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Tipologia: Notas de estudo
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A Linhagem do Santo Graal [Laurence Gardner]
Tradução: Marcos Malvezzi Leal
MADRAS
CRÉDITOS DAS IMAGENS
Devo agradecer aos abaixo mencionados pelas seguintes ilustrações fotográficas e pelas imagens com direitos reservados: 1,20, BridgemanArt Library, Londres; 2, 15,23, Mary Evans Picture Library, Londres; 3, 8, 21, E. T. Archive, Londres; 4, Kunstistorisches Museum, Viena; 6, 13, Galleria Uffize, Scala Museum, Florença; 7, National Gallery, Londres; 9, 12,24, Tate Gallery, Londres; 10, 19,22, Entropic Fine Art, Ontário; 11, National Gallery of Art, Washington; 14, British Library, Londres; 16, Edwin Wallace and Mary Evans Picture Library, Londres; 17, Walker Art Gallery, Liverpool. Embora todos os esforços tenham sido feitos para a obtenção das devidas permissões, se houver qualquer erro ou omissão quanto a direitos reservados, pedimos desculpas e nos comprometemos a corrigir as falhas em qualquer edição futura.
PREFÁCIO
A Linhagem do Santo Graal é uma notável realização na área de pesquisa genealógica. São raros os historiadores familiarizados com fatos tão bombásticos quanto os expostos neste livro. As revelações são absolutamente fascinantes e, sem dúvida, serão apreciadas por muitos como verdadeiros tesouros de iluminismo. Nelas se encontra a história vital daquelas questões fundamentais que ajudaram a dar forma à Igreja Cristã na Europa e nos Estados das Cruzadas. Talvez algumas pessoas considerem de natureza herética alguns aspectos deste livro. É direito de qualquer indivíduo acalentar tal visão, uma vez que as exposições inerentes são um tanto alheias à tradição ortodoxa. Contanto, permanece o fato de que Chevalier Labhràn penetrou as profundezas dos manuscritos disponíveis e dos dados arquivais de qualquer domínio convencional. O conhecimento desvelado resultante é apresentado de maneira muito articulada, interessante e apaixonante. Esta obra traz uma incrível visão dos séculos de alianças governamentais estratégicas, junto a engodos e intrigas inerentes. Durante cerca de dois mil anos, os destinos de milhões de pessoas têm sido manipulados por personalidades singulares, freqüentem ente caprichosas, que pervertem as aspirações espirituais de nossa civilização. Com riqueza de detalhes, o autor removeu as constrições do interesse tendencioso para relatar numerosas histórias suprimidas de nossa herança. Fazendo isso, ele ressuscita a história politicamente silenciada de uma dinastia real resoluta que a Igreja há muito se esforça por extinguir, para garantir interesses próprios. Agora, nesta nova era de entendimento, que a verdade prevaleça e que a Fênix ressulta mais uma vez.
HRH Príncipe Michael de Albany Chefe da Casa Real de Stewart
ORIGENS DA LINHAGEM
A QUEM SERVE O GRAAL?
Após a Revolta dos Judeus em Jerusalém, no I século da era cristã, os senhores romanos teriam destruí do todos os registros a respeito do legado de Davi da família de Jesus, o Messias. A destruição, porém, nunca foi completa, e alguns documentos relevantes foram guardados pelos herdeiros de Jesus, que trouxeram a herança messiânica do Oriente Próximo para o Ocidente. Como confirma a Enciclopédia Eclesiástica de Eusébio, bispo de Cesaréia, esses herdeiros eram chamados de Desposyni (antigo termo grego para "do Mestre"), um título sagrado reservado exclusivamente para aqueles da mesma descendência familiar de Jesus. Eles tinham o legado sagrado da Casa Real de Judá - uma linhagem dinástica existente ainda hoje. No decorrer deste livro, estudaremos a extraordinária história dessa linhagem soberana, desvendando um detalhado relato genealógico do Sangue Real Messiânico (o Sangréal) em descendência direta de Jesus e seu irmão Tiago. Contudo, para abordarmos esse tema, teremos de considerar primeiramente as histórias bíblicas do Antigo e do Novo Testamento sob uma perspectiva diferente daquela normalmente transmitida. Não estaremos reescrevendo a história, mas remodelando relatos conhecidos - levando a história de volta à sua base original, em vez de perpetuar os mitos de estilo estratégico daqueles cujos interesses são tendenciosos. Com o passar dos séculos, uma contínua conspiração governamental e da Igreja tem prevalecido acima do legado messiânico. Essa tendência aumentou quando a Roma Imperial desviou o curso do Cristianismo para servir a um ideal alternativo, e continua até o presente.
