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ARTIGO CIENTIFICO ACADÊMICO
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Mário Ferreira Neto^1
Resumo
Toda vez que assistimos aos resultados das pesquisas eleitorais, seja como membro de algum grupo político ou como eleitor, uma dúvida vem à nossa mente: Será que devemos confiar nos dados apresentados nos levantamentos em relação aos candidatos a um cargo público? Há casos de pesquisas para Prefeito em que, menos, de 1.000 pessoas são entrevistadas dentro de um universo eleitoral de mais de 140.000 pessoas (eleitores aptos). Além disso, sempre há reclamações dos partidos políticos e candidatos que estão em má posição nas disputas eleitorais, segundo as pesquisas. As acusações são desde distorções na forma de coleta de dados até má-fé na hora da divulgação.
Apesar destes argumentos contrários em relação à confiabilidade e credibilidade das pesquisas eleitorais, indispensável em uma pesquisa eleitoral, boa metodologia de amostragem , boa coleta de dados e apuração realizada de forma correta.
O objetivo deste trabalho é esclarecer questões relevantes divulgadas nas pesquisas eleitorais, principalmente para leitores não familiarizados com a teoria estatística. As informações contidas em uma pesquisa eleitoral possuem aspectos técnicos relativamente simples, que devem ser considerados por todos aqueles que tenham interesses em compreendê-las, em analisá-las e interpretá-las.
Introdução
A Estatística é um conjunto de métodos que, utilizando procedimentos matemáticos, visa conhecer e descrever a realidade que nos cerca, analisar seus fenômenos naturais e sociais e fornecer informações de apoio às Ciências. A Estatística é uma das Matemáticas, assim como o Cálculo Integral, a Geometria e a Trigonometria. A Estatística consiste em contar , medir , classificar , relacionar , comparar , prever , testar e analisar os dados que expressam as características desta realidade.
A palavra Estatística foi criada no século XVII, por Helenus Politanus. Seria uma variação do termo Estadística , algo como conhecimento das coisas do Estado , “Estado”, aqui querendo dizer “governo”. A Estatística, em seus primórdios, já foi chamada de
(^1) Acadêmico do Curso de Direito da Faculdade de Palmas - FAPAL (4º Semestre) – Contador Judicial do
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (Aposentado) – Professor de Matemática da Rede Pública do Estado do Tocantins (Aposentado) – Professor da Faculdade ITOP de Matemática Financeira e Estatística - Especialista em Matemática e Estatística pela Universidade Federal de Lavras, Estado de Minas Gerais.
Matemática Política , por Sir William Petty (1623-1687), um dos primeiros economistas, mas a palavra retorna na tradução para a língua inglesa, por John Arthubnot (1667-1735), de um trabalho de Huygens (1629-1695) sobre o cálculo de probabilidades, em seus trabalhos posteriores.
Estatística é trabalho de pesquisa, é investigação sobre a realidade. Compreendemos a Estatística através de sua história, uma história em que homens e mulheres se debruçaram sobre os problemas que surgiram e ainda surgem desta ação.
O método estatístico é processos de contar, medir e classificar conjuntos, com um número muito grande de elementos - “conjuntos de tamanho infinito”, se tornaram complexos e trabalhosos, à medida que estes conjuntos cresciam mais e mais de tamanho.
A nossa questão é conhecer a “ realidade ”, quando esta realidade é complexa, incerta, irregular, variada e freqüentemente mutável. Têm-se três processos para conhecer a “ realidade ”: o censo ( censo ou recenseamento é o processo de coleta de dados em que todo o conjunto universo é pesquisado. Todos os elementos do conjunto são estudados, um a um e o censo só termina quando todo o conjunto universo for totalmente abrangido), o levantamento ( levantamentos são parecidos com o censo, mas são realizados em um subconjunto do universo, chamado partição , “escolhido” segundo informações anteriores que indicam que aquele subconjunto é bastante “representativo” do universo) e o método estatístico (procedimento de descrever universos de qualquer tamanho, analisar as relações entre seus elementos e efetuar todos os processos estatísticos de previsão e testes).
A população ou universo em estudo é definido e delimitado, alguns de seus elementos são “sorteados” para compor um subconjunto da população chamada amostra. Antes de efetuar este sorteio, o universo é homogeneizado , isto é, deve-se garantir que “ cada elemento do universo tem a mesma probabilidade de ser sorteado que qualquer outro elemento ”.
