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Análise Técnica de Preços: Identificando Tendências e Padrões de Comportamento, Study Guides, Projects, Research of Financial Market

Este documento aborda a análise técnica de preços, uma abordagem preditiva desenvolvida pelos investidores de mercados financeiros para prever o comportamento futuro dos preços, utilizando informações sobre os preços e volumes dos ativos praticados no passado. O texto discute as diferentes aspectos da análise setorial e técnica, incluindo regulamentação, ciclo de vida do setor, sensibilidade à evolução da economia, exposição a oscilações de preços e tendências de curto e médio prazo. A análise técnica se baseia na ineficiência dos mercados e na repetição de padrões de comportamento observados no mercado, considerando que a história se repete e que os preços se movem em tendências.

What you will learn

  • Qual é a finalidade da análise técnica de preços?
  • Como as tendências são identificadas na análise técnica?
  • Quais são os principais padrões de comportamento observados na análise técnica?
  • Quais aspectos é que a análise setorial aborda?
  • Como a análise técnica se baseia na ineficiência dos mercados?

Typology: Study Guides, Projects, Research

2020/2021

Uploaded on 02/03/2021

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Brasília-DF.
Análise TécnicA e GesTão de Risco
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B rasília-DF.

A nálise TécnicA e G esTão de Risco

Elaboração

Rejane Miranda

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

Organização do Caderno

de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista.

Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado.

Introdução

O mercado financeiro é o meio pelo qual os recursos de pessoas que poupam são canalizados para as que pretendem gastar mais do que possuem, quer seja para consumir ou para realizar algum investimento. Assim, desempenham um papel fundamental na economia.

Com o desenvolvimento dos mercados e diversificação dos ativos financeiros, muitos investidores vêm tentando criar modelos de previsão que lhes possibilitem obter ganhos mais elevados.

A análise técnica teve origem no início do século XX. Depois de desenvolver o índice Dow Jones, Charles Dow realizou seu primeiro trabalho estatístico sobre a existência de ciclos no mercado de capitais. Mesmo sem ter efetivamente escrito nenhum livro, um conjunto de ideias desenvolvidas por ele, sobre o comportamento do mercado de ações, foram publicadas no The Wall Street Journal e serviram de referência para vários autores no desenvolvimento de inúmeros artigos, que formam a base para o que hoje conhecemos como análise técnica. Diversas experiências foram realizadas por vários autores no sentido de prever a evolução futura dos preços por meio da observação histórica dos preços dos ativos financeiros. Dezenas de estratégias foram criadas com o mesmo objetivo: obter rentabilidade superior à média do mercado.

Ao longo dos anos, diversas pessoas como George Soros, Warren Buffett e John Paulson fizeram grandes fortunas investindo no mercado financeiro. Em comum entre eles, tem-se o fato de que se tornaram alguns dos homens mais ricos do mundo, adotando essencialmente a análise fundamentalista como decisão de investimento.

Partindo dos exemplos acima citados, pode-se dizer, com alto grau de confiabilidade, que a análise fundamentalista funciona. Em relação à análise técnica, nem há uma crença generalizada de que funcione, nem que sua utilização proporcione uma boa performance. Um dos principais argumentos é o de que, ao se aplicar os custos de transação, a análise técnica não seria capaz de proporcionar retornos maiores que a estratégia passiva, assim parece ser mais desafiante e interessante provar que a análise técnica funciona. A análise técnica é um tema que caminha lado a lado com os mercados de capitais, tendo originado ao longo dos anos inúmeras discussões entre seus defensores e o meio acadêmico, não havendo, até o momento, conclusões unânimes quanto ao assunto.

No entanto, este tema ainda levanta grande polêmica, sendo muito criticado no meio acadêmico, com vários pontos de vista conflitantes, principalmente após a publicação de Fama e Blume (1966), na qual os autores chegaram à conclusão de que uma estratégia de investimento com base na análise técnica não é capaz de proporcionar retornos superiores à estratégia passiva buy-and-hold. Apesar desse embate, vários analistas financeiros e estatísticos continuaram a realizar pesquisas e a desenvolver modelos estatísticos com base nos movimentos dos preços de mercado financeiro.