Muitos eventos históricos aparentemente não relacionados foram, na verdade, capítulos da mesma e contínua supressão da linhagem. Das guerras judaicas do 1o. século d.C., passando pela Revolução Americana do século XVIII e além, as maquinações têm sido perpetuadas por governos europeus e ingleses, em colaboração com a Igreja Católica Romana e a Igreja Anglicana. Em suas tentativas de restringir o direito nato real de Judá, os Altos Movimentos cristãos instalaram vários regimes próprios - tal como a própria Casa de Hanover, da Grã-Bretanha - SaxeCoburg - Gotha. Essas administrações foram forçadas a apoiar doutrinas religiosas específicas, enquanto outras foram depostas por pregar a tolerância religiosa. Agora, na entrada de um novo milênio, é hora de reflexão e reforma no mundo civilizado - e para a realização dessa reforma é apropriado considerar os erros e os sucessos do passado. Para essa finalidade, não há registro melhor do que o existente nas crônicas do Sangréal. A definição Santo Graal apareceu pela primeira vez na Idade Média, como um conceito literário, baseado (como veremos mais adiante) em uma série de erros de interpretação por parte de escrivões. O termo derivava imediatamente como uma tradução de Saint Grail e das antigas formas San Graal e Sangréal. A antiga Ordem do Sangréal, uma Ordem dinástica da Casa Real Escocesa de Stewart, era diretamente aliada à continental Ordem Européia do Reino de Sion, e os cavaleiros de ambas as Ordens eram adeptos do Sangréal, que define o verdadeiro Sangue Real (o Sang Réal) de Judá: a A Linhagem do Santo Graal. Bem distinto de seu aspecto físico dinástico, o Santo Graal também tem uma dimensão espiritual. Ele tem sido simbolizado por muitas coisas, mas, como objeto material, costuma ser visto como um cálice, especialmente contendo (ou que já conteve) o sangue vital de Jesus. O Graal também já foi retratado como uma vinha, estendendo seus ramos através dos anais do tempo. O fruto da vinha é a uva, e da uva vem o vinho. Nesse sentido, os elementos simbólicos do cálice e o vinho coincidem, pois o segundo há muito é comparado como o sangue de Jesus. Na verdade, essa tradição está presente bem no coração do sacramento da Eucaristia (Sagrada Comunhão), e o sangue perpétuo do Graal, ou do cálice, representa nada menos que a duradoura linhagem messiânica.
Mas o que tudo isso tem a ver com o Santo Graal? Tudo. O Graal tem muitas formas e atributos - como será revelado. Contudo, em qualquer forma que seja retratada, a busca do Graal é regida por um dominante desejo de honesta conquista. É a rota pela qual todos podem sobreviver entre os fortes, ou adequados, pois ele é a chave da harmonia e unidade em todo estado social e natural. O Código do Graal reconhece o avanço por mérito e respeita a estrutura da comunidade - mas acima de todas as coisas, ele é inteiramente democrático. Seja apreendido em sua dimensão física ou espiritual, o Graal pertence tanto a líderes como a seguidores, determinando que todos devem ser como um, em serviço comum e unificado. Para alguém pertencer aos fortes, deve estar plenamente informado. Só por meio da conscientização podem ser feitas preparações para o futuro. O regime ditatorial não é uma rota de informação; é uma constrição com o objetivo de impedir o livre acesso à verdade. A quem, portanto, serve o Graal? Ele serve àqueles que, apesar dos contratempos, buscam - pois são os campeões do iluminismo.
ÍDOLOS PAGÃOS DO CRISTIANISMO
No decorrer de nossa jornada, confrontaremos um número de afirmações que podem, a princípio, parecer assustadoras, mas isso costuma acontecer quando se traz a história de volta às suas bases, pois a maioria das pessoas é condicionada a aceitar determinadas interpretações da história como fatos. Muito do que aprendemos de história é por meio de propaganda estratégica, seja ela motivada pela Igreja ou por política. Tudo é parte do processo de controle; separa os mestres dos servos e os fortes dos fracos. A história política tem sido escrita por seus mestres: os poucos que decidem o destino e a sina dos muitos. A história religiosa não é diferente, pois seu desígnio é implementar o controle pelo medo do desconhecido. Dessa forma, os mestres religiosos retiveram sua supremacia à custa de devotos que genuinamente buscam iluminação e salvação. Quanto à história política ou religiosa, é evidente que os ensinamentos estabelecidos chegam às raias do fantástico, mas mesmo assim raramente são questionados. Quando estes são menos do que fantásticos, porém, costumam parecer tão vagos que quase não fazem sentido, se examinados em qualquer nível de profundidade. Em termos bíblicos, nossa busca do Graal começa com a Criação, conforme definida no livro do Gênesis. Em 1779, um consórcio de livreiros de Londres publicou uma obra gigantesca com 42 volumes, Universal History - que viria a ser muito reverenciada e que afirmava, com grande grau de convicção, que o trabalho de Criação de Deus começou em 21 de agosto de 4004 a.C. Surgiu, então, um debate a respeito do mês exato, pois alguns teólogos achavam que 21 de março seria