Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Apostila de Estratigrafia, Manuais, Projetos, Pesquisas de Geologia

Apostila de Estratigrafia desenvolvida pelo professor Gabriel Uhlein

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2020
Em oferta
30 Pontos
Discount

Oferta por tempo limitado


Compartilhado em 04/11/2020

jonathan-lourenco
jonathan-lourenco 🇧🇷

4.8

(4)

4 documentos

1 / 96

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
ESTRATIGRAFIA
GERAL
Código da disciplina GEL005
Prof. Alexandre Uhlein
Prof. Henri Dupont
Guilherme Labaki Suckau
Júlio Carlos Destro Sanglard
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49
pf4a
pf4b
pf4c
pf4d
pf4e
pf4f
pf50
pf51
pf52
pf53
pf54
pf55
pf56
pf57
pf58
pf59
pf5a
pf5b
pf5c
pf5d
pf5e
pf5f
pf60
Discount

Em oferta

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Apostila de Estratigrafia e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Geologia, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

ESTRATIGRAFIA

GERAL

Código da disciplina – GEL

Prof. Alexandre Uhlein

Prof. Henri Dupont

Guilherme Labaki Suckau Júlio Carlos Destro Sanglard

SUMÁRIO

Cráton Amazônico. Bacias cratônicas (Paleozóicas – Mesozóicas).

  • 01 – Introdução, definição e relação com outros ramos da geologia....................................................
    • 1.1 - Desenvolvimento e Evolução da Estratigrafia Moderna....................................................................
    • 1.2 - Relação com Outras Disciplinas........................................................................................................
    • 1.3 - Aplicações Práticas e Econômicas das Análises Estratigráficas de Bacias.....................................
  • 02 – Revisão sobre Ambientes e Fácies Sedimentares........................................................................
    • 2.1 – Ambiente Sedimentar.......................................................................................................................
    • 2.2 – Fácies Sedimentar............................................................................................................................
    • 2.3 - Sistemas deposicionais.....................................................................................................................
    • 2.4 - Tratos deposicionais..........................................................................................................................
    • 2.5 – Seqüências deposicionais................................................................................................................
    • 2.6 - Classificação dos Ambientes Sedimentares e Fácies / Sistemas Sedimentares..............................
  • 03 – Noções de classificação estratigráfica...........................................................................................
    • 3.1 - Unidades litoestratigráficas...............................................................................................................
    • 3.2 – Unidades bioestratigráficas..............................................................................................................
    • 3.3 – Unidades cronoestratigráficas..........................................................................................................
  • deposicionais)........................................................................................................................................ 04 – Estratigrafia tradicional (litoestratigrafia) e estratigrafia genética (ou de seqüências
  • 05 – Perfis estratigráficos......................................................................................................................
    • 5.1 – Representação gráfica do perfil estratigráfico..................................................................................
    • 5.2 - Seções Estratigráficas de Sub-Superfície.........................................................................................
    • 5.3 - Estudo estratigráfico de uma bacia sedimentar................................................................................
  • 06 – Eventos de sedimentação.............................................................................................................
    • 6.1 - Transgressões e regressões.............................................................................................................
    • 6.2 - Sedimentação episódica...................................................................................................................
    • 6.3 - Interrupções na sedimentação: discordâncias e hiato......................................................................
  • progradantes.......................................................................................................................................... 07 – Litoestratigrafia e as variações laterais em sequências transgressivas, regressivas ou
  • 08 – Correlações estratigráficas............................................................................................................
    • 8.1 – Conceito............................................................................................................................................
    • 8.2 – Tipos.................................................................................................................................................
    • 8.3 – Exemplos..........................................................................................................................................
  • 09 – Sismoestratigrafia..........................................................................................................................
    • 9.1 – Metodologia......................................................................................................................................
    • 9.2 - Relação entre refletores e limites de seqüências, na interpretação dos perfis sísmicos..................
    • 9.3 – Fácies sísmica..................................................................................................................................
    • 9.4 – Geometria da unidade sísmica ........................................................................................................
  • 10 – Estratigrafia de seqüências............................................................................................................
    • 10.1 - Conceito..........................................................................................................................................
    • 10.2 - Controles.........................................................................................................................................
    • 10.3 - Arquitetura deposicional em bacias costeiras.................................................................................
    • 10.4 - Seqüência deposicional e limites (tipo 1, tipo 2).............................................................................
    • 10.5 - Tratos de sistemas..........................................................................................................................
    • 10.6 – Parassequências............................................................................................................................
    • 10.7 - A curva eustática de Vail................................................................................................................
  • 11 – Bacias sedimentares.....................................................................................................................
    • 11.1 – Tectônica de placas........................................................................................................................
    • 11.2 - Tipos de subsidência.......................................................................................................................
    • 11.3 - Classificação de bacias sedimentares............................................................................................
    • 11.4 – Bacias em Margens divergentes....................................................................................................
    • 11.5 – Bacias em Margens convergentes.................................................................................................
    • 11.6 - Bacia intraplaca (cratônica).............................................................................................................
  • 12 – Bacias sedimentares do Brasil........................................................................................................................
    • 12.1 Bacias cratônicas Proterozóicas........................................................................................................
    • 12.2 Bacias Fanerozóicas do Brasil.......................................................................................................... Cráton do São Francisco.

