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Abatedouro de tilápia - resposta técnica, Exercícios de Engenharia de Alimentos

Informações sobre como montar um abatedouro de peixes (tilápia) com produção média de 1000 kg por mês.

Tipologia: Exercícios

2010

Compartilhado em 29/06/2010

AlcindoCacela
AlcindoCacela 🇧🇷

4.3

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SBRT Formulário de Resposta Técnica Padrão
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Resposta Técnica
Assunto
Alimentos e bebidas.
Palavras-chave
Abatedouro de peixes; frigorífico de peixes.
Identificação da demanda
Gostaria de obter informações sobre como montar um miniabatedouro de peixes (tilápia) com
produção média de 1000 kg por mês.
Solução apresentada
O Brasil tem um potencial muito grande para a indústria de pescado, tanto pela extensão da
costa marítima quanto pelo volume de água doce disponíveis.
De acordo com dados estatísticos, a preferência dos brasileiros é por pescado in natura já
limpo ou na forma de filés.
1. Processo de produção de pescado limpo e de filés de pescado
1.1 Manejo de pré-processamento do peixe
Os peixes criados em viveiro convivem com outros organismos no meio aquático; em especial,
algas microscópicas. Dependendo do tipo de ração e da quantidade dela dada aos peixes,
pode haver proliferação paralela de algas chamadas cianofíceas, que produzem substâncias
facilmente absorvíveis pelos peixes e que conferem ao pescado um sabor/odor de mofo ou
barro. Por isso, é importante descobrir a quantidade e o tipo de ração correta que não
prejudique a qualidade do pescado, e fazer análises microbiológicas e físico-químicas
periódicas da água nas quais os peixes são criados.
Quanto ao rendimento de peixe, pesquisadores da EMPARN constataram que uma taxa de
estocagem de até 300 peixes/m3 de tanque é viável, com produtividade média de 113 kg/m3 em
137 dias de cultivo.
1.2 Captura e depuração
A captura do peixe deve ser feita de forma que ele não lute ou agonize, porque isto provoca o
consumo das reservas de glicogênio do animal, que por sua vez, provoca uma decomposição
mais acelerada do pescado final.
Os animais devem ser selecionados pelo tamanho e pelo estado de saúde.
A depuração é uma técnica capaz de eliminar os sabores e odores desagradáveis do peixe. Ela
consiste em transportar os animais para tanques que recebem fluxo contínuo de água limpa. O
animal passa no mínimo 2 e no máximo 10 dias nesse tanque, dependendo do nível do sabor
indesejado encontrado na degustação prévia do pescado. Os peixes ficam sem ração durante
http://www.sbrt.ibict.br
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Baixe Abatedouro de tilápia - resposta técnica e outras Exercícios em PDF para Engenharia de Alimentos, somente na Docsity!

Resposta Técnica

Assunto

Alimentos e bebidas.

Palavras-chave

Abatedouro de peixes; frigorífico de peixes.

Identificação da demanda

Gostaria de obter informações sobre como montar um miniabatedouro de peixes (tilápia) com produção média de 1000 kg por mês.

Solução apresentada

O Brasil tem um potencial muito grande para a indústria de pescado, tanto pela extensão da costa marítima quanto pelo volume de água doce disponíveis.

De acordo com dados estatísticos, a preferência dos brasileiros é por pescado in natura já limpo ou na forma de filés.

1. Processo de produção de pescado limpo e de filés de pescado

1.1 Manejo de pré-processamento do peixe

Os peixes criados em viveiro convivem com outros organismos no meio aquático; em especial, algas microscópicas. Dependendo do tipo de ração e da quantidade dela dada aos peixes, pode haver proliferação paralela de algas chamadas cianofíceas, que produzem substâncias facilmente absorvíveis pelos peixes e que conferem ao pescado um sabor/odor de mofo ou barro. Por isso, é importante descobrir a quantidade e o tipo de ração correta que não prejudique a qualidade do pescado, e fazer análises microbiológicas e físico-químicas periódicas da água nas quais os peixes são criados.