uma data mais precisa. Todos concordavam, porém, que o ano estava correto, e aceitavam que só seis dias tinham passado entre o nada cósmico e o surgimento de Adão. Na época da publicação, a Inglaterra se via em meio à sua Revolução Industrial. Era um período instável de extraordinárias mudanças e desenvolvimentos, mas, assim como no acelerado ritmo dos avanços da atualidade, pagou-se um preço. As preciosas artes e técnicas de outrora se tomaram obsoletas diante da produção em massa, e a sociedade se reagrupava para acomodar uma estrutura comunitária com base na economia. Uma nova estirpe de vencedores emergia, enquanto a maioria da população cambaleava num ambiente desconhecido que nada tinha a ver com os costumes e padrões de sua educação. Certo ou errado, esse fenômeno é chamado de Progresso, e o seu critério inflexível é aquele preceito do naturalista inglês Charles Darwin: a "sobrevivência do mais forte". O problema é que as chances de sobrevivência das pessoas costumam diminuir quando elas são ignoradas ou exploradas por seus mestres: aqueles mesmos pioneiros que forjam a rota do progresso, auxiliando (mas não garantindo) apenas a sobrevivência própria. É fácil vermos hoje que a História Universal de 1779 estava errada. Sabemos que o mundo não foi criado em 4004 a.C. Sabemos também que Adão não foi o primeiro homem na Terra.? Essas noções arcaicas já estão ultrapassadas; mas para as pessoas no fim do século XVIII, essa
impressionante história era o produto de homens mais esclarecidos do que a maioria e, portanto, presumivelmente correta. Vale a pena, portanto, fazermos a nós mesmos a seguinte pergunta, neste estágio: quantos fatos aceitos pela ciência e pela história atualmente também serão considerados ultrapassados à luz de futuras descobertas? Dogma não é necessariamente verdade; é apenas uma interpretação fervorosamente divulgada da verdade, com base nos fatos disponíveis. Quando novos fatos influentes são apresentados, o dogma científico muda naturalmente, mas isso é raro de acontecer com o dogma religioso. Neste livro, estamos particularmente interessados nas atitudes e ensinamentos de uma Igreja Cristã que não presta atenção a descobertas e revelações, e que ainda mantém boa parte do dogma incongruente que remonta a tempos medievais. Como observou astutamente H. G. Wells no início da década de 1900, a vida religiosa das nações ocidentais "subsiste numa casa da história construída sobre areia". A teoria da evolução de Charles Darwin em The Descent of Man, em 1871 não causou nenhum dano pessoal a Adão, mas a idéia de que ele seria o primeiro ser humano caiu por terra. Como todas as formas de vida orgânica no planeta, os humanos evoluíram por mutação genética e seleção natural, no decorrer de centenas de milhares de anos. O anúncio de tal fato encheu de horror a sociedade, orientada pela religião. Alguns simplesmente se recusavam a aceitar a nova doutrina, mas muitos caíram no desespero. Se Adão e Eva não eram os pais primordiais, não havia Pecado Original e, portanto, o próprio motivo do perdão não tinha fundamento! A maioria entendera de maneira completamente errada o conceito de Seleção Natural. As pessoas deduziam que, se a sobrevivência era restrita aos mais fortes, então o sucesso devia depender de superar o próximo! Estava nascendo uma nova geração, cética e cruel. O nacionalismo egotista florescia como nunca antes na história, e as divindades domésticas eram veneradas como, no passado, adoravam-se os deuses pagãos. Símbolos de identidade nacional (como Britannia e Hibernia) se tomaram novos ídolos do Cristianismo. Dessa base insalubre se gerou uma doença imperialista, e os países mais fortes e avançados reivindicaram o direito de explorar as nações menos desenvolvidas. A nova era da construção de impérios começava com uma luta indigna por domínio territorial. O Reich alemão foi fundado em 1871, com a amálgama de estados até então separados. Outros estados se juntaram para formar o Império Austro-Húngaro. O Império Russo expandiu-se consideravelmente e, na década de 1890, o Império Britânico já ocupava nada menos que um quinto de toda a massa territorial do globo. Aqueles eram os dias dos resolutos missionários cristãos, muitos dos quais enviados da Inglaterra da rainha Vitória. Com a estrutura religiosa gravemente ferida em casa, a Igreja procurava uma justificativa no exterior. Os missionários viviam particularmente ocupados na Índia e na África, onde as pessoas já tinham as próprias crenças e nunca tinham ouvido falar de Adão. Mais importante, porém: nunca tinham ouvido falar de Charles Darwin! Na Inglaterra, um novo estrato intermediário na sociedade emergira dos empregadores da Revolução Industrial. Essa próspera classe média deixou a verdadeira aristocracia e a classe governamental muito longe do alcance do povo, efetivamente criando uma estrutura de classes - um sistema de divisões no qual todos tinham seu lugar designado. Os chefes e comandantes se refestelavam em empreendimentos arcádicos, enquanto os mercadores oportunistas competiam por espaço em meio ao consumo exacerbado. Os homens da classe trabalhadora aceitavam seu estado servil, com hinos de aliança, um sonho de Esperança e Glória, e um retrato de sua sacerdotisa tribal, Britannia, acima da lareira. Os estudiosos da história sabiam que não tardaria até que os impérios começassem a mirar uns aos outros, e previam o dia em que os poderes concorrentes se digladiariam em feroz oposição. O conflito começou quando a França se empenhou em recuperar a Alsácia-Lorena da ocupação alemã, enquanto as duas guerreavam pelas reservas de ferro e carvão do território. A Rússia e o Império Austro-Húngaro se enfrentavam em luta pelo domínio dos Bálcãs e havia disputas resultantes de ambições colonialistas na África e em outros lugares. O pavio foi aceso em junho de
