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Este documento discute a aplicabilidade dos princípios da teoria das necessidades humanas básicas, proposta por wanda horta, em pacientes com indicação de transplante de córnea. O texto analisa como esses princípios podem influenciar a prática de enfermagem, respeitando a unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano, reconhecendo-o como membro de uma família e comunidade, e reconhecendo sua participação ativa no autocuidado.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Lorita Marlene Freitag Pagliuca**
propõe cinco princípios. Os testes para comprovação da aplicabilidade de teorias devem compreender estudos que experimentem a base conceitual com diferentes clientelas. Selecionou-se como tal, pacientes com indicação de transplante de córnea, em que se identificaram como necessidades básicas afetadas as de vida gregária, segurança, aprendizagem, recreação e lazer, auto-imagem, auto-realização, filosofia de vida e sexualidade. A intervenção de enfermagem proposta foi analisada à luz dos princípios da teoria, centralizando-se no de que "todo cuidado de enfermagem é preventivo, curativo e de reabilitação" demonstrando, ainda, que os princípios guardam estreita relação entre si.
principies. The tests conceived in order to certify the applicability of theories should include studies which will try out the conceptual basis in different cases. Bearing this in mind, patients indicated for cornea transplantation were chosen, whose basic needs involved were the gregarious life, security, apprenticeship, leisure, self-image, self achievement, philosophy and sexuality. The proposed nursery intervention was ana Iyzed under the theory principies, concentrating on the one that states "every nursing care is preventive, curative and implies rehabilitation", demonstrating also that the principies are closely related to each other
enfermagem para obter os objetivos desejados. Os testes para comprovação de teorias de enfer magem podem atender a diferentes finalidades: ex plorar a utilidade da teoria via pesquisas para avaliar a aplicabilidade na prática, ensino e administração; comprovação de propostas ou teorias de outras disci plinas para o emprego pela enfermagem de teorias desenvolvidas em outras áreas; comprovação dos conceitos de enfermagem pelo desenvolvimento de instrumentos, ferramentas e significados válidos e razoáveis para se comprovar ou não, se os conceitos são aplicáveis à enfermagem; comprovação das pro postas de enfermagem derivadas de teorias de enfer magem que MELEIS( 5 ) coloca como propostas exist enciais que relacionam dois ou mais conceitos para demonstrar a existência deles; propostas previsoras para demonstrar o efeito de um conceito sobre outro
A teoria das Necessidades Humanas Básicas de HORTA( 3 ) apresenta uma proposta para a enferma gem com a colocação de filosofia, proposições, con ceitos, definições e princípios. Os testes de teorias devem validar ou refutar estas propostas, o que pode ser feito progressivamente com cada um de seus componentes. Segundo SOUZA, GUTIERREZ e CASTRO( 8 ) "um princípio é uma premissa chave ou suposição básica que é essencial para expor ou expli car uma teoria". Os conceitos são abstratos e gerais; as proposiçõ es derivam dos conceitos e expressam uma verdade fundamental a seguir; os princípios são enunciados, admitidos provisoriamente como inquestionáveis, mas que se prestam ao teste, à experimentação.
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Prêmio Wanda Aguiar Horta - 2° lugar - 44° Congresso Brasileiro de Enfermagem, Brasília, DF, 4 a 9 de outubro de 1992. Professora Titular de Enfermagem Fundamental do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará - UFC.