Quanto ao rendimento de peixe, pesquisadores da EMPARN constataram que uma taxa de estocagem de até 300 peixes/m^3 de tanque é viável, com produtividade média de 113 kg/m^3 em 137 dias de cultivo.

1.2 Captura e depuração

A captura do peixe deve ser feita de forma que ele não lute ou agonize, porque isto provoca o consumo das reservas de glicogênio do animal, que por sua vez, provoca uma decomposição mais acelerada do pescado final.

Os animais devem ser selecionados pelo tamanho e pelo estado de saúde.

A depuração é uma técnica capaz de eliminar os sabores e odores desagradáveis do peixe. Ela consiste em transportar os animais para tanques que recebem fluxo contínuo de água limpa. O animal passa no mínimo 2 e no máximo 10 dias nesse tanque, dependendo do nível do sabor indesejado encontrado na degustação prévia do pescado. Os peixes ficam sem ração durante

http://www.sbrt.ibict.br

esse tempo; por isso, é importante descobrir qual é o período de depuração que não prejudica os animais, fazendo-os perderem peso por falta de alimento.

Figura 1 – Fluxograma do processo de produção de pescado limpo e filés de pescado

1.3 Abate, evisceração e lavagem

O abate do peixe é feito por choque térmico. O animal é colocado em um tanque com água e gelo (proporção de água:gelo = 1:1) e mantido lá até a sua insensibilização. É importante que o gelo usado seja de boa qualidade (feito a partir de água potável), porque isto refletirá na qualidade do pescado final.

Retira-se então as escamas do pescado, com o uso de facas ou lâminas próprias para a tarefa, e remove-se em seguida suas vísceras. Faz-se uma lavagem final para retirar os resíduos aderidos ao pescado, com água potável clorada.

Neste ponto, o pescado está limpo e pode ser embalado e resfriado ou congelado para a comercialização, ou seguir para o processo de filetagem. Pelo fato de o pescado conter bastante proteínas e alta umidade, ele deve ser resfriado rapidamente para evitar sua rápida deterioração. No caso de ser usado gelo para o resfriamento, eles devem ser cubos (ou qualquer outro formato) com volume de no máximo 1 cm^3 , na proporção gelo:peixe de 1:1. No caso de o pescado ser congelado, o refrigerador deve ser do tipo vertical com temperatura de -40ºC, ou qualquer outro tipo de refrigerador que faça o interior do pescado atingir -18ºC dentro de 2 horas após o abate.

1.4 Decapitação, esfola e filetagem

Para fazer a filetagem, deve-se retirar a cabeça, as nadadeiras e a pele do peixe.

Figura 2 – Formas possíveis de decapitação do pescado (fonte: SOUZA, Maria Luiza Rodrigues de)

Depois de eviscerado e decapitado, remove-se a pele do pescado com o uso de um alicate específico para tal fim.

Decapitação

Captura Depuração Abate Evisceração

Peixe

Pescado limpo

Esfola

Lavagem

Lavagem Embalagem

Filés de Filetagem pescado

Vísceras

Cabeça Pele Espinha, carne

Escamas

1.7 Entradas e saídas aproximadas em processo de filetagem

Figura 4 – Entradas e saídas aproximadas da filetagem de pescado branco (adaptado da fonte: Cleaner Production Assessment in Fish Processing, 1998)

2. Processamento dos resíduos da indústria do pescado

Os resíduos do processamento de tilápias não podem ser descartados em em lixeiras comuns. É recomendável fazer o reaproveitamento desses resíduos na agricultura, através da compostagem, ou no manejo de alevinos. Seguem abaixo alguns exemplos de reaproveitamento desses resíduos.

2.1 Farinha de resíduos para incorporação à ração

A farinha de resíduos da indústria de filetagem de tilápias pode ser incluída em até 13,52% em rações para alevinos de tilápia-do-nilo e melhora o desempenho e a deposição corporal de nutrientes, apresentando-se, portanto, como ótima fonte de aminoácidos e fósforo aos animais.

