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Faz um estudo sobre a escravatura na região da África Ocidental
Tipologia: Trabalhos
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Departamento de Ciências de Educação Curso de Licenciatura em Ensino de História A Escravatura na África Ocidental Sérgio Manuel Jamisse Maxixe, Agosto de 2020
Departamento de Ciências de Educação Curso de Licenciatura em Ensino de História A Escravatura na África Ocidental Sérgio Manuel Jamisse Maxixe, Agosto de 2020 Trabalho de campo a ser submetido na Coordenação do Curso de Licenciatura em ensino de História do ISCED. Tutor: Prof. Dr. Eusébio André Pedro Gwembe
Introdução A escravatura existiu no continente africanoo desde a Antiguidade, porém, o sistema acentuou-se na Idade Moderna, com o tráfico negreiro europeu. Segundo a historiadora Marina Melo e Souza, desde os tempos mais antigos, alguns homens escravizaram outros homens, que não eram vistos como semelhantes, mas sim como inimigos e inferiores. Este trabalho surge no âmbito da cadeira de História da África Ocidental século XVI-XVIII, ministrada na ISCED, curso de Licenciatura em Ensino de História e tem como finalidade fazer um estudo sobre a História da África, priorizando a escravatura na região da África Ocidental. Salientar que, a África Ocidental foi a primeira região do continente africano a envolver-se no comércio de escravos para a América. Esta foi a região, de todo o continente africano, que forneceu mais escravos. O trabalho tem como objectivo geral compreender o processo da escravatura ocorido em África, concretamente na região Ocidental e como objectivos específicos: Descrever o contexto da origem da escravatura em África, e em especial na África Ocidental; Identificar os meios e métodos usados para a captura dos escravos; e Explicar o trajecto e as consequências da escravatura; Em todo o percurso historiográfico, a escravatura constituiu um tema abordado como um fator característico para a explicação da economia e da sociedade escravista colonial. O comércio de africanos foi entendido como um mecanismo fundamental para a reprodução da mão-de- obra escrava na América portuguesa logo, enquanto uma atividade central do cálculo econômico escravista. Do ponto de vista metodológico, o presente trabalho seguiu-se de uma metodologia qualitativa, recorrendo-se à revisão bibliográfica de fontes, na sua maioria documentos em pdf disponíveis na internet, manuais e livros que possibilitam e oferecem uma análise de informações sobre o tema em estudo.
O estudo do processo da escravatura nos povos africanos é essencial para que se compreenda a história atual das desigualdades no planeta. Revela uma longa história de exploração e subjugação de populações fragilizadas por outras, mais equipadas. Demonstra também que a desestruturação econômica e cultural tem efeitos desastrosos de longa duração. Do ponto de vista econômico, a escravatura foi uma forma eficiente de acumulação primitiva. No que diz respeito às pessoas, foi uma violência irreparável, que pressupõe, dentre outros factores, a existência de povos muito pobres, mão de obra excedente que possa ser explorada em benefício de uma minoria. Basil Davidson defende que, o tráfico de escravos teve consequências fortemente negativas sobre as estruturas das sociedades africanas. Walter Rodney, afinado com Davidson, aponta que as exportações de africanos, foram causadoras de grandes prejuízos à economia e às estruturas políticos-sociais africanas. A escravatura foi incrementada na medida em que os portugueses chegaram à costa ocidental africana e estabeleceram contatos e negócios com os povos locais. A demanda européia beneficiou-se da preexistência de um mercado de escravos na África, assim como de seu papel na formação econômica, política e social africana. 1.1 Origem da escravatura De acordo com o Dicionário Etmológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa CUNHA (1986), a palavra escravo deriva do latim medieval “sclavus”, cuja origem primitiva vem de eslavos, povos que no decorrer dos séculos VIII e IX, foram aprisionados por Carlos Magno e seus sucessores, tornando-os cativos. A escravatura pauta-se por diversas relações de dominação e subordinação do outro, tornando-o servil, escravizando-o de várias maneiras. A escravatura como fenômeno histórico, disperso mundialmente, esteve presente na história da humanidade, desde a fase final do Neolítico, até períodos mais recentes. Porém, há muita dificuldade em se obter um consenso quanto à sua origem, produzindo variadas hipóteses. Silva (2003), descreve a tese de Karl Jacoby, em que este argumenta que, o processo de domesticação de animais, teria servido de modelo para a escravização de seres humanos.