Fase dos Modelos do Holoceno (3d)  1950  Relaciona: ambiente, processo, litofácies.  Executa sondagens rasos em fácies recentes.  Estabelece modelos de deposição de siliciclásticos e carbonatos (fluvial, deltáico, costeiro, planícies de marés, recifes...)  A estratigrafia tradicional orienta-se mais em direção a sedimentologia.

Fase dos Sistemas Deposicionais  1960/  Relaciona análogos recentes e antigos.  Infere processos para fácies antigos.  Define sistemas deposicionais antigos a partir das relações tridimensionais entre fácies.  Desenvolvimento dos sistemas deposicionais.  Infere a paleogeografia e prevê reservatórios de hidrocarbonetos e camadas impermeáveis.

Estratigrafia Sismica.  1970/  Interpreta a litoestratigrafia a partir da sísmica.  Define limites entre seqüências: são as descontinuidades importantes na sedimentação.  Reconhece os componentes das fácies sísmicas (configuração ou tipo de estratificação, continuidade da estratificação, forma externa ou geometria).  Introduz o conceito de trato deposicional (system tract).  Identifica variações do nível do mar.

Estratigrafia Seqüencial  1980/  Tratos deposicionais relacionados com as variações do nível do mar.  Ciclicidade das seqüências.  Relaciona as variações da lâmina d'água com a tectônica e a eustasia, e com a fonte do sedimento.  Controvérsia com relação a globalidade dos fenômenos.

Análise de Bacia Integrada.  1990.  Integração entre geotectônica e sedimentação.  Arcabouço de seqüências desde 1ª até 5ª ordem.  Crítica dos conceitos anteriores.

1.2 - Relação com Outras Disciplinas

 Geotectônica. Tipo de bacia de sedimentação.  Geologia estrutural. Levantamento de perfis estratigráficos. Estabelecimento da seqüência vertical cronológica.  Paleontologia. - Cronologia relativa dos depósitos. - Ambiente sedimentar.  Geofísica. Sismoestratigrafia.

 Sedimentologia, petrologia sedimentar. Descrição dos sedimentos e rochas sedimentares (textura e estruturas sedimentares), diagnóstico do ambiente de sedimentação, estudo da diagênese que é relacionada com a evolução da bacia (soterramento e soerguimento).  Geoquímica. Idade absoluta pelo estudo dos isótopos radioativos. Variações de ambiente ou de clima definidos pelo estudo de alguns isótopos estáveis. Estudo da matéria orgânica (em geologia do petróleo) informa sobre a evolução térmica da bacia.  Geologia Econômica, do Petróleo, e Hidrogeologia. Aproveita-se bastante de um bom conhecimento das bacias sedimentares (boa análise de bacia).

