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Tipologia: Notas de estudo
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Joaquim José Martins Guilhoto^1 Umberto Antonio Sesso Filho^2 RESUMO Apresenta uma análise da estrutura da economia da Região Amazônica e seus estados membros, baseando-se em teoria insumo-produto. São apresentados os fluxos de bens e serviços e os indicadores econômicos, multiplicadores de produção, emprego e índices de relações intersetoriais de Rasmussen- Hirschman e puros totais normalizados. Os resultados da pesquisa mostram que há relativa heterogeneidade da estrutura produtiva dos estados que compõem a Amazônia Legal, assim como relativa dependência do comércio entre estes e o restante do Brasil. Os setores-chave da Amazônia estão relacionados à produção agropecuária, extrativismo vegetal e mineral, agroindústria, alojamento e alimentação. Palavras-chave: Estrutura Produtiva. Insumo-Produto-Região Amazônica. ABSTRACT This study presents an analyze of the productive structure of the Amazon region and the relations that take place among their states and the rest of Brazil, using input-output analysis. The analysis is conducted by first studying, through an interregional input-output system, how the economic relations take place in the Amazon region. Then, through a series of methodologies, like multipliers, and backward and forward linkages it is made a comparative study of the differences in productive structures among the Amazon Region states. The results show that there is a relative heterogeneity in the productive structure of the states, as well as a great dependence from the goods and services coming from the rest of Brazil. The key sectors in the Amazon region are related to the agricultural production, extractive sectors, food industry, lodging and trade. Keywords: Productive Structure. Input-Output-Amazon Region. (*) Este artigo baseia-se, em grande parte: GUILHOTO, J. J. M.; SESSO FILHO, U. A., 2005. No prelo. 1 Professor da FEA/USP e do Regional Economics Applications Laboratory (REAL) da University of Illinois (EUA), e Pesquisador do CNPq. E-mail: guilhoto@usp.br 2 Professor do Departamento de Economia do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual de Londrina – Paraná (UEL). E-mail: umasesso@uel.br
Estudos sobre a economia da Região Amazônica, que possam fornecer informações para elaborar políticas públicas são escassos. Portanto, o presente trabalho tem como principal objetivo preencher uma lacuna existente em pesquisas econômicas sobre a região, especificamente, a análise estrutural da economia da Região Amazônica. A construção da matriz de insumo-produto para os estados componentes da área de atuação do Banco da Amazônia (Amazônia Legal) para o ano de 1999 permite analisar sua estrutura produtiva e suas relações com outras regiões do próprio país e com o exterior. A identificação de setores-chave para a geração de emprego, renda e produção e a mensuração dos fluxos de produtos e serviços entre a região e outras partes do país e exterior, tornarão possível direcionar o desenvolvimento de projetos das diversas esferas do governo que proporcionem o maior retorno, em termos de desenvolvimento econômico e social, para a Região. O texto apresenta a desagregação dos grupos de produtos, atividades, Região Amazônica e seus Estados e análise dos resultados obtidos da construção da matriz de insumo-produto e os indicadores econômicos calculados. O texto, inicialmente, aborda os principais indicadores econômicos da Região Amazônica e uma análise preliminar de sua economia. A seguir, a metodologia, o tratamento dos dados básicos e a bibliografia básica são resumidos. Posteriormente, são apresentados os resultados e analisados os fluxos de bens e serviços e indicadores econômicos calculados com base em teoria insumo-produto. 