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Análise de custos industriais com foco no cálculo do ponto
de equilíbrio de um alambique artesanal
Leandro Luis Rosso (FAHOR) lr001333@fahor.com.br
Lenon André Grossl (FAHOR) lg001332@fahor.com.br
Cátia Raquel Felden Bartz (FAHOR) catia@fahor.com.br
Resumo
A cachaça é um produto muito consumido no Brasil, um alambique artesanal pode oferecer um produto de melhor qualidade, sem oferecer algum mal para a saúde dos consumidores. Os conhecimentos obtidos nas aulas de custos industriais podem nos ajudar a desenvolver este artigo, para apresentar as definições de custos, depreciação e ponto de equilíbrio e, com isso, aplicar esses conhecimentos na prática para calcular o ponto de equilíbrio num alambique localizado no interior do município de Tucunduva, Rio Grande do Sul. Ao final do estudo podemos, ainda, realizar uma análise dos valores obtidos e orientar o proprietário de como ele poderia aumentar seus lucros sem realizar muito esforço e também mostrar à ele se a produção dele ajuda mesmo no sustento se sua família. Palavras chave: Custos, Alambique, Ponto de equilíbrio.
1. Introdução
No passado a maioria dos alimentos consumidos pelas pessoas em suas refeições era artesanais, também conhecidos como orgânicos, nos dias atuais esse consumo diminui muito devido aos alimentos industrializados.
Por mais que a cachaça não seja um alimento, ela deve ter uma boa procedência, a cachaça artesanal não contém conservante e nem produtos químicos usados em algumas destilarias, ela é mais pura e saudável, lembrando que seu consumo deve ser moderado.
Apesar de todo cuidado com a produção dessa bebida, o controle dos custos de produção em um alambique artesanal às vezes é deixado de lado pelos produtores. Visando isso o presente artigo tem o objetivo de calcular o ponto de equilíbrio de um alambique artesanal localizado no interior da cidade de Tucunduva na região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, detalhando os custos no processo através de citações extraídas de livros e internet.
2. Revisão da Literatura
2.1 Custos
De acordo com Zanluca apud IBRACON, custo é a soma dos gastos incorridos e necessários para a aquisição, conversão e outros procedimentos necessários para trazer os estoques à sua condição e localização atuais, e compreende todos os gastos incorridos na sua aquisição ou produção, de modo a colocá-los em condições de serem vendidos, transformados, utilizados na elaboração de produtos ou na prestação de serviços que façam parte do objeto social da entidade, ou realizados de qualquer outra forma.
Desta forma, custo é o valor gasto com bens e serviços para a produção de outros bens e serviços. Exemplos: matéria-prima, energia aplicada na produção de bens, salários e encargos do pessoal da produção (ZANLUCA).
2.2 Custos fixos
De acordo com Durán (2004), custos fixos são os que não variam em função de uma determinada quantidade produzida de produtos ou serviços. Assim, se a empresa produz mais ou menos produtos, os custos fixos existirão na mesma proporção. Na verdade, existem algumas variações nos custos fixos, o que ocorre quando se muda a estrutura administrativa, pessoal, técnica, ou até o nível de atividade da empresa.
Viana (2005) diz que os custos fixos são todos os custos que a organização tem, independente da quantidade produzida pelo seu processo. Ou seja, é um valor constante em termos absolutos e variável quando referenciado com as unidades produzidas. Logo, quanto mais tivermos produção, menor será o valor unitário de cada unidade.
Temos como exemplos de custos fixos a depreciação do maquinário, o aluguel do prédio onde está instalada a empresa e o salário dos funcionários do setor administrativo. Estes componentes do custo terão seu valor inalterado caso a fábrica produza 1.000.000 de unidades ou apenas 1.000, ou até mesmo se a indústria não produzir (VIANA, 2005).
2.3 Custos variáveis
Para Viana (2005), o custo variável é o custo caracterizado por ser proporcional à produção da empresa. Ele é fixo quando referenciado às unidades produzidas e variável em termos absolutos.
Viana (2005) ainda ressalta que, desta forma, quanto maior o nível de atividade da organização, maiores também serão seus custos variáveis. Como exemplo, podemos citar a matéria-prima do objeto.
Figura 1 – Representação gráfica do ponto de equilíbrio. Fonte: Durán (2004).
Existem várias formulas de calcular o ponto de equilíbrio da empresa. Primeiro, é necessário conhecer profundamente a sua estrutura de custos, destacando- se os custos fixos e variáveis e também as receitas. A partir desse conhecimento, pode-se utilizar a fórmula apresentada na Figura 2 (DURÁN, 2004).
PONTO DE EQUILÍBRIO = CUSTO FIXO PREÇO DE VENDA - CUSTO VARIÁVEL Figura 2 – Fórmula para cálculo do ponto de equilíbrio. Fonte: Durán (2004).
Durán (2004) fala ainda que a análise do ponto de equilíbrio é uma valiosa ferramenta para estabelecer uma estratégia de produção e de comercialização mais adequada para cada situação de mercado.
2.6 O alambique
Segundo Fernandes, o alambique é um instrumento usado para destilação. É usado também na alquimia. Os mais utilizados são feitos de cobre, contudo também existem alambiques feitos de vidro. São usados especialmente na produção de bebidas alcoólicas como aguardente de cana e Whisky. O nome alambique é de origem árabe e significa um vaso destilatório, isto é, instrumento para destilação, assim como a também palavra árabe álcool, cujo significado remete aos vapores obtidos na destilação.
