





Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Apostilas de História sobre o estudo da Pré-História da Amazônia, processo de domesticação de plantas e animais, década de 80.
Tipologia: Notas de estudo
Oferta por tempo limitado
Compartilhado em 11/04/2013
4.5
(272)654 documentos
1 / 9
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Em oferta
Durante muito tempo foi comum a idéia de que sociedades de caçadores-coletores seriam tão básicas e primitivas, que não teriam influência no surgimento e desenvolvimento de civilizações, principalmente na Amazônia que durante muito tempo foi considerada como uma região hostil à civilização, por ser uma área rudimentar e com baixa densidade demográfica. Para muitos historiadores somente quando a humanidade fosse capaz de domesticar as plantas para satisfazer suas carências, e que teria condições de formar sociedades agrícolas sedentárias, e isso é o que as levaria à civilização. A ocupação humana da Amazônia inicia-se há pelo menos 11.000 anos, mas há quem acredite que essa ocupação seja mais antiga, arqueologicamente falando o que se tem constatação, é que, a colonização da Amazônia foi realizada por grupos de caçadores-coletores que não eram nada primitivos, diferentes partes do que hoje consideramos como Amazônia brasileira já eram habitadas a serra dos Carajás, a bacia do rio Jamari, o baixo rio Negro próximo a onde se situa a cidade de Manaus. Entre os padrões encontrados nos sítios arqueológicos dos caçadores-coletores amazônicos, os constituídos por objetos típicos estariam na base de formação das culturas agricultoras posteriores. O que hoje se sabe é que a diversidade ecológica na Amazônia e muito rica e ampla, é que as sociedades nativas não eram passivas de limitações ambientais, há evidências que os ecossistemas eram explorados de maneira adequada às características ambientais, e isso se dava desde o inicio do Holoceno. Há também que considerar a grande variabilidade geográfica dentro da bacia amazônica – na cobertura vegetal, na distribuição de espécies animais, na precipitação, na fertilidade do solo, na química das águas e na temperatura - que tem implicações importantes para o processo de ocupação humana da região. Os dados obtidos em diferentes partes da Amazônia mostram que, de fato, a floresta tropical foi ocupada antes do advento da agricultura, ou seja, por populações com economias baseadas em caça, pesca e coleta. (NEVES, 2006 p.22,25).
Dessa forma, é incorreto dizer que há um único padrão de organização social e política para as populações pré-coloniais, pois à medida que avançam as pesquisas, se nota que a
variação de formas de vida no passado, talvez tenha sido maior que as da atualidade. Donald Lathrap (arqueólogo norte-americano) diz que o processo de domesticação das plantas se originou nas populações sedentárias das planícies aluviais da Amazônia ou no norte da América do Sul e, que, depois teriam sido difundidas para outras áreas. E possível que os primeiros habitantes vivessem em um meio-ambiente muito diferente do atual com aumento de temperatura e a ampliação das florestas. As populações que produziam cerâmicas estavam situadas há mais de 7.000 anos ao longo dos grandes rios, e provável que eles fossem agricultores, que praticassem o manuseio de algum tipo de planta, e com o passar dos anos desenvolvessem um principio de cultivo de raízes como a mandioca, esse sistema se melhorou com o passar dos anos, mas é utilizado ainda hoje pelas populações da Amazônia. As maiores contribuições dos povos indígenas da América foram à domesticação de diversas plantas que são usadas e consumidas por todo o planeta. Pode-se considerar a emergência da agricultura como um processo coevolutivo no qual seres humanos e plantas desenvolveram uma dependência mutua que tornou a vida de ambos impossível sem a presença do outro. A mandioca é um bom exemplo: foi domesticada na Amazônia e atualmente é consumida em larga escala pela América Latina, Caribe, África e Ásia. ( NEVES, 2006 P. 33). No processo de domesticação de plantas e animais, há locais que são classificados como centros ou lugares ou onde esses processos iniciaram, enquanto que outras áreas são consideradas receptoras. A Amazônia é considerada como um desses centros de domesticação há uma extensa lista além da mandioca e da pupunha. Geralmente esses centros podem ser identificados a partir dos vestígios paleobotânicos que são encontrados nos sítios arqueológicos esses indícios indicam a ocorrência de espécies selvagens que tenham parentescos com as domesticadas. Dentro das características da Amazônia e de acordo com as evidências botânicas e genéticas, a bacia do alto Madeira foi o local de domesticação da mandioca e da pupunha. Há fortes evidências da presença humana durante todo o Holoceno, e o alto Madeira talvez tenha sido o local de origem das línguas Tupis. As técnicas de cultivo eram do tipo “de coivara”, “de toco” ou de “corte e queima”, nessas roças o aspecto e de sujeira e desorganização e a vida útil e bastante curta, pois a fertilidade do solo diminui bastante. Por causa desse padrão, alguns estudiosos sugerem que os cultivos de coivara não eram possíveis de manter populações sedentárias, pela constante realocação. O resultado dessas práticas são os chamados solos mulatos: terras férteis próximas a sítios arqueológicos, nesses locais são