R. Bras. Enferm. Brasilia. 46(1): 21-31, janAnar. 1993 21
HORTA(3) estabelece os seguintes princípios: a (^) sucesso e o outro, o grupo de insucesso. enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenti cidade e individualidade do ser humano; a enferma A coleta de dados foi realizada com o emprego gem é prestada ao ser humano e não à sua doença ou da consulta de enfermagem compreendendo históri desequilíbrio; todo cuidado de enfermagem é preven co, prescrição e evolução de enfennagem, fundamen tivo, curativo e de reabilitação; a enfermagem reco tada na teoria das necessidades humanas básicas. nhece o ser humano como membro de uma família e Respeitando-se a natureza da realidade que se uma comunidade; a enfermagem reconhece o ser (^) deseja estudar, optou-se pela pesquisa qualitativa e, humano como elemento participante ativo no seu (^) dentro desta, o método de estudo de caso. As carac autocuidado" terísticas fundamentais do estudo de caso apontadas A escolha da clientela para estudo, o paciente por LÜDKE e ANDRÉ(4) são:^ os estudos de caso com indicação de transplante de córnea, prende-se ao visam à descoberta, enfatizam a interpretação em reconhecimento da importância da visão, responsável contexto, buscam retratar a realidade de fonna com por 80% das infonnações perceptivas das pessoas, e pleta e profunda, usam uma variedade de fontes de das projeções da Organização Mundial da Saúde que informação, revelam experiências de vida e permitem estima em 5001100.000 habitantes afetados pela ce generalizações naturalísticas, procuram representar gueira. As pessoas com indicação de transplante de os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista córnea encontram-se numa situação ambígua pois, ao presentes numa situação social e utilizam uma lingua mesmo tempo, tem a perspectiva da cura pelo trans gem e uma forma mais acessível do que outros rela plante, mas sofrem longo período de espera pela falta tórios de pesquisa. de estrutura dos serviços de saúde e despreparo da (^) Para testar os princípios da teoria das necessida sociedade para tratar das doações de órgãos. des humanas básicas, estes serão analisados frente aos A enfennagem, enquanto profissão, não tem tido problemas identificados, à prescrição e evolução de um papel definido com esta clientela e acredita-se enfermagem implementadas nos pacientes em estu poder demonstrar a atuação da enfermeira em um do, considerando os níveis de promoção das interven campo novo com significativa expansão de papeis. ções de enfermagem.
Nome: João O universo deste estudo é composto por pacientes (^) N° registro: -- com indicação de transplante de córnea, inscritos no (^) Idade: 28 anos Banco de Olhos de uma instituição filantrópica, na cidade de Fortaleza, no período de agosto de 1990 a Sexo: masculino junho de 1991. Grau de instrução:^ 3a^ série do^1 ° grau A experiência acumulada no contato com este tipo Diagnóstico médico: catarata congênita; compli de clientela permitiu caracterizar dois grupos: os que se cação de íris e córnea; cinco cirurgias oftálmicas an beneficiam do transplante e, aparentemente, retornam à teriores. vida anterior ao problema visual, e os que não realizam (^) Data de indicação para transplante: há 8 anos o transplante e, conseqüentemente, têm suas vidas trans (^) Informante: mãe formadas pela deficiência visual que persiste. A amostra selecionada constitui-se em dois pacien^11 - Necessidades Humanas Básicas tes com indicação de transplante de córnea, acompanha (^) I. Gregária: dos de março a junho de 1991; a escolha recaiu sobre (^) tem seis innãos, reside com mãe (viúva) e quatro estes dois pacientes por caracterizarem: um, o grupo de (^) innãos; relaciona-se mal com os irmãos. Não se
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Estudo de Caso 2: Histórico de Enfermagem - Pré-transplante de Córnea
I - Identificação Nome: Pedro N° do registro: 4 Idade: 14 anos Sexo: masculino Grau de instrução: excepcional Diagnóstico médico: ceratocone + úlcera 0.0.; perda total do O.E. mesma causa Data indicação para transplante: 1 a indicação abril/90, em junho/90 perdeu O.E.; 2a indicação. há 3 dias - urgência. Informante: a mãe
II - Necessidades Humanas Básicas
I. Gregária: família composta pelos pais e quatro filhos deles (19,17,14,10 anos). Bom relacionamento famil iar, acompanhado dos pais que demonstram muito afeto. Casa com instalação hidro-sanitária, conjuntos do PROAFA; o pai é guarda marítimo; a mãe deixou de trabalhar para se dedicar ao filho. Apesar de dificuldades, a família provê adequadamente suas despesas.
24 R. Bras. Enfenn. I3rasilia. 46 (I ): 21-31, jan.lmar. 1993
grupo de escola e família, atualmente retraído; gosta de TV e como não está enxergando, tem atualmente longos períodos de silêncio.
11 - Impressão do Entrevistador:
Informante esclarecida e cooperativa, relatou que em abril/90 consultou oftalmologista sobre o proble ma do O.E. Foi informado pelo especialista que corria o risco de perder o olho e ficou com muita raiva pela forma como foi dito; procurou outro especialista que afirmou que o caso não era tão sério e dois meses depois o jovem perdeu o olho. Hoje está muito preo cupada que aconteça o mesmo com a outra vista e deseja evitar que isto aconteça.