3. Métodos e Técnicas
O alambique estudado está localizado no interior do município de Tucunduva, região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, seu lucro ajuda no sustento da família senda que é a mesma que realiza todas as atividades do processo, sendo então uma agroindústria familiar (ROSSO and GROSSL, 2013).
A elaboração do presente artigo contou com a ajuda dos funcionários do alambique em questão para descrição dos custos, preço de venda, tempo de processo, investimentos e afins. Primeiramente se fez um levantamento de todos os custos envolvidos na produção de cachaça, após obtenção desses dados iniciou-se a classificação dos mesmos em: custo fixo, custo variável, investimentos e depreciação. Com isso percebeu-se que o alambique não tinha um controle de seus custos, pois, o proprietário não sabia quais eram seus custos e nem como os mesmos se classificavam (ROSSO and GROSSL, 2013).
O passo seguinte foi o cálculo dos valores gastos por litro, por dia, por mês e, finalmente, o custo total da produção que dura aproximadamente três meses durante o ano. Com esses dados foi possível se estimar o ponto de equilíbrio da produção, que é o objetivo proposto pelo artigo, calcular, também, o lucro líquido obtido com a produção de cachaça e ainda orientar os proprietários de como diminuir seus custos e, com isso, aumentar seu lucro (ROSSO and GROSSL, 2013).
O Quadro 3 é uma consequência do Quadro 1 e 2, pois ele mostra a receita e o lucro mensal e total do alambique, sabendo que a produção total é de três meses durante o ano.
RECEITA MENSAL R$ 2.400,00 RECEITA TOTAL R$ 7.200, CUSTO FIXO MENSAL R$ 756,21 CUSTO FIXO TOTAL R$ 2.268, CUSTO VARIÁVEL R$ 1.623,00 CUSTO VARIÁVEL TOTAL R$ 4.869, LUCRO LÍQUIDO R$ 20,79 LUCRO LÍQUIDO TOTAL R$ 62, Quadro 3 – Receita e lucro mensal e total (ROSSO and GROSSL, 2013).
Com a análise do Quadro 3 pôde-se perceber, mesmo com o pró-labore, que o lucro líquido é bem pequeno perto dos custos, principalmente o variável.
Dando continuidade na apresentação dos resultados, o Quadro 4 apresenta o ponto de equilíbrio mensal do alambique, esse valor mostra que o ponto de equilíbrio é muito próximo da receita mensal confirmando o baixo lucro líquido mostrado no Quadro 3.
Custo fixo total R$ 756, Preço de venda R$ 5, Custo variável unitário R$ 3, Ponto de equilíbrio em litros 467, Ponto de equilíbrio em reais R$ 2.335, Quadro 4 – Ponto de equilíbrio (ROSSO and GROSSL, 2013).
O Gráfico 1 da uma melhor percepção da pouca diferença de valor entre o ponto de equilíbrio e a receita mensal do alambique.
Gráfico 1 – Diferença entre ponto de equilíbrio e receita (ROSSO and GROSSL, 2013).
Para melhorar o lucro líquido do alambique sugerimos ao proprietário que o preço de venda do litro fosse reajustado, como a média do preço de venda da cachaça nos supermercados da região é de R$ 7,00 e a qualidade do produto é excelente, por causa, de ser um processo sem o uso de conservantes e livre que qualquer produto que possa oferecer algum risco a saúde dos consumidores seria ideal que se chegasse a um valor mais próximo da média
de venda nos supermercados, o valor sugerido foi R$ 6,50 por litro. O Quadro 5 mostra qual seria a receita mensal e o lucro líquido do alambique com o novo preço de venda.
RECEITA MENSAL R$ 3.120,00 RECEITA TOTAL R$ 9.360, CUSTO FIXO MENSAL R$ 756,21 CUSTO FIXO TOTAL R$ 2.268, CUSTO VARIÁVEL R$ 1.623,00 CUSTO VARIÁVEL TOTAL R$ 4.869, LUCRO LÍQUIDO R$ 740,79 LUCRO LÍQUIDO TOTAL R$ 2.222, Quadro 5 – Receita e lucro com preço de venda reajustado (ROSSO and GROSSL, 2013).
O Gráfico 2 tem a finalidade de mostrar a diferença entre a receita e o ponto de equilíbrio obtidos com o preço de venda reajustado.
Gráfico 2 – Diferença entre a nova receita e o novo ponto de equilíbrio (ROSSO and GROSSL, 2013).
5. Conclusões
A análise dos custos envolvidos em um processo de produção é simples, mas, mesmo assim, algumas empresas, principalmente as pequenas, não tem um controle desses custos, isso pode influenciar muito no lucro pretendido pela empresa.
O alambique apresentado ao longo do artigo fazia parte desse grupo, talvez por ser uma agroindústria familiar o proprietário acreditava que não poderia ter um controle mais rígido com os custos de produção e, com isso, não obter muito lucro com a venda de cachaça.
A diferença entre os valores apresentados nos gráficos são bem significativos, no Gráfico 1 a diferença entre a receita e o ponto de equilíbrio é de apenas 3%, já no Gráfico 2 a diferença é de 49%, isso mostra que apenas R$ 1,50 no preço de venda de um produto pode aumentar muito o lucro líquido de uma empresa.
Sendo assim os objetivos foram alcançados e ainda o grupo pode ajudar a família a ter mais lucro com o alambique. E também puderam ser aplicados os conhecimentos obtidos em sala de aula.
