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A força transformadora da multidão, Notas de estudo de Cultura

Visão filosófica sobre as manifestação no Brasil em Junho de 2013, enfatizando a violência da polícia e a resposta que a sociedade, ou os manifestantes dão a essa violência gratuita desempenhada por quem deveria zelar pelo bem esta e pela segurança do cidadão.

Tipologia: Notas de estudo

2014
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A FORÇA TRANSFORMADORA DA MULTIDÃO
Renato Nunes Bittencourt
Doutor em Filosofia pelo Programa de Pós
Graduação em Filosofia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro PPGF-UFRJ, Professor do curso de
Especialização em Pesquisa de Mercado e Opinião
Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro e
do Curso de Comunicação Social da Faculdade
CCAA e da Faculdade Flama e membro do Grupo
de Pesquisa Spinoza & Nietzsche.
O mês de junho de 2013 ficará marcado na historia politica do Brasil pela
luta de diversos segmentos sociais de nossa população contra os contínuos
desagravos cometidos pela classe politiqueira, que supostamente nos
representa o bem comum. Corrupção, inserção de parâmetros religiosos em
nossa constituição laica, dinheiro publico mal aplicado, falta de investimento
adequado em Saúde e Educação, sucateamento dos serviços públicos, em
suma, uma série de espoliações contra a cidadania ocasionou na população
brasileira um ímpeto de indignação contra os rumos da política nacional. Talvez
as castas políticas mais reacionárias não acreditassem na possibilidade de o
povo brasileiro tomar as ruas em sua luta por melhorias nas condições de vida
em suas mais diversas instancias. Todavia, nossa população, tão estereotipada
no imaginário coletivo como “cordial”, tão narcotizada pela lógica do espetáculo
integrado no cotidiano, tão idiotizada em sua aceitação das constantes mazelas
que perpassam nosso tecido social, gritou coletivamente contra tanta
rapinagem politica. O estopim da revolta foi o aumento abusivo do valor da
tarifa de ônibus nas grandes cidades brasileiras, mas a luta maior não é por 20
centavos: é pela reconquista da cidadania tão diluída pela perda da
responsabilidade politica daqueles que ocupam o poder estabelecido no país.
Para compreendermos esse fenômeno político, precisamos inserir no
palco da ação a categoria filosófica da Multidão, um grande corpo de indivíduos
caracteristicamente diferentes entre si nos mais diversos modos de expressão,
mas que, apesar dessas diferenças singulares, adquiriram a capacidade de
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A FORÇA TRANSFORMADORA DA MULTIDÃO

Renato Nunes Bittencourt Doutor em Filosofia pelo Programa de Pós Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PPGF-UFRJ, Professor do curso de Especialização em Pesquisa de Mercado e Opinião Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Curso de Comunicação Social da Faculdade CCAA e da Faculdade Flama e membro do Grupo de Pesquisa Spinoza & Nietzsche. O mês de junho de 2013 ficará marcado na historia politica do Brasil pela luta de diversos segmentos sociais de nossa população contra os contínuos desagravos cometidos pela classe politiqueira, que supostamente nos representa o bem comum. Corrupção, inserção de parâmetros religiosos em nossa constituição laica, dinheiro publico mal aplicado, falta de investimento adequado em Saúde e Educação, sucateamento dos serviços públicos, em suma, uma série de espoliações contra a cidadania ocasionou na população brasileira um ímpeto de indignação contra os rumos da política nacional. Talvez as castas políticas mais reacionárias não acreditassem na possibilidade de o povo brasileiro tomar as ruas em sua luta por melhorias nas condições de vida em suas mais diversas instancias. Todavia, nossa população, tão estereotipada no imaginário coletivo como “cordial”, tão narcotizada pela lógica do espetáculo integrado no cotidiano, tão idiotizada em sua aceitação das constantes mazelas que perpassam nosso tecido social, gritou coletivamente contra tanta rapinagem politica. O estopim da revolta foi o aumento abusivo do valor da tarifa de ônibus nas grandes cidades brasileiras, mas a luta maior não é por 20 centavos: é pela reconquista da cidadania tão diluída pela perda da responsabilidade politica daqueles que ocupam o poder estabelecido no país.