ganhou grandes proporções quando os portugueses chegaram à costa ocidental africana e estabeleceram contatos e negócios com os povos locais. Deste modo, o continente africano passou a ser centro de fornecimento de escravos. Estevez e Lovejoy (2002) afirmam que, a demanda pelo comércio externo teve como consequência direta a expansão da escravatura em áreas que na altura não estavam envolvidas e que não possuíam relações diretas com o comércio exterior de escravos, como o caso da África Ocidental. Deste modo, a origem da escravatura direcionada à América portuguesa, para nossos clássicos, explica-se a partir da precedência da demanda em relação à oferta da mão-de-obra escrava. A escassez de braços nativos para a produção colonial teria sido o fator determinante para que, no século XVI, se iniciasse o fluxo de africanos para o continente americano. I.2. Meios usados para a captura de escravos De acordo com John K. Thornton, os europeus geralmente compravam pessoas escravizadas que eram capturadas em guerras endêmicas entre os Estados africanos. Alguns africanos negociavam outros africanos capturados de grupos étnicos vizinhos ou prisioneiros de guerra e vendiam-os para os europeus. Miuitos antigos escritores concordam em afirmar não só que as guerras são celebradas com o único propósito de fazer escravos, mas que eles são fomentadas pelos europeus, com vista a esse objetivo. Os povos que viviam em torno do rio Níger foram transportados a partir desses mercados para o litoral e vendidos em portos comerciais europeus em troca de mosquetes e de produtos manufaturados, como roupas ou álcool entre outros. I.3. Métodos de acção no processo da escravatura De acordo com SILVA (2003), por meio violento, é que normalmente tinha início o processo da escravatura, e ocorria de diversas formas. A guerra era a mais comum, sendo necessário distinguir quando o escravizado era apenas um subproduto desta, ou quando era o único
objetivo da ação. A maneira mais antiga era a razia ou gázua, seja por meio de ataques predatórios, sequestros, emboscadas ou de outras artimanhas. Podia ocorrer por castigos penais (crimes) como assassinato, furto, adultério, feitiçaria. Por dívidas ou ainda, ser voluntária, quando havia ameaça de morrer de fome. Entretanto, a escravidão era uma instituição estruturada, quando passava a ser uma atividade essencial, na formação social e econômica, com escravos sendo utilizados largamente, e em diversas funções: na produção, no poder político e militar, servidão doméstica, incluindo sexual. Consequentemente ocorria um aumento significativo da população escrava, o que afetava a organização destas sociedades. Agentes envolvidos no processo da escravatura na África Ocidental Os principais agentes envolvidos no processo da escravatura, ordenados por volume de comércio, foram: os impérios Português, Britânico, Francês, Espanhol e Neerlandês, além dos EstadosUnidos. Eles estabeleceram postos avançados na costa africana onde adquiriram escravos de líderes africanos locais. A maioria dos escravos que foram levados para o novo Mundo, maior parte pela rota de Comércio Triangular, eram membros de povos da África Ocidental, nas partes central e ocidental do continente, vendidos por outros africanos ocidentais para os comerciantes de escravos da Europa Ocidental ou capturados diretamente pelos europeus. Acredita-se que os reis africanos, senhores da guerra e sequestradores privados tenham vendido cativos para europeus que detinham vários fortes costeiros. Os prisioneiros costumavam ser forçados a esses portos ao longo da costa ocidental da África, onde foram mantidos para venda aos comerciantes de escravos europeus ou americanos em barracões.
1. A participação dos africanos na escravatura Entender a participação dos africanos no processo não significa apagar a culpa dos europeus que contribuíram e muito para a estagnação econômica africana, mas permite compreender as sociedades africanas como núcleos organizados, com dinâmicas políticas, econômicas e religiosas bem estruturadas.
I.4. Trajecto desde a zona de captura ao destino dos escravos CARVALHO (2007) salienta que, a escravatura submetida ao povo africano foi justificada pela necessidade de tornar cristão um povo considerado, na altura, não civilizado. Durante a época das descobertas por via de navegações marítimas, os portugueses dominaram o comércio de escravos e transportava-os para suas colônias, mas também para Europa e uma parte para América. O trajecto da viagem transatlântica variou amplamente, dependendo das condições climáticas. A jornada tornou-se mais eficiente ao longo dos séculos, enquanto uma viagem transatlântica média do início do século XVI durou vários meses, no final do século XIX, a travessia exigia algumas semanas. Os cativos eram normalmente encadeados em pares para economizar espaço: perna direita para a perna esquerda do próximo homem, enquanto mulheres e crianças podiam ter um pouco mais de espaço. As cadeias ou os punhos das mãos e das pernas eram conhecidos como bilbões, que estavam entre as muitas ferramentas do tráfico de escravos, e eram usados principalmente em homens: consistiam de dois grilhões de ferro trancados em um poste e geralmente eram presos ao redor dos tornozelos de dois homens. Apesar da carência de fontes, algumas citam que na melhor das hipóteses, os prisioneiros foram alimentados com feijão, milho, inhame, arroz e óleo de palma. Na pior, eram alimentados com