A amostra obtida é de tamanho muito menor do que a população. Portanto, passível de ser estudada, isto é: podemos calcular sobre a amostra uma série de medidas que descrevem a amostra. Estas medidas descritivas da amostra são chamadas de estatísticas. São medidas como a média e a mediana , a variância, o desvio padrão e outras.
As estatísticas descrevem a amostra, ou melhor, traduzem em números a constituição e a relação entre seus elementos. A partir das estatísticas que descrevem a amostra, é efetuada uma série de cálculos matemáticos com o objetivo de determinar outros números, que são chamados de parâmetros. Estes parâmetros são medidas estatísticas que descrevem a população. O cálculo dos parâmetros é chamado de Inferência Estatística.
Os atributos são algo como as qualidades ou características que os elementos de um universo e das amostras dele extraídas possuiriam. Estes atributos podem ser valorados, isto é, assumir diferentes valores, numéricos ou não , passando a se chamar variáveis. Embora os processos de amostragem e inferência sejam baseados no Cálculo de Probabilidades, muitas amostras são coletadas por outros processos, não-probabilísticos ou
Suzana de Camargo Gomes conceitua pesquisas como:
“consultas feitas junto a determinadas faixas da população com a objetividade de restarem aferidas as preferências, as escolhas, as opiniões, enfim, o pensamento a respeito de determinado ponto ou aspecto. Trata-se de uma coleta de dados por amostragem, posto que somente parte do universo é investigado, sendo que se chega à conclusão a respeito das manifestações coletadas, utilizando-se para tanto critérios matemáticos, estatísticos, a permitir, daí, uma avaliação a respeito da opinião pública num determinado momento”.
As informações estatísticas permeiam o cotidiano dos cidadãos, as quais conduzem suas tomadas de decisões. Contudo, muitas dessas informações contêm armadilhas e logros, que o cidadão comum não consegue contestar por não possuir conhecimentos básicos de Estatística: Estatística Descritiva e Inferência Estatística.
Cada vez mais, assistimos à poluição das informações com estatísticas, gráficos, sobretudo, números.
Um exemplo claro da cilada estatística eleitoral, basta lembrar o pleito eleitoral para o Governo do Estado da Bahia para vermos como a mídia televisiva e impressa usa uma linguagem, que acaba por ser assumida e conhecida pelo cidadão comum. Termos antes restritos à academia, tais como: amostragem, margem de erro, nível de confiança, adentram nos lares brasileiros no horário nobre da televisão. Jornais, outdoors, revistas, estampam gráficos e números, cada vez mais coloridos, eficientes, envolventes e sofisticados, porém não são sempre confiáveis e fidedignos.
Desde o início do século XX já se alertava que para ser um cidadão pleno, esse deveria estar capacitado para calcular, pensar em termos de média, mínimo e máximo, assim como a ler e escrever, neste sentido entendia H. G. Wells que dizia: “ Raciocinar estatisticamente será um dia tão necessário quanto à habilidade de ler e escrever ”.
O apelo para o uso da representação gráfica deve-se a eficiência para transmitir informações e por ser visualmente mais prazerosa, existindo evidências de que os formatos gráficos apresentam a informação de uma forma mais amena para as pessoas perceberem e raciocinarem mais facilmente sobre a informação repassada pela mídia televisada ou outros veículos de comunicação.
Um exemplo claro, simples e muito familiar para qualquer cidadão brasileiro é a pesquisa eleitoral, pois a cada dois anos, o Brasil tem eleições e a disputa eleitoral tem nos resultados das pesquisas eleitorais, talvez a principal referência.
Nas eleições do pleito de 2006, muitos institutos de pesquisa, conhecidos e conceituados, erraram seus prognósticos de forma muito grave. O exemplo mais contundente foi da eleição para o Governo no Estado da Bahia.
Em termos de votos válidos, o candidato Paulo Souto sempre esteve pelo menos 20% à frente do segundo colocado, o candidato Jacques Wagner. Do ponto de vista estatístico, com estes dados, a probabilidade de uma reversão da tendência seria infinitamente pequena, quase impossível. No entanto, não só o candidato Jacques Wagner
ultrapassou o candidato Paulo Souto, como o fez com folga, vencendo o pleito já no primeiro turno.