Apesar disso, a análise técnica vem conduzindo seu caminho para o centro das atenções, sendo considerada atualmente uma das ferramentas mais importantes no processo de tomada de decisões de investimento. É um método preditivo, desenvolvido por investidores dos mercados financeiros, que tem como objetivo prever o comportamento futuro dos preços, utilizando, para isso, informações sobre os preços e volumes dos ativos praticados no passado.

Objetivos

» Conhecer as análises técnicas, conceitos e tendências.

» Estudar as figuras gráficas.

» Apresentar teoria das Ondas de Elliot e padrões candlestick.

» Compreender indicadores e gerenciamento de risco.

» Analisar as estratégias operacionais e trading systems.

CAPÍTULO 1

Análises técnicas

As metodologias para a análise de ativos financeiros se dividem principalmente em duas: a análise técnica e a análise fundamentalista. Iniciaremos discorrendo sobre a análise fundamentalista.

A Escola Fundamentalista procura determinar o real valor de uma companhia a partir dos fundamentos econômico-financeiros relacionados a seu desempenho pretérito. Parte-se do princípio de que o valor intrínseco das ações tem relação tanto com a performance apresentada pela companhia quanto com a situação da economia como um todo.

Ela considera que o preço justo ou intrínseco das ações de uma empresa é determinado pela análise das variáveis macroeconômicas básicas, pela análise do setor no qual a empresa está inserida e pelos próprios fundamentos dessa empresa.

A corrente fundamentalista analisa todos os fatores que afetam as situações de oferta e demanda de um mercado, com o objetivo de determinar o verdadeiro valor de uma empresa, não tratando os fatores de mercado, como preço e volume. Aqui, os fatores que determinam o valor de uma empresa são chamados de valores fundamentais.

De acordo com Bodie, Kane e Marcus (2002), a análise fundamentalista é definida como um instrumento capaz de determinar o valor presente de todos os pagamentos que os acionistas receberão por cada uma das ações da empresa. Para isso, devem- se levar em consideração os lucros, sua política de dividendos, bem como incluir as expectativas econômicas e a avaliação de risco dessa empresa.

O processo decisório dessa escola envolve o cálculo do valor teórico da empresa correspondente a seu preço justo, em determinado período. Por meio da análise fundamentalista, pode-se comparar o preço calculado com o preço de avaliação pelo mercado e, assim, dizer se está sobreavaliado (com sinalização de venda), subavaliado (com sinalização de compra) ou se o seu preço é condizente (justo) com o praticado pelo mercado.

Assim, a análise fundamentalista pode indicar quais ativos devem ser comprados e quais devem ser vendidos, por meio da formulação de recomendações de compra ou venda.

ANÁLISES TÉCNICAS, TEORIA DE DOW E CONCEITO DE TENDÊNCIA │ UNIDADE I

Essa análise, porém, não prediz qual é o tempo certo para entrada (comprar) ou para sair do mercado (vender). O uso desse tipo de análise é justificado para que se possa antecipar o comportamento futuro de uma empresa no mercado.

A análise fundamentalista parte da hipótese de que o mercado de capitais é eficiente a Iongo prazo, podendo ocorrer ineficiências na valoração dos ativos no curto prazo, período em que os preços de um ativo não refletem todas as informações relevantes de uma empresa.

Busca-se descobrir supervalorizações ou subvalorizações com base em informações ainda não negociadas e que, portanto, ainda não são de consenso do mercado.

De acordo com Pinheiro (2005 p. 224), para estimar o valor de uma ação em um determinado instante, a análise fundamentalista se baseia em três pontos:

1. Demonstrações financeiras de exercícios passados, bem como outras informações relevantes que permitam projetar, da maneira mais provável, a evolução no futuro da empresa emissora das ações. 2. A situação atual da economia e estimativas futuras de variáveis que exercem influência indiscutível sobre o preço e o valor de todas as ações negociadas. 3. O grau de confiança do investidor relativo ao grau de intervenção governamental, o que tem caracterizado o mercado brasileiro nos últimos anos.

Ao pressupor que os preços correntes das ações não refletem instantaneamente todas as informações relevantes sobre as empresas emissoras, esta abordagem admite que, no curto prazo, há assimetria de informações e o mercado de capitais não é informacionalmente eficiente.

Para análise da empresa, ela se baseia nos resultados econômico-financeiros, na estrutura de balanço e na capacidade de pagamento e de endividamento da empresa.