III - Prescrição de Enfermagem
córnea.
IV - Evolução de Enfermagem
1 a Evolução - 2 Dias Depois:
Colaborando na busca de doação de córnea, tem comparecido diariamente á emergência do hospital. Vivenciamos em conjunto a abordagem a parentes de pessoas em óbito recente para conseguir doação. Cho rou muito com uma mãe que teve sua filha morta em atropelamento; a mãe negou a doação, disse que não pensava ser tão difícil falar com a família. Tivemos ajuda da assistente social. Exames pré-operatórios prontos.
23 Evolução - 4 Dias Depois:
Houve um óbito de recém-nato de uma prima da mãe do jovem; após muito esforço conseguiu e obteve a doação das córneas do neném. Não foi possível aproveitar a doação, o tamanho das córneas era insu ficiente.
3a Evolução - 10 Dias Depois:
Obtida a doação na emergência, realizado trans plante sem anormalidades. Na alta hospitalar, olho direito ocluso. Orientada pelo cirurgião para manter tampão. Não acompanhamos a cirurgia.
4a Evolução - 20 Dias Depois:
Continua com olho direito ocluso, jovem tenta coçar o olho; a mãe relata que já enxerga; procura assistir à televisão, levantando os curativos. Compa receu à reunião mensal, fez seu relato de experiência, explicou que o caso de seu filho era de urgência e por isto foi operado logo; contou como foi difícil falar com pessoas que perderam entes queridos para tentar a doação; ainda assim, acha que valeu a pena o esforço. Solicitou declaração para justificar as faltas do filho no colégio. Pai presente.
5a Evolução:
Sem curativo oclusivo, visão recuperada, jovem continua reticente para conversar conosco; aparenta alegria, acompanhado dos pais.
3.1 Análise dos dados
Os dois pacientes selecionados para estudo de caso são do sexo masculino, um com 14 e outro com 28 anos de idade. O mais velho tem a terceira série do primeiro grau, o mais jovem é excepcional. A indicação de transplante do paciente mais ve lho, que passamos a chamar de João, foi feita há 8 anos. Pedro teve uma indicação de urgência há três dias de nosso primeiro contato. João tem antigos pro blemas oftalmológicos, sendo que o diagnóstico médico é impreciso. Pedro apresentou um ceratocone acompa nhado de úlcera no olho direito. Infelizmente nada mais se sabe do diagnóstico de João. Tentemos entender o de Pedro. As doenças de córnea são genericamente deno minadas distrofias corneanas, têm caráter hereditário, podendo ser autosômicas dominantes ou recessivas ligadas ao sexo; algumas não têm hereditariedade. São classificadas topograficamente de acordo com a camada corneana acometida; as distrofias su perficiais comprometem o epitelio e a membrana de Bowman; as distrofias profundas atingem o estroma corneano ou as membranas posteriores - membrana Decemet e endotélio. As distrofias corneanas apresentam uma variação muito extensa de manifestações com lesões caracte rísticas, mas se pode tentar resumir seu quadro da seguinte forma: as lesões transformam-se em cicatri zes opacas, gerando a deficiência visual. Para a cor reção desta situação indica-se a ceratoplastia. Dentre as distrofias destaca-se o ceratocone, que é uma distrofia do tipo ectática - dilatação de órgão oco. O ceratocone, segundo ROCHA(7), é o mais co mum no nosso meio. Caracteriza-se pela deformação cónica da córnea, instalando-se preferencialmente na puberdade. Evoluindo o ceratocone, a córnea mais se adelgaça e afunila, desenvolvendo opacidades apicais. Somam-se a essas, alterações de forma, curvatura e transparência, acarretando profunda deficiência visual. Quando a terapêutica não é instituída em tempo hábil, pode-se fazer presente a úlcera de córnea, de vido ao adelgaçamento. Há o risco de perda de subs tância com danos irreparáveis para a visão. A descrição sumária da patologia que acometeu Pedro foi aqui colocada para se classificar a gravidade do caso e a pertinência da rotulação URGENTE. O próximo aspecto a ser analisado refere-se ao informante, que nos dois estudos de caso seleciona-
. (^25) R. Bras.^ Enferm.^ Brasília.^ 46(1): 21-31, jan./mar. 1993
A enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individu alidade do ser humano
A enfermagem é prestada ao ser hu mano e não à sua doença ou dese quilíbrio.