2 CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA DA AMAZÔNIA LEGAL 2.1 INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE A ECONOMIA DA AMAZÔNIA LEGAL As informações básicas sobre população e renda per capita da Região Amazônica e seus Estados constam da Tabela 1, na qual observam- se importantes diferenças dos valores de renda, por habitante, dentro da Região Amazônica. Nota-se que os estados que possuem maiores v alores de renda per capita são Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado com dados sobre saúde, renda, mortalidade infantil e outros indicadores sociais, aponta que o Estado do Maranhão é o que apresenta mais problemas sociais. Já Rondônia e Roraima têm maiores valores no índice, embora ainda sejam inferiores ao IDH do Brasil. Os dados gerais sobre a economia da Região Amazônica mostram que existe expectativa de aumento significativo da renda, considerando-se que os valores iniciais são relativ amente baixos e o potencial de desenvolvimento local é grande. Investimentos direcionados para setores-chave em geração de produção e renda podem conduzir os indicadores econômicos (renda per capita, industrialização, produto interno bruto – PIB) a alcançar os níveis de regiões mais desenvolvidas do País. P ela Tabela 1 nota-se que Pará, Amazonas e Mato Grosso representam mais de 60% do PIB da Região Amazônica. O maior
Nesta seção são apresentados os princípios básicos da teoria de insumo-produto, assim como a estrutura do sistema de insumo- produto utilizado nas análises aqui apresentadas. Discussões mais detalhadas sobre modelos de insumo-produto podem ser encontradas em Guilhoto (2004), Bulmer-Thomas (1982), Miller e Blair (1985), Dixon et. al. (1992), Kurz, Dietzenbacher e Lager (1998), e Lahr e Dietzenbacher (2001). 3.1 VISÃO GERAL Uma economia funciona, em grande parte, para equacionar a demanda e a oferta dentro de uma vasta rede de atividades. O que o economista W. Leontief, fundador da análise de insumo- produto, conseguiu realizar foi a construção de uma “fotografia econômica” da própria economia, pela qual ele mostrou como os setores estão relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem os outros com serviços e produtos e quais setores compram de quais. O resultado foi uma visão única e compreensível de como a economia funciona, como cada setor se torna mais ou menos dependente dos outros. Esse sistema de interdependência é formalmente demonstrado em uma tabela conhecida como tabela de insumo-produto. Tais representações demandam grandes investimentos, já que elas requerem uma coleção de informações sobre cada companhia a respeito dos seus fluxos de vendas e das suas fontes de suprimentos. Enquanto setores compram e vendem, uns para os outros, um setor individual interage típica e diretamente, com um número relativamente pequeno de setores. Entretanto, devido à natureza dessa dependência, pode-se mostrar que todos os setores estão interligados direta ou indiretamente. Como pode ser observado, de uma forma esquemática na Figura 1, as relações fundamentais de insumo-produto mostram que as vendas dos setores podem ser utilizadas dentro do processo produtivo pelos diversos setores compradores da economia ou podem ser consumidas pelos diversos componentes da demanda final (famílias, governo, investimento, exportações). Ademais , para produzir, são necessários insumos , impostos são pagos , importam-se produtos e gera-se valor adicionado (pagamento de salários, remuneração do capital e da terra agrícola), além, é claro, de se gerar emprego.
Figura 1: Relações fundamentais de insumo-produto. A partir das Figuras 2 a 4, é possível fazer um maior detalhamento de como o modelo apresentado na Figura 1 funciona. A Fi gura 2 mostra como é feita a utilização dos bens domésticos e importados, ou seja, como eles são utilizados na produção corrente de outros bens, na formação de capital, no consumo das famílias, pelo governo e outras demandas. O modelo de insumo-produto trabalha com a suposição de que somente os produtos domésticos são exportados, implicando que os produtos importados devem, necessariamente, passar por um processo de transformação interna antes de serem exportados. Exportações Produtos Domésticos Produtos Importados Produção Corrente Formação de Capital Consumo das Famílias Governo e Outras Demandas Figura 2 : Uso dos bens no modelo de insumo-produto.