Formalmente, tem-se a seguinte equação para definição do preço de uma ação:

V = f (L, I, F)

Em que:

V = valor esperado da firma;

L = valor esperado em exercícios futuros;

ANÁLISES TÉCNICAS, TEORIA DE DOW E CONCEITO DE TENDÊNCIA │ UNIDADE I

A análise setorial de acordo com Pinheiro (2005, p. 232) é um estudo que aborda os seguintes aspectos:

» regulamentação e aspectos legais;

» ciclo de vida do setor;

» estrutura da oferta e exposição à concorrência estrangeira;

» sensibilidade à evolução da economia: setores cíclico, acíclico e contracíclico;

» exposição a oscilações de preços;

» tendências de curto e médio prazo – um dos principais pontos nesta análise é a perspectiva estratégica do setor analisado.

Para isso, são estudadas as particularidades do setor em que a empresa está inserida, principalmente os três mais importantes:

» Barreira à entrada : fatores que desestimulem ou impeçam a entrada de novos concorrentes no setor e, consequentemente, permitam que as empresas operem, de forma persistente, com elevados preços e altas margens de Iucro.

» Competitividade em custos : empresas de setores que apresentam uma estrutura de custos altamente competitiva, com margens operacionais mais altas que outras empresas do mesmo setor, geram maior fluxo de caixa e, consequentemente, lucros mais elevados.

» Potencial de distribuição : se os produtos das empresas de um setor têm uma boa distribuição, então a capacidade de produção pode ser aproveitada, também, em outras redes de distribuição. Assim, o valor das ações dessas empresas tende a ser mais alto. Outro ponto a se destacar nesta análise é a posição do setor em relação ao ciclo econômico. Cada setor tem seu momento de maior crescimento em função da situação econômica. Assim, para cada momento econômico há setores que apresentam melhores perspectivas ou que são mais beneficiados que o outros.

UNIDADE I │ ANÁLISES TÉCNICAS, TEORIA DE DOW E CONCEITO DE TENDÊNCIA

Pinheiro (2005) ainda destaca que há quatro grandes grupos de setores:

» Defensivos : Setores de bens de necessidade primária, como alimentação, distribuição etc. Os investimentos nesses setores geralmente ocorrem em economias que passam por recessão.

» Sensíveis à taxa de juros : Setores que apresentam rentabilidade inversamente proporcional à taxa de juros. Neles, as oportunidades de investimento surgem quando ocorre queda da taxa de juros.

» Sensíveis ao consumo.

» Bens de capital : setor que cresce com o aquecimento da economia. Após a avaliação das variáveis macroeconômicas e do setor em que a empresa está inserida, inicia-se o cálculo do valor intrínseco da empresa através de seu posicionamento no setor de atuação.

Determina-se: Potencial de crescimento, nível de risco (risco de negócio, alavancagem financeira e capacidade de captação de financiamento externo) e flexibilidade financeira (habilidade de obter caixa para pagamentos a curto prazo).

As principais ferramentas utilizadas para essa análise são os diferentes índices calculados com base nas informações contidas no Balanço Patrimonial (BP) e no Demonstrativo de Resultados das Empresas (DRE).

Esses índices são agrupados em:

» Índice de liquidez : indicam a solvabilidade da empresa a curto prazo.

» Índice de atividade : indicam rapidez dos ciclos operacionais, econômico e financeiro.

» Índice de endividamento : indicam relação de recursos de terceiros com recursos próprios.

A Escola Técnica , por sua vez, sustenta que os preços que serão praticados no mercado no futuro exibirão comportamentos que refletem as ações implementadas no passado. Dessa forma, a análise técnica é baseada na ineficiência dos mercados e se orienta pela repetição de padrões de comportamento observados no mercado, partindo do princípio de que a história se repete, que os preços se movem em tendências e que, de acordo com a teoria keynesiana, o passado serve como um bom guia para o futuro.

UNIDADE I │ ANÁLISES TÉCNICAS, TEORIA DE DOW E CONCEITO DE TENDÊNCIA

No mercado de ações, é desconsiderada qualquer informação da empresa ou da indústria em que se realiza a análise. Os técnicos assumem que os fundamentalistas realizaram o seu estudo e, como resultado, os preços de mercado tendem a refletir esse estudo.