Todo cuidado de enfermagem é preventivo curativo e de reabilitação.
A enfermagem reconhece o ser humano como membro de uma família e de uma comunidade.
A enfermagem reconhece o ser hu mano como elemento participante ativo no seu autocuidado.
admitidos provisoriamente como inquestionáveis, mas que se prestam ao teste, à experimentação. HOR TA<3) estabelece os seguintes princípios:
dos princípios da Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda HORTA, para pacientes com in dicação de transplante de córnea. Após reflexão sobre o conteúdo de cada princí pio, suas interrelações com o conceito de enfermagem e o que se acredita adequado para a clientela, propõe se o seguinte modelo de análise: O esquema apresentado na figura 1 privilegia o princípio de que "todo o cuidado de enfermagem é preventivo, curativo e de reabilitação" e os outros
quatro princípios sustentam, fundamentam e direcio nam o que para nós é a essência da profissão: o "cuidado de enfermagem". As recomendações do I Seminário Nacional so bre o Perfil e Competência do EnfermeirO<6) afirmam que, o cuidar tem sido a característica fundamental da profissão, e permeia todos os modelos teóricos exis tentes. Reforçam também a necessidade de reorientar as investigações científicas na área de enfermagem, para que se produzam conhecimentos específicos so bre a característica do CUIDAR em Enfermagem.
A enfermagem respeita e mantém a unicidade autenticidade e a individualidade do ser humano. O problema central e primeiro - o comprometi mento da visão - caracteriza os dois pacientes selecio nados para estudo de caso, formando uma unicidade com os demais problemas que afetaram as necessida des básicas psicossociais e psicoespirituais. Os indivíduos são percebidos e tratados com uma situação tal em que as manifestações dos problemas de enfermagem guardam uma feição única, autêntica e individual de cada ser. Enquanto João manifesta alterações na necessi-
Cura - Permitir a realização do transplante. - Transplante realizado em tempo hábil. Reabilitação - Recuperar a visão no pós- (^) - Visão recuperada. transnlante.
Reabilitação - Proporcionar condições para vida
dade gregária, com franca rejeição de seus irmãos e outros grupos sociais, Pedro é aceito, amado e ampa rado por todos que o rodeiam. O comprometimento da segurança, aprendiza gem, auto-imagem, auto-realização, sexualidade e filosofia de vida - são contundentes na sua forma de apresentação por João. Quando se passa a compreen der Pedro, constata-se que, neste, a necessidade de recreação e lazer foi a mais comprometida. As diferenças de circunstâncias que geraram es tas histórias de vida são respeitadas na coleta de dados, através do Histórico de Enfermagem, permi tindo a análise circunstancial de sua manifestação, e que, as ações de enfermagem, os CUIDADOS fossem dirigidos a cada ser humano, respeitando-se suas ca racterísticas individuais. Além de o Histórico de Enfermagem se constituir num instrumento estruturado, orientado para a coleta de informações pré-determinadas, permite também que se obtenha o registro da problemática pessoal. O tipo de intervenção de enfermagem, ou CUIDA-
DO, não se caracterizou por prescrições-padrão, visto que se procurou respeitar o enunciado do princípio. Com Pedro os cuidados de enfermagem foram executados integralmente; com João, tal não ocorreu. João recusou-se a comparecer à instituição; talvez aí esteja, na sua forma plena, respeitando o princípio proposto, visto que na sua autenticidade e liberdade, João recusou o cuidado oferecido.
