conhecidos:
(A) Classificação das feridas pelo grau de lesão tissular Sistema do National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) As ulceras de pressão são classificadas por ESTÁGIOS
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(B) Outra nomenclatura para classificar o grau de lesão diz respeito à profundidade da ferida, que pode ser superficial ou parcial, quando atinge
apenas a epiderme, podendo chegar à derme sem, no entanto atravessá-la; e profunda ou total quando, além das camadas superiores pode envolver,
também, o subcutâneo, músculo e ossos.
(C) Existe também uma classificação para lesões abertas baseadas nas cores
que o leito da ferida apresenta
Sistema RYB (Red, Yellow, Black)
Categoriza o ferimento por meio da observação das cores vermelha, amarela ou
preta e suas variações
(D) Classificação quanto ao aspecto do exsudato
Exsudato seroso é plasmático;
Aquoso, transparente normalmente presente em lesões limpas; Exsudato sanguinolento lesão vascular;
Cor vermelha com aspecto limpo indica presença de tecido de granulação saudável;
Vermelho escuro com aparência friável é indicativo de processo infeccioso em andamento;
Vermelho opaco, tendendo ao cinza, significa uma diminuição ou retardo da granulação;
Vermelha Amarela
Amarelo forte há grande quantidade de material fibrótico e outros componentes oriundos da degradação celular;
Por vezes há uma mistura das cores amarela e vermelha indicando haver granulação mas persistindo, ainda, tecido fibrótico no leito da ferida;
Preta
Cor preta confirma presença de tecido necrótico;
Podem estar presentes, também, o pus e o material fibroso que favorecem a proliferação de microorganismos;
Obs: * Quando a lesão apresentar mais de uma cor deverá ser classificada pela cor que indica a situação mais crítica *
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Fluxograma para Tratamento de Feridas
- Importante ressaltar que estas são apenas algumas sugestões de tratamento para as lesões. Sabemos que cada ferida tem sua característica individualizada, necessitando de constante avaliação do Profissional. *
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Feridas cirúrgicas = Álcool 70%
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Curativo Úmido com Solução Fisiológica a 0,9%
Composição:
Mecanismo de Ação:
- Limpa e umedece a ferida;
- Favorece a formação de tecido de granulação;
- Amolece os tecidos desvitalizados;
- Favorece o desbridamento autolítico.
Indicação:
- Manutenção da ferida úmida.
Tipos de Feridas:
- Feridas com cicatrização por 2ª ou 3ª intenção.
Contra - indicação:
- Feridas com cicatrização por 1ª intenção e locais de inserção de cateteres, introdutores, fixadores externos e drenos.
Modo de usar:
- (A) Deiscência de Sutura:
- Lavar a ferida com jatos de SF 0,9%;
- Manter gaze de contato úmida com SF 0,9% no local;
- Ocluir com cobertura secundária estéril (gaze, chumaço ou compressa seca);
- Fixar; (B) Feridas Abertas:
- Lavar o leito da ferida com jatos de SF 0,9%;
- Remover exsudatos limpando a ferida com gazes embebidas em solução fisiológica com movimentos leves e lentos, para não prejudicar o processo cicatricial.
- Remover tecidos desvitalizados com auxílio de gaze, pinça ou bisturi;
- Colocar gazes de contato úmidas com SF 0,9% o suficiente para manter o leito da ferida úmido até a próxima troca;
- Ocluir com cobertura secundária estéril (gaze, chumaço ou compressa seca);
- Fixar.
Periodicidade de Troca:
- De acordo com a saturação do curativo secundário ou no máximo a cada 24 horas:
- Pouco exsudato: a cada 24 horas;
- Moderado exsudato: a cada 12 horas; •Intenso exsudato: entre 6 e 8 horas, ou sempre que necessário.
Observações:
- A Solução Fisiológica pode ser substituída por Solução de Ringer Simples;
- A Solução de Ringer possui composição eletrolítica isotônica, com quantidade de potássio e cálcio semelhante as do plasma sanguíneo.
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Clorexidina Alcoólica
Composição:
- Digluconato de Clorexidina em veículo alcoólico.