impostos pelas empresas e pelos indivíduos. O modelo supõe que existe equilíbrio em todos os mercados. A intensidade dessas relações será, agora, o ponto principal da análise. Imagine que a demanda por um produto específico aumenta, por exemplo, por automóveis feitos no Brasil. Tal crescimento é um sinal para os fabricantes aumentarem a produção. Ao mesmo tempo, todas as companhias de peças e afins (pneus, vidros, transmissores, motores) farão o mesmo, bem como os fornecedores da indústria de autopeças. Tal processo é conhecido como efeito multiplicador. É importante salientar que alguns setores da economia estão mais envolvidos nas compras de alguns setores do que outros – direta e indiretamente – daí, os efeitos multiplicadores gerados pelos aumentos na demanda por determinados produtos ocasionarem impactos diferenciados na economia. Em essência, cada setor possuiria um multiplicador diferente (denominado multiplicador tipo I). Mas esse efeito não se restringe à demanda por insumos intermediários. Do lado da demanda pelos primários, o processo se repete, de uma forma um pouco diferente: um aumento na demanda por mão-de-obra fará crescer o poder aquisitivo das famílias, gerando uma elevação na demanda por produtos finais e um novo incremento do nível de atividade dos setores, que irão incentiv ar a procura pelos diversos tipos de insumos, inclusive mão-de-obra, causando um novo acréscimo no poder aquisitivo e novo crescimento na demanda final das famílias (efeito induzido, denominado multiplicador tipo II). O processo se repete até que o sistema atinja o equilíbrio. 3.2 A CONSTRUÇÃO DE MATRIZES REGIONAIS A matriz de insumo-produto é obtida a partir de outras duas matrizes ou Tabelas de Recursos e Usos (TRU) que apresentam a oferta e a demanda de bens e serviços, desagregadas por grupos de produtos. Apresentam, também, a conta de produção e geração da renda, por atividade econômica, e detalha os bens e serviços produzidos e consumidos por cada atividade. Integra estas tabelas o total de pessoas ocupadas, em cada atividade. Este conjunto de informações dá ênfase à análise do processo produtivo, enfocando as relações técnico-econômicas. O modelo de insumo-produto apresentado para a Região Amazônica foi construído com uma abertura de 91 grupos de atividades econômicas (inclusive dummy financeiro) e 141 grupos de produtos, compatibilizados com a pauta de atividades e produtos da MIP do Brasil e Tabela de Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Essa desagregação foi realizada para permitir uma análise detalhada da economia. Além disso, como o modelo de insumo-produto construído possui as matrizes dos estados (nove estados) e restante do país (10 matrizes de insumo-produto), os fluxos de bens e serviços entre eles foram, também, estimados. Portanto, foram determinadas as importações e as exportações do resto do mundo e as transações interestaduais. Foram construídas as matrizes de insumo- produto para os nove Estados que possuem seu território total ou parcialmente presente na Amazônia Legal: Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão, além do restante do país. A elaboração das Matrizes de Produção foi o primeiro passo do trabalho, utilizando informações de diversas fontes, incluindo as publicações do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram utilizadas as participações de cada Estado na produção de cada grupo de produtos e serviços, discriminando qual o setor (ou grupo de atividades) responsável pela sua produção. A construção das Matrizes de Usos para cada Estado foi realizada confrontando os valores da Matriz de Produção (oferta) com aqueles estimados para as Matrizes de Usos, realizando ajustes nos valores, quando necessário. Nesta etapa foi estimado o número de pessoas ocupadas em cada setor, utilizando-se os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Também, foram determinadas as Remunerações, usando-se informações da PNAD, Demanda Final, Impostos sobre a Produção e Importações para cada setor em cada Estado, analisando-se os valores obtidos da produção total com aqueles que se encontravam nas Matrizes de Produção elaboradas para os Estados. Atenção especial foi dada aos setores de maior importância para a região, como pesca, extrativismo vegetal e mineral. Ao final da estimativa das matrizes de insumo- produto para os Estados da Região Amazônica, foi realizada uma conferência de valores e análise dos coeficientes técnicos, porém, esta avaliação não indicou necessidade de ajustes nos valores estimados. 3.3 INDICADORES ECONÔMICOS ANALISADOS Dado o espaço disponível, os indicadores econômicos, baseados na matriz de insumo- produto, analisados neste artigo se referem aos multiplicadores de produção tipo I (definido acima), à geração de emprego , aos fluxos interestaduais de bens e serviços, e aos índices de ligações intersetoriais para frente e para trás de Hirschman-Rasmussen e Puros (veja a este respeito GUILHOTO, 2004). Os índices de ligações mostram as relações existentes entre um setor da economia e os outros setores que a compõem. Os índices de ligações para trás mostram a importância de um setor como demandante de insumos e, desta forma, quanto maior o seu valor, mais setores serão movimentados quando ocorre um aumento de produção neste setor, exemplo típico é o da indústria automotiv a que necessita de componentes de várias indústrias para a produção de um veículo. Os índices de ligações para frente indicam a importância de um setor como fornecedor de insumos, ou seja, quanto maior o seu valor, maior é a dependência dos outros setores da economia para com este setor, por exemplo, a produção do setor agrícola é utilizada em vários processos produtivos, desde a indústria química até a indústria de alimentos, passando pela indústria têxtil etc. Os índices de Hirschman-Rasmussen se preocupam, basicamente, com a estrutura produtiva da economia, sem levar em conta a importância de um dado setor na geração de riqueza. Por seu lado, os Índices puros, além de levarem em consideração a estrutura produtiva da economia, também levam consideram o valor da produção de cada setor, na sua estimação. Como os Índices puros são estimados, originalmente, em valores monetários, é possível a soma dos índices de ligações para trás com os para frente, gerando um índice total para cada um dos setores da economia, soma que não é possível para os índices de Hirschman-Rasmussen, posto que os mesmos, no seu processo de estimação, são índices normalizados sem unidade. Na próxima seção são apresentados os resultados referentes aos indicadores expostos acima.