As três principais premissas básicas da análise técnica são:

» Todo fator que afeta o preço de um valor está descontado. lsso porque, qualquer fator (fundamentalista, econômico, psicológico, financeiro ou político) que possa influir no preço de um ativo financeiro já se encontra refletido em seu preço.

» Os preços movem-se em tendências.

» O futuro reflete o passado. A análise técnica fundamenta-se na perspectiva de que, se determinadas figuras, indicadores e osciladores funcionaram bem no passado, então deverão continuar funcionando bem no futuro.

A análise técnica tem como base as informações relativas ao que aconteceu no passado com os ativos financeiros, em relação a seus preços e volumes negociados, no sentido de gerar indicadores sobre como esses ativos se comportarão no futuro.

Ela é realizada com a utilização de técnicas de inferência como:

I. Análise Computadorizada , que tenta encontrar pontos claros de compra e venda baseados em observações estatísticas, como Índice de Força Relativa (IFR), Médias Móveis, Osciladores, Estocástico, etc.

II. Análise Grafista , que está relacionada com a interpretação de algumas configurações típicas de alta ou de baixa no movimento dos preços, podendo-se destacar dentre esses os Canais Ombro-Cabeça-Ombro e Padrões de Candlestick.

A essência da análise técnica tem base no comportamento dos agentes do mercado, que são os formadores dos preços dos ativos. Assim, conseguir prever como se comportarão os diversos agentes do mercado perante determinadas situações pode ajudar a prever o comportamento dos preços quando aquela situação se repetir.

A análise técnica e a Hipótese de Mercado Eficiente (HME) possuem um ponto de convergência que consiste em compreender que o preço de um ativo traduz todas as informações disponíveis sobre esse ativo.

ANÁLISES TÉCNICAS, TEORIA DE DOW E CONCEITO DE TENDÊNCIA │ UNIDADE I

Assim, tanto para a análise técnica quanto para a HME, o ponto de partida são os preços, por assumirem que todas as informações sobre os fundamentos da empresa e sobre os desdobramentos econômicos já estão consensualmente manifestadas nos preços.

A diferença consiste fundamentalmente no fato de que, na análise técnica, se acredita em retornos financeiros acima da média do mercado, a partir do conhecimento das informações de preços passados, pela formação de padrões de comportamentos reproduzidos e reconhecíveis. Por sua vez, a HME considera esses retornos acima da média inviáveis, em razão do seu apego à teoria do Random Walk (passeio aleatório) 1.

A análise técnica vem cada vez mais sendo difundida nos diversos mercados financeiros mundiais e sendo empregada por uma quantidade maior de investidores. Entre esses investidores, podemos identificar tanto os pequenos e autônomos quanto os grandes bancos e companhias investidoras.

O pequeno investidor encontra na análise técnica algumas ferramentas acessíveis e de fácil utilização, enquanto os grandes investidores lançam mão de softwares sofisticados para fazer inferências sobre o movimento do mercado.

No entanto, essas técnicas que prometem prever as tendências dos preços dos ativos a partir dos seus dados históricos e garantir lucros passaram a receber maior aceitação apenas recentemente, graças à publicação de artigos comprovando a eficiência dessas técnicas.

Um desses artigos que se pode destacar é o trabalho de Osler e Chang (1995), que avaliou pela primeira vez, de forma consistente e detalhada, o poder de previsão dos padrões gráficos de análise técnica, como triângulos, flâmulas, pá-de-ventilador e ombro-cabeça-ombro.

Um dos motivos pelos quais os acadêmicos da área de finanças de maneira geral rejeitam as ferramentas de análise técnica é o fato de que acreditam na eficiência dos mercados financeiros, um ponto entendido por eles como característico desse mercado.

Quando o mercado é eficiente, a concorrência entre os diversos participantes, que agem racionalmente conduz a uma situação em que os reais preços dos títulos individuais já refletem os efeitos das informações que o mercado espera que ocorram em qualquer ponto do tempo que seja considerado, com base tanto nos eventos passados como

1 A Teoria Random Walk afirma que não se deve olhar para os movimentos passados de uma ação, padrão ou tendência para prever os movimentos futuros do mercado. Ela considera que o mercado funciona de maneira irracional e, assim, os movimentos dos preços são imprevisíveis e seguem um “passeio aleatório”, como definido por seu criador, Maurice Kendall. (Ver https://www.portal-gestao.com).