Mecanismo de Ação:
- A atividade germicida se dá por mudanças fisiológicas e citológicas
e o efeito letal é devido à destruição da membrana citoplasmática
bacteriana.
Indicação:
- Antissepsia de pele e mucosas;
- Na inserção de cateteres vasculares para prevenção de colonização.
Tipos de Feridas:
Inserção de cateter vascular.
Contra - indicação:
Feridas abertas de qualquer etiologia.
Modo de usar:
- Limpar o local de inserção com gaze e SF 0,9%;
- Secar com gaze;
- Aplicar a solução alcoólica de clorexidina;
- Ocluir com fina camada de gaze e fixar, ou com cobertura de filme
transparente.
Periodicidade de Troca:
- Cateteres - cobertura com gaze: cada 24 horas;
- Filme transparente – até no máximo 07 dias ou quando com sujidade,
umidade, enrugamento, soltura ou qualquer outro tipo de
comprometimento.
Observações:
Os curativos devem ser inspecionados diariamente e trocados quando
sujos ou úmidos.
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Ácidos Graxos Essenciais (AGE)
Composição:
- Óleo vegetal composto por ácido linoleico, ácido caprílico, ácido
cáprico, vitamina A, E e lecitina de soja.
Mecanismo de Ação:
- Promove a quimiotaxia (atração de leucócitos) e angiogênese
(formação de novos vasos), mantém o meio úmido e acelera o
processo de granulação tecidual;
- A aplicação tópica em pele íntegra tem grande absorção, forma
uma película protetora na pele, previne escoriações devido à sua alta
capacidade de hidratação e proporciona nutrição celular local.
Indicação:
- Prevenção de úlceras de pressão;
- Tratamento de feridas abertas.
Tipos de Feridas:
Contra - indicação:
- Feridas com cicatrização por 1ª intenção.
Modo de usar:
- Lavar o leito da ferida com jatos de SF 0,9%;
- Remover exsudato e tecido desvitalizado se necessário;
- Espalhar AGE no leito da ferida ou embeber gazes estéreis de
contato o suficiente para manter o leito da ferida úmida até a próxima
troca;
- Em feridas extensas pode-se espalhar o AGE sobre o leito da ferida
e utilizar como cobertura primária gazes embebidas em solução
fisiológicas a 0,9%;
- Ocluir com cobertura secundária estéril (gaze, chumaço, compressa
seca ou qualquer outro tipo de cobertura adequada);
Periodicidade de Troca:
- Trocar o curativo sempre que a cobertura secundária estiver saturada
ou no máximo a cada 24 horas.
Observações:
- O AGE pode ser associado ao alginato de cálcio ou carvão ativado
e diversos tipos de cobertura.
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Hidrogel
Composição:
- Gel transparente, incolor, composto por:
- Água (77,7%); - Carboximetilcelulose - CMC (2,3%);
- Propilenoglicol – PPG (20%);
- Pectina;Podemos encontrar o hidrogel com os quatro componentes,
ou com apenas alguns deles.
Mecanismo de Ação:
- Amolece e remove o tecido desvitalizado através de desbridamento
autolítico;
- Água: mantém o meio úmido;
- CMC: facilita a reidratação celular e o desbridamento;
- PPG: estimula a liberação de exsudato;
- Pectina: absorve a água formando soluções coloidais viscosas e
opalescentes (gel) com propriedades protetoras sobre as mucosas.
Indicação:
- Remover crosta e tecidos desvitalizados de feridas abertas.
Tipos de Feridas:
- Feridas com crostas, fibrinas, tecidos desvitalizados e necrosados.
Contra - indicação:
- Utilizar em pele íntegra e incisões cirúrgicas fechadas.
Modo de usar:
- Lavar o leito da ferida com SF a 0,9%;
- Espalhar o gel sobre a ferida ou introduzir na cavidade
assepticamente;
- Em feridas extensas pode-se espalhar o gel sobre o leito da ferida
e utilizar como cobertura primária gazes embebidas em solução
fisiológicas a 0,9%;
- Ocluir a ferida com cobertura secundária estéril.
Periodicidade de Troca:
- Feridas infectadas: no máximo a cada 24 horas ou de acordo com
a saturação da cobertura secundária.