1.3 - Aplicações Práticas e Econômicas das Análises Estratigráficas de Bacias

As rochas sedimentares e estratificadas têm um papel de primeira linha na exploração e na produção mineral. As rochas sedimentares hospedam a maior parte dos minerais energéticos: minerais radioativos, carvão, petróleo e gás natural. Muitos minerais ferrosos e não ferrosos são também hospedados em fácies específicas de rochas sedimentares e vulcano-sedimentares (Fe, Mn, Cu, Pb, Zn, Ag). As maiores jazidas de ouro primário são ligadas a níveis definidos das pilhas vulcano-sedimentares dos "Greenstone Belts" do Arqueano (Minas de Nova Lima) e aos paleoplaceres precambrianos oriundos da erosão dos "greenstone belts" (Minas do Witwatersrand na Africa do Sul, conglomerados Moeda do Quadrilátero Ferrífero ou conglomerados de Jacobina na Bahia) Os conglomerados do Espinhaço de MG, da Chapada Diamantina na Bahia ou do Grupo Roraima, todos de idade precambriana, são portadores de diamantes e fontes para os aluviões recentes e atuais, também diamantíferos. Muitos minerais e rochas industriais como calcários, dolomitos, evaporitos, argilas, fosfatos, são rochas sedimentares. Em prospecção hidrogeológica de terrenos sedimentares, uma boa compreensão da estratigrafia dentro de um arcabouço estrutural correto ajuda a encontrar reservas de água subterrânea e a avaliar o potencial de uma região. Com 70 % da superfície da Terra sendo coberta por oceanos, as águas doces constituem apenas uma pequena parte das águas do planeta. Do total das águas doces facilmente aproveitáveis pela humanidade, as águas subterrâneas constituem a maior parte, enquanto as águas dos rios são bem mais limitadas.

 Águas salgadas nos oceanos e mares : 97,4 %  Águas doces : 2,6 % divididos da seguinte maneira : Gelo nos círculos polares e geleiras : 77 % Águas subterrâneas : 22 % Lagos, rios, plantas, animais : 1 %. ( ver: Manual Global de Ecologia, p.157, Editora Augustus, 1993).

A fusão das calotas polares e geleiras, apesar de representar apenas um pouco mais de 2 % do volume da água dos oceanos, provocaria uma subida de aproximadamente 80 m do nível dos mares. Por isto, a humanidade está preocupada com o aumento do teor em gas carbônico na atmosfera e um eventual aumento conseqüente da temperatura do Planeta. Uma boa parte dos cinco bilhões

02. REVISÃO SOBRE AMBIENTES E FÁCIES SEDIMENTARES

Os sedimentos que durante o tempo geológico transformam-se em rochas sedimentares são caracterizados por vários parâmetros cujo conjunto é chamado de fácies sedimentar. Evidentemente a fácies sedimentar é dependente do ambiente onde ocorre a sedimentação. Na superfície da Terra, a qualquer momento da história geológica, existem áreas de acumulação (sedimentação), áreas fonte de sedimento (onde ocorre erosão) e áreas sem deposição nem erosão, onde o sedimento apenas transita (áreas de transporte). É fácil compreender que a fácies do sedimento que se depositará finalmente em uma área específica, dependerá também das características das áreas fontes e das áreas de transporte. Em outras palavras, as fácies sedimentares são dependentes das áreas fontes, das áreas de transporte e das áreas de sedimentação. Porém não podem ser confundidas as noções de fácies sedimentar e de ambiente sedimentar.