Para compreendermos esse fenômeno político, precisamos inserir no palco da ação a categoria filosófica da Multidão, um grande corpo de indivíduos caracteristicamente diferentes entre si nos mais diversos modos de expressão, mas que, apesar dessas diferenças singulares, adquiriram a capacidade de

mobilização associada a partir da apropriação de disposições criadoras, favoráveis ao desenvolvimento da força de ação, intensificada nesse conjunto que visa realizar condições favoráveis ao bem comum. Para Michael Hardt (1960) e Antonio Negri (1933), a Multidão é composta de inúmeras diferenças internas que nunca poderão ser reduzidas a uma unidade ou identidade única, pois é uma multiplicidade das diferenças singulares (HARDT e NEGRI, Multidão, p. 12).

O AGIR EFETIVO DAS MULTIDÕES A mobilização popular por uma causa de interesse coletivo, como a luta pela deposição de um poder tirânico, representa o desenvolvimento da consciência da força plástica que se encontra subjacente em cada pessoa, que se amplia mediante as redes colaborativa da comunhão e agregação desse quantum de vitalidade. Formando um grande corpo político, a Multidão efetiva os resultados planejados por meio de sua sólida unidade orgânica. Quando estamos associados intrinsecamente a um grupo de indivíduos que aspiram coletivamente ao aumento da potência de agir, proporcionamos o aprimoramento das condições de vida de nossa própria sociedade, efetivada principalmente a partir do momento em que adquirimos a compreensão da importância desse relacionamento social, que potencializa o núcleo de forças vitais da coletividade, a Multidão. Dessa maneira, abre-se uma perspectiva renovadora para o estudo filosófico das erupções populares na sociedade contemporânea, resgatando a sua força política como um processo efetivo de transformação social em nossa realidade regida pela massificação da cultura nos seus mais diversos níveis.

O pensador francês Michel Maffesoli (1944) considera que o fator que torna as multidões contemporâneas misteriosas e, sob muitos aspectos, anônimas, é que elas são incalculáveis, pois estão sempre em caminho rumo a alguma coisa que o funcionalismo econômico tem dificuldade de dominar (MAFFESOLI, sobre o nomadismo, p. 171). Decorre dessa característica a dificuldade de burocratização política desses grupos de ostentação e transformação social e, simultaneamente de se saber qual o espectro político que surgem. A multidão evidencia a crise da representação política em um

Althusser (1918-1990). Em vez de promover a cidadania, o autoritarismo fascista das forças policiais triunfa sobre a ordem civil impondo dor e humilhação para todos aqueles que estão desamparados politicamente perante a arbitrariedade do poder estabelecido em conluio com os detentores dos meios de produção. Conforme argumenta o filósofo Axel Honneth (1949), os maus tratos físicos de um sujeito representam um todo de desrespeito que fere duradouramente a confiança, aprendida através do amor, na capacidade de coordenação autônoma do próprio corpo; daí a consequência ser talvez, com efeito, uma perda de confiança em si e no mundo, que se estende até as camadas corporais do reconhecimento prático com os outros sujeitos, emparelhados com uma espécie de vergonha social (HONNETH, Luta por reconhecimento, p. 215).

O poder de violência deve estar com a Multidão, e a expressão da violência popular se caracteriza como uma negação das forças que nos são antagônicas; o amor talvez assimile tudo, mas isso só faz sentido numa visão romântica, idílica. O Estado esmaga o oprimido de fato e de forma simbólica, e nós aplaudimos essa opressão. Agora que está havendo uma reação contra os que oprimem, não podemos frear a expressão desse poder de transformação, que é também de destruição. Mesmo a vida em sua estrutura microcósmica se caracterize pela apropriação, pela destruição. Todos os autênticos movimentos revolucionários da Historia da humanidade se pautaram na luta de morte contra as estruturas do poder normativo (Revolução Francesa, Revolução Haitiana, Revolução Russa, Revolução Cubana). Séculos de opressão de uma elite no poder. Quando a multidão conseguiu se libertar dessa dominação, o discurso reacionário pede moderação? Ora, nada de moderação, pois a opressão hegemônica do Estado contra os oprimidos nunca foi moderada. A historia do Estado é a historia da opressão de uma elite detentora do poder material sobre os subalternos. Conforme Walter Benjamin (1892-1940), a afirmação de que os fins da violência policial seriam sempre idênticos aos do reino do Direito, ou pelo menos teriam relação com este, é inteiramente falsa. Pelo contrário, o “Direito” da polícia assinala o ponto em que o Estado, seja por impotência, seja por causa das conexões imanentes a qualquer ordem de direito, não consegue mais garantir, por meio dessa ordem, os fins empíricos que ela deseja alcançar