2.2 Couro de tilápia

O produto tem boas vantagens em relação à pele de outros animais: é cotada em centavos de real, tem alta qualidade, resistência mecânica e a exploração desse produto não está condicionada à autorizações da agência ambiental, o Ibama.

2.3 Outras formas de aproveitamento

  • Extração de produtos de Química Fina (quitosana, óleos ômega-3 e ômega-6, enzimas proteolíticas, etc.)
  • Produtos alimentares à base de surimi (p. ex. kani-kama , fishburger , macarrão)
  • Ensilagem;
  • Compostagem para uso agrícola.

Conclusão e recomendações

É importante atender à legislação referente a alimentos, regulamentada e fiscalizada pela ANVISA. Deve-se também consultar um especialista a respeito de legislação ambiental e quanto ao registro do empreendimento junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento – MAPA. É recomendável também treinar pessoal em Boas Práticas de Fabricação. Para obter informações sobre como iniciar o negócio e estudar sua viabilidade econômica, contactar o SEBRAE da sua região.

Referências

ALMEIDA JÚNIOR, João Francisco de. Filetagem de Tilápia : Processamento Agroindustrial: Portal do Agronegócio. Disponível em: http://www.portaldoagronegocio.com.br/index.php?p=texto&&idT=568. Acesso em 13 fev. 06.

BOSCOLO, Wilson Rogério et al. Farinha de Resíduos da Indústria de Filetagem de tilápias como Fonte de Proteína e Minerais para Alevinos de Tilápia-do-Nilo ( Oreochromis niloticus ). UNIOESTE, Toledo/PR. IN: R. Bras. Zootec. , v.34, n.5, p.1425-1432. 2005.

COWI Consulting Engineers and Planners AS. Cleaner Production Assessment in Fish Processing : Chapter 2 – Overview of Fish Processing. Division of Technology, Industry and Economics, United Nations Environment Programme. Dinamarca, 1998. Disponível em: http://www.agrifood-forum.net/publications/guide/f_chp2.pdf. Acesso em 09 fev. 06.

Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN. Disponível em: http://www.emparn.rn.gov.br/links/areasatuacao/desenvolvimento/piscicultura_aguas.asp. Acesso em 13 fev. 06.

FETT, Mauro Sander. SBRT – Resposta Técnica n. 1840. Disponível em: http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt1840.pdf. Acesso em 13 fev. 06.

SOUZA, Maria Luiza Rodrigues de. Processamento de Peixes e Aproveitamento de Resíduos. Departamento de Zootecnia – UEM. Maringá – PR. Disponível em: http://www.suframa.gov.br/download/publicacoes/workshop/ws11_pelepeixe_Unespar05.ppt. Acesso em 13 fev. 06.

SOUZA, Maria Luiza Rodrigues de, MARANHÃO, Taciano Cesar Freire. Rendimento de carcaça, filé e subprodutos da filetagem da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (L), em função do peso corporal. Disponível em: http://www.ppg.uem.br/Docs/ctf/Zootecnia/2001/20_150_01.pdf. Acesso em 13 fev. 06.

SOUZA, Maria Luiza Rodrigues de. Tecnologia para Peles de Peixes: Processo de Curtimento. Departamento de Zootecnia – UEM. Maringá – PR. Disponível em: http://www.suframa.gov.br/download/publicacoes/workshop/ws14_pelepeixe_Unespar08.ppt. Acesso em 13 fev. 06.

OETTERER, Marília. Aula: Tecnologia do Pescado. ESALQ – USP, Piracicaba - SP. Disponível em: http://www.esalq.usp.br/departamentos/lan/pdf/Tecnologia%20do%20Pescado.pdf. Acesso em 13 fev. 06.

Nome do técnico responsável

Marcelo Shiniti Uchimura

Nome da instituição respondente

Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR

Data de finalização 13 de fevereiro de 2006