2.1 - Ambiente Sedimentar

Local geográfico onde ocorre a sedimentação (parte da superfície terrestre, diferente das áreas adjacentes). Caracterizado por parâmetros físicos (clima, temperatura, vento, correntes, profundidade), químicos (composição da atmosfera, salinidade, pH, Eh) e biológicos (flora, fauna, cobertura vegetal). Os ambientes podem ser subdivididos em continentais, transicionais e marinhos. Um ambiente sedimentar (ou ambiente do ponto de vista sedimentar) é uma parte da superfície da Terra fisicamente e / ou quimicamente e / ou biologicamente diferente das áreas adjacentes. Os ambientes situam-se na interface litosfera / água ou litosfera / atmosfera. Sensu largo eles podem ser: de erosão, de não deposição e / ou transporte e de deposição. Assim, os ambientes, mesmo que não sejam especificamente de deposição, são caracterizados por parâmetros físicos, químicos e biológicos.

Região específica da superfície da Terra, com parâmetros físicos, químicos e biológicos específicos.

Ambientes continentais: erosão, transporte, deposição (rara). Ambientes marinhos: transporte, deposição (dominante). Parâmetros Físicos No continente. Posição geográfica. Clima, meteorologia. Radiação solar. Temperatura. Precipitações. Ventos.

No mar. Posição geográfica. Clima, meteorologia, oceanografia. Radiação solar. Temperatura. Ondas e marés, Correntes marinhas. Profundidade da água. (Varia no tempo geológico).

Parâmetros Químicos Composição da atmosfera. Variação de composição há escala geológica ou histórica. Composição da água. Sais em solução. Gases em solução. Matéria orgânica particulada e em solução. Zonas de mistura de águas (estuários). pH, Eh.

Parâmetros Biológicos Flora. Cobertura vegetal. Fauna. Microorganismos.

Todas essas variáveis estão relacionadas umas com as outras. Uma variação de uma delas deve ocasionar reajustes de outras. Exemplo. Um aumento do teor em CO 2 da atmosfera aumenta o efeito estufa. Pode acarretar um aumento suficiente da temperatura da Terra e provocar o degelo das calotas polares, provocando a inundação das cidades litorâneas. A atmosfera é constituída de 78 % de nitrogênio, 21 % de oxigênio e 1 % de outros gases. O CO 2 representa 55% dos gases de efeito estufa. Em 1955 tinha apenas 320 ppm de CO 2 e em 1985 o teor alcançou 350 ppm, ou um aumento de 10 % em 30 anos. Ainda é muito discutida a correlação direta entre o aumento do CO 2 na atmosfera e um suposto aquecimento na superfície da Terra. As temperaturas flutuam muito, tanto geograficamente, quanto no decorrer do ano, assim é muito mais difícil de caracterizar um aumento médio da temperatura que um aumento médio de CO 2 na atmosfera. A postura política mais adequada, atualmente, frente a essa indefinição científica, é, então, de cautela e sugere que seja limitada a emissão antrópica de CO 2 na atmosfera. A tabela 1 apresenta um resumo dos vários ambientes de intemperismo/erosão, transporte em equilíbrio e deposição nas áreas continentais e marinhas.

INTEMPERISMO e / ou EROSÃO

TRANSPORTE em EQUILÍBRIO

DEPOSIÇÃO

CONTINENTAL AÉREO

Dominante:

  • Nas montanhas
  • Nos desertos (deflação)
  • Nas costas rochosas (falésias)
  • Intemperismo químico libera elementos e compostos em solução. Os resíduos são solos diversos. Desenvolvimento de voçorocas
    • Nos desertos, migração de dunas.
    • Regiões continentais baixas e planas estão em equilíbrio.

Rara. Ambiente eólico:

  • Dunas
  • Loess

CONTINENTAL AQUÁTICO

Fluvial

  • Vale fluvial
  • Terraço = resto de aluvião não erodido.

As redes fluviais são os principais caminhos para transporte de material sólido e em solução, do continente para o mar.

Fluvial Lacustre

MARINHO

Rara

  • canions no talude continental.

Zonas de condensação. “ Hardgrounds ” nas plataformas. Nódulos de manganês, nos oceanos.

DOMINANTE

Tabela 1.

parâmetros. Sensu stricto, uma fácies sedimentar deve apresentar uma certa homogeneidade.