-0. -0. -0.
AC AP AM PA RO RR TO M A M T RBR
-1. -2. -3. -4. -5. -6. Font e: M at riz de Insumo-Pro dut o Esta dos Figura 7: Eletroeconograma dos estados da Amazônia utilizando índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para frente. A análise dos eletroeconogramas elaborados com os valores das diferenças dos índices puros, normalizados para trás e para frente, indicam o que fora constatado na análise dos outros elaborados com os índices de Rasmussen-Hirschman. Os índices puros normalizados para trás e para frente apresentam variações significativas, devendo- se observar que estas diferenças são maiores que as calculadas para os índices de Rasmussen-Hirschman. Pode-se notar, também, que os setores de serviços apresentam, de forma geral, variações positivas para os índices para frente (valores maiores que para o Brasil), indicando que estas atividades são mais demandadas nestes estados da Amazônia. Os Estados que apresentam grandes variações são Roraima e Tocantins. A análise das diferenças dos índices puros totais normalizados confirma que os Estados de Roraima e Tocantins apresentam as maiores v ariações deste indicador e, em menor intensidade, tem-se, também, o Mato Grosso. Observ a-se que a indústria possui valores menores nos estados da Amazônia quando comparados aos valores obtidos para o Brasil e que os setores de serviços, de forma geral, apresentam diferenças positiv as. Exceções importantes são o Amazonas e Roraima.
encontrados na Matriz de insumo-produto. Os quatro primeiros indicadores dizem respeito à alocação da mão-de-obra, remunerações e produtividade do trabalho. Nota-se que o estado do Amazonas possui os melhores indicadores da remuneração e produtividade do trabalho, seguido por Acre e Amapá, enquanto que Maranhão e Tocantins são os estados com mão- de-obra com menor remuneração média e produtividade do trabalho. explicado pelo baixo valor agregado (adicionado) dos produtos e serviços exportados pelos estados da Amazônia para o restante do país. A participação dos bens e serviços adquiridos no exterior é, relativamente, alta para os Estados do Amazonas (47,58%) e Maranhão (21,48%), enquanto que os demais Estados da Amazônia consomem relativamente menos do resto do país, que compra 10,39% dos bens e serviços do consumo intermediário do exterior. Outros indicadores permitem analisar o fluxo de bens e serviços dentro da Região Amazônica, entre essa e o resto do país e com o exterior. Analisando os indicadores cinco a oito pode-se afirmar que a Região Amazônica é altamente dependente de insumos provenientes do restante do país para sua produção, principalmente Acre e Tocantins, os quais adquirem, aproximadamente, 48% dos bens e serviços utilizados pelas empresas para a sua produção em outros estados (em valores monetários). Por outro lado, o resto do Brasil adquire 2,52% dos produtos e serviços utilizados pelas empresas no consumo intermediário da Região Amazônica. Este contraste pode ser A participação, em valor adicionado e em geração de impostos, é relativamente maior no Amazonas, Pará e Mato Grosso, que nos outros Estados, indicando economias maiores e mais desenvolvidas. A dependência da demanda doméstica de outros estados para adquirir bens e serviços do estado, indicador (11) é maior nos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Maranhão. No Amazonas , por exemplo, aproximadamente 47% da demanda final pelos bens e serviços se encontram em outros estados e no Pará, por sua vez, cerca de 36% do valor dos bens e serviços produzidos no estado são adquiridos por consumidores de outras regiões do país.