a qualquer preço (BENJAMIN, Para uma crítica da violência. In: Escritos sobre o mito da linguagem, p. 135). O Estado, em vez promover a regulação dos conflitos sociais, apenas referenda a opressão da elite sobre os desprovidos dos meios de produção e sobre todos aqueles que contestam as suas arbitrariedades legitimada juridicamente. Conforme argumenta o sociólogo francês Löic Wacquant (1960), essa violência policial se inscreve em uma tradição nacional multissecular de controle dos miseráveis pela força, a tradição originada da escravidão e dos conflitos agrários, que se viu fortalecida por duas décadas de ditadura militar, quando a luta contra a “subversão interna” se disfarçava em repressão aos delinquentes (WACQUANT, As prisões da miséria, p. 11).

HIGIENIZAÇÃO SOCIAL Um dos sintomas mais vilipendiosos do moderno processo de constituição espacial da elite da sociedade industrial se constitui através da progressiva gentrificação territorial, isto é, a expulsão dos moradores economicamente desfavorecidos das áreas de intervenção urbana regida pela anuência do Estado autoritário; esses espaços remodelados possam então a receber moradores mais abastados ou funções sociais mais sofisticadas do ponto de vista da sociedade de consumo. A forma extrema da gestão punitiva da pobreza não consiste em suprimi-la pela eliminação física dos miseráveis? Grande parte das aglomerações das comunidades periféricas, favelas e guetos surgiram justamente da expulsão dos agrupamentos humanos de locais que, antes alheios aos interesses econômicos dos donos do poder, se tornaram objetos de sua cobiça infame. A sociedade excludente do regime capitalista não visa estabelecer a justiça social, mas sim efetivar meios práticos de se provocar cisões sociais que legitimem a aplicação da repressão oficial contra os desfavorecidos materialmente e todos aqueles que lutam pela efetivação da justiça social. Os versos da Internacional Socialista¹ retratam com precisão essa questão: “O crime de rico, a lei o cobre/ O Estado esmaga o oprimido/ Não há direitos para o pobre/ Ao rico tudo é permitido/ À opressão não mais sujeitos/ Somos iguais todos os seres/ Não mais deveres sem direitos/ Não mais direitos sem deveres”.

residência em prol da especulação imobiliária perpetrada por empresários inescrupulosos associados ao poder estabelecido. Tudo em nome do “progresso da cidade”, conforme a ideologia oficial apregoa. Nessas condições, quem é o verdadeiro vândalo?

É imprescindível que se combata o fascismo do Estado autoritário- plutocrático, detentor do monopólio legítimo da violência. Precisamos acabar com o contrato social burguês e instaurar uma nova forma de política em que as castas espoliadoras do bem publico encontra-se radicalmente afastadas do poder. Conforme afirma Frantz Fanon (1925-1961), só a violência exercida pelo povo, violência organizada e esclarecida pela direção, permite às massas decifrarem a realidade social e lhe dá a sua chave. Sem essa luta, sem esse conhecimento na práxis, só há carnaval e fanfaras (FANON, Os condenados da Terra, p. 171). Em toda opressão já existe a semente de luta contra a hegemônica. Mas o fetiche do capital anestesia todas as dores do mundo e o ímpeto de contestação radical do sistema através da espetacularização da política. Muitos manifestantes fazem de sua participação nas mobilizações populares uma espécie de divisão; tanto pior, indivíduos alienados posam para fotos com instrumentos da repressão do Estado como se estes fossem atrações turísticas. Podemos afirmar que, assim como quem consome produtos manufaturados por trabalhadores que laboram em condições precárias é moralmente responsável pela manutenção desse sistema espoliador, também aqueles que pagam quantias elevadas para assistir jogos de futebol de torneios concretizado através da corrupção das corporações esportivas e das estruturas governamentais são culpados por tal situação. O futebol se torna a culminação da alienação popular brasileira, de modo que a colocação de Étienne de La Boiétie (1530-1563) se revela absolutamente extratemporal e pertinente: “Os teatros, os jogos, as farsas, os espetáculos, os gladiadores, as feras exóticas, as medalhas, os quadros e outras bugigangas eram para o povo antigos engodos da servidão, o preço da liberdade que perdiam, as ferramentas da tirania. Desse meio, dessa prática, desse engodos se serviam os antigos tiranos para adormecerem os súditos sob o jugo” (LA BOÉTIE, Discurso da servidão voluntária, p. 43).