arqueólogos contestam essas datas, para eles ocupações posteriores desses sítios causaram perturbação, o que traria problemas para essas datações. As críticas dizem respeito a um grande problema, pois coloca em xeque a possibilidade de haver tido apenas um centro original para as cerâmicas no continente americano, essas datas são bem mais antigas que as obtidas na área que vai do litoral do Equador, ao litoral atlântico da Colômbia. O que se conhece sobre as cerâmicas antigas da Amazônia está apenas no inicio, as áreas de produção são limitadas, se localizam mais nos Sambaquis litorâneos e fluviais do baixo Amazonas e da zona do estuário, a evidência de cerâmica e de ocupação humana em outras partes da região e escassa se não completamente inexistente. Há um dado curioso, em um dos possíveis centros originais de cerâmica da Amazônia, Santarém e Monte Alegre, há indícios de que a produção tenha sido abandonada, se esses dados estiverem corretos as mudanças não eram lineares nem previsíveis, acompanhavam a rotatividade dos períodos da floresta.
Talvez as manifestações mais claras dessa hipótese sejam as súbitas transformações nos padrões de ocupação notáveis a partir de cerca de 2000 anos atrás. Tais modificações refletem mudanças mais profundas, relacionadas à organização política das sociedade amazônicas do período (...) Às modificações nos padrões de assentamento correspondem também sinais de uma verdadeira explosão cultural. Diferentes tradições ceramistas são visíveis no registro arqueológico, algumas claramente locais, outras com influências externas, principalmente do norte da América do Sul. (NEVES, 2006 p. 49)
A presença de artefatos líticos polidos com iconografias comuns, como muiraquitãs e estatuetas são encontrados por diferentes locais, o que indica a ocorrência de formas de contato que associaram diferentes povos em um contexto maior. A partir dessa época, se comprovam conflitos armados e isso é confirmado pelas armações de defesa encontradas no alto rio Negro e no alto Xingu. Fica cada vez mais claro que houve mudanças climáticas significativas na bacia amazônica em torno de 1000 a.C, essas mudanças dão conta do aumento da precipitação das chuvas e da expansão da floresta sobre as áreas circunvizinhas como os cerrados. Os fatos acontecidos com o clima em 2005 dão conta de como pequenas mudanças podem ter conseqüências desastrosas para este ecossistema, naquele ano a falta de chuva prejudicou o nível dos rios da bacia amazônica, houve mortandade de peixes e muitas doenças. Por esses episódios então é possível relacionar as mudanças climáticas ocorridas a partir do ano 1000 a.C com as modificações que ocorreram na arqueologia da Amazônia. Nesse contexto, o aumento
das chuvas e a expansão da floresta criam condições para os modos de vida sedentários e por conseqüência a adoção da agricultura, essas transformações estão relacionadas a outros fenômenos como a expansão dos grupos do tronco Tupi e da família Arawak e a construção de grandes aldeias no alto Xingu e na região do Pantanal. Existe um amplo leque de ocorrências arqueológicas, na faixa dos 3000 aos 1000 anos a.C há uma grande dispersão geográfica que os pesquisadores atribuem às chamadas Fase Mina, Tradições Hachurada Zonada, Borda Incisa, Incisa Ponteada e Tupi-Guarani e isso constitui uma clara transição das sociedades de caçadores-coletores para sociedades agricultoras e da evolução destas para sociedades complexas. A evidência de terras pretas na Amazônia brasileira encontra-se em dois lugares distintos e em locais opostos: a ilha de Marajó e a região do alto Madeira em Rondônia alias, é em Rondônia que se encontram as mais antigas terras pretas com cerca de 4000 anos, em outras áreas tais tipos de solo são mais recentes tendo em média 2000 anos. Esse tipo de solo talvez seja o que melhor indica que os espaços da floresta foram modificados pela ação das populações indígenas. Não se sabe o que levou à formação desse tipo de solo altamente fértil, o mais provável e que resultem do acumulo de restos orgânicos, ossos de peixes e outros animais, cascas de frutas, raízes, carvão etc., isso marca uma mudança nas relações: as sociedades que ocuparam esses locais tinham menos mobilidade, eram mais sedentárias e territoriais que suas antecessoras.