examinadas independentemente da Bíblia. Em Gênesis 41:39-43, lemos como José se tornou Governador do Egito: Disse o Faraó a José: administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu... Desse modo, fê-lo governar sobre toda a terra do Egito. Referente a Moisés, em Êxodo 11:3, descobrimos também que: Moisés era muito famoso na terra do Egito, aos olhos dos oficiais do Faraó e aos olhos do povo. Entretanto, a despeito do status e de toda a proeminência, nem José nem Moisés aparecem em qualquer registro egípcio sob seus nomes bíblicos. Os anais de Ramsés II (c.1304-1237 a.C.) especificam que o povo semita se assentou na terra de Gósen, explicando que também para lá se dirigiram os semitas vindo de Canaã, em busca de alimento. Mas por que os escrivãos de Ramsés mencionariam esse povoado do delta do Nilo em Gósen? De acordo com a cronologia padrão da Bíblia, os hebreus foram para o Egito uns três séculos antes da época de Ramsés e fizeram seu êxodo por volta de 1491 a.C., muito antes que ele chegasse ao trono. Assim, diante desse registro em primeira mão, vemos que a cronologia padrão da Bíblia está incorreta.. Tradicionalmente, presume-se que José foi vendido como escravo no Egito na década de 1720 a.C. e nomeado Governador pelo Faraó uma década ou duas depois. Mais tarde, seu pai Jacó (cujo nome foi mudado para Israel) e 70 membros da família o seguiram até Gósen para escapar da fome em Canaã. Apesar disso, Gênesis 47:11, Êxodo 1:11 e Números 33:30 fazem referências à "terra de Ramsés" (egípcio: "a casa de Ramsés") mas se tratava de um complexo de armazéns de grãos construídos pelos israelitas para Ramsés II em Gósen, uns 300 anos após a época em que, presumivelmente, se encontravam lá! Ao que parece, a versão judaica alternativa é mais correta do que a Cronologia Padrão: José esteve no Egito não no início do século XVIII a.C., mas no início do século XV a.C. Lá, ele foi nomeado Ministro Chefe de Tutmósis IV (c.1413-1405 a.C.). Para os egípcios, porém, José (Yusuf, o Vizir) era conhecido como Yuya, e sua história é particularmente reveladora - não só em relação ao relato bíblico de José, mas também com respeito a Moisés. O historiador e lingüista nascido em Cairo, Ahmed Osman, fez um estudo profundo dessas personalidades em seu ambiente egípcio contemporâneo e as descobertas são de grande significado. Quando o faraó Tutmósis morreu, seu filho se casou com a irmã, Sitamun (como era a tradição faraônica) para poder herdar o trono como o faraó Amenhotep III. Pouco depois, ele desposou também Tiye, filha do Ministro Chefe (JoséNuya). Foi decretado, porém, que nenhum filho de Tiye podia herdar o trono e, por causa da extensão de terras governadas por seu pai, José, havia um medo geral de que os israelitas estivessem ganhando poder demais no Egito. Então, quando Tiye engravidou, foi passado um edito determinado que o bebê deveria ser morto ao nascer, se fosse menino. Os parentes israelitas de Tiye viviam em Gósen e ela possuía um pequeno palácio de verão, um pouco rio acima, em Zarw, para onde se dirigiu quando ia dar à luz. De fato, Tiye teve um menino, mas as parteiras reais conspiraram com ela e o colocaram à deriva num cesto de vime, que desceu o rio e foi parar na casa do meio-irmão de seu pai, Levi. O menino, Aminadab (nascido em 1394 a.C.), foi devidamente educado na região a leste do delta pelos sacerdotes egípcios de Rá. Depois, na adolescência, ele foi viver em Tebas. Naquela época, sua mãe tinha adquirido mais influência do que a rainha mais velha, Sitamun, que nunca tivera um filho e herdeiro do faraó, só uma filha chamada Nefertite. Em Tebas, Aminadab não aceitava as divindades egípcias com sua miríade de ídolos; e assim ele introduziu a noção de Áton, um deus onipotente que não tinha imagem. Áton era, portanto, equivalente ao Adon dos hebreus (um título emprestado da língua fenícia e que significa "Senhor"), de acordo com os ensinamentos israelitas. Naquela época, Aminadab (o equivalente hebraico de Amenhotep: "Amon está alegre") mudou o nome para Akhenáton, que significa "Servo de Aton". O faraó Amenhotep passou por um período com problemas de saúde e, como não havia um herdeiro homem direto da casa real, Akhenaton desposou sua meio-irmã Nefertite para ser co-