Na confluência da organização popular contra a opressão do Estado legitimador dos interesses plutocráticos, o discurso da não reação e da não violência se caracteriza como um discurso ideológico que visa apenas manter a população em estado de passividade perante todas as formas de violência praticada pelo sistema vigente contra o interesse coletivo. Se em nome da paz e da ordem é necessário viver subjugado na alma da humilhação, “paz” e “ordem” se revelam palavras terríveis. Conforme argumenta Henry David Thoreau (1817-1862), “todos os homens reconhecem o direito de revolução; isto é, o direito de recusar obediência ao governo, e de resistir a ele, quando sua tirania ou sua ineficiência são grandes e intolerantes [...] Em um governo que aprisiona qualquer um injustamente, o verdadeiro lugar para o homem justo é também a prisão” (THOREAU, A desobediência civil, p. 11; p. 20).

COMBATE À DEMOCRACIA FASCISTA Uma saída viável contra a barbárie tecnocrática que se encontra associada ao Estado normativo, detentor do monopólio legítimo da violência e que legisla em nome das classes empresariais dos especuladores financeiros, encontra-se na tomada das ruas como manifestação impressionante de seu poder e, em seguida, na composição de quadros políticos que efetivamente representem o povo, suprimindo-se assim da agenda política os marcos infelizes que legislam em causa própria. Os movimentos contra hegemônicos no combate radical ao fascismo instituído travestido de Estado democrático nascem do despertar de uma inteligência coletiva que agrega os corpos políticos em uma multidão capaz de destruir as bases corruptas do poder oficial. A violência empregada pela multidão na sua luta por cidadania é fruto de seu amor ao existir, e não é possível concebermos uma atitude revolucionária desprovida da força transformadora que se utiliza de meios violentos para fazer valer seu reconhecimento como ser humano. Paulo Freire (1921-1997) expressa de maneira precisa essa questão ao enfatizar que, na verdade, porém, por paradoxal que posso parecer, na resposta dos oprimidos à violência dos opressores é que vamos encontrar o gosto de amor. Consciente ou inconscientemente, o ato de rebelião dos oprimidos, sim, pode inaugurar o amor. Enquanto a violência dos opressores faz dos oprimidos homens proibidos de ser, a resposta destes à violência daqueles se encontra infundida

sistemática dos direitos humanos e os crimes praticados pelas ditaduras militares em diversos países.

  1. MULTIDÃO, POVO E MASSA “A multidão desafia qualquer representação por se tratar de uma multiplicidade incomensurável. O povo é sempre representado como unidade, ao posso que que a multidão não é representável, ela apresenta sua face monstruosa vis-à-vis os racionalismos teleológicos e transcendentais da modernidades. Ao contrario do conceito de povo, o conceito de multidão é de uma multiplicidade singular, universal concreto. O povo constitui um corpo social; a multidão não, porque a multidão, é a carne da vida. Se por um lado opusermos multidão, devemos também constatá-las com as massas e a plebe. Massa e plebe são palavras que têm sido frequentemente empregadas para nomear uma força social irracional e passiva, violenta e perigosa que, justamente por isso, é facilmente manipulável.” NEGRI, Antonio. “Para uma definição ontológica da Multidão” In. Lugar comum 19-20, 2004 p. 15-26.

REFERÊNCIAS

ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos do Estado. Trad. de Walter José Evangelista e Maria Laum Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

BENJAMIN, W. Para uma critica da violência. Trad. de Ernani Chaves. In. Escritos sobre mito e linguagem. São Paulo: Ed. 34/Duas Cidades, 2011, p. 121-156.

CHAUI, M. Brasil – mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2007.

FANON, F. Os condenados da Terra. Trad. de Enilce Albergaria Rocha e Lucy Magalhaes. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2010.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão. Guerra e democracia na era do império. Trad. de Clovis Marques. São Paulo; Record, 2005.

HONNETH, A. Luta por reconhecimento : a gramática moral dos conflitos sociais. Trad. de Luiz Repa. São Paulo: Ed. 34, 2009.

LA BOÉTIE, É. Discurso sobre a servidão voluntária. Trad. de Manuel José Gomes. Lisboa: Antígona, 1997.

MAFFESOLI, M. Sobre o nomadismo – vagabundagens pós-modernas. Trad. de Marcos de Castro. Rio de Janeiro: Record, 2001.

MARX, K. A guerra civil na França. Trad. de Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2011.

THOREAU, H. D. A desobediência civil. São Paulo: Penguin Classics e Companhia das Letras, 2012.

WACQUANT, L. As prisões da miséria. Trad. de André Telles e Maria Luiza X. de Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.