Observe-se a importância de informações estatísticas como esta, aqui noticiada, pelo seu impacto na formação de opinião dos eleitores. Estudos mostram que os resultados das pesquisas eleitorais induzem o eleitor, havendo a propensão ao voto vencedor ou voto útil. Isto é muito grave, pois o cidadão fica vulnerável a informações como estas, não compreendendo o processo estatístico e de uso da informação.
Neste caso, quero não acreditar que tenha havido má-fé no processo estatístico de coleta e análise de dados, uma vez que a credibilidade e confiança são dois valores que qualquer instituto de pesquisa de opinião almeja. A credibilidade está em função da maior quantidade de acerto nas pesquisas desses institutos.
Assim, surge a indagação: Por que um erro grave, comprometedor das pesquisas? Levanto algumas hipóteses, dentre elas a mais importante é de que a Estatística, assim como qualquer ferramenta científica, parte de pressupostos que devem ser respeitados, tais como, por exemplo, a distribuição aleatória e representativa da amostra em relação à população em estudo. Um sistema eficiente de controle de qualidade da coleta de dados - lembrar de quem colhe os dados, são pessoas, dentre outras questões operacionais.
Por outro lado, a Estatística é somente uma ferramenta, que cria ou produz dados estatísticos “ frios ” e “ limitados ”. Quem dá vida aos dados transformando-os em informações relevantes são as pessoas, aquelas que lêem e traduzem seus significantes em significados, os especialistas - cientistas políticos, sociólogos, publicitários e etc.
Exatamente, neste ponto, surge a pergunta: Será que esse processo é bastante complexo que um professor, seja de Matemática ou qualquer outra área não consiga fazer essas leituras. Acredito que sim, pelo menos entender o processo envolvido na geração desses dados, tendo em vista que, em tese, esse professor é formado em curso de nível superior, em que, tem a disciplina obrigatória de Estatística Básica.
Mas, se por um lado, a “ guerra ” política pelos votos dos cidadãos pode desencadear uma disputa acirrada e nada ética, traduzida em uma “ guerra ” de informações, onde as palavras, os números e os discursos se transformam em artimanha e astúcia deixando vulnerável o cidadão.
A pesquisa eleitoral encontra amparo na liberdade de informação e vem sendo protegida desde os primórdios da Era Moderna com a Declaração Universal dos Direitos Humanos: “todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e de transmitir informações e idéias por quaisquer meios independentemente de fronteiras”.
Por outra vertente, a pesquisa eleitoral tem a capacidade de influenciar e de induzir o eleitorado, bem como de ter seus resultados manipulados e distorcidos que pode ser convertida em instrumento privilegiado de propaganda.
Pesquisa eleitoral e enquete não se confundem por que esta não traz em si a marca da formalidade pertinente a aquela, por se tratar de mero levantamento de opiniões em uma população, sem controle de amostra que não utiliza método científico-estatístico para a sua realização, obtidos apenas por participação espontânea do interessado.
As informações que ora apresento são para alertar ao brasileiro, em especial ao público tocantinense de ‘ como contestar estatística de pesquisa eleitoral ’, tendo em vista a praxe adotada pela maioria dos institutos de pesquisas-estatísticas de intenções de voto nos anos eleitorais, geralmente se manipulam dados estatísticos com certa armadilha.
O objetivo deste trabalho é desmistificar as idéias pré-concebidas sobre estatísticas eleitorais para se evitar o “ fascínio ” por números, percentagens e gráficos ou a ignorância sobre como estes números, percentuais e gráficos são produzidos e turvem o senso crítico das pessoas.
Não são todas as estatísticas referentes às pesquisas eleitorais veiculadas ao público, principalmente pela mídia televisiva, jornais ou revistas, distorcidas ou erradas que merecem ser consideradas com suspeição, mas muitas vezes as informações apresentadas e divulgadas são incompletas ou tendenciosas, se torna difícil acreditar nas pesquisas.
Para se verificar a confiabilidade e validade de uma pesquisa-estatística eleitoral, seja veiculada por jornal televisivo ou jornal escrito de grande aceitação e circulação ou revista especializada, deve-se fazer algumas considerações:
Procure saber quem está divulgando a estatística: pode ser uma empresa de negociação política, um sindicato na mesma situação ou uma entidade vinculada ao governo ou uma empresa “ independente ” especializada em pesquisa e estatística eleitoral que precisa mostrar resultados sobre pesquisas de intenções de voto ou um jornal ou revista com intenções de divulgar boa matéria, objetivando informar ao público sobre determinadas situações.