Os multiplicadores de produção e índices de ligações, em conjunto com outros indicadores econômicos, possibilitam identificar os setores- chave da economia de uma região. Estes setores deveriam ser alvo de estratégias de desenvolvimento, pois podem desencadear aumento de produção e emprego maior que outras indústrias. A tabela 5 traz os resultados dos multiplicadores de produção ou setoriais para a Região Amazônica e resto do Brasil. Para a primeira, os setores estão inseridos na produção vegetal e animal e indústria alimentícia (Fabricação de óleos vegetais), indicando a grande importância do setor agropecuário na Amazônia. A indústria de alimentos e a agropecuária também são atividades importantes para as outras regiões do país consideradas em conjunto, incluindo as indústrias siderúrgica e metalúrgica (de base), as quais são importantes fornecedoras de insumos para outras atividades econômicas. Tabela 5 : Setores que apresentam maiores valores de multiplicadores setoriais (multiplicador de produção tipo I). Estados/Setores Amazônia Valor Resto do Brasil Valor 1 48 Abate de suínos e outros 2,64 48 Abate de suínos e outros 2, 2 51 Fabricação de óleos vegetais 2,62 46 Abate de aves 2, 3 47 Abate de bovinos 2,56 47 Abate de bovinos 2, 4 46 Abate de aves 2,41 51 Fabricação de óleos vegetais 2, 5 50 Fabricação de açúcar 2,41 18 Siderurgia 2, 6 2 Soja 2,33 53 Outros prod. alimentares 2, 7 6 Aves 2,31 41 Indústria têxtil 2, 8 66 Atacado 2,29 50 Fabricação de açúcar 2, 9 53 Outros prod. alimentares 2,28 49 Indústria de laticínios 2, 10 3 Milho 2,28 20 Outros metalúrgicos 2, Fonte: Matriz de Insumo-Produto Os resultados para os Estados da Amazônia indicam que os setores identificados como mais importantes, considerando os multiplicadores setoriais (multiplicador de produção tipo I), podem ser separados em dois grupos: indústria de alimentos e indústria de base. O primeiro grupo é composto de atividades como a fabricação de óleos vegetais, abate de animais e outros produtos alimentares, enquanto que o segundo grupo de atividades econômicas importantes é constituído de Siderurgia e Metalurgia. Além disso, deve-se notar que os valores para as atividades mais importantes na Região Amazônica são de forma geral maiores que os calculados para o Resto do Brasil, o que mostra a possibilidade de aumento da produção beneficiando determinadas atividades econômicas. Podem-se utilizar os índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman para identificar os setores-chave da economia, e a tabela 6 apresenta os resultados para as duas regiões do Brasil analisadas. O critério utilizado foi o de admitir que o setor possui os dois índices, para trás e para frente, maiores do que um. A Região Amazônica possui como setores-chave o atacado e outros setores importantes como prestadores de serviços e
Quando se leva em consideração o valor da produção, os setores de serviços ganham importância na análise pois, comparando-se os resultados para os índices de Rasmussen- Hirschman e dos índices puros normalizados, nota-se que para as duas regiões os setores de serviços , principalmente para a Região Amazônica, passam a assumir posição de destaque, tais como serviços prestados a empresa e outros serviços prestados à família. Além disso, deve-se, também, considerar a importância da construção civil e outras atividades da administração pública nas duas regiões. As principais diferenças são a importância de químicos diversos, bovinos e outros da pecuária para a Região Amazônica e refino de petróleo, instituições financeiras e beneficiamento de outros produtos vegetais para o resto do Brasil. Tabela 7 : Setores que apresentam maiores valores de índices puros totais