A enfermagem é prestada ao ser humano e não à sua doença ou desequilíbrio. O levantamento das necessidades humanas bási cas afetadas não se centralizaram no diagnóstico clí nico, tanto que João não tinha diagnóstico defrnitivo, e não inviabilizou a aplicação do Histórico de Enfer magem. Pedro, com diagnóstico clínico esclarecido, ainda assim, tinha necessidades básicas comprometi das. A falta de prioridade conferida à doença, ou desequilíbrio, abre espaço para uma ação mais eficaz
Análise do Princípio: A enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo no seu autocuidado. O ser humano faz parte de um sistema familiar e social. E visto pela Teoria das Necessidades Humanas Básicas como um ser holístico, um todo, em interação com seu ambiente. Isto pressupõe assumir a respon sabilidade por si mesmo em todos os aspectos da vida, inclusive a saúde. A aceitação deste atributo do Homem cria mode los de enfermagem que procuram levar o indivíduo até o auto-cuidado, que está intimamente relacionado com o conceito de si mesmo. Nos dois estudos de caso que empregamos para análise, temos um, o de Pedro, em que houve o assumir do auto-cuidado, enquanto no caso de João deixou de haver esta assunção de cuidado pessoal. Ressalve-se que Pedro é um jovem excepcional. Portanto, não se pode esperar um assumir individual, mas como o ser humano é parte integrante de uma família, esta assumiu seu auto-cuidado frente á sua incapacidade. O auto-cuidado, na situação de que se trata, com preendeu preparar os exames pré-operatórios, partici par na busca de doação de córnea e do convívio social. Crê-se não ser exagero afirmar que a negativa, por parte de João, em assumir seu auto-cuidado pode ser um motivo forte para não se obter um resultado satisfatório. Isto serve para reflexão da enfermagem quanto à importância para uma correta avaliação das capacidades do ser humano em assumir seu auto-cui dado e, inquestionavelmente, a urgência de se testar modelos para facilitar a implantação desta modalida de de assistência. Confirmando-se, através da análise dos princí pios, que a enfermagem respeita e mantém a unicida de, autenticidade e individualidade do ser humano; reconhece o ser humano como o membro de uma família e de uma comunidade; reconhece o ser huma no como elemento participante ativo no seu auto-cui dado e que a enfermagem é prestada ao ser humano e não á sua doença ou desequilíbrio, buscou-se a análise dos CUIDADOS DE ENFERMAGEM prescritos para os dois pacientes, considerando-se, de fato, o cuidado de enfermagem como preventivo, curativo e de reabilitação. A evolução de enfermagem - avaliação de cada cuidado prescrito - anotada ao lado da justificativa quanto ao nível de promoção: prevenção-cura-reabi-
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litação, permite visualizar se o objetivo da ação foi atingido, como pode ser observado nos quadros I e 11. Os resultados obtidos com Pedro são excelentes. Todas as prescrições de cuidados foram executadas e a evolução demonstra que se chegou â independência do cliente, neste caso independência associada à cura. Fica evidenciado, no tipo de análise proposta, que os cuidados de enfermagem, obedecendo ao princípio selecionado como central, são de prevenção, cura e reabilitação. Os princípios propostos pela Teoria das Necessi dades Humanas Básicas são inter-relacionados: quan do um não é respeitado, atingido, reflete seu resultado para os outros princípios.
João deixou de assumir seu auto-cuidado e sua mãe foi incapaz de assumi-lo. O princípio de que "a enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo no seu auto-cuidado" foi levado em conta na proposta de assistência de enfermagem mas, por falta de resposta adequada do paciente, não atin giu seus objetivos. A resposta de João, de não participar de seu auto-cuidado, pode ter como origem a série de agres sões à sua segurança, auto-imagem, auto-realização e filosofia de vida que foram se acumulando através dos anos. Acredita-se no princípio de que o auto-cuidado é imprescindível para a execução do cuidar; a enferma gem deverá reinterpretar junto ao paciente e/ou sua família a participação destes no plano de assistência de enfermagem. Fica registrada a problemática da recusa de par ticipação do paciente no auto-cuidado e a necessidade de enfermagem propor estratégias para assistir pes soas que assim se comportam.
Frentes aos objetivos traçados para este estudo, conclui-se que:
cadores para a evolução de enfermagem;
humanas básicas afetadas do ser humano, levam em conta cada um dos princípios e que estes cen tralizam-se no de que "todo cuidade de enfer magem é preventivo, curativo e de reabilitação", sendo que os cinco princípios propostos pela teoria guardam estreita relação entre si.
l. FIGUEIREDO, Maria Cristina Soares. Contribuição do enfer meiro na reabilitação do paraplégico e seu ajustamento à vida domiciliar. Dissertação de mestrado - Escola de En fermagem Ana Neri. Rio de Janeiro: 1981.
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R.13ras. Enferlll. Brasília. 46(1): 21-31, jan.lmar. 1993 31