Em anos, mesmo antes da realização do pleito eleitoral, os institutos de pesquisas-estatísticas: Ibope, Data Folha, Vox Populi, Sensus, Serpes e etc., veículos de comunicações locais: TV Anhanguera, Jornal do Tocantins, Revista ou Periódico e etc., iniciam suas pesquisas-estatísticas afetas a intenções de voto aos pretensos candidatos a cargos eletivos, anteriormente ao registro de candidatura perante o órgão competente: Zona Eleitoral - Cartório Eleitoral, Tribunal Regional Eleitoral ou Tribunal Superior Eleitoral, o primeiro no caso de eleições municipais.
Procure os viesamentos deliberados e inconsistentes aplicados aos resultados da pesquisa-estatística, porque um viesamento comum é encontrado na forma de apresentar os resultados. Os institutos de pesquisas realizam a sua pesquisa e tabulação dos dados, fornecendo-os aos veículos de comunicações que a divulgam ambos afirmam que o candidato x obteve y% de intenções de voto, mas não são divulgados os parâmetros e variáveis adotados ou a metodologia utilizada na realização da pesquisa, apenas faz menção de algum critério, mas não serve de base para a confirmação do que se afirma.
Os institutos de pesquisa em períodos eleitorais atuam como verdadeiros termômetros da vontade popular, tendo em vista que tem significativa influência na opinião do eleitor. Com isso, surgem as indagações: Como são realizadas as amostragens? Qual a confiabilidade dos números divulgados? Por que uma investigação realizada com menos de 1.000 pessoas pode revelar o ânimo de mais de 140.000 eleitores? Qual a empresa- instituto realizou a pesquisa? Qual o grau de credibilidade e confiabilidade da pesquisa divulgada pelo instituto que a pesquisou? Quem encomendou a pesquisa? A pesquisa obedece aos parâmetros estatísticos com fidelidade ou é manipulada ou tendenciosa? Quais os critérios estatísticos e matemáticos considerados na tabulação dos dados e nos resultados? Quais os eventuais erros, a pesquisa em si ou a divulgação dos resultados? O cidadão de bom sendo crítico tem pretensão de ver estas questões respondidas com objetividade.
Se o elaborador da pesquisa utilizar a Média Aritmética, Media Geométrica, Media Harmônica, Media Ponderada e Mediana - das medidas de posição ou tendência central a mais utilizada e a Média Aritmética , para calcular a porcentagem “ média ” das intenções de voto ao candidato x, esta média pode ser dissociada da realidade ou distorcida dos dados coletados na pesquisa por valores discrepantes, por estarem distantes da maioria dos outros candidatos.
Se o elaborador da pesquisa utilizar à mediana para calcular a porcentagem das intenções de voto ao candidato x, esta mediana divide um conjunto de amostra - parte considerável da população, ordenada de dados em duas partes iguais, isto é, uma metade é maior do que a mediana e outra é menor.
Para melhor compreensão, adota-se a divulgação de pesquisa-eleitoral dos pretensos candidatos ao Governo Municipal de Palmas - Estado do Tocantins, pelo Jornal “ Primeira Página ” de 11 a 17 de dezembro de 2011: Marcelo Lelis ( 49,9% ), Eli Borges ( 7,2% ), Nilmar Ruiz ( 6,4% ), Eduardo Gomes ( 6,3% ), Wanderlei Barbosa ( 4,1% ), Edna Agnolin ( 4,1% ), Luana Ribeiro ( 4,0% ), Kátia Abreu ( 3,8% ), Alan Barbiero ( 1,6% ), Hermes Damaso ( 1,6% ), Carlos Amastha ( 1,0% ), Indecisos ( 8,6% ) e Branco-Nulos ( 1,3% ).
Nos resultados divulgados, a pretensa candidata Luana Ribeiro ( 4,0% ) é ponto central e sua porcentagem de intenções de voto (percentagem mediana) representa melhor a importância e a relevância do conjunto da amostra da população pesquisada. Assim, a pesquisa quantitativa divulgada, passa a conferir aval técnico-científico à notícia “espetacularizada”, para lhe dar maior credibilidade.