regente durante o conturbado período. No devido tempo, porém, quando Amenhotep III morreu, Akhenaton pôde ascender ao trono como faraó, ganhando o título oficial de Amenhotep IV. Ele e Nefertite tiveram seis filhas e um filho, chamado Tutankháton. O faraó Akhenaton fechou todos os templos dos deuses egípcios e construiu novos templos a Aton. Ele também administrava uma casa distintamente doméstica - muito diferente da norma real no antigo Egito. Ele se tomou impopular em muitas frentes, particularmente entre os sacerdotes da antiga divindade nacional, Amon (ou Amen) e do deus sol Rá(ou Re), o que resultou na proliferação de intrigas contra a sua vida. As ameaças de insurreição armada eram fortes, se ele não deixasse que os deuses tradicionais fossem venerados junto ao deus sem rosto, Áton. Mas Akhenaton recusou, e acabou sendo forçado a abdicar em favor de seu primo Smencare, que foi sucedido pelo filho de Akhenaton, Tutankhaton. Quando assumiu o trono aos 11 anos de idade, porém, Tutankhaton foi obrigado a mudar o nome para Tutankhamon, mas só viveu nove ou dez anos, morrendo ainda muito jovem. Akhenaton, enquanto isso, foi banido do Egito. Ele fugiu com alguns seguidores para a remota segurança de Sinai, levando seu cetro real, encimado por uma serpente de bronze. Para os seus partidários, ele continuava sendo o monarca por direito (o herdeiro ao trono que lhe fora usurpado) e ainda era considerado por eles o Mose, Meses ou Mosis, que significa "herdeiro" ou "nascido de"
NO PRINCÍPIO JAYÉ E A DEUSA
Além das explorações militares dos israelitas, os compiladores do Antigo Testamento descreveram a evolução da fé judaica desde os tempos de Abraão. Não é a história de uma nação unificada devotada ao Deus Javé, e sim de uma seita tenaz que, a despeito de todas as dificuldades, esforçou- se para instituir a religião dominante de Israel. Na opinião deles, Javé era do sexo masculino, mas esse era um conceito sectário que originou muitos e graves problemas. No cenário mais amplo contemporâneo, entendia-se geralmente que a criação da vida deveria emanar tanto de uma fonte masculina como de uma feminina. Outras religiões - no Egito, na Mesopotâmia e em outros lugares - tinham divindades de ambos os sexos. O deus masculino primário costumava ser associado ao solou ao céu, enquanto a divindade feminina primária tinha raízes na terra, no mar e na fertilidade. O sol dá sua força a terra e às águas, de onde surge a vida;
justificável; mas permanece o fato de que as histórias como de Adão e Eva de modo algum se restringiam à tradição hebraica. Nesse sentido, suas vidas e relevância histórica são discutidas extensivamente no livro Genesis of the Graal Kings. Versões alternativas à versão bíblica de Adão e Eva podem ser encontradas nos escritos dos gregos, sírios, egípcios, sumérios e abissínios (antigos etíopes). Alguns relatos falam da primeira consorte de Adão, Lilith, antes de ele cair nos encantos de Eva. Lilith era serva da Sekiná e abandonou Adão porque ele tentou dominá-la. Fugindo para o mar Vermelho, ela gritou "Por que devo me deitar sob ti? Sou tua igual!" Um alto-relevo em terracota sumério, mostrando Lilith (aproximadamente de 2000 a.C.), retrata-a nua e alada, de pé sobre as costas de dois leões e segurando os bastões e anéis do governo divino e da sabedoria. Apesar de não ser uma deusa no sentido tradicional, seu espírito encarnado teria florescido na mais renomada amante de Salomão, a rainha de Sabá. Lilith é descrita no livro sagrado dos mandaens esotéricos do Iraque como a filha do Submundo e, por toda a história até os dias atuais, ela tem representado a ética fundamental da oportunidade da mulher. Quando os israelitas retomaram da Babilônia para Jerusalém, os cinco primeiros Livros de Moisés foram compilados na Tora (a Lei) judaica. O resto do Antigo Testamento foi, entretanto, mantido separado. Durante muitos séculos, ele foi considerado sob diferentes graus de veneração e suspeito, mas, com o tempo, o livro dos Profetas se tomou especialmente significativo para o estabelecimento da herança judaica. O principal motivo para hesitação era que, embora os judeus fossem vistos como o povo escolhido de Deus, Javé não os tinha tratado de maneira muito gentil. Ele era seu Senhor tribal todo-poderoso e prometera ao patriarca Abraão exaltar a raça deles acima de todas as outras. E, no entanto, apesar de tudo isso, tiveram de enfrentar guerras, fome, deportação e cativeiro! Para contrabalançar as crescentes decepções da nação, os Livros dos Profetas reforçaram a promessa de Javé, anunciando a vinda de um Messias, como Rei ou Sacerdote ungido e que serviria ao povo, conduzindo-o à salvação. Essa profecia era suficiente para garantir a reconstrução do Templo de Salomão e a Muralha de Jerusalém, mas não surgiu nenhum salvador messiânico. O Antigo Testamento termina nesse ponto no século IV a.c. Entretanto, a linhagem de Davi continuava, embora não ativamente reinando. E então, mais de 300 anos depois, começou um capítulo inteiramente novo da história soberana, quando o revolucionário herdeiro de Judá corajosamente se lançou no domínio público. Era Jesus Nazareno, o Rei de jure de Jerusalém.