Tais solos mantêm, no entanto, alta fertilidade, o que normalmente seria incompatível com a intensa lixiviação que ocorre nos trópicos. Em outras palavras, a expectativa seria de que solos com essa idade fossem atualmente pouco férteis, após séculos de exposição às condições climáticas da região. (...) Quanto à estabilidade das terras pretas, a resposta para essa questão deverá passar necessariamente pela consideração de que são uma matriz composta por elementos naturais – o próprio solo e seus componentes orgânicos, inclusive restos de alimentos – e culturais – fragmentos de cerâmica e de objetos de pedra lascada e polida. (NEVES, 2006 p. 53, 54)
Em sítios da Amazônia central surgem evidências de assentamentos sedentários e populosos, há indícios de cerâmicas bem feitas com decoração pintada e incisa, chamadas de Manacapuru. Em alguns sítios situados junto a essas ocupações existem depósitos com mais de um metro de profundidade com cerâmica decorada mais sem a presença de terras pretas, eles guardam semelhança com outros depósitos encontrados no baixo Amazonas com datas similares e sem associação com terras pretas. Esses objetos pertencem ao que se convencionou chamar de tradição Pocó, essa tradição e do
a Guiana Francesa, se essas informações estiverem certas, isso indica que os Palikur e seus ancestrais ocupam essa área há mais de 1500 anos. O sítio mais conhecido e o Kunami, um poço artificial onde eram jogados ou colocados, urnas funerárias e vasos.
O que caracteriza o estilo Maracá é uma cerâmica com antiplastico de cinzas, com formas tubulares , geralmente antropomorfas. O corpo está sentado num banco retangular com dois pés laterais, que pode ter apêndices zoomorfos. O sexo humano é bem marcado, podendo ser tanto feminino quanto masculino. Neste último caso, pode haver indicio de circuncisão. (PROUST, 1992 p. 501, 502)
Os Tupi-Guarani deixaram marcas de sua influência na Amazônia, no Xingu e no Tocantins, nas terras dos Índios Xikrin (kaiapós), foram achadas cerâmicas que indicam uma Tradição Inciso-Ponteada, duas fases revelam as influênciasTupi-Guarani : a fase Tucuri com sítios na fronteira das terras altas datados com 1000 anos AD e a fase Tauari, mais antiga. A cerâmica Tupi-Guarani caracterizava-se pela técnica do alisado simples e pela pintura Polícroma com linhas vermelhas e pretas sobre fundo branco. Entre os utensílios produzidos destacavam-se as grandes igaçabas (potes). Com o inicio da colonização se verifica um processo de mudança entre as sociedades que habitavam a região amazônica, grande parte das terras indígenas hoje estão localizadas distantes do rio Amazonas, estão no contorno da bacia em lugares como o alto Xingu, o alto rio Negro, o planalto das Guianas e a bacia do alto Madeira. Os outros locais como a ilha de Marajó e os próximos aos rios Solimões e Amazonas estão atualmente ocupados por descendentes dessas sociedades. A explicação que se tem a respeito é a de que os grupos que viviam nesses locais foram exterminados pelas doenças trazidas pelos conquistadores e pela escravidão à que foram submetidos, os escritos dos primeiros navegantes que desceram o rio Amazonas dão conta de grandes aglomeramentos e de grandes aldeias indígenas. O que a arqueologia mostra é que a base das sociedades indígenas era a família, o grupo, eles sempre se organizaram no cultivo das raízes como a mandioca, na caça, pesca e coleta de frutas e mel silvestre. Essas características lhes conferem condições para sobreviver apesar de todas as adversidades que o “homem branco conquistador e culturalmente superior” lhe impõe diariamente, seja derrubando as matas, seja poluindo as águas dos rios.
MAGALHÃES, Marcos P. A Phýsis da Origem. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi, 2005. NEVES, Eduardo Góes. Arqueologia da Amazônia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
PROUST, André. Arqueologia brasileira. Brasília: Editora Universidade de Brasília,