Antes de divulgar uma pesquisa-estatística se devem procurar os indícios de viesamento: uma amostra selecionada indevidamente ou que seja muita pequena, permite e conduz uma conclusão não-confiável, além de produzir no eleitorado uma opinião dissociada da realidade, porque a opinião não se mede e não se pesa, não se toca e não se vê, por ser intangível e invisível.
Assim, poderão ocorrer erros quanto à veracidade da informação do entrevistado: a) o informante pode mentir em relação a seus dados demo-sócio-
O caso de pequena amostra, no caso em referência da pesquisa-estatística de intenções de voto à Prefeitura de Palmas, tão-somente se entrevistou 606 eleitores , nos dias 1º a 4 de dezembro de 2011, com margem de erro de 3,5% e – 3,5%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Palmas têm uma população de 223.817 habitantes ( www.censo2010.ibge.gov.br/dados ). Segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Tocantins - TRE-TO, Palmas têm um eleitorado de 140.583 eleitores aptos ( www.tre-to.jus.br ), dos quais 71.698 são femininos (51%) e 68. são masculinos (49%). De acordo com a faixa etária (idade): 18 a 24 anos: 26.711 (19%), 25 a 34 anos: 43.581 (31%), 35 a 44 anos: 30.928 (22%), 16 e inferior a 18 anos e superior a 44 anos: 39.363 (28%). Escolaridade: 1º grau incompleto: 36.552 (26%), 2º grau incompleto: 29.522 (21%), 2º grau completo: 29.522 (21%), 3º grau incompleto e completo: 44. (32%).
Referente à amostra pequena é necessário maior cautela e precaução para se evitar vício ou macula na afirmação conclusiva da pesquisa-estatística. Por exemplo, uma pesquisa-estatística em uma amostra de 606 pessoas eleitoras. O Município de Palmas possui 140.583 eleitores aptos a votar. A amostra desta população representa 0,4311% do eleitorado do Município. Se utilizar uma amostra bastante pequena, o resultado obtido pode ter ocorrido totalmente por acaso. Concluo que, diante destes dados, não se pode afirmar, mesmo adotando a margem de erro, considerada (3,5% e – 3,5%), tratar-se de uma pesquisa-estatística com confiabilidade e fidelidade conclusiva para um ou outro candidato.
O pesquisador deverá tomar todos os cuidados e cautelas ao selecionar os elementos e variáveis da amostra, antes de iniciar-se a pesquisa, adotar critérios qualitativos e quantitativos e portar-se com maior honestidade e ética imaginável, porém, mesmo assim, a chance de um resultado ser “ por acaso ” é multo elevado.
Quando a amostra da população é grande (10% da população) ou muito elevada (20% da população), aquele risco persiste, mas a probabilidade de sua ocorrência se reduz drasticamente.
Por exemplo, se um instituto de pesquisa-estatística afirmar ou dizer que a intenção de voto para as eleições municipais de 2012 para Prefeito de Palmas do candidato x é de y%. Posteriormente, três ou seis meses, vier a afirmar de que a intenção de voto ao candidato x subiu para (y% + z%) ou baixou para (y% – w%). Com isso, foi provado estatisticamente de que o candidato x será eleito ou derrotado nas eleições municipais. O que você (eleitor) fará? Observe o tamanho da amostra, apenas 606 ou até 1.000 eleitores, se pesquisados e a percentagem de intenções de voto obtidas, no caso da amostra divulgada poderia ter ocorrido totalmente por acaso.
Um dos casos mais intrigantes para nós – brasileiros, é o resultado de pesquisa eleitoral. É plenamente possível obter resultados confiáveis, fiéis e válidos, se utilizar de metodologia de amostragem e tratamento de dados adequados e coerentes. Mas não se esqueça que há uma variação em torno dos percentuais divulgados (+3,5% ou – 3,5%), geralmente há uma pequena probabilidade de o valor ser “ verdadeiro ”, percentual esteja naquele intervalo de erro. No caso de amostra pequena, menor do que 1% da população é
coerente e conveniente para a confiabilidade e fidelidade da pesquisa que a margem de erro seja de + 5% para – 5%.
Deve se considerar: Estatística é a ciência que trata da coleta, análise e disposição de dados; na estatística descritiva, são descritas várias formas de medição e análise de dados; população é todo que se quer descrever (eleitores aptos a votar no Município de Palmas); qualquer eleitor representa um grupo (amostra); amostragem é o retrato do momento; a pesquisa é preparação do questionário e a efetivação da entrevista de qualquer eleitor, considerando os atributos qualitativos; perfil é a definição das características de um eleitor; margem de erro; grau de confiabilidade depende do alvo a ser atingido; estratos: renda familiar (baixa, média e alta), nível de escolaridade (analfabeto, lê e escreve, 1º grau incompleto, 1º grau completo, 2º grau incompleto, 2º grau completo, 3º grau incompleto e 3º grau completo), faixa etária - idade (16 a 17 anos, 18 a 25 anos, 26 a 35 anos, 36 a 45 anos, 46 a 55 anos, acima de 55 anos), setor residencial (norte, centro norte, centro, centro sul, sul, zona rural, zona suburbana), sexo (masculino, feminino, homo- afetivo), religião (ateu, budista, católico, espírita, evangélico, etc.), dentre outros.
A inferência estatística é o processo de se obter informações para tomar decisões sobre uma população. Inferência estatística é o processo pelo qual estatísticos extraem conclusões acerca da população usando informação de uma amostra. A população se refere a todos os casos ou situações as quais o pesquisador quer fazer inferências ou estimativas. Uma amostra é um subconjunto da população usado para obter informação acerca do todo. Características de uma população que diferem de um indivíduo para outro e as quais se tem interesse em estudar são chamadas variáveis. Cada unidade - membro da população que é escolhido como parte de uma amostra fornece uma medida de uma ou mais variáveis, chamadas observações.
Nas pesquisas eleitorais, quase todos os institutos de pesquisas, utilizam estimativas de uma amostra como “ melhor chute ” para os verdadeiros valores populacionais. Exemplos são a média amostral, o desvio padrão amostral, a mediana amostral, os quais estimam a verdadeira média, desvio padrão e mediana da população, que são desconhecidos. Os verdadeiros desconhecidos são valores populacionais chamados parâmetros.
Deve-se realizar cautelosamente o teste de hipótese que é a verificação das hipóteses sobre a população, mediante os critérios e variáveis estatísticas. O erro é cumulativo na estatística, por isso requer um cuidado maior. O erro surge quando se elimina ou rejeita alguma casa decimal ou centesimal que deveria considerá-la. A não-significância consiste no valor da probabilidade de se cometer um erro. O poder do teste consiste na probabilidade de rejeição.
As influências mais relevantes que se observam com os resultados das pesquisas eleitorais que se divulgam, costuma ocorrer em três campos do processo eleitoral: a) no ânimo das militâncias quando o pleito envolve candidatos com algum enraizamento em segmentos sociais organizados; b) na capacidade de captação de financiamento privado para a disputa; c) no trabalho do marketing político e desempenho midiático que as intenções de votos publicadas por meio de pesquisas migram de uma zona de influência
Certeza absoluta não se tem, mas pode-se estabelecer estatisticamente, certo nível de confiança que indique uma alta probabilidade de aquelas estimativas espelharem a realidade. O nível de confiança é determinado de comum acordo entre o instituto de pesquisa e o cliente (quem contratou a pesquisa).
Uma pesquisa realizada praticamente 10 meses antes da eleição é somente um indicativo do grau de conhecimento do eleitorado em relação aos pré ou pretensos candidatos e uma medida da simpatia ou antipatia que cada um das pessoas pesquisadas desperta em relação aos supostos candidatos. Afirmo com certeza, o cenário de hoje não será o do dia da votação (eleição – 7/outubro/2012). Mas, diante desta ressalva, a pesquisa mostra tendências, dificuldades, por si só, cria um fato político.
Conclusões
As pesquisas eleitorais sempre foram tema de polêmica desde que começaram a ser realizadas pelo Ibope em 1945. Desta época em diante, as pesquisas de intenção de voto passaram a ser comuns nas eleições brasileiras. Muitos institutos surgiram e as técnicas e métodos por eles utilizados foram se aperfeiçoando. Mas, sempre que o Brasil passa por um novo processo eleitoral, as mesmas polêmicas, envolvendo as pesquisas, voltam à mídia.
Conclui-se que a inferência estatística deve considerar, sobretudo, as variáveis qualitativas e quantitativas conduzidas na população para se extrair uma amostra considerável para realização da análise da estatística descritiva em função da probabilidade de um evento (atributo ou estrato) ocorrer e que possa ou não resultar em erro.