HERANÇA DO MESSIAS
O Novo Testamento retoma a história nos últimos anos antes de Cristo. Mas o período intermediário e não relatado foi imensamente importante, pois montou a cena política na qual o aguardado Messias faria a sua entrada. A era começou com a ascensão ao poder de Alexandre, o Grande, da Macedônia, que derrotou o imperador persa Dario em 333 a.C. Após destruir a cidade de Tiro, na Fenícia, ele marchou para o Egito e construiu sua cidadela de Alexandria. Com controle total do império persa, Alexandre prosseguiu pela Babilônia, dirigindo-se ainda mais para o leste, até finalmente conquistar o Punjab. Quando morreu prematuramente em 323 a.C., seus generais assumiram o controle. Ptolomeu Soter tomou-se o governador do Egito e Selêuco foi governar a Babilônia, enquanto Antígono dominou a Macedônia e a Grécia. Na virada do século, a Palestina também foi anexada ao Império de Alexandre. Nesse ponto, uma nova força crescia na Europa: a República de Roma. Em 264, os romanos expulsaram os govemantes cartagineses da Sicília capturando também Córsega e Sardenha. O grande general cartaginês Aníbal retaliou, tomando Saguntum (atualmente na Espanha); e avançou com suas tropas pelos Alpes, mas foi impedido pelos romanos em Zama. Enquanto isso, Antíoco m (um descendente do general macedônio Selêuco) tomou-se rei da Síria. Até 198 a.C., ele já tinha
se livrado das influências egípcias para se tomar mestre da Palestina. Seu filho, Antíoco IV Epífanes, ocupou Jerusalém - imediatamente provocando uma revolta liderada pelo sacerdote Judas Macabeu. Ele foi morto em batalha, mas os macabeus conquistaram a independência israelita em 142 a.C. Numa luta contínua, os exércitos romanos destruíram Cartago e formaram a nova província de Roma do Norte da África. Outras campanhas deixaram a Macedônia, a Grécia e a Ásia Menor sob controle romano. Mas as disputas eclodiam em Roma porque as guerras de Cartago (ou púnicas) tinham arruinado os fazendeiros da Itália enquanto, ao mesmo tempo, enriqueciam a aristocracia, que construía grandes propriedades utilizando trabalho escravo. O líder democrata Tibério Graco adiantou propostas para uma reforma agrária em 133 a.C., mas foi assassinado pelo partido senatorial. Seu irmão assumiu a causa dos fazendeiros e também foi assassinado, sendo a liderança democrática passada para o comandante militar Caio Mário. Em 107 a.C., Caio Mário era cônsul de Roma. Mas o Senado encontrou um campeão próprio: Lúcio Cornélio Sula, que depôs Mário e se tornou ditador em 82 a.C. Seguiu-se um horrível reinado de terror até o estadista democrata e general Caio Júlio César ganhar popularidade e ser devidamente eleito para o mais importante posto em 63 a.C. Naquele mesmo ano, as legiões romanas marchavam até a Terra Santa, que já se encontrava em estado de tumulto sectário. Os fariseus, que observavam as antigas leis judaicas, bem mais estritas, tinham se revoltado contra a cultura grega, mais liberal. Fazendo isso, eles se opunham também à casta sacerdotal dos saduceus, e o ambiente intranqüilo deixava a região vulnerável a invasões. Vendo a oportunidade, os romanos, sob a liderança de Pompeu Magno (Pompeu, o Grande), subjugaram a Judéia e tomaram Jerusalém, tendo anexado a Síria e o resto da Palestina. Enquanto isso, a hierarquia romana também sofria seus reveses. Júlio César, Pompeu e Crasso formaram o primeiro Triunvirato governante em Roma, mas sua administração conjunta sofreu quando César foi enviado à Gália enquanto Crasso supervisionava a situação em Jerusalém. Em sua ausência, Pompeu mudou suas tendências políticas, desertando os democratas e juntando-se aos aristocratas republicanos. Com o retorno de César, eclodiu a guerra civil. César foi o vitorioso ~m Fársalo, na Grécia, e acabou obtendo total controle das províncias imperiais quando Pompeu fugiu para o Egito. Até aquela época, a rainha Cleópatra VII governava o Egito ao lado de seu irmão Ptolomeu XIII. Entretanto, César visitou Alexandria e conspirou com Cleópatra, que mandou assassinar o próprio irmão e começou a governar sozinha. César prosseguiu com suas campanhas na Ásia Menor e no Norte da África, mas ao retomar a Roma em 44 a.C. foi assassinado pelos republicanos nos idos de março. Seu sobrinho Caio Otávio formou um segundo Triunvirato com o general Marco Antônio e o estadista Marco Lépido. Otávio e Marco Antônio derrotaram os principais assassinos de César, Bruto e Cássio, em Filipe, na Macedônia, mas Marco Antônio abandonara sua esposa Otávia (irmã de Otávio) para ficar com Cleópatra. Isso levou Otávio a declarar guerra contra o Egito, vencendo na Batalha de Actium, o que levou ao suicídio de Marco Antônio e Cleópatra. A Palestina, nesse ponto, era composta de três