É o produto da deposição em um determinado ambiente sedimentar. Ambiente (local geográfico) Processos sedimentares Fácies sedimentar

Uma fácies sedimentar é então um determinado volume de sedimento, com características semelhantes, depositado em um ambiente sedimentar definido. Fácies sedimentar é também o conjunto dos parâmetros que caracterizam melhor o volume considerado de sedimento.

Tradicionalmente, a fácies sedimentar é definida pelos seguintes parâmetros:  Litologia;  Textura (granulometria);  Estruturas sedimentares;  Geometria deposicional;  Espessura;  Fósseis;  Padrão de Paleocorrentes.

As fácies, corretamente identificadas e descritas, fornecerão uma noção sobre os processos sedimentares (físicos, químicos e biológicos) que atuaram, os quais permitem inferência sobre o ambiente de sedimentação, onde a fácies se formou.

2.3 – Sistemas Deposicionais

É bem evidente para qualquer observador que um ambiente sedimentar, que seja fluvial, deltáico, litorâneo etc., é composto de uma associação de sub- ambientes relacionados geneticamente. Apenas um sub-ambiente estritamente definido fornecerá uma fácies estritamente homogênea. Na prática, um ambiente fluvial, ou deltáico, ou litorâneo será o local de deposição de várias fácies geneticamente relacionadas. Este conjunto de fácies é chamado sistema deposicional. Assim poderão ser estudados sistemas deposicionais fluviais, ou lacustres, ou deltáicos ou litorâneos. A sedimentologia estuda os produtos da deposição (ou sedimentos) em determinadas áreas. A estratigrafia, preocupa-se da associação das fácies, tanto lateralmente - na horizontal, quanto verticalmente - na sucessão do tempo geológico. Depois de ter lembrado estas noções de fácies sedimentares e de sistemas deposicionais, precisamos ainda introduzir um conceito novo, relativa à uma escala maior de volume sedimentar - o trato de sistemas deposicionais ou trato de sistemas ( depositional systems tract ). Um ambiente sedimentar é constituído por sub-ambientes, que será o local de deposição de diversas fácies geneticamente relacionadas. Este conjunto de fácies geneticamente relacionadas é o sistema deposicional.  Ambiente sedimentar → diversos processos sedimentares;  Sistema deposicional → associação de fácies (produtos). Exemplos: Sistemas deposicionais fluviais, lacustres, deltáicos, litorâneo, marinho, etc.

FÁCIES

F1 – argila (Planície de Inundação) Ambiente fluvial meandrante F2 – silte (Planície). Sistema (local geográfico), processos F3 – areia (Barra Pontal) deposicional F4 – conglomerado (Canal) fluvial meandrante

FÁCIES F1 – argila (pró-delta) Ambiente deltaico F2 – areia (frente deltáica) (Processos) F3 – areia/pelito planície F4 – carvão deltáica

Associação de fácies  Identificar as fácies que ocorrem juntas ou próximas, numa sucessão sedimentar.  Observar, também, a freqüência da ocorrência de uma determinada fácies na sucessão.  A associação de fácies vai permitir a identificação do sistema deposicional e, conseqüentemente, confirmar a interpretação ambiental.

Por exemplo Arenito com estratificação cruzada acanalada (fácies) pode ocorrer em vários ambientes como fluvial, deltáico, planície de maré, praia, glacial, como resultado da passagem de correntes sobre um fundo arenoso. Somente a associação de fácies é que determinará o ambiente com segurança.

FÁCIES ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES SISTEMA DEPOSICIONAL

 Sistemas deposicionais são depósitos sedimentares em visão tri-dimensional. O conjunto de fácies geneticamente relacionado é chamado sistema deposicional.

2.4 – Tratos de Sistemas Deposicionais

Um trato de sistemas deposicionais é simplesmente a sucessão lateral dos sistemas deposicionais depositados no mesmo intervalo de tempo. Pode ser constituído de uma sucessão de sistemas continentais, transicionais, de plataforma, de talude continental e de oceano profundo.