normalizados (Amazônia/Resto do Brasil) em sistema total. Estados/ Setores Amazônia^ Valor^ Resto do Brasil^ Valor 1 65 Construção civil 0 , 89 65 Construção civil 12 , 24 2 66 Atacado 0,79 36 Refino de petróleo 9, 3 9 Outros da pecuária 0,51 66 Atacado 8, 4 7 Bovinos 0,50 89 Outros da administração pública 6, 5 5 Outras culturas 0,48 84 Serviços prestados à empresa 6, 6 89 Outros da administração pública 0,45 79 Instituições financeiras 5, 7 83 Outros serviços prestados à família 0,36 71 Transporte rodoviário 4, 8 84 Serviços prestados à empresa 0,36 5 Outras culturas 4, 9 71 Transporte rodoviário 0,32 82 Serviços de alojamento e alimentação 4, 10 38 Químicos diversos 0,30 45 Beneficiamento de outros prod. vegetais 3, Fonte: Matriz de Insumo-Produto 4.4 GERAÇÃO DE EMPREGOS A tabela 8 resume os resultados para a capacidade de geração de empregos para os principais setores em cada região. Os resultados diferem, significativamente, para as duas regiões analisadas, observando-se que, para a Região Amazônica as atividades econômicas que apresentam maior capacidade de geração de empregos são artigos do vestuário e serviços privados não-mercantis. É importante observar que atividades na Região podem contribuir com, relativ amente, grande número de postos de trabalho: extrativismo vegetal, alojamento e alimentação. Este último está ligado, diretamente, ao turismo e o primeiro tem relação com a produção comercial agrícola, que é a alternativa ao extrativismo, como a fruticultura e outras culturas. P ortanto , o estímulo à produção extrativa vegetal, assim como à produção comercial de frutas e outras culturas, levará ao surgimento de postos de trabalho em número, relativamente alto, assim como ao desenvolvimento do turismo. É importante citar que a maior parte dos empregos gerados por estes setores é efeito direto, isto é, postos de trabalho na própria atividade. Em relação ao resto do Brasil, observa- se que as mesmas atividades são capazes de
gerar menos empregos para um mesm o aumento da demanda final (um milhão de reais), implicando na necessidade de um aumento consideravelmente maior da produção para gerar o mesmo número de empregos da Região Amazônica. Tabela 8: Principais setores em relação à capacidade de geração de empregos para uma variação da demanda final de um milhão de reais. Amazônia Estados e setores Diretos indiretos induzidos total Artigos do vestuário 42 906 19 84 1010 Serviços privados não-mercantis 90 636 3 127 767 Aves 6 215 69 80 365 Serviços de alojamento e alimentação 82 161 35 88 284 Educação pública 87 146 5 127 278 Extrativismo vegetal 10 161 16 91 268 Fruticultura 4 152 24 87 264 Outras culturas 5 139 26 88 254 Outros do varejo 70 109 12 114 235 Coleta e tratamento de lixo 64 146 14 75 234 Resto do Brasil Serviços privados não-mercantis 90 475 4 110 589 Milho 3 367 40 62 468 Aves 6 234 80 57 371 Outros serviços prestados à família 83 195 20 63 278 Outros do varejo 70 166 8 98 272 Carvão mineral 16 176 13 59 248 Abate de aves 46 10 179 57 246 Comércio varejista de combustíveis 67 142 6 95 243 Extrativismo vegetal 10 160 15 56 231 Artigos do vestuário 42 136 24 67 227 Fonte: Matriz de Insumo-Produto 4.4 ANÁLISE DA DEPENDÊNCIA DA REGIÃO AMAZÔNICA EM RELAÇÃO AO RESTO DO BRASIL A decomposição do multiplicador de produção dos setores de cada região permite analisar a dependência regional da Amazônia dos demais estados do Brasil. A tabela 9 traz os valores dos multiplicadores e as Figuras 11 e 12 ilustram, respectivamente, a participação de cada região nos multiplicadores setoriais da Amazônia e do resto do Brasil. Nota-se, que a Região Amazônia apresenta maior dependência dos demais estados, pois, aproximadamente 80% dos