províncias separadas: Galiléia, ao norte, Judéia, ao sul e Samaria entre as duas. Júlio César tinha colocado o idumeu Antipater como Procurador da Judéia, com seu filho Herodes como governador da Galiléia, mas Antipater foi morto pouco depois, e Herodes foi chamado a Roma para ser nomeado rei da Judéia. Para a maioria de seus súditos, Herodes era um usurpador árabe. Ele tinha se convertido a uma forma de Judaísmo, mas não era da sucessão de Davi. Na prática, a autoridade de Herodes se confinava à Galiléia,já que a Judéia era governada pelo procurador romano na Cesaréia. Entre os dois, o regime era rigoroso ao extremo, e mais de 3.000 crucificações sumárias foram feitas para forçar a população à submissão. Impostos proibitivos eram cobrados, a tortura se tornara uma prática comum e a taxa de suicídio entre os judeus subia de maneira alarmante. Foi em meio a esse ambiente brutal que Jesus nasceu: um clima de opressão controlado por um monarca-marionete, apoiado por uma força ocupacional militar altamente organizada. Os judeus
de culto grego à comunidade judaica. Posteriormente, os Macabeus consagraram o Templo novamente, mas, apesar do sucesso dos judeus contra Antíoco, muito dano social interno fora causado porque a campanha os tinha obrigado a lutar no sabá. Um núcleo de rigorosos judeus devotos conhecidos como os Hassídicos ("os piedosos") se opunha fortemente a isso e, quando a triunfante Casa dos Macabeus assumiu o controle e colocou seu rei e sumo sacerdote em Jerusalém, os hassídicos não só expressaram sua oposição, mas também saíram em massa da cidade para estabelecer sua comunidade "pura" nas proximidades do deserto de Qumrã. O trabalho de construção foi iniciado em 130 a.C. Muitas relíquias da época já foram descobertas e, na década de 1950, mais de mil covas foram desenterradas em Qumrã. Um vasto complexo monástico da segunda habitação também foi exposto, com salas de reuniões, bancos de gesso, uma enorme cisterna de água e um labirinto de canais de água. Na sala dos escrivões havia poços de tinta e os vestígios das mesas onde os Pergaminhos eram estendidos - alguns com mais de cinco metros de comprimento. Foi confirmado por arqueólogos e estudiosos que o assentamento original fora danificado num terremoto e reconstruído pelos essênios no fim da era herodotiana. Os essênios formavam uma das três principais seitas judaicas filosóficas (as outras duas sendo os fariseus e os saduceus).. Muitos manuscritos bíblicos foram encontrados em Qumrã, relacionados a livros como Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Isaías, Jó e outros. Há também comentários a respeito de textos selecionados e vários documentos de leis e registros. Entre esses antigos livros estão alguns dos mais antigos escritos já encontrados, precedendo a qualquer fonte de onde a Bíblia tradicional tenha sido traduzi da. De particular interesse são certos comentários bíblicos compilados pelos escrivães que relacionam os textos do Antigo Testamento aos eventos históricos de sua própria época.Tal correlação é especialmente visível no comentário dos escrivães sobre os Salmos e alguns livros proféticos como Naum, Habacuc e Oséias. A técnica aplicada para relacionar desse modo esses escritos do Antigo Testamento à era no Novo Testamento se baseava no uso do "conhecimento escatológico" - uma forma de representação codificada que usava palavras e passagens tradicionais às quais eram atribuídos significados especiais e relevantes ao entendimento contemporâneo. Esses significados só podiam ser compreendidos por aqueles que conheciam o código. Os essênios eram treinados no uso desse código alegórico, que ocorre nos textos do Evangelho, particularmente em relação àquelas parábolas transmitidas pelas palavras "quem tem ouvidos para ouvir, ouça". Quando, os escrivães se referiam aos romanos, por exemplo, escreviam sobre os Kittim - ostensivamente um nome para os povos da costa mediterrânea, termo que também era usado para denotar os antigos caldeus, que o Antigo Testamento descreve como "os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas" (Habacuc 1:6). Os essênios ressuscitaram a velha palavra e a usaram em sua época, e os leitores esclarecidos sabiam que Kittim era sempre uma referência aos romanos. Para que os Evangelhos não fossem compreendidos pelos romanos, eles foram, em grande parte, construídos com camadas duplas de significado (escritura evangélica na superfície e informação política por baixo), e as mensagens cuidadosamente dirigidas geralmente se baseavam em códigos de substituição passados pelos escrivães. Entretanto, um conhecimento básico do código só se tornou acessível quando os Pergaminhos do Mar Morto foram descobertos recentemente. A partir de