CAPÍTULO 2

Teoria de Dow

Charles Dow foi um dos pioneiros da Análise Técnica – AT e fez importantes contribuições para o estabelecimento dos seus fundamentos. Uma das principais premissas da AT, a de que o preço incorpora todas as informações relevantes, é oriunda de sua afirmação de que as médias descontam tudo.

Em 1884, a Dow criou o primeiro índice calculado com base nos preços das ações de 11 empresas. Mais tarde, em 1897, ele concluiu que era melhor usar dois índices: índice de 12 ações de empresas industriais (Dow Jones Industrial Index) e Índice de 20 ações de empresas ferroviárias. Em 1928, o índice industrial cresceu para incluir 30 ações e nesse número está até hoje.

Vamos analisar, a seguir, os tópicos da Teoria de Dow, sobre os quais se fundamentam uma série de técnicas gráficas.

Princípios da Teoria de Dow

Primeiro princípio: as médias descontam tudo

Em outras palavras, os preços das ações e índices refletem todas as informações disponíveis, a única informação que não pode ser refletida é aquela que é desconhecida. Isso é conhecido como Hipótese de Mercado Eficiente (HME).

Esse princípio é idêntico ao primeiro axioma da análise técnica (tudo está incluído no preço), apenas este princípio se aplica a toda a bolsa, não apenas a um estoque específico. O princípio é o mesmo se aplicado a uma ou mais ações.

Potencial de lucro, vantagem competitiva, competência de gerenciamento – todos esses fatores e muito mais são cotados no mercado, mesmo que nem todo indivíduo saiba todos ou alguns desses detalhes. Em leituras mais estritas dessa teoria, até mesmo eventos futuros são descontados na forma de risco.

Um exemplo mais recente do que pode ser chamado de “Atos de Deus” foi a pandemia da Covid-19. Ainda assim, os investidores rapidamente descontaram esse evento nos preços das ações (e das médias, como consequência).

UNIDADE I │ ANÁLISES TÉCNICAS, TEORIA DE DOW E CONCEITO DE TENDÊNCIA

Segundo princípio: os mercados se movem em três

tendências

Dow definiu a tendência de alta como uma situação em que cada rally sucessivo fecha mais alto do que o rally anterior e cada rally inferior sucessivo fecha mais alto do que o rally anterior. Isso significa que a tendência de alta consiste em picos e depressões crescentes. Para baixo, a lógica oposta é aplicada.

Ele acreditava que toda tendência consiste em três partes: primária, secundária e terciária e comparou a tendência com o movimento do mar. A tendência primária é a maré, as ondas secundárias constituem a maré e a tendência terciária é uma onda pequena.

As tendências podem ser de alta ou de baixa. Por sua vez, segundo sua duração, as tendências podem ser primárias , secundárias e terciárias.

I. Tendência primária ou de longo prazo , tem longa duração e ocorre, em geral, em período de um a dois anos. Nesse tipo de tendência, os movimentos são amplos, para cima ou para baixo, podendo fazer os preços variarem mais de 20%. Uma tendência primária de alta apresenta topos e fundos ascendentes, ao passo que uma tendência primária de baixa apresenta topos e fundos descendentes.

II. Tendência secundária ou de médio prazo , que representa reações importantes e interrompe temporariamente a tendência primária dos preços sem, no entanto, alterar sua trajetória principal. Normal, essa tendência dura entre três semanas e três meses, e corrige entre um e dois terços do movimento dos preços da tendência primária.

III. Tendência terciária ou de curto prazo , que pode ser definida como formada por pequenas oscilações de preços ou mesmo uma pausa, reforçando ou contrariando o movimento principal. Ela tem duração curta, normalmente de menos de três semanas, e é a única das três tendências que pode ser “manipulada” por grupos de forte poder econômico.

Para ilustrar o funcionamento das três tendências, apresentamos uma comparação clássica, que existe desde os primórdios da Teoria de Dow, que é feita entre os movimentos do mar e os do mercado de ações. As marés, as ondas e as marolas são comparadas, respectivamente, às tendências primárias, secundárias e terciárias.