uma refeição por dia com água. Quando a comida era escassa, os proprietários de escravos teriam prioridade. A bordo de certos navios, os escravos foram trazidos no convés para receber periodicamente o ar fresco. Enquanto as escravas eram tipicamente autorizadas a estar no convés com mais frequência, os escravos homens seriam observados de perto para evitar revoltas quando acima do convés. Escravos abaixo do convés viveram por meses em condições de miséria e horror indescritíveis. Propagação de doenças e problemas de saúde foram dois dos maiores assassinos. As taxas de mortalidade foram elevadas, e a morte tornou essas condições abaixo dos convés ainda pior. Embora os cadáveres tenham sido jogados ao mar, muitos dos escravos que viveram poderiam ter sido algemados a alguém que foi morto por horas e, às vezes, dias. A maioria dos historiadores contemporâneos afirmam que, a doença e a fome, devido ao comprimento da passagem, foram os principais contribuintes para o número de mortos
com disenteria amebiana e escorbuto, causando a maioria das mortes. A taxa de morte aumentou com a duração da viagem, uma vez que a incidência de disenteria e de escorbuto aumentou com períodos mais longos no mar à medida que a qualidade e a quantidade de alimentos e água diminuíram. Além da doença física, muitos escravos ficaram muito deprimidos para comer ou funcionar de forma eficiente devido a perda de liberdade, família, segurança e sua própria humanidade. I.5. Consequências da escravatura na África Ocidental A partir do processo de expansão marítima empreendido pelas nações europeias e o desenvolvimento da escravatura (tráfico negreiro), diversas culturas foram profundamente transformadas. Em África, o resultado do sistema escravagista foi devastador, comunidades que antes conviviam pacificamente se militarizaram e travaram guerras infindáveis. A escavatura e a introdução de mercadorias estrangeiras, ainda no tempo colonial que provocou a ruína do sistema de produção local, em algum momento contribuiram para que algumas regiões ou países africanos chegassem aos dias atuais ainda pobres, injustos e desiguais. O tráfico negreiro, que deu origem ao circuito comercial entre os três continentes (Europa, África e América), trouxe consequências negativas, principalmente para o continente africano, no domínio Económico, Sócio-político, Cultural e Demográfico. Consequências Demográficas – o tráfico de escravos poderia ter conduzido ao desaparecimento total da raça negra, pois os métodos praticados contribuíram para o despovoamento do continente africano. O tráfico levou para fora do continente mais de metade da sua população, sobretudo homens fortes e saudáveis ; Consequências Económicas – o tráfico negreiro despojou o continente de suas forças mais vivas, que davam estabilidade económica, sofrendo assim um grande abalo, e porque muitos reinos enfraqueceram em consequência do tráfico; Consequências Sócio-políticas – o tráfico destruiu a vida sócio-política dos antigos reinos e impérios, contribuindo para o desaparecimento dos mesmos, surgindo no lugar destes, pequenos estados independentes, rivais uns dos outros.
Conclusão As fontes consultadas permitiram aprofundar o estudo da escravatura na África Ocidental, estabelecendo uma análise sobre este fenómeno. Na antiguidade, a guerra constituiu o principal abastecimento de escravos, os vencidos. Com a chegada dos portugueses à costa africana, a situação alterou-se profundamente, abrindo-se uma nova rota de escoamento dos escravos e, sobretudo, intensificando-se o tráfico, neste período o comércio de escravos conhece uma nova fase. Ao concluir este trabalho, foi possível verificar a importância do mesmo, para entender toda a dinâmica do processo da escravatura que, apesar de ter tido um impacto lucrativo para a Europa e América, trouxe consequências drásticas na estrutura das sociedades africanas. Teve repercussões negativas nas identidades étnicas e linguísticas dos africanos, para além do uso de lugares específicos da costa africana. Permitiu o fluxo de pessoas, o que levou a alteração da economia local e a organização social. O objetivo deste trabalho que se caracterizou pela análise do processo da escravatura no continente africano, especialmente a África Ocidental, resultou em novos e significativos conhecimentos sobre a temática. Algumas dificuldades estiveram presentes, no desenvolvimento do tema, como a falta de fontes/publicações nacionais, sobre o assunto, visto que muitas das recentes pesquisas neste campo são internacionais.
Bibliografia http://objdig.ufrj.br/34/teses/656976.pdf http://casacomum.org/cc/img/destaques/2016/112/Catalogo_Memorial_Escravatura.pdf GUIMARÃES, C.S. O Comércio de Escravos na África Ocidental e Centro-Ocidental-Século XVI. In:Anais do XXVI Simpósio Nacional de História–ANPUH. São Paulo, 2011. KLEIN, Herbert. Escravidão africana : América Latina e Caribe. São Paulo: Brasiliense,
PITTA, Sebastião da Rocha. História da América Portuguesa. Belo Horizonte/ São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1976. LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: Uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo. A escravidão na África de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/Ed. UFRJ, 2003. WEDDERBURN, Carlos Moore. O racismo através da história. Da antiguidade à modernidade. Copyright, 2007. FERRO, Marc. Sobre o tráfico e a escravidão. Rio de Janeiro. Ediouro, 2004.