então, o entendimento da técnica críptica propiciou maior compreensão da inteligência política velada nos textos dos Evangelhos. O mais extenso trabalho nesse campo é o de uma renomada teóloga, a Dra Bárbara Thiering, conferencista da Universidade de Sydney, a partir de 1967. A Dr Thiering explica o código de forma muito clara. Jesus, por exemplo, era citado como "a palavra de Deus". Assim, uma passagem superficialmente rotineira como em 2 Timóteo 2:9: "A palavra de Deus não está algemada" seria imediatamente compreendida como uma referência a Jesus - nesse caso indicando que Jesus não estava confinado. De modo semelhante, o imperador romano era chamado de Leão. Portanto, ser "salvo da boca do leão" significava escapar das garras
do imperador e de seus oficiais. O estudo dos Pergaminhos - particularmente o Pesharim, o Manual da Disciplina, a Regra da Comunidade e a Liturgia Angélica revela um número de definições em código e pseudônimos que costumavam ser mal compreendidos ou não considerados importantes. Por exemplo, os "pobres" não eram os cidadãos atingidos pela pobreza e marginalizados, e sim aqueles que tinham sido iniciados nos escalões mais altos da comunidade e, por causa disso, eram obrigados a abandonar suas propriedades e posses mundanas. "Muitos" era um título usado para os líderes da comunidade celibatária, enquanto "multidão" era uma designação do tetrarca (governador) regional e uma "concentração de gente" era um conselho governante. Os noviços no estabelecimento religioso eram chamados de "crianças" (filhos). O tema doutrinal da comunidade era conhecido como o Caminho e aqueles que seguiram os princípios do Caminho eram conhecidos como os Filhos da Luz. O termo "leprosos" costumava ser usado para denotar aqueles que não tinham sido iniciados na comunidade superior, ou por ela denunciados. Os "cegos" eram aqueles que não partilhavam do Caminho e, portanto, não viam a Luz. Nesse sentido, os textos mencionando "cura de um cego ou cura de um leproso" referem-se mais especificamente ao processo de conversão ao Caminho. Livrar-se da excomunhão era descrito "ser ressuscitado" (um termo especialmente importante, ao qual retomaremos). A definição de "impuro" se referia principalmente aos gentios não circuncidados, enquanto o termo "doente" denotava as pessoas caídas em desgraça pública ou clerical. Tais informações, ocultas no Novo Testamento, tinham considerável relevância quando foram escritas, e continuam tendo. Os métodos de disfarçar as verdadeiras significações incluíam alegoria, simbolismo, metáfora, símile, definição sectária e pseudônimos. Os significados ficavam totalmente claros, porém, para aqueles que "tinham ouvidos para ouvir". Há, de fato, muitas formas semelhantes de jargão nas línguas modernas. Pessoas não totalmente familiarizadas com o português, por exemplo, podem ter dificuldade em entender expressões como "o Orador se dirigiu ao Gabinete", "os presentes se opuseram ao painel". Também nos termos do Novo Testamento, havia uma linguagem esotérica, que incluía nuvens, ovelhas, peixes, pães, corvos, pombas e camelos. Todas essas classificações eram pertinentes, porque se referiam a pessoas - assim como hoje usamos tubarão, touro, urso, etc. Hoje em dia nos referimos aos artistas de cinema como "estrelas", enquanto os investidores no mundo do entretenimento são chamados de "anjos". Como um leitor do futuro, digamos daqui a 2.000 anos, sem conhecimento dessas expressões, entenderia a frase: "O anjo estava converSando com as estrelas"? Além disso, alguns termos esotéricos no Novo Testamento não descreviam apenas o status social das pessoas, mas eram títulos com especial relevância à tradição do Antigo Testamento. A doutrina que a comunidade considerava sua mensagem-guia era a Luz, e essa era representada por uma triarquia de alto escalão (correspondendo, respectivamente, a Sacerdote, Rei e Profeta) que retinha os títulos simbólicos de Poder, Reino e Glória. No patriarcado, o Pai era supremo e seus dois assistentes imediatos eram designados como seu Filho e seu Espírito.
ARMAGEDON
Alguns dos registros não-bíblicos mais importantes da era do Novo Testamento foram preservados nos escritos de Flávio Josefo, cujas obras Antiguidades Judaicas e Wars of the Jews foram escritas sob um ponto de vista pessoal, pois ele era o comandante militar na defesa da Galiléia durante a Revolta dos Judeus no primeiro século da era cristã. Josefo explica que os essênios eram muito bem treinados na arte da cura e receberam seus conhecimentos terapêuticos sobre raízes e pedras dos antepassados. Realmente, o termo essênio pode se referir a essa especialidade, pois a palavra aramaica asayya significava médico e correspondia ao termo grego essenoi.