Os parâmetros da população a serem adotados, a média, a variância e o desvio padrão para conduzi-los a inferência e ao método de amostragem com análise de estimativa destes parâmetros em relação à amostra considerada (subconjunto da população). A amostra deve, no mínimo, ser de 3% a 5% da população. No caso da pesquisa de intenção de voto divulgada para a Prefeitura de Palmas pelo Jornal “ Primeira Página ” desta semana, deveria ser de 4.250 a 7.050 eleitores aptos a exercer o direito de voto, no mínimo.
O estatístico sem domínio da lei aleatória que rege a seleção da amostra é impedido de conhecer as propriedades das estimativas. Ademais, compromete o cálculo, mesmo aproximado, do erro e do intervalo de confiança das estimativas. O desconhecimento da lei de seleção (métodos não probabilísticos) determina não existência de embasamento teórico do método de estimação, não gera fórmula do cálculo do erro e da confiabilidade. Estes são realizados por fórmulas gerais baseadas em propriedades de grandes amostras.
Neste trabalho procurou-se dar uma idéia dos problemas enfrentados pelos Institutos de Pesquisas, durante a realização de uma pesquisa de intenção de voto, mostrou- se os possíveis erros que poderão acontecer bem como as fórmulas utilizadas para determinar o tamanho da amostra.
Os defensores da idéia de que as pesquisas sejam proibidas, argumentam que a divulgação das pesquisas teria uma forte influência nos resultados finais da eleição. Não há dúvida que deverá existir um controle rigoroso por parte da imprensa, pelo Juiz Eleitoral, Tribunal Regional Eleitoral, Tribunal Superior Eleitoral, sobretudo, pela sociedade.
É necessário que as informações sobre determinada pesquisa seja disponibilizada para todos os interessados, permitindo que a seriedade seja avaliada. A idéia de proibir a realização das pesquisas ou impedir a sua divulgação nos parece não ser aceitável, pois de uma forma ou de outra as pesquisas continuam a ser realizadas e divulgadas de uma forma camuflada nos meios de comunicação, onde a sociedade não privilegiada seria a grande prejudicada.
Não se pretendeu aqui discorrer sobre métodos estatísticos, mas apenas trazer algumas informações da estatística quando usada nas pesquisas sociais (eleitorais). Há outros pontos (especialmente sobre estatística) que ficaram de fora, os quais podem ser estudos em obras específicas desta ciência. Mesmo em se tratando de pesquisa social, não se pretendeu esgotar o tema, mas apenas compartilhar informações assimiladas quando da realização da pesquisa que aqui foi relatada que poderá auxiliar o cidadão, o político, a imprensa quando este se defrontar com a análise de alguma pesquisa.
Entendo que as pesquisas eleitorais podem ser usadas como instrumento privilegiado de propaganda, com poder para desequilibrar o pleito, o legislador buscou, através da legislação pertinente, impor regras à divulgação das pesquisas, mas se tem mostrada ineficiente.
O aparato legislativo existente visa a proteger o eleitor da divulgação de dados imprecisos, incorretos ou manipulados e se configura em grande avanço rumo ao combate à fraude na realização e divulgação da pesquisa eleitoral, porque torna possível a qualquer dos candidatos que disputam o pleito o controle da mesma.
O Poder Judiciário Eleitoral tem contribuído com a idoneidade do processo de pesquisa eleitoral, cabendo-lhe exercer papel administrativo na avaliação do registro e divulgação da pesquisa, já que não tem conhecimento técnico suficiente para averiguação dos dados e escolha de métodos depositados em Cartório. O Judiciário deveria ter especialista para as análises estatísticas registradas, para coibirem as pesquisas distorcidas dos dados e dissociadas da realidade fática.
As pesquisas eleitorais traduzem em argumentação. A argumentação é um recurso que tem como propósito convencer alguém, para que esse tenha a opinião ou o comportamento alterado (acompanhar a opinião divulgada pela pesquisa). Sempre que faço alguma argumentação, tem-se o intuito de convencer alguém a pensar como penso. No momento da construção textual, os argumentos são essenciais, esses serão as provas que se apresenta, com o propósito de defender a idéia e convencer o leitor de que essa argumentação é a correta.