(Brown & Fisher, 1977) Sucessão lateral dos sistemas deposicionais depositados num mesmo intervalo de tempo. Associação de sistemas deposicionais contemporâneos.

 Sistemas deposicionais contemporâneos e geograficamente interligados.  Formam a subdivisão da Seqüência Deposicional.

(Mitchum, 1977) - “Sucessão de estratos relativamente concordantes, geneticamente relacionados, limitada por discordâncias ou suas conformidades correlativas”.

 Reunião de diferentes tratos de sistemas deposicionais.  Conjunto de tratos de sistemas associados a um ciclo de variação do nível relativo do mar.  Corresponde a um ciclo estratigráfico completo marcado por mudanças nos trends deposicionais.

FONTE: Fávera, 2001. Fundamentos de Estratigrafia Moderna.

2.6 - Classificação dos Ambientes Sedimentares e Fácies / Sistemas Sedimentares

Voltando na figura 1, é fácil levantar a lista de ambientes e fácies / sistemas sedimentares, que é apresentada a seguir.

Ambientes Continentais  Fluviais.  Leque aluvial.  Eólico.  Glacial.  Lacustres.

Ambientes Transicionais  Deltaicos (Lobos)  Lineares (litorâneos): Terrígenos Terrígenos/carbonatados. Carbonatados.

Ambientes Marinhos  Plataformas continentais (até aprox. 200m) Terrígenos Terrígenos/carbonatados Carbonatados.  Taludes continentais e oceano próximo. Depósitos por gravidade, leques submarinos, turbiditos.  Marinho profundo/oceânico.

Os ambientes são geralmente subdivididos em função do tipo principal de energia envolvido.

 Deltas Energia do rio (sedimento). Energia das marés. Energia das ondas.

 Litoral linear Energia das marés. Energia das ondas. Energia das tempestades.

 Plataformas Energia das marés. Energia das ondas Energia das tempestades. Energia das correntes oceânicas intrusas.

Observação relativa à ambientes / fácies glaciais e eólicos

Os ambientes / fácies listados acima são exclusivos com relação ao espaço geográfico. É óbvio que uma fácies fluvial pode ter sido depositada apenas sobre uma área continental e que uma fácies plataformal estava coberta por uma determinada lâmina de água do mar no momento da sedimentação. Em oposição,

03. NOÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO ESTRATIGRÁFICA

Sistematizar as rochas em unidades estratigráficas e estabelecer ordem de formação.  International Stratigraphic Guide, 1976;  Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica, 1982 (Petri et al., 1986). Categorias de unidades estratigráficas  Unidades litoestratigráficas → variações de caracteres litológicos;  Unidades bioestratigráficas → variação no conteúdo fossilífero;  Unidades cronoestratigráfica → parâmetros geocronológicos.

3.1 – Unidades litoestratigráficas

Estrato ou conjunto de estratos, geralmente mas não invariavelmente interacamadados ( layered ) e tabulares, distinguidos e delimitados com base em características litológicas e posição estratigráfica ( North American Commission on Stratigraphic Nomenclature – 1983 ).

(Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica – 1986) – Petri et al. (1986) Conjunto de rochas que se distinguem e se delimitam com base em seus caracteres litológicos, independente da sua história geológica ou de conceitos cronológicos.

São estabelecidas com base em caracteres litológicos. São formadas de rochas sedimentares, metassedimentares, ígneas efusivas, metavulcânicas, associação de rochas.

Ordem Hierárquica Supergrupo Grupo → união de 2 ou mais formações; Formação→ unidade fundamental; Membro → Parte de uma formação; Camada(s)

Classes: Supergrupo, Grupo, Subgrupo, Formação, Membro, Camada, Complexo, Suíte, Corpo. A formação é a unidade fundamental da classificação. Caracteriza-se pela relativa uniformidade litológica, formando um corpo de preferência contínuo, mapeável em superfície e/ou subsuperfície.

Formação (requisitos)  Apresenta elevado grau de homogeneidade litológica;  Mapeável na escala 1:25.  Extensão lateral significativa;  Expressão fisiográfica;  Espessura variável, mas com representatividade em seções geológicas;  Limites basal e superior da Formação devem corresponder a mudanças litológicas expressivas;  Deve-se indicar uma seção-tipo;  Para o nome, utiliza-se um referencial geográfico importante (rio, cidade, etc.).

Problema dos limites da Formação: contato gradativo.

3.2 – Unidades bioestratigráficas (biozonas)

Correspondem a rochas sedimentares separáveis por critérios paleontológicos.

Critérios: amplitude de distribuição de uma ou mais entidades taxionômicas, peculiaridades morfológicas, abundância relativa de uma determinada entidade taxionômica. Ordem hierárquica: superzonas / zonas / subzonas. Tipos de biozonas:

  1. Zona de associação (Cenozonas);
  2. Zona de amplitude;
  3. Zona de concorrência;
  4. Zona de intervalo.

Zona de associação Unidade bioestratigráfica onde o grupo de fósseis difere dos grupos situados acima e abaixo.

Zona de amplitude Distribuição espacial total do fóssil.

04. ESTRATIGRAFIA TRADICIONAL (LITOESTRATIGRAFIA) E ESTRATIGRAFIA

GENÉTICA (OU DE SEQUÊNCIAS DEPOSICIONAIS)

Estratigrafia tradicional: Supergrupo, Grupo, Formação, Membro. Estratigráfica genética: fácies, sistemas deposicionais, tratos, seqüências deposicionais.  Estratigrafia tradicional baseia-se no princípio da superposição de camadas, com visão tabular e homogênea das formações ( layer cake ).  Estratigrafia genética baseia-se na Lei de Fácies de Walther, com unidades horizontais e verticais e compreensão da bacia sedimentar.

Estratigrafia Tradicional Estratigrafia Genética Unidades estratigráficas

Unidade lito, bio e cronoestratigráficas.

Sistemas deposicionais Seqüências deposicionais. Unidade fundamental: critério de definição

Litológico: Conjunto de estratos homogêneos revestidos de operacionalidade de mapeamento.

Genético: Associação de fácies de uma mesma província fisiográfica.

Princípios básicos

Ênfase na lei da superposição de camadas. Ênfase na Lei de Fácies de Walther.

Concepção da sedimentação

Sedimentação controlada maiormente por eventos tectônicos locais.

Sedimentação controlada maiormente por variações relativas do nível do mar.

Metodologia

Levantamento seções estratigráficas; correlação litológica; estabelecimento unidades formais; mapeamento de grupos, formações, etc.

Desconsideração unidades formais; levantamento seções estratigráficas; correlação crono- litológica;reconhecimento seqüências deposicionais; análise de fácies; interpretação sistemas deposicionais; mapeamento sistemas deposicionais.

Objetivo final Eleição de um modelo conceitual de sedimentação.

Reconstrução paleogeográfica da bacia sedimentar.

FÁCIES

Visão da Layer Cake Stratigraphy

Visão Correta (Lei de fácies Walther)

A fácies F2 é mais nova que F1 e mais velha que F3 em toda a bacia. O ambiente A é mais novo que A1 e mais velho que A3. Portanto, visão histórica.

A fácies F2 é mais nova que F1 e mais velha que F3 neste afloramento. Os ambientes A1, A2 e A3 coexistiram nos tempos T1, T2 e T3 em escala de bacia. Portanto, visão ambiental.

Exemplo:

LEIA MAIS:

MENDES, J.C. 1984 – Elementos de Estratigrafia, Edusp, 566p. FÁVERA, J.C.D. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Eduerj, 263p. GAMA JR, E.G. 1989 – Concepções estratigráficas em análise de bacias. a) estratigrafia tradicional. Geociências 8:1-10. GAMA, JR, E.G. 1989 - Concepções estratigráficas em análise de bacias. c) estratigrafia